Arquivo de Março, 2025

Michael Brecker, “too fast to live, too young to die”

O compositor de jazz norte-americano Michael Brecker [29 Março 1949 – 13 Janeiro 2007] é dos grandes do saxofone e simultaneamente integra a short list de herdeiros de John Coltrane.
Da discografia de Brecker, comprei o primeiro álbum em nome próprio – “Michael Brecker” -, lançado pela Impulse em 1987 e “Time Is of the Essence”, lançado em 1999 pela Verve.
“Pilgrimage” foi gravado no Verão de 2006 (com Pat Metheny, John Patitucci, Jack DeJohnette, Herbie Hancock e Brad Mehldau) e lançado postumamente no dia do meu aniversário em 2007, já depois de ele ascender ao Olimpo.
Ficam dois vídeos com diferentes protagonistas no piano: Pilgrimage, com Herbie Hancock e Five Months from Midnight com Brad Mehldau.



Marc Chagall, o poeta com asas de pintor

A definição de Henry Miller [1891-1980] adequa-se muito bem à expressão onírica do trabalho de Marc Chagall [1887-1985], que morreu no sul de França a 28 de Março, justamente há 40 anos.
Com cerca de 160 obras expostas, La Fundación Mapfre em Madrid dedicou-lhe em 2024 uma grande exposição intitulada ‘Chagall. Um grito de liberdade’, o que acrescentou um novo olhar à obra do artista de origem russa naturalizado francês, à luz de acontecimentos que testemunhou ao longo da primeira metade do século XX, desde duas guerras mundiais à discriminação devido às suas raízes judaicas.


“Solitude”, 1933 – Museu de Arte de Tel Aviv, doação do artista em 1953

Albert Marquet, o pintor da costa da Normandia

Nascido em Bordéus há precisamente 150 anos, Albert Marquet [1875-1947] foi discípulo de Gustave Moreau em Paris, onde conheceu Henri Matisse. Adepto do Fauvismo, movimento pictórico que emergiu em França no início do século XX, participou no Salon d’Automne de 1905 no Grand Palais des Beaux-Arts, em Paris, com Henri Manguin [1874-1949], Georges Rouault [1871-1958], Jules Flandrin [1871-1947] e Charles Camoin [1879-1965].
O Museu de Arte Moderna André-Malraux – Le Havre, dedicou-lhe em 2023 uma exposição com seis dezenas de trabalhos que produziu, a partir de 1906, durante as suas passagens por Trouville, Honfleur, Le Havre e Fécamp, atraído pelas águas e luz da região da Normandia.


Albert Marquet (1875-1947), Fête foraine au Havre, 1906, oil on canvas, 65 x 81 cm. Bordeaux, musée des beaux-arts. © Mairie de Bordeaux – musée des Beaux-Arts/Lysiane Gauthier

Albert MARQUET (1875-1947), Marée basse, port de Honfleur, 1911, oil on canvas, 65 x 81 cm. Private collection. © Courtoisie Thierry-Lannon et associés – Brest
Albert MARQUET (1875-1947), La Plage de Fécamp, 1906, oil on canvas, 50 x 61. . ©RMN-Grand Palais/ Philipp Bernard

‘Defiant Life’, de Vijay Iyer & Wadada Leo Smith

Defiant Life, Vijay Iyer and Wadada Leo Smith’s second duo recording for ECM after 2016’s A Cosmic Rhythm With Each Stroke, is a profound meditation on the human condition, reflecting both the hardships and acts of resilience it entails. But at the same time, it also proves a testament to the duo’s unique artistic relationship and the boundless forms of musical expression it yields. For when Vijay and Wadada meet in music, they simultaneously connect on multiple levels:”


Two of the songs on the album are dedicated to significant figures from the more and slightly less recent past – Wadada’s “Floating River Requiem” to the Congolese prime minister Patrice Lumumba, assassinated in 1961, and Vijay’s “Kite” to Palestinian writer and poet Refaat Alareer, killed in Gaza in 2023. It is within this framework of thought and reflection that their music speaks without hesitation.

“Fearless Movement”, de Kamasi Washington

O saxofonista de jazz Kamasi Washington, nascido em Los Angeles em 1981, foi discípulo de Reginald Andrews [1948-2022] na The Multi School Jazz Band (MSJB), onde conheceu o multi-instrumentista Terrace Martin e o baixista Stephen “Thundercat” Bruner,  quando ainda eram adolescentes. Em 2006 fundaram o colectivo de jazz West Coast Get Down, a quem se juntaram o baixista Miles Mosley, os bateristas Ronald Bruner Jr. e Tony Austin, os pianistas Cameron Graves e Brandon Coleman, e o trombonista Ryan Porter.

Com sete álbuns editados, o já muito respeitado Washington regressa a Portugal nos próximos dias 25 (Porto) e 26 (Lisboa) para apresentar o seu último trabalho Fearless Movement (Young, 2024)


Nicole Brydon Bloom, estrela em ascenção?

A jovem actriz norte-americana Nicole Brydon Bloom, que hoje completa 31 anos, parece atravessar um período etéreo. Não me refiro ao casamento com Justin Theroux, naturalmente…
Num curto intervalo de tempo, apesar de desempenhar personagens secundárias aparece em três boas séries: como a socialite Maude Beaton na T2 da série de época The Gilded Age (Max, 2022), que deverá ainda este ano estrear nova temporada.
Em We Were The Lucky Ones / Nós Tivemos Sorte (Disney+, 2024), sobre a luta de uma família polaca para sobreviver ao Holocausto, o papel de Caroline, mulher de um dos membros da família, deu-lhe a visibilidade que a tornou imediatamente reconhecível no papel de Jane Driscoll, agente dos Serviços Secretos no thriller político Paradise (Disney+, 2025).

‘The Wind’, de Simin Tander

Simin Tander nasceu em 1980 na cidade alemã de Colónia. Filha de pai afegão e mãe alemã, a compositora de jazz é senhora de uma voz envolvente e canta em inglês e Pashto/Afghaani.

Com o pianista Jeroen van Vliet, o baixista Cord Heineking e o baterista Etienne Nillesen gravou os álbuns Wagma (2011) e Where Water Travels Home (2014); em 2016 estreia-se na ECM com o premiado What Was Said, álbum a três com o pianista Tord Gustavsen e com o baterista Jarle Vespestad.

Unfading (2020), com o baixista Björn Meyer, o violinista Jasser Haj Youssef, e o baterista Samuel Rohrer, antecede The Wind, acabadinho de sair. Um deleite!


‘Reconstrução da música’ de Johann Sebastian Bach

2025 é um ano singular para celebrar a música de Johann Sebastian Bach [1685-1750]. Neste dia 21 de Março – Dia Europeu da Música Antiga -, assinalam-se os 340 anos do seu nascimento e em 28 Julho os 275 da morte. O agrupamento belga Les Musffatti – cujo nome alude ao compositor Georg Muffat (1653-1704) -, lançou em 2019 o CD  Bach – Concertos para Órgão e Cordas, tendo o organista Bart Jacobs como solista.

Concerto em Ré menor, segundo BWV 146, BWV 188 e BWV 1052
A base da reconstrução é a versão perdida do concerto para violino em Ré menor. A primeira adaptação sobrevivente desta obra é o concerto para cravo BWV 1052a, pela mão de C.P.E.Bach. Mais tarde, J.S.Bach reformulou o primeiro e segundo andamentos na sinfonia e coral para BWV 146, e o terceiro andamento na sinfonia para BWV 188; ambas são tocadas para órgão ‘obbligato’. Apenas os compassos finais desta última sinfonia sobreviveram, mas foram incluídos na reconstrução. A forma final remete para o concerto para cravo BWV 1052, escrito por J.S.Bach. (A partir do Booklet do cd.)




“Lembrem-se de que não se pode cancelar a Primavera”

A frase, emprestada pelo título de um desenho de 2020 do pintor inglês David Hockney (n. Bradford, 1937), celebra o início da segunda estação do ano preferida e confirma o convite que a Fundação Louis Vuitton deixa para a excepcional Exposição David Hockney 25 (de 9 de Abril a 31 de Agosto de 2025). 

Esta grande retrospectiva, que abrange sete décadas de criação artística (1955-2025) e reúne mais de 400 obras, dá forma à maior exposição de sempre do pintor inglês (actualmente a residir na Normandia) e irá ocupar a totalidade das salas do edifício, um iceberg plantado no Jardin.


‘Mulher e Bicicleta’, de Willem de Kooning

Ao longo da década de 50 do século XX,  o pintor do expressionismo abstracto de origem holandesa, naturalizado americano Willem de Kooning [24 Abril 1904 – 19 Março 1997] realizou uma série de representações femininas com o título genérico Mulheres, tendo como contexto o movimento feminista americano no pós-Segunda Guerra Mundial.

Fica a obra Woman and Bicycle (1952-1953), actualmente no Whitney Museum of American Art em Nova Iorque.