Archive for the ‘ História ’ Category

Ao longo do rio durante o Festival Qingming

O Festival Qing Ming, ou Ching Ming, tem lugar, um pouco por toda a Ásia, no décimo quinto dia após o equinócio da Primavera. Neste dia, também conhecido como o Dia Chinês da Memória, dedicado a honrar os mortos, as famílias visitam, limpam e decoram os túmulos com oferendas.

Ao longo do rio durante o festival Qingming, é uma pintura panorâmica atribuída ao artista Zhang Zeduan  [1085–1145], concebida como um pergaminho em rolo que vai sendo desenrolado da direita para a esquerda.

O seu conteúdo revela, de forma artística, o estilo de vida e o quotidiano dos vários estratos sociais e a actividade económica nas zonas urbanas e rurais do período Song (séc. X ao séc. XIII) e celebra o espírito festivo com cenas de rua durante o Festival Qingming, por oposição aos aspectos cerimoniais do feriado, que em 2025 se celebra a 4 de Abril.


Ao longo do rio durante o Festival Qingming

Detalhes

Mês de Março – ‘Cultivo dos campos’

Iluminura extraída do Livro de Horas ‘Les très riches heures du duc de Berry’, obra-prima do século XV criada pelos irmãos Limbourg (Paul, Herman e Johan). Destinado aos fiéis católicos leigos, este extraordinário livro de orações é fonte de riquíssima iconografia sobre o quotidiano no final da Idade Média. Será em breve exibido no Musée Condé, no Château de Chantilly, destaca o Financial Times.

Folio 3 verso – Calendário para o mês de Março: Trabalhos no campo
Pintura iniciada entre 1411 e 1416 pelos irmãos Paul, Herman e Johan Limbourg (castelo de Lusignan) e concluída por Barthélemy d’Eyck por volta de 1445

©Photo. R.M.N. / R.-G. OjŽda


Superior – A carruagem do Sol cruza o céu entre as constelações de Peixes e Carneiro.
Centro – O castelo de Lusignan, localizado em Poitou, foi reconquistado e reabilitado pelo Duque de Berry durante a Guerra dos Cem Anos. A torre Poitevine, encabeçada por um dragão alado, evoca a lenda de Mélusine, por quem o duque nutria afecto. Segundo a fada Mélusine, que construiu o castelo para o seu esposo, o Conde Raymondin, fê-lo prometer que não tentaria vê-la ao sábado – neste dia, a parte inferior do seu corpo assume a forma de uma serpente, sinal de fertilidade. Porém, num sábado, o senhor do castelo surpreendeu Mélusine tomando banho e ela escapou pela janela do castelo sob a forma de um dragão.
Inferior – Abaixo do Castelo de Lusignan, um pelourinho assinala uma encruzilhada na intersecção de quatro campos trabalhados de diferentes maneiras. Os camponeses aproveitam a Primavera para arar, semear, podar as  vinhas e pastorear ovelhas. Esta composição serve de regra para a maioria das pinturas de calendário: os dois primeiros planos são reservados para a descrição das obras e particularidades do mês, enquanto ao fundo se destaca a silhueta de um dos castelos ducais.


Guillaume de Machaut [ca. 1300-1377] – Moteto Diex, Biauté, Douceur, Nature, Virelai 19 
Album: Machaut: A Lover’s Death · The Orlando Consort · ℗ 2025 Hyperion Records

‘Abril a Quatro Mãos’

Grândola Vila Morena · Mário Laginha · Bernardo Sassetti · José Afonso
Álbum: Abril a Quatro Mãos (Grandolas), 2020


‘O Massacre dos Inocentes’, de Charles Le Brun

De Charles Le Brun [24 Fevereiro 1619 – 12 Fevereiro 1690], figura artística de grande relevo durante a segunda metade do século XVII, a obra Massacre des Innocentsalusiva à ordem do Rei Herodes para matar todas as crianças da cidade após saber do nascimento, em Belém, do Rei dos Judeus – foi uma encomenda de Guillaume Thomas, conselheiro, capelão do Rei e Cónego de Saint-Honoré; Tendo sido iniciada por volta de 1647, permaneceu inacabada até meados da década de 1660, quando foi adquirida por Gédéon Berbier du Metz, guardião do Tesouro Real.


Bicentenário da morte de Napoleão

Nascido na Córsega em 1769, coroado imperador dos franceses em 1804 e exilado na ilha de Santa Helena, no Atlântico sul, a partir de 1815, depois da histórica derrota em Waterloo, Napoleão Bonaparte soltou o último suspiro a 5 de Maio de 1821 às 17:49, precisamente há 200 anos. Tinha então 51 anos.
Para evocar o bicentenário da morte do Imperador, o Grand Palais inaugura a exposição Napoléon no Grande Halle de la Villette [28 Maio – 19 Setembro 2021] sobre a fascinante personalidade que moldou a história de uma França pós-revolucionária.
Da ascensão ao declínio da aventura imperial, a exposição retrata em nove secções esse período crucial, desde os momentos-chave da história da França até à vida íntima e romântica do imperador.
Conhecer Napoleão significa, em certa medida, entender a Europa em que vivemos hoje.


Das inúmeras iniciativas que ocorrerão ao longo do ano, destaques para a contribuição excepcional do Palácio de Versalhes com mais de 150 peças originais, do Musée de l’Armée com a exposição “Napoléon n’est plus”, do Musée national du château de Fontainebleau com a mostra À la rencontre de Napoléon Ier , no Musée National du Chateau de Malmaison a exposição Napoléon aux 1001 visages ou, brevemente, “Joséphine & Napoléon, une histoire (extra)ordinaire” na Maison Chaumet.

‘Botzaris surpreende o acampamento turco e cai mortalmente ferido’, de Delacroix

A Guerra da Independência Grega (1821-1827) contra o Império Otomano está ilustrada em várias obras de Eugène Delacroix [26 Abril 1798 – 13 Agosto 1863], desde O Massacre de Chios (1824) ao épico ataque surpresa ao acampamento turco que o General Markos Botsaris [c. 1788 – 21 Agosto 1823] liderou com apenas 350 homens contra cerca de 4.000 soldados albaneses, do qual resultou a morte heróica de Botzaris, dramaticamente caído enquanto os seus homens correm para ele, retratado ao centro deste estudo preparatório (1860-1862) que Delacroix deixaria incompleto após a sua morte. A obra pertence ao The Toledo Museum of Art no Ohio, EUA.


http://emuseum.toledomuseum.org/objects/55718/botzaris-surprises-the-turkish-camp-and-falls-fatally-wounde

‘Candor Lucis Aeternae’, no VII centenário da morte de Dante Alighieri

O Papa Francisco publicou no dia 25 de Março a carta apostólica ‘Candor Lucis Aeternae’ (Esplendor da Luz Eterna), onde evoca a vida e obra do poeta, escritor e político italiano Dante Alighieri [1265-1321], expoente da literatura ocidental de quem se assinala o 700.º aniversário da morte.
Das iniciativas que vão ocorrer ao longo do ano para celebrar o grande poeta, a primeira é a exposição virtual Viajar com Dante, comissariada pela Biblioteca Apostólica do Vaticano.


 

‘L’Entrée d’Alexandre le Grand dans Babylone’, de Charles Le Brun

De Charles Le Brun [24 Fevereiro 1619 – 12 Fevereiro 1690], pintor da Corte de Luis XIV, a monumental obra L’Entrée d’Alexandre le Grand dans Babylone (1665), alusiva à Batalha de Gaugamela, que teve lugar a 1 de Outubro no ano de 331 antes de Cristo, onde Alexandre o Grande derrota de forma estrondosa o colossal exército persa de Dario III, tornando-se assim o senhor do maior império do mundo, ao conquistar Babilónia e Persépolis.


Charles Le Brun [1619-1690]
L’Entrée d’Alexandre le Grand dans Babylone, 1665 | Musée du Louvre

‘Mare Pacificum’

Pouco mais de um mês após a ‘descoberta‘ da passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, hoje conhecida como Estreito de Magalhães, a 28 de Novembro de 1520 Fernão de Magalhães entrava no que baptizou “Mare Pacificum”.

Da viagem de Luísa Amaro pelo “Mar Magalhães” (2018), fica a sua bela versão de Mazurka-Choro, composição de Heitor Villa Lobos.

‘POSSESSIO MARIS’

Neste 21 de Outubro em 1520, dia em que o navegador Fernão de Magalhães ‘descobriu’ a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, hoje conhecida como Estreito de Magalhães, fica a exaltação de Fernando Pessoa na segunda parte da ‘Mensagem‘, dedicada ao Mar Português:



POSSESSIO MARIS
VIII – FERNÃO DE MAGALHÃES
No vale clareira uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.
De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto –
Cingi-lo, dos homens, o primeiro –,
Na praia ao longe por fim sepulto.
Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.
Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.