Archive for the ‘ Iconographos ’ Category

Iluminuras do Advento


Jeremiah – “Ecce dies veniunt”


“Temporal, First Saturday of Advent, Vespers, Capitulum”


“Maria Lactans – Mary suckles the Christ-child”

500 Anos da Fundação do Mosteiro da Madre de Deus

Casa Perfeitíssima - 500 Anos da Fundação do Mosteiro da Madre de Deus

Fundado em 1509 pela rainha D. Leonor (1458-1525), mulher de D. João II e irmã de D. Manuel I, o Mosteiro da Madre de Deus cedo se afirmou como um espaço de excepção no contexto português. Por ocasião da comemoração do V Centenário da sua fundação, o Museu Nacional do Azulejo inaugura uma exposição (10 Dezembro 2009 – 11 Abril 2009) dedicada ao edifício, às suas obras de arte e à sua fundadora.
Imbuída do espírito da Devotio Moderna, ou da procura de uma relação mais directa com Deus, D. Leonor foi uma personagem ímpar do universo intelectual e mecenático da Europa do Renascimento. A sua actividade como mecenas, que permitiu tornar o Mosteiro da Madre Deus num dos mais ricos de Lisboa e do reino, é relembrada nesta exposição que junta peças oriundas de várias partes do continente europeu. São peças de pintura, iluminura, cerâmica, têxteis e escultura, que aliam à qualidade técnica uma riqueza iconográfica e de sentido que importa revelar e analisar no entendimento que se pretende desenvolver da figura da própria Rainha e do lugar a que ficou associada.

Ainda sobre os  quinhentos anos da Fundação do Mosteiro da Madre de Deus (1509 – 2009), recomendo a audição do programa produzido por Ana Mântua e João Chambers para a Antena 2, emitido no dia 23 de Junho deste ano, precisamente quinhentos anos depois de a Rainha D. Leonor ter fundado, no sítio de Xabregas, o Mosteiro da Madre de Deus, numas casas que ali adquirira e, nas quais deram entrada, no dia 9 de Junho, sete freiras provenientes do Convento de Jesus de Setúbal. A 23 do mesmo mês, o então Arcebispo de Lisboa, D. Martinho da Costa, sagrava o espaço, onde foi posteriormente construído o edifício. Link do ficheiro áudio em formato Windows Media Áudio

Monstros e Portentos

aldrovandi_p337Os monstros não desaparecem com os mirabilia medievais, mas regressam no mundo moderno, embora o façam de outra forma e com outra função. Desde a Idade Média, tinha-se discutido sobre a diferença entre dois tipos de monstruosidade, os portentos e os monstros. Os portentos eram eventos prodigiosos e espantosos, mas naturais.
Muitos autores procuraram explicar as suas causas, como Ambroise Paré  (Des Monstres et  Prodiges, 1573), embora sem conseguirem evitar vê-los como premonições de acontecimentos fora do comum.
Desde os primeiros séculos medievais se tem afirmado que os portentos não deveriam considerar-se contra-natura mas sim contra a natureza conhecida.
Os verdadeiros monstros não eram pois humanos, mas indivíduos nascidos de progenitores da mesma raça e permitidos por Deus, enquanto sinais de uma linguagem alegórica. Os Descobrimentos dariam também a conhecer outros mundos, habitados por criaturas estranhas, indivíduos portentosos descobertos pelos exploradores e viajantes como  Gaspar Schott (Phisica Curiosa, 1662)  ou Ulisses Aldrovandi (Monstrorum Historia, 1658).

 

lycosthenes_p538Em 25 de Março de 1561, morria Conrad Lycosthenes, humanista e enciclopedista, autor do célebre Prodigiorum ac ostentorum chronicon, de 1557

 

 

 
Para quem tiver curiosidade, recomendo vivamente uma vista a este livro virtual, profusamente ilustrado com imagens do século XVI.

 

A partir da História do Feio, por Umberto Eco

Iluminura – A Torre de Babilónia

As primeiras representações visuais da bíblica Torre de Babel vêm da Idade Média; A partir do século XI, encontram-se decorações arquitectónicas, que pretendiam dar ênfase às técnicas e materiais utilizados na construção da época.

Nesta iluminura de Jean de Courcy, embora, quer o Rei Nimrod – o lendário edificador da Torre – quer a Torre propriamente dita, pareçam à primeira vista europeus,  o artista fez um esforço para lhes conferir algum exotismo oriental. A armadura de Nimrod, os minaretes da Torre e os anjos, são típicos elementos da linguagem visual da Europa Medieval.

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La Bouquechardière - Jean de Courcy

Chronique dite de la Bouquechardière par Jean de Courcy (c.1350-1431).
Les Troyens, Maître de l’Echevinage de Rouen (15e siècle)
MS 728/312 folio 181v – Musee Conde, Chantilly, France

A dificuldade em identificar a eventual destruição da Torre em documentos de autores gregos que possam ter testemunhado esse período, levam a especular que possam ter existido duas Torres, a primeira construida por Nimrod, a segunda por Semiramis.

as cores do dia, de van gogh

Se, em Starry Night – 1889,  os efeitos de luz conferem um brilho particular à noite, este Poet`s Garden – 1888 vive essencialmente da força da sombra do pinheiro, projectada sobre o casal enamorado. Encantadora, a harmonia entre as tonalidades mornas do caminho arenoso e os matizes mais saturados dos verdes e azuis , numa maravilhosa representação gráfica da vegetação. O génio de Vincent Van Gogh (1853–1890) está aqui bem presente, no modo como faz convergir as diagonais.

Vincent Van Gogh - O Jardim do Poeta, Outubro de 1888

Vincent Van Gogh - O Jardim do Poeta, Outubro de 1888

Consciência do Tempo, ou Tempo da Consciência

A arte de Kim Prisu, beirão a quem Torga certamente não chamaria “estrangeiro”, está na origem da nova figuração surgida nos idos de oitenta do século passado, em contraponto à tendência conceptual e minimalista que vinha da década de 60; Durante o período que passou em Paris, KIM PRISU desenvolveu a arte “Videomatik”, um universo de forte ressonância, enriquecido por uma multidão de Culturas urbanas e a doce violência da natureza do campo luminoso, o que conferiu à sua obra um forte contraste entre as cores duma sociedade de consumo (Eléctricas e saturadas) e as da Terra nutridora.

 

temporizei quantias de vezes - Kim Prisu, 2007

A sua obra está submetida a uma permanente transformação, existindo uma relação entre as tensões exteriores e interiores, a representação expressiva dos estados humanos, uma expressão de Médium, numa crítica das suas possibilidades artísticas e sociais. Poesia do efémero, ligação entre os elementos textuais que escapam a qualquer lógica evidente, poética fragmentária; conduzindo-se aos saltos, sendo por vezes contraditória da realidade.

Em 1989 KIM PRISU criou o espírito Nuklé-Art e em parceria com A. L. Tony, construiu uma Aldeia Cultural em Aldeia da Dona. Hoje podem-se ver várias esculturas e mobiliário de sinalética ligadas à memória cultural do sítio onde estão erguidas.

Júpiter e Antíope, de Antoine Watteau

Resumidamente, que falar de Ovídio é como as cerejas:
Antíope era desejada por Júpiter que, sob a forma de sátiro, se aproximou dela e a violentou. A pobre ninfa foi perseguida, imagine-se, pelos próprios filhos, os gémeos bastardos. Antíope encontrou um senhor que lhe queria bem e viveram felizes para sempre. Os pormenores desta tragédia grega, aqui.

Antoine Watteau (1684-1721), de origem parisiense, juntou-se ainda jovem aos artistas flamengos que deram origem aos discos de nu jazz que cá em casa se ouvem regularmente, Saint-Germain-des-Prés. Influenciado pela obra de Rubens, distinguiu-se através das suas criações sobre festas galantes e cenas da comédia italiana.

As Banhistas, de Ingres

Jean-Auguste-Dominique Ingres ( 1780-1867), que elegeu este tema como um dos seus favoritos, expôs a sua obra em simultâneo com o trabalho de Delacroix descrito no post anterior, no Salão de Paris de1824. Para sua surpresa, foi aclamado como um dos artistas que se opunham ao Novo Romantismo.


A Banhista, 1808

Neste seu primeiro estudo sobre o nú feminino, o apelo estético reside na monumentalização da figura individual.


A Grande Odalisca, 1814

“Quanto mais simples forem as formas, maior a beleza e a força.”


O Banho Turco, 1862

Nesta obra-prima realizada nos últimos anos de vida, Ingres retoma as banhistas e odaliscas dos primeiros anos. Os motivos para estas formas femininas idealizadas que vivem apenas para a beleza e prazer, são baseados em relatos pormenorizados do oriente – descrições sobre os banhos no harém de Maomé – e as cartas onde Lady Montagu descreve os banhos turcos.

Pela beleza abstracta, a magnífica pele branca como leite, as formas graciosas dos seus corpos e os seus cabelos e pela sua sensualidade, as banhistas possuem uma inocência paradisíaca, sem gestos ou comportamentos indecorosos entre si.
A beleza intangível das mulheres – suspensa no tempo – é obtida com grande economia de meios, através dos subtis jogos de luz que lhes moldam as formas e a pele.

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