Archive for the ‘ Iluminuras medievais ’ Category
Quando Dante nasceu, por volta de 1265, persistia o conflito entre guelfos e gibelinos. Florença, a sua cidade natal, era guelfa, fiel ao Papa, e combatia uma liga de cidades toscanas partidárias dos gibelinos, apoiados pelo Sacro Império Romano.
O próprio poeta combateu na batalha de Campaldino (1289), na qual os guelfos florentinos bateram os gibelinos de Arezzo. Após a sua vitória, os guelfos florentinos dividiram-se em duas correntes: os negros, que apoiavam o Papa, e os brancos, que exigiam mais autonomia face a Roma. Dante apoiava os primeiros, e integrou uma embaixada que foi negociar com o Papa Bonifácio VIII. Estava ainda em Roma quando, no final de 1301, Charles de Valois, apoiado pelos guelfos negros, invadiu Florença.
A 27 de Janeiro de 1302, o novo governo condena-o a um exílio de dois anos e ao pagamento de uma avultada multa. Dante, cujos bens tinham já sido saqueados, não paga, e é então sentenciado a um exílio permanente, durante o qual escreve a célebre Divina Comédia, ficando sujeito a ser queimado vivo, se regressasse a Florença. Virá a morrer em 1321 sem voltar a ver a sua cidade.
O decreto que o exilou só veio a ser revogado mais de 700 anos depois, em 2008. A moção foi votada no Conselho Municipal de Florença e ganhou com 19 votos contra 5. Os que se opuseram apresentaram o curioso argumento de que a poesia de Dante nunca teria existido sem os sofrimentos que o seu autor padecera no exílio.Texto de Luís Miguel Queirós para o P2 de 27-01-2012
O vídeo completo, aqui.
O mundo dos astrónomos da Idade Média, herdada dos gregos, é perfeito e eterno. Em torno da Terra, imóvel no centro do Universo, giram o Sol e os planetas num movimento circular uniforme – Philippe Testard-Vaillant
Quando o Império romano ruiu, no século V, início a Idade Média, a astronomia conhece um eclipse na Europa. Durante décadas, nenhum nome brilhará no firmamento da ciência, nenhuma observação nem qualquer pesquisa teórica serão capazes de introduzir uma ordem inteligível no centro dos fenómenos celestes.
A disciplina só verá a luz no século XII, conquistando gradualmente um lugar nas universidades, onde o ambicioso programa educativo Quadrivium rapidamente associa aritmética, geometria, astronomia e música.
Uma «renascença» que nada deve ao acaso, antes a múltiplas traduções do árabe para o latim, que se desenrolam em Espanha, no sul de Itália e na Sicília, nas quais o mundo ocidental se verá consideravelmente reflectido numa parte das filosofias e das ciências greco-árabes.
De facto, desde o século VII que um número considerável de bibliotecas do mundo greco-romano cai nas mãos dos conquistadores árabes. Destas conquistas surge um estreitar de relações com a astronomia indiana, que possui desde o século V o Tratado Surya Siddhanta, obra que os leva a interessarem-se por Ptolomeu – o genial cientista de Alexandria, que na obra Almageste desenvolve uma teoria geocêntrica e matemática sobre a filosofia de Aristóteles e é também autor do mais célebre tratado de astrologia jamais escrito, Quadripartitvm.
Continua…
A partir da excepcional edição de Dezembro último da revista Les Cahiers de Science & Vie ; N° 114. Les Racines du monde
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