Arquivo de Julho, 2009

O Paço da Ribeira no Tempo de D. João V

Na primeira metade do século XVIII, D. João V, rei de Portugal, seguindo o padrão dos monarcas europeus com uma aura de «Rei Sol», tudo fazendo para o engrandecimento da sua imagem e da do seu país, parece ter procurado mais do que o simples entretenimento da sua corte, ou mesmo da educação dos jovens príncipes.
Vivia-se então um período de intensa actividade ligada às descobertas científicas, nomeadamente no campo da astronomia, como forma de melhor conhecer a própria Terra, quer no que respeita à sua geodesia e cartografia, quer no que respeita à sua órbita.
Aproveitando os fluxos de ouro vindos do Brasil, D. João V desempenhou um papel activo enquanto mecenas de astrónomos italianos e promoveu o relacionamento da sua corte com a comunidade intelectual italiana, nos campos das Artes e das Ciências.

O Paço da Ribeira no início do Século XVIII

No seu tempo, foram construídas três grandes Bibliotecas: a do Convento de Mafra, destinada à história de Portugal e terminada já depois da morte do rei, em 31 de Julho de 1750; 🙂
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, um admirável exemplo da arquitectura barroca e destinada à reforma dos estudos universitários em Coimbra, dentro de uma estratégia de expansão do Iluminismo em Portugal.
Mas nenhuma se comparava ao esplendor e actividade da Grande Biblioteca situada no próprio palácio real, o Paço da Ribeira. Chamada a Casa da Livraria, tornou-se famosa ainda em vida do rei e rapidamente se transformou num centro de experimentação e pesquisa científica, um símbolo do programa de ensino cuja reforma D. João V tinha iniciado.

  • fonte: Catálogo da Exposição Estrelas de Papel: Livros de Astronomia dos Séculos XIV a XVIII – BN, que terminou hoje, 31 de Julho. Como qualquer português que se preze, guardei a visita para o último dia. Devo até ter sido o último visitante, porque durante os cerca de noventa minutos da visita estive sempre sozinho! 🙂
  • Martinho da Arcada – Quem é amigo?

    “A notícia da minha morte foi um manifesto exagero”. Mark Twain

    O Martinho da Arcada não é um café qualquer. Tal como A Brasileira do Chiado e o Café Nicola em Lisboa, o Café Majestic, o Velasquez e o Guarany, no Porto. Todos pertencem ao nosso património histórico e cultural.
    O Café mais antigo do país tem uma profunda ligação histórica e cultural com a cidade de Lisboa, desde que abriu as portas, cerca de duas décadas após o Terramoto de 1755.
    É parte integrante do Terreiro do Paço e por essa circunstância monumento nacional.
    Tem mesas “reservadas” para Fernando Pessoa, José Saramago e Manoel de Oliveira.

    Café Martinho da Arcada, Julho de 2008

    Ruído? Sempre houve. A origem do problema presente está directamente ligada ao Projecto de requalificação do Terreiro do Paço, que – tal como está apresentado, transfere a esmagadora maioria do trânsito da Avenida Ribeira das Naus para a Rua da Alfândega e Rua do Arsenal – se se mantiver, além de duplicar o número de transportes públicos que já ali circulava anteriormente, tornará permanente o caos de trânsito que se vive hoje naquelas artérias. Quem vai ter vontade de ir ao Martinho?

    Sempre que existem obras, a vida das pessoas é afectada mas, quando terminam, a vida volta ao normal.
    Em 5 de Outubro de 2010, a Monarquia Republicana vai comemorar o Centenário e o Terreiro do Paço vai estar num brinco mas, no dia seguinte, o inferno voltará.
    Talvez o Martinho da Arcada já não esteja aberto, nessa altura.

    Café Martinho da Arcada, Julho de 2008

    Se o senhor António não conseguir manter o negócio, fecha a porta e vai à vida dele. Lisboa fica sem o Martinho da Arcada e uma parte da sua história ficará por contar. É assim…
    O proprietário, o Ministério das Finanças, segundo julgo saber, não terá dificuldade em encontrar utilidade para o espaço; Pode transformá-lo num Museu, ligando o Martinho ao piso de cima, ou numa galeria, ou até, em conjunto com a Câmara, torná-lo num espaço de cultura e lazer.
    O Martinho da Arcada pode vir a ser um Museu mas, como diz o senhor António, gostava que fosse um Museu vivo e não um Museu morto.

    Luis Machado, um amigo da casa que dinamizou as Conversas à Quinta Feira durante algum tempo no início da década de noventa e em 2005 promoveu As Noites do Martinho, vai fazer regressar as tertúlias em Setembro, num conjunto de sete sessões. É um contributo, entre outros possíveis, para que o Martinho da Arcada continue vivo.

    Café Martinho da Arcada, Julho de 2008

    Johann Sebastian Bach

    Johann Sebastian Bach (1685-1750)
    [ Magnificat ] Es-dur, BWV 243a (First Version, 1723)

    Solistas: Deborah YorkBogna BartoszJörg DürmüllerKlaus Mertens
    Amsterdam Baroque Orchestra & Choir, conduzida por Ton Koopman

    1. Magnificat anima mea Dominum
    2. Et exsultavit spiritus meus in Deo
    3. Vom Himmel hoch
    4. Quia respexit humilitatem
    5. Omnes generationes
    6. Quia fecit mihi magna qui potens est
    7. Freut euch und jubiliert
    8. Et misericordia
    9. Fecit potentiam in brachio suo
    10. Gloria in excelsis Deo
    11. Deposuit potentes de sede
    12. Esurientes implevit bonis
    13. Virga Jesse floruit
    14. Suscepit Israel puerum suum
    15. Sicut locutus est ad patres nostros
    16. Gloria Patri, gloria Filio

    O Universo de Raphael Bordallo Pinheiro

    O Museu do Douro apresenta a Exposição “O Universo de Rafael Bordallo Pinheiro – Caricatura e Cerâmica”, em parceria com a Colecção Berardo, o Museu Bordallo Pinheiro, a Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro e o Museu Casa dos Patudos. De 31 de Julho a 31 de Janeiro de 2010.

    Aquamanil

    A dinâmica forma, um peixe que se enrola em equilíbrio sobre uma base, isola esta peça no contexto da faiança portuguesa da 1ª metade do século XVII. Como o nome sugere, aquamanil era um recipiente destinado a levar ‘água às mãos’ e a sua utilização estava reservada à mesa em ocasiões de cerimónia.
    A originalidade formal, o brilhante colorido a amarelo e azul, o desenho que destaca as escamas e aumenta caricaturalmente o olho vivo e os dentes aguçados deste peixe definem uma escrita apropriada à decoração da peça. Na cabeça e no buxo, as folhas de acanto recordam um dos motivos característicos da gramática decorativa portuguesa. Via.

    Aquamanil - 1ª metade do século XVII - Faiança - 22,2 x 20,6 cm

    Vista y plano de Toledo, de El Greco

    Vista y plano de Toledo de El Greco, cerca de 1610

    El visitante del Museo del Prado podrá admirar en sus salas esta singular obra de El GrecoVista y plano de Toledo, en la que el pintor –a diferencia de los fragmentos representados en otras obras- muestra una imagen múltiple de la ciudad: además de la vista en perspectiva de la misma, la pintura incluye un plano detallado del entramado urbano, ofrecido al espectador por un joven pintado con la factura deshecha característica de la época final de El Greco. La complejidad de la visión incluyó además una alegoría del río Tajo –la escultura dorada que vierte el agua y la prosperidad- y la imagen religiosa más significativa del lugar: la Virgen imponiendo la casulla a San Ildefonso. Por otra parte, destaca la situación del Hospital de Tavera, apareciendo sobre una nube, en referencia explícita al administrador del edificio, Pedro Salazar de Mendoza, amigo del pintor y probablemente autor del encargo de la obra.

    Vista y plano de Toledo de El Greco, cerca de 1610 - detalhe

    Con el fin de ilustrar la presencia de Toledo en muchas de las obras más emblemáticas de El Greco, la Vista y Planos exhibirá en la sala 8A, que se suma provisionalmente a las dos salas permanentes dedicadas al artista en el Prado, acompañada por otras tres pinturas del pintor: San SebastiánSan Andrés y San FranciscoSan Bernardino; ésta última propiedad del Museo del Prado pero depositada en el Museo del Greco (Toledo) desde la apertura del mismo y recuperada temporalmente con motivo de la restauración arquitectónica del edificio, al que regresará cuando se reabra. Durante su instalación especial en esta sala, las tres obras cuentan con sendas cartelas adicionales en las que se indica qué edificios emblemáticos de la ciudad aparecen representados en cada una, como el castillo de San Servando, el puente de Alcántara, el Alcázar, el monasterio de San Bartolomé o la capilla de Montero, hitos urbanos que el público podrá buscar e identificar también en la Vista y plano de Toledo.

    Vista y plano de Toledo de El Greco, cerca de 1610 - detalhe

    The Shape of Space to Come

    Esta é uma imagem espectacular da cratera situada no cimo do Monte Olimpus em Marte, o vulcão mais alto do Sistema Solar. O Monte Olimpus tem uma altura de 27 km e uma extensão de quase 600 km.

    A sua cratera possui uma profundidade de cerca de 3 km. Esta imagem, obtida pela sonda Mars Express da ESA, foi tirada a partir de uma altitude de 273 km no dia 21 de Janeiro de 2004 e cobre cerca de 102 km de extensão. Via.

    ESA - Monte Olimpus visto pela Mars Express - 21 de janeiro de 2004

    “Na Lua”

    Durante 40 anos estive convencido que as imagens da alunagem da Apollo 11 foram transmitidas em diferido, pela razão de as ter visto só no dia seguinte; Até que, esta semana no Twitter, Vasco Matos Trigo teve a gentileza de me esclarecer que A RTP transmitiu em directo, com imagens cedidas através na cadeia japonesa. Foi durante a madrugada, numa emissão conduzida pelo José Mensurado.
    Uma coisa é certa: Não me conseguem convencer – depois de ter visto aquelas imagens e de seguida ter ido a correr para a janela – que os tipos que vi aos pulinhos no Mar da Tranquilidade não eram Buzz Aldrin e Neil Armstrong!
    Ao longo dos últimos dias, tem sido uma aventura acompanhar a viagem. Vale a pena espreitar!

    “A cidadania não vai a votos. A cidadania exerce-se”

    Santana Lopes considera que os acordos que Costa celebrou com Roseta e com Sá Fernandes representam também uma “desconsideração” para com os lisboetas. “Ao falarem, como falaram, de lugares, de listas, de números uns e números dois, de vice-presidências, de lugares elegíveis, sem fazerem a mínima alusão a causas e objectivos de programa, revelaram aquilo que os preocupa: tudo fazerem para manter o poder, sem se dedicarem aos aspectos que poderiam implicar mudanças nas condições de vida dos lisboetas”.


    “O que mudou, em e para Helena Roseta, nestes últimos dois anos? Nada de substancial, além de Santana Lopes ter regressado do além.” Raul Vaz, Económico

    Uma questão de promiscuidades, artigo de opinião por António Sérgio Rosa de Carvalho, Historiador de Arquitectura, no Público de 19.07.2009 – sublinhados meus.

    “A cidadania não vai a votos. A cidadania exerce-se”! Num texto anterior publicado no PÚBLICO, afirmava isto, motivado pela necessidade de defender “um cordão sanitário” entre a jovem e frágil democracia participativa e a erodida e desprestigiada democracia representativa.
    Algo mais, já então, me motivava. A consciência intuitiva de que Helena Roseta pertencia àquele grupo de políticos profissionais que, conscientes do cansaço, erosão e de um progressivo distanciamento dos votantes, encontrava nos “cidadãos” participativos uma fórmula “refrescante” e uma oportunidade de “reformatar” o discurso. A máscara caiu. A razão diz-nos que não é supreendente, mas o sentimento exalta uma indignação, perante um sentimento de manipulação, ou mesmo, e é preciso dizê-lo, de traição.
    A enorme bofetada que Helena Roseta dá em todos aqueles que seguiram o seu discurso de independência implica também uma enorme machadada na jovem e frágil democracia participativa, e, consequentemente, directa e indirectamente, na credibilidade da já tão doente democracia representativa.
    Ela, de forma brutal, projecta todos aqueles que acreditaram numa plataforma de participação transversal aos ciclos políticos, num espaço ecléctico e pluralista de manifestação de individuos-cidadãos, unidos apenas pela urgência dos temas, novamente, na polarização dos blocos políticos e dos aparelhos ideológicos.
    Ela mata, assim, uma dialéctica estimulante e melhoradora da própria democracia ao, de forma facciosa e oportunista, querer monopolizar a cidadania para um campo da “esquerda”, como se tal fosse possivel…
    Esta atitude é comparável à afirmação de que o humanismo do séc. XXI, a consciência ambiental, a ecologia e a consciência urgente da necessidade imperativa da salvaguarda ecológica do planeta são exclusivos da “esquerda”.
    É por isto que eu afirmo claramente aqui que já sei em quem não vou votar… E, ao contrário do prof. Carmona, digo-o: não vou votar no triunvirato Costa-Zé-Roseta.
    Em quem vou votar, como muitos, não sei…
    Portanto, apelos aos restantes para me convencerem, dizendo desde já que:
    – não quero mais trapalhadas urbanísticas com histórias de permutas, trocas, baldrocas;
    – não quero, pelo menos no primeiro mandato, mais obras públicas com orçamentos “em derrapagem”;
    – não quero mais encomendas a arquitectos do star system, a cobrarem fortunas por “maquetas” feitas de caixas de sapatos;
    – não quero mais destruição do património arquitectónico, através da especulação imobiliária ou da “criatividade” corporativa dos arquitectos, não só nas avenidas românticas, mas em toda a Lisboa. Isto implica Largo do Rato, Terreiro do Paço, etc, etc.
    Quero:
    – reabilitação, reabilitação, reabilitação… urbana, com responsabilidade técnica e grande rigor na perspectiva da salvaguarda do património;
    – a Baixa classificada como Património Mundial e a respectiva carta de valores e regras que isso implica;
    – repovoamento do centro histórico;
    – estratégia e planeamento na área do urbanismo comercial;
    – gestão equilibrada na estratégia do trânsito e do estacionamento, incluindo uma Autoridade Metropolitana de Lisboa e um Regulamento de Cargas e Descargas;
    – gestão dos espaços verdes;
    – ao menos, a existência de uma política cultural e museológica para a cidade de Lisboa.
    Bem, não tenho mais espaço… Acima de tudo, viva Lisboa! Lisboa merece mais.

    O legado de John Coltrane

    A sound supreme: Geoff Dyer tunes in to Ben Ratliff’s stimulating biography of the man who was a god to jazz fans, John Coltrane

    It is more difficult to write about John Coltrane than almost any other major 20th-century artist. By the standards of many jazz musicians his life was uneventful. Sure, he had a heroin habit for a while and Miles Davis punched him, but once he’d experienced the “spiritual awakening” described in the liner notes of A Love Supreme he dedicated himself to his music with extreme single-mindedness.

    Novelists and poets lead eventless lives too, but since they’re working in the same medium as the person writing about them there is a compensating overlap between creation and commentary. Instrumental music leaves the critic straining across an abyss. How to convey what’s happening in this non-verbal, contentless form? One way is to explore the relationship between music and the larger social context from which it emerged.

    coltrane_2

    The problem, as Ben Ratliff acknowledges in his consistently stimulating new book, is best understood within the hermetic context of, um, music. While hardly unique to Coltrane, this dilemma profoundly affects the way we listen to him. Recorded on November 18 1963, the mournful “Alabama” is assumed have been written in response to the bombing of a church in Montgomery, Alabama, two months earlier. A few years ago, however, the jazz critic Francis Davis provocatively suggested that if this “was what Coltrane meant for the piece to be ‘about’, he kept it to himself in the recording studio, not saying a word about the deaths of those children to the pianist McCoy Tyner or the drummer Elvin Jones, both of whom were sidemen at the session. As far as they remember, the piece didn’t even have a name yet.”

    If this sounds vaguely blasphemous then it is an indication of the other obstacle to writing about Coltrane: the sheer awe he inspires. Sonny Rollins is a great saxophonist. Miles Davis was a genius. Coltrane was – what? A visionary seeker? A saint? Miles may have taken music in “New Directions” but Coltrane was compelled “to go cosmic. The words are those of the trumpeter Charles Tolliver, who spoke for many when he said Coltrane “was God”. Founded after his death in 1967, the Church of John Coltrane in San Francisco was of similar mind, though this belief proved rather costly when, in 1981, his widow Alice sued for 7.5 million bucks for copyright infringement.

    Coltrane’s death, aged 40, had about it the air of self-immolation. Rashied Ali, who duetted with him on the last studio recordings, Interstellar Space, reckoned Coltrane “exhausted the saxophone”. Ratliff wonders if this is to understate the matter: did he also exhaust jazz itself?

    Ratliff’s unusual approach to the compound difficulties of writing about Coltrane is not to rehearse the story of his life but to trace the history of his sound. Not just the way he sounded – and we run into familiar linguistic shortcomings quite early on, when that sound is described as “large and dry, slightly undercooked” – but the evolution of what jazzers used to refer to as his “concept”. Ratliff then extends his investigation, in the second half of the book, to examine Coltrane’s legacy.

    John Coltrane in concert in 1960, seven years before his death

    Coltrane’s style evolved in traditional journeyman fashion: he heard Charlie Parker, played alto with Dizzy Gillespie’s big band, switched to tenor and toured with Earl Bostic. After a brief period with Davis he did a long stint with Thelonious Monk. What Ratliff calls “the beginning of Coltrane’s trance music” can be heard in 1958 when he was back with Davis, playing the Monk tune “Straight, No Chaser” on the album Milestones. A year later the Miles Davis quintet recorded Kind of Blue but, impatient to pursue his own explorations of the potential for modal jazz opened up by Davis, Coltrane formed his own quartet with Jones, Tyner and Jimmy Garrison (bass). They remained together for six years. During that stretch, Tyner estimates, they “rehearsed four or five times“. The rest of the time they were performing and recording, flat out.

    Coltrane often embellished the core quartet with extra players and instruments but after the addition of a second drummer (Ali) and tenor player (Pharoah Sanders) the centre could not hold. Tyner and Jones quit (“All I could hear was a lot of noise,” the drummer complained). Garrison stayed till the end, alongside Ali, Sanders and Alice Coltrane on piano.

    Ratliff correctly insists that Coltrane always “did his best work in quartets, no matter how much a fifth member had to offer“. Revered for his uncompromising oddity, Eric Dolphy lacked an “internal clamp on time“; his presence, “instead of intensifying” the benchmark Village Vanguard residency of 1961, invariably “made it slacker“.

    john coltrane village vanguard again cover

    The fact that Ratliff gets so much right makes some of his decisions of emphasis all the more surprising. For anyone wishing to trace the tensions and transitions that led the quartet to swell into a sextet before dissolving into the eventual quintet, there is an absolute godsend in that Meditations was recorded first with Tyner, Jones and Garrison and then rerecorded and rearranged a few months later, in November 1965, with the addition of Sanders and Ali. Shelved at the time but released posthumously, the quartet version is performed on a precipice. Coltrane drives ahead even though there is nowhere to go. As the first track, “Love“, moves into the second, “Compassion“, there is an interlude of sublime weightlessness. From then on we are pretty much in freefall. Ratliff chooses not to examine this forensically crucial evidence. When considering the final tour of Japan in the summer of 1966 he does not even mention the single most extraordinary feature of the resulting four-CD set: going right back to his days with Gillespie, Coltrane plays alto.

    Ravi Shankar was “disturbed” by the frustration, turbulence and turmoil he detected in this terminal phase of his friend’s career. Having produced music of an unprecedented intensity, Coltrane was heaven-bent on achieving still greater intensity. As a consequence the main question jazz had to face after his death was very simple: if your starting point is a scream where do you go from there? The answer, in brief, is that you keep on screaming until you’re hoarse. Or – never a bad idea when faced with a dead end – you go back and, like the brothers Marsalis, consolidate the pre-free tradition. Or you move sideways, out of jazz, towards rock (Davis) or “world” music. Some people (Archie Shepp, David Murray) did two of the above. A few (Sanders, Don Cherry) did a bit of all three.

    coltrane

    Ratliff’s problem in examining the post-Coltrane aftermath is inextricably tied up with the excellence of his credentials. He is the jazz critic for the New York Times. To his credit he deploys a wider range of cultural reference than many jobbing music critics (“Ali Akbar Khan, Thomas Bernhard, Björk, James Brown, [and] Mark Rothko” all come pouring out in one extraordinary outburst) but his outlook is provincial in two important ways. Blinkered by the New Yorker’s assumption that his city is the centre of the world, he appears deaf to the claims of great British Coltrane-obsessed tenor players such as Evan Parker or Alan Skidmore. While acknowledging Coltrane as a determining influence on composer Steve Reich – who saw him play about 50 times – Ratliff tends to confine himself to jazz as a narrowly defined and increasingly atrophied musical form.

    Expand the search area and Coltrane’s enduring presence is felt in all sorts of unexpected places and ways, from the pioneers of Detroit techno, to the Australia-based, post-everything trio the Necks. These links are revealing precisely because they are not obvious in the way of the genealogical connections between Coltrane and the sax-playing Parkers, Charlie and Evan. For Lloyd Swanton, bassist with the Necks, it was not the saxophone but “the hypnotic rhythm section vamp on the first version of ‘My Favorite Things‘ that set him thinking along the lines of hour-long, tranced-out grooves that came to characterise the Necks’ output.

    To return, Coltrane-like, to where we started: Ratliff has set himself an almost impossible task. Coltrane’s music was so powerful that it mystified even those who were part of its creation. A couple of years ago the American poet Philip Levine told me how, in the early 1960s, a friend had taken him to hear the quartet play a club date (in Detroit, I think). Blown away by what they heard, they were quite incapable of making sense of it. Fortunately the poet’s friend knew Elvin Jones and asked him, in the interval, what Coltrane was up to, what they were doing together. Jones shrugged: “Beats the shit outta me,” he said.

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