Arquivo de Junho, 2009

Iluminura Medieval

Facta et dicta memorabilia / Dos factos e palavras memoráveis

Simon de Hesdin apresenta a sua tradução de "Facta et dicta memorabilia" de Valerius Maximus a Charles V, Rei de França

Praef. Vrbis Romae exterarumque gentium facta simul ac dicta memoratu digna apud alios latius diffusa sunt quam ut breuiter cognosci possint, ab inlustribus electa auctoribus digerere (sic Kempf, codd. deligere) constitui, ut documenta sumere uolentibus longae inquisitionis labor absit. nec mihi cuncta conplectendi cupido incessit: quis enim omnis aeui gesta modico uoluminum numero conprehenderit, aut quis compos mentis domesticae peregrinaeque historiae seriem felici superiorum stilo conditam uel adtentiore cura uel praestantiore facundia traditurum se sperauerit? te igitur huic coepto, penes quem hominum deorumque consensus maris ac terrae regimen esse uoluit, certissima salus patriae, Caesar, inuoco, cuius caelesti prouidentia uirtutes, de quibus dicturus sum, benignissime fouentur, uitia seuerissime uindicantur: nam si prisci oratores ab Ioue optimo maximo bene orsi sunt, si excellentissimi uates a numine aliquo principia traxerunt, mea paruitas eo iustius ad fauorem tuum decucurrerit, quo cetera diuinitas opinione colligitur, tua praesenti fide paterno auitoque sideri par uidetur, quorum eximio fulgore multum caerimoniis nostris inclitae claritatis accessit: reliquos enim deos accepimus, Caesares dedimus. et quoniam initium a cultu deorum petere in animo est, de condicione eius summatim disseram.
Valerius Maximus, Livro I – capítulo I

Simon de Hesdin apresenta a sua tradução de "Facta et dicta memorabilia" de Valerius Maximus a Charles V, Rei de França (detalhe)

O beijo

Há cento e cinquenta anos, Francesco Hayez (1791-1882) pintou O Beijo que, muito justamente, se tornou num dos símbolos da transição do Neoclassicismo para o Romanticismo Italiano. Hayez construiu a sua obra principalmente em Milão, onde foi Director da Academia das Belas Artes de Brera.

Francesco Hayez - O Beijo, 1859


Ao encontro do criador (2)

A 11ª Edição da Feira Laica, a decorrer este fim-de-semana, de novo na Bedeteca de Lisboa, mostra  a dinâmica da edição independente portuguesa e estrangeira de banda desenhada.

Feira Laica 2009

Autores-Editores Estrangeiros:
Benjamin Bergman, Jarno Latva-Nikkola e Tommi Musturi (que desenhou o cartaz da Feira), do colectivo finlandês Boing Being (com ligações ao jornal Kuti e à antologia Glömp) e ainda Kaja Avbersek e Gasper Rus, do colectivo esloveno Stripcore (da revista Stripburger).

Autores-Editores Portugueses:
Revista Acto, Alexandre Esgaio, Atelier Toupeira / Bedeteca de Beja, Averno, Bela Trampa, Chili Com Carne, colectivo Pinopaco, El Pep, discos F.Leote, Os Gajos da Mula, Grain of Sound, zine O Hábito Faz O MonstroHülülülüImprensa Canalha, Lemur, Marvellous Tone, Massa Folhada, Mike Goes West, MMMNNNRRRG, Opuntia Books, Piggy, Reject Zine (com All*Girlz zine, Doczine, Shock e Terminal), Skinpin Records, Sleep City, Thisco, Drome Video Zine, Zona Zero e zine Znok.

Solstício de Verão

Nem só na Pedra do Sol se celebrou o Solstício de Verão. Há mais druidas do que imaginam… 🙂

Supremo sacerdote neo-pagão, durante a celebração do solstício de Verão, na Rússia. foto Sergey Ponomarev/AP

Descobre o teu lugar

Exit Music @ home

Hoje há Jazz às Quintas, mas o programa não me puxa. Vou ficar em casa a ouvir em repeat Exit Music, o extraordinário cover dos Radiohead Exit Music (For a Film) por Brad Meldhau.

The Art Of The Trio, Volume 3: Songs

‘Songs,’ recorded in 1998, captured a wider audience for Mehldau’s trio. “A lot of people have told me that ‘Songs’ is their favorite record of mine,” Mehldau says. “I was thinking a lot at that time about what ‘song’ means to me. It implies a few things – simplicity of melody, an economy of material and a short form, but also a strong emotional effect on the listener that hopefully lingers and swells in your consciousness after you’ve heard it. A song is short and ends quickly, but it should also give you a feeling of endlessness, of something much bigger than its duration. You should sense that you’re scratching the surface of something eternal.”
Mehldau’s writing made an expressive leap on this record, with originals like ‘Song-Song,’ ‘Unrequited,’ and ‘Sehnsucht,’ and he notes, “I started to achieve something more simple and direct in my own tunes.” Two covers heard in their first versions here went on to become staples in the trio’s performances: Nick Drake’s ‘River Man’ and Radiohead’s ‘Exit Music (For a Film).’ On the ballad, ‘For All We Know,’ you can start to hear an elegiac tone. The sentiment of elegy that begins on this record sweeps over much of Mehldau’s subsequent recorded music, and he would explore that idea in depth on his next record, ‘Elegiac Cycle’.

Track Listing: Song-Song – Unrequited – Bewitched Bothered & Bewildered – Exit Music (For A Film) – At A Loss – Convalescent – For All We Know – River Man – Yonug At Heart – Sehnsucht
Musicians: Brad Mehldau (piano), Larry Grenadier (bass), Jorge Rossy (drums)
Producer: Matt Pierson

Tainted Love

Pablo Picasso - Nesso e Dejanira, 1920

Héracles, que havia morto o Rei Eurytus e saqueado a cidade de Oechalia com  intenção de levar a sua bela filha Iole como noiva, encarregou Filoctetes (então amante de Iole) de comunicar à Princesa a sua decisão de a desposar. Sabendo da relação entre Iole e Filoctetes, Hércules impõe o casamento como forma de poupar a vida ao desgraçado amante. Dejanira decide então ajudar Iole, oferecendo-lhe a túnica ensanguentada do centauro Nesso, trespassado por uma seta envenenadade de Héracles ao tentar violar Dejanira; Agonizante, Nesso dissera a Dejanira que a túnica com o seu sangue tinha poderes mágicos e que se Héracles a usasse,ser-lhe-ia novamente fiel. Porém, a túnica estava impregnada de um terrível veneno e, no dia do casamento, quando Iole oferece a túnica a Héracles, este, ao vesti-la, percebe que o veneno se infiltra no corpo. Desesperado, Héracles lança-se às chamas e sobe ao Monte Olimpo, onde se juntou a Zeus.

Pablo Picasso - Nesso e Dejanira, 1920

Thomas Adès – The Tempest

The Tempest é uma uma ópera em três actos, de Thomas Adès; Com libretto de Meredith Oakes, numa adaptação da peça de Shakespeare, teve a sua estreia mundial no Royal Opera House-Covent Garden-Londres, em 2004, onde voltaria a ser representada, depois de ter marinado durante três anos. 🙂
Foi então registada para a EMI, que agora a disponibiliza.

“In the three years since its premiere, Thomas Adès and Meredith Oakes’s haunting re-imagining of Shakespeare’s The Tempest has marinated in the mind. It now has the bearing of a modern classic. With a second, or in my case, third visit, you really start to appreciate the ingenious way in which Oakes alludes to Shakespeare without necessarily quoting him. Then there is Adès’s instinctive feeling for the pulse of the drama, his unerring sense of the magic that may provide the key to ‘a brave new world’ where the sins of the parents might not be revisited on the children.”
Edward Seckerson, The Independent

Hélène Grimaud

Nascida em Aix-en-Provence, Hélène Grimaud iniciou os seus estudos musicais no Conservatório da sua cidade natal, prosseguindo-os depois em Marselha, com Pierre Barbizet. Aos doze anos de idade foi admitida no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, onde estudou com Jacques Rouvier, Gyorgy Sandor e Leon Fleischer.

O ano de 1987 foi decisivo na carreira de Hélène Grimaud após a sua apresentação no MIDEM em Cannes. A sua actuação neste evento levou Daniel Barenboim a recomendá-la para tocar com a Orquestra de Paris, seguindo-se uma série de concertos, incluindo a sua estreia no Festival de Piano de La Roque d’Anthéron e um recital em Tóquio.

Desde então, Hélène Grimaud apresenta-se regularmente nos principais centros musicais internacionais com importantes orquestras, incluindo a Filarmónica de Berlim, a Philharmonia Orchestra, a Orquestra do Tonhalle de Zurique, a Filarmónica de São Petersburgo e a Sinfónica da NHK. Actua também regularmente com as principais orquestras dos Estados Unidos da América, incluindo as Filarmónicas de Los Angeles e Nova Iorque, a Orquestra de Filadélfia e as Sinfónicas de São Francisco e Boston. Desde o início da sua carreira, colabora com maestros de craveira internacional.

Em 2002, Hélène Grimaud assinou um contrato de exclusividade com a Deutsche Grammophon, tendo sido lançado recentemente o CD “Reflection” , que inclui obras de Brahms e de Robert e Clara Schumann. As suas anteriores gravações para a DG incluem o disco “Credo” (obras orquestrais e a solo de Beethoven e Pärt), um recital Chopin / Rachmaninov e o Concerto para Piano Nº. 3 de Bartók, com a Orquestra Sinfónica de Londres e o maestro Pierre Boulez. Realizou a sua primeira gravação aos quinze anos de idade, incluindo o seu catálogo anterior obras de Liszt, Ravel, R. Strauss, Rachmaninov, e Gershwin.

Hélène Grimaud recebeu numerosos prémios, tendo sido também reconhecida no seu país, onde foi distinguida com o grau de Oficial da Ordem das Artes e das Letras do Ministério da Cultura de França, em 2002. Mais recentemente, recebeu o prémio“Victoire d’honnuer” nos Victoires de La Musique de 2004.

Hélène Grimaud é autora de dois livros, Variations SauvagesLeçons Particulières, ambos publicados pelas Editions Robert Laffont. Variations Sauvages foi já traduzido para várias línguas. Ambos os livros obtiveram sucesso em França, figurando nas listas dos mais vendidos.

Em 1999, Hélène Grimaud fundou o Wolf  Conservation Center, uma causa que continua a defender. Mais recentemente deu o seu apoio a várias organizações de solidariedade e defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional, a International Camp Villa Sans Souci e o Worldwide Fund. Via.

Solstício de Verão

Com um pedido de desculpas pelo atraso, agradeço reconhecido aos amigos Andrade (Andradarte) e Black Angel (Pleasuredome II) a gentileza das respectivas citações.  🙂

Hoje celebra-se mais um Solstício de Verão num local sagrado, A Pedra do Sol, um antigo altar de pedra localizado numa zona castreja em Chãs, concelho de Foz Côa. As sacerdotisas pagãs entoam cânticos, enquanto os sacerdotes druidas, de túnicas brancas, transportam aos ombros  o cordeiro para o ritual das oferendas, em louvor às Forças da Natureza.

A Pedra do Solstício, que se supõe ter sido local de culto e posto de observação astronómico, em tempos recuados, tem a forma arredondada. Fica a curta distância de outro templo solar, o Santuário da Pedra da Cabeleira, onde são celebrados os Equinócios. Ergue-se na vertente de uma vasta depressão rochosa, sobranceira a um fértil vale que desemboca na Ribeira dos Piscos, em cujo curso se situam alguns dos principais núcleos de gravuras rupestres classificados como Património da Humanidade. Via.

Ainda sobre Foz-Côa, recomendo a leitura desta posta de António Martinho Baptista, um alerta sobre os perigos que espreitam o Museu do Côa.

Pedra do Sol - foto de Pedro Soares

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