Arquivo de Maio, 2009

O legado de Joseph Haydn, 200 anos após a sua morte

Para assinalar a efeméride do bicentenário da morte de Joseph Haydn, dois vídeos com o segundo movimento do Concerto para Violoncelo apresentado em 1981,  tendo como solista Mstislav Rostropovich. A Orquestra Sinfónica de Boston, foi dirigida por Seiji Ozawa.

Leituras recomendadas de hoje:
Iniciação à Música : Haydn 2009 , uma efeméride
Redescobrindo o compositor Joseph Haydn 200 anos depois

O céu sobre Lisboa

Saturno, perto do cruzamento com Júpiter - 31 de Maio, 03:00h

 

Transcendência Improvável

Da árvore solitária imana o sentimento de melancolia do poeta. 

Piet Mondrian – Avond (Evening); Red Tree, 1908.
Haags Gemeentemuseum, The Hague

O Homem que Contempla 

Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
 

E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.

Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.

Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.

Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.

 

Rainer Maria Rilke, in Das Buch der Bilder O Livro das Imagens, 1902
Tradução de Maria João Costa Pereira

MUDE de leituras

Feita para não passar despercebida, a revista/catálogo do novo Museu do Design e da Moda é visualmente atraente (a começar pela capa), mas é no interior que  nos rendemos ao conceito, um excelente tónico para contrariar o cinzentismo destes dias. Vale a pena dar uma espreitadela em algumas páginas, aqui

“apontamentos” sobre o Terreiro do Paço

Se, como foi dito na apresentação do projecto para a requalificação do Terreiro do Paço, apresentado ontem à noite na casa dos arquitectos, não é um projecto, é um estudo prévio a caminho de um ante-projecto e se, como o autor – o arquitecto Bruno Soares – confessou, está em estudo um novo pavimento, mais poroso, pois as críticas aos losangos são mais que muitas, porque vão hoje António Costa e Manuel Salgado propôr, em reunião pública do executivo municipal, o parecer favorável por parte da autarquia sobre o estudo prévio? Será porque as obras já arrancaram? 

A solução dos degraus a partir da plataforma central, que “morrem”,  mais a rampa(!!!) no lado do Torreão, foram mal explicadas e têm o propósito óbvio de resolver um problema resultante da sua elevação, enquanto solução preconizada para o escoamento das águas a partir da estátua de D. José. 

O prolongamento do “eixo monumental” Arco-da-Rua Augusta-Estátua-Cais das Colunas , em lugar de potenciar a espacialidade da Praça, limita-a. É isto que significa restabelecer a relação entre  a história, a simbólica do lugar e os usos contemporâneos? 

Para “definitivo”, o que foi mostrado tem demasiadas imperfeições!

ó vizinha, quer vir comer uns queijinhos frescos a minha casa?

Museu e Parque Arqueológico do Vale do Côa

A abertura do Museu do Côa e a legalização do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) estão para breve, faltando alguns pormenores e a aprovação política. A garantia foi deixada na semana passada pela directora do PAVC, Alexandra Cerveira Lima, segundo a qual, neste momento, está a ser definido o modelo de gestão do parque, já que integra o museu. «Trata-se estritamente de uma decisão política, porque é possível, em última análise, a mudança das leis. Só depende da decisão da tutela, que vai definir a melhor solução para a gestão do parque», disse. Recorde-se que o PAVC ficou numa situação irregular quando foi criado, porque a legislação portuguesa referente ao património não previa a figura do Parque Arqueológico. Quando isso foi possível, definiram-se também os passos para a sua criação e o último é a promulgação de um decreto regulamentar, como já acontecia com os parques naturais. «É este passo que falta e estamos a todo o momento à espera. Esperemos que ainda este ano, quando ocorrer a abertura do museu ao público, também se possa dizer que o parque está legalmente criado», adianta a responsável. Quanto ao museu – que está sob a tutela do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), Alexandra Cerveira Lima assegura que «o edifício está acabado, faltando apenas o recheio». A obra, orçada em cerca de 18 milhões de euros e que teve o seu início em Janeiro de 2007, irá permitir o acolhimento de novos públicos, acredita a responsável.
Constituindo-se como um local de descodificação da arte, outra característica do futuro museu será o facto de grande parte do seu conteúdo estar no exterior, como o território e a arte rupestre do Vale do Côa. «O museu é também uma estrutura relevante porque não carece de marcação prévia. A partir do momento em que for inaugurado, as pessoas vão visitar o que quiserem, conduzidas já com uma informação sobre o território que as guia por aquilo que podem ver. E se quiserem ficar, têm sempre realidades interessantes para ver, o que é algo que não é possível na estrutura actual ao fim-de-semana e em época alta. E nem nós nem os guias a trabalhar em operadores privados conseguimos fazer face à procura», refere a directora. Aquele que será o segundo maior museu (em área) de Portugal a seguir ao de Arte Antiga, em Lisboa poderá vir ainda a beneficiar do interesse espanhol, espera Alexandra Cerveira Lima: «A Junta de Castela e Leão está interessada numa ligação ao Côa por causa da candidatura de Siega Verde a Património da Humanidade e até numa dinâmica cultural». «Aproveitando a ligação a Espanha, ao Douro e ao Sul, juntando estas sinergias e com pessoas da área, pensamos que é possível fazer uma programação muito interessante», sustenta a directora do PAVC.Via.

Palma de Ouro para “Arena”, curta-metragem de João Salaviza

O cineasta João Salaviza, de 25 anos, hoje distinguido com a Palma de Ouro para Melhor Curta-Metragem do 62.º Festival de Cannes por “Arena”, agradeceu ao festival a oportunidade para mostrar o seu amor pelo cinema.
“Obrigado ao Festival por nos permitir mostrar a nossa paixão e amor pelo cinema, obrigado ao júri por seleccionar este filme e obrigado à minha produtora, que não pôde estar aqui esta noite mas está muito feliz”, disse João Salaviza ao receber hoje o prémio, na cerimónia de encerramento do certame.
“Penso que o cinema está vivo e este prémio também pertence à nova geração e partilho-o convosco”, acrescentou.
João Salaviza, que considera “Arena” o seu primeiro filme profissional (depois de ter feito “Duas Pessoas”, no âmbito do curso da Escola Superior de Teatro e Cinema), esteve pela primeira vez em Cannes com esta curta-metragem seleccionada para a competição oficial e premiada no Festival IndieLisboa.
Para o jovem cineasta, a exibição do filme em Cannes já era uma vitória, porque “mais do que o lado competitivo, Cannes é uma oportunidade para mostrar o filme a imensa gente”, como disse à Lusa antes da projecção, que decorreu sábado, no penúltimo dia do festival.
“Estar lá já é importante, o que vier a mais é bem-vindo”, observou, então.
“Arena” conta a história de Mauro, um rapaz que está a cumprir uma pena em prisão domiciliária e que enfrenta o dilema de transgredir a lei para acertar contas com um grupo de miúdos marginais.
João Salaviza explicou que “Arena” é um filme sobre violência urbana e juvenil, sobre bairros problemáticos que são verdadeiras “bombas-relógio”.
Leonor Silveira, actriz e sub-directora do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), integrou o júri da secção “Cinéfondation” e da competição das curtas-metragens (juntamente com o presidente, John Boorman, e Kerry Washington) que distinguiu “Arena”, de Salaviza. Via.
João Salaviza conquistou a maior distinção do cinema português, em curtas metragens, no festival de Cannes

PARABÉNS a João Salaviza, que conquistou a maior distinção de sempre do cinema português em curtas metragens, em Cannes

Michael Haneke – Das Weisse Band

«Das Weisse Band» foi eleito o melhor filme em competição. «Anticristo» recebeu o anti-prémio
Os críticos de cinema do festival de Cannes já lhe tinham atribuído o favoritismo, mas agora é mesmo oficial. A Federação Internacional de Críticos de Cinema (FIPRESCI), distinguiu o filme «Das Weisse Band», do austríaco Michael Haneke, como o melhor filme em competição. A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se este sábado.
A organização de críticos atribui prémios paralelos aos da organização do festival de Cannes. Na secção «Un Certain Regard» os críticos distinguiram o filme romeno «Politist, Adjectiv», de Corneliu Porumboiu.
Nas secções «A Semana da Crítica» e «Quinzena de Realizadores», o prémio do melhor filme foi para «Amreeka», uma co-produção dos Estados Unidos, Canadá e Kuwait dirigida por Cherien Dabis.
Os prémios do Júri Ecuménico, que distinguem os filmes que exaltem os valores do humanismo, criaram pela primeira vez em 35 anos um anti-prémio para esta categoria. Em causa esteve a vontade de manifestar o repúdio sentido por «Anticristo», o filme polémico que Lars von Trier levou a Cannes.
«Looking for Eric», do britânico Ken Loach, foi o filme vencedor, já «Das Weisse Band» mereceu uma menção honrosa nesta categoria. Via.

Aniversário

Berthe Morisot (1841-1895), Marie Bracquemont (1840-1916) e Mary Cassat (1844-1926) são as três  grandes figuras femininas do Impressionismo. Também Madame Cassat faria anos hoje.

Mary Cassatt – Lydia Crocheting in the Garden at Marly, 1880

Mary Cassatt – Lydia Crocheting in the Garden at Marly, 1880
Metropolitan Museum of Art, New York

Cassatt and her family spent the summer of 1880 at Marly-le-Roi, about ten miles west of Paris. Ignoring the village’s historic landmarks in her art, Cassatt focused instead on the domestic environment. Here, she portrayed her elder sister, Lydia, fashionably dressed and insulated by a walled garden from any modern hurly-burly. Lydia is absorbed in the sort of old-fashioned handicraft that was increasingly prized by the well-to-do as factory manufacture by working-class women escalated. Although Cassatt was generally uninterested in plein-air painting, she captured the effects of dazzling sunlight beautifully in this work, especially in Lydia’s large white hat. Via.

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