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‘Composição nº XIII’, de Piet Mondrian

Em mais um aniversário do nascimento do artista holandês Piet Mondrian [7 Março 1872 – 1 Fevereiro 1944], a Composição XIII, com uma linguagem próxima do cubismo,  pertence a um conjunto de obras executadas durante a estadia em Paris, entre 1911 e 1914, influenciadas pelo  contacto com o trabalho de Cézanne, Picasso e Braque no Moderne Kunstring – Círculo de Arte Moderna- em Amsterdão, antes de viajar para a capital francesa.


Piet Mondrian_composicion-no-xiii-composicion-2
Piet Mondrian – Composition No. XIII/ Composition 2 (1913)
Óleo sobre tela – 79.5 x 63.5 cm | Museo Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid (sala 43)

Piet Mondrian & Yves Saint Laurent

No centésimo quinquagésimo aniversário do nascimento do artista holandês Piet Mondrian [7 Março 1872 – 1 Fevereiro 1944], vestidos de Yves Saint Laurent exibidos em 1966 com uma pintura do criador do Neoplasticismo, conhecido como Novo Design.


Transcendência Improvável

Da árvore solitária imana o sentimento de melancolia do poeta. 

Piet Mondrian – Avond (Evening); Red Tree, 1908.
Haags Gemeentemuseum, The Hague

O Homem que Contempla 

Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
 

E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.

Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.

Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.

Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.

 

Rainer Maria Rilke, in Das Buch der Bilder O Livro das Imagens, 1902
Tradução de Maria João Costa Pereira