Posts Tagged ‘ Claudio Monteverdi ’

Duas peças para violino, de Biagio Marini

De Biagio Marini [Bréscia, 3 Fevereiro 1594 – Veneza, 17 Novembro 1663], compositor e virtuoso violinista do barroco italiano que, entre 1615 e 1618, serviu como violinista na Basílica de São Marcos em Veneza, da qual Claudio Monteverdi havia sido nomeado maestro di cappella em 1613, ficam duas peças avulsas interpretadas pelo agrupamento Hespèrion XXI, dirigido por Jordi Savall.


Passacaglia à 4, do álbum Musica Nova – Alia Vox, 2018

Per ogni sorte di strumenti musicale, Op. 22: Passacaglio, do álbum Ostinato – Alia Vox, 2001

‘Vespro della Beata Vergine’, de Claudio Monteverdi (II)

O início de 2020 ficou marcado pela apresentação das Vésperas de Claudio Monteverdi [1567 – 29 Novembro 1643] em Nova York pelo Ensemble Green Mountain – TENET Vocal Artists, projecto concebido pela soprano Jolle Greenleaf (direcção artística) e pelo violinista Scott Metcalfe (direcção musical).


Vespro della Beata Vergine, SV 206: No. 11, Sonata sopra “Sancta Maria ora pro nobis” (Live)

‘Responsórios de Trevas’ de Don Carlo Gesualdo

A par de Claudio Monteverdi, Don Carlo Gesualdo da Venosa [1566 – 8 Setembro 1613] representa o expoente do madrigal italiano.
Em 2013, o Musica Aeterna dedicou-lhe uma emissão aquando da passagem do quarto centenário da morte e em 2020 duas emissões intituladas ‘Responsórios de Trevas (parte I e parte II) , a propósito do lançamento do triplo cd Tenebrae, pelo agrupamento Graindelavoix. Do segundo cd, fica o primeiro responsório para Sexta-Feira Santa, Omnes amici mei.


‘Ombra mai fu’, de Francesco Cavalli

Francesco Cavalli [14 Fevereiro 1602 – 14 Janeiro 1676], compositor do início do Barroco, maestro di cappella na Basílica de São Marcos em Veneza, onde começou como cantor em 1616 sob a tutela de Claudio Monteverdi [1567-1643], é recordado fundamentalmente pelas suas óperas.
A ária ‘Ombra mai fu’ da Xerse, ópera em três actos apresentada pela primeira vez em 1654, foi adaptada em 1738 por George Frideric Handel [1685-1759] para a sua ópera Serse, também sobre o libreto de Nicolò Minato.


Álbum: Ombra mai fu – Francesco Cavalli Opera Arias, 2019
Ensemble Artaserse – Philippe Jaroussky, contratenor

‘Madrigali e dialoghi’, de Domenico Mazzocchi

De Domenico Mazzocchi [1592 – 21 Janeiro 1665], compositor do barroco italiano, activo em Roma durante a primeira metade do século XVII, a composição Dialogo della cantica, crê-se da década de trinta e estilisticamente comparável à arte de  Claudio Monteverdi [1567-1643].


Monique Zanetti e Valerie Gabail, Sopranos · Jean-François Lombard, Alto · Benoît Haller, Tenor
Ensemble Les Paladins, direcção de Jérôme Correas

‘Vespro della Beata Vergine’, de Claudio Monteverdi

A obra de Claudio Monteverdi [1567 – 29 Novembro 1643] exerceu uma grande influência, não apenas sobre compositores seus contemporâneos mas também sobre um grande número de músicos durante os séculos que lhe sucederam até aos dias de hoje, fruto da modernidade da sua escrita. Entre as suas principais realizações estão as “Vespro della Beata Vergine”, publicadas em 1610 em Veneza.

O início de 2020 ficou marcado pela apresentação das Vésperas em Nova York pelo Ensemble Green Mountain – TENET Vocal Artists, projecto concebido pela soprano Jolle Greenleaf (direcção artística) e pelo violinista Scott Metcalfe (direcção musical).

Sendo a Sonata sopra “Sancta Maria ora pro nobis” a minha peça favorita, desta gravação gostava de destacar o salmo Duo Seraphim, pelo diálogo entre os tenores James Reese e Jason McStoots.

 

‘Madrigais’, de Giaches de Wert

O franco-flamengo Giaches de Wert, também conhecido como Jacques de Wert [1535-1596], foi um dos mais influentes compositores de madrigais do final do Renascimento. Ao serviço dos Duques de Mântua como maestro di cappella entre 1560 e 1592, recebeu em 1590 como violista o jovem Claudio Monteverdi [1567-1643], que acabara de publicar o seu II Livro de Madrigais.

Madrigais de Giaches de Wert [1535-1596] dos Livros VII, VIII e XI
La Venexiana, dirigida por Claudio Cavina
Rossana Bertini, Valentina Coladonato, Nadia Ragni, Claudio Cavina, Giuseppe Maletto, Sandro Naglia, Daniele Carnovich, Gabriele Palomba, Franco Pavan



Trilogia de Monteverdi no Teatro La Fenice

No dia do 77º aniversário do maestro John Eliot Gardiner, boas notícias de Veneza, via Il Messaggero: o Teatro La Fenice disponibiliza a partir de hoje no seu canal no YouTube a trilogia de óperas de Monteverdi que sobreviveram até aos nossos dias, numa parceria com Monteverdi Choir & Orchestras e English Baroque Choir
Já disponível a partir de hoje 20 de Abril está «L’Orfeo» (1607); na próxima segunda-feira 27 de Abril chegará «Il ritorno d’Ulisse in patria» (1640) e na segunda-feira 4 de Maio «L’incoronazione di Poppea» (1643).


‘La Musica’

No dia em que passam 370 anos da morte de Claudio Monteverdi [1567-1643], notável compositor do período de transição entre a Renascença e o Barroco, recordemos Montserrat Figueras [1942-2011] no papel de La Musica, durante o prólogo de L’Orfeo.
O cenário é o mítico Gran Teatro del Liceu, Barcelona.

Um luminoso Monteverdi

As ligações referem-se à série de vídeos dedicados aos Concertos Promenade da BBC, Setembro de 2010.
Claudio Giovanni Antonio Monteverdi,1567 – 1643 – Vespro della Beata Vergine, 1610 / SV 206 | Monteverdi Choir | London Oratory Junior Choir | Schola Cantorum of The Cardinal Vaughan Memorial School | English Baroque Soloists | His Majestys Sagbutts and Cornetts | Conducted by John Eliot Gardiner

Com a devida vénia a Cristina Fernandes, que escreveu a crítica para o Público de 02-12-2010.
Em 2010, comemoram-se quatro séculos da publicação das Vésperas da Beata Virgem, de Monteverdi, em Veneza, pelo que esta obra paradigmática dos inícios do Barroco tem um lugar de destaque nas programações de várias instituições. Em Portugal, contamos com duas interpretações por músicos de alto nível num curto espaço de tempo. A primeira teve lugar na segunda-feira, na Gulbenkian, com o coro La Capella Ducale e o ensemble Musica Fiata, sob a direcção de Roland Wilson, e no dia 8 será possível ouvir a versão do agrupamento La Venexiana, dirigido por Claudio Cavina, no Centro Cultural de Belém.

As Vésperas de Monteverdi são uma obra de transição entre o antigo e o novo, que leva ao ponto mais alto, quer a herança da polifonia renascentista, quer as experiências florentinas e venezianas dos inícios do século XVII (como a monodia acompanhada e a policoralidade). À estrutura litúrgica tradicional do Ofício de Vésperas (com os seus Salmos, Antífonas, Hino e Magnificat), Monteverdi acrescentou quatro “concertos” para vozes solistas e baixo contínuo (por vezes também designados por motetes), onde explora características do novo estilo barroco, e a belíssima Sonata sopra Sancta Maria, onde a melodia de cantochão emerge sobre uma luxuriante textura instrumental.

Cada trecho tem uma constituição vocal e instrumental diversa, mas de uma maneira geral Robert Wilson dividiu os seus 10 cantores em dois coros, de modo a potenciar o jogo da policoralidade. O efeito a esse nível foi discreto e o resultado ganharia com uma acústica com mais ressonância, mas tal só seria possível num espaço mais adequado à música desta época do que o Grande Auditório Gulbenkian. Embora menos exuberante do que as interpretações por agrupamentos italianos, La Capella Ducale e o grupo Musica Fiata ofereceram uma versão luminosa das Vésperas que se foi tornando mais envolvente à medida que a obra avançava. O início tímido, com um Dixit Dominus algo linear e pouco pujante, contrastou com a transparência dos planos sonoros, a energia rítmica e as sedutoras nuances de colorido que caracterizaram o Magnificat no final.

Jan van Bijlert – The Concert, 1635-40

Entre outros belos momentos, destaca-se o Nisi Dominus ou o concerto Audi Coelum, com a solução bem conseguida de colocar o cantor responsável pelo eco fora do palco. Tal como sucedia na época de Monteverdi, os cantores responsáveis pelos solos são os mesmos que fazem as partes corais, demonstrando em geral uma sólida qualidade nas duas vertentes. No entanto, deveriam ter ido mais longe no plano da retórica musical e da relação texto-música. Por exemplo, o dueto de sopranos Pulchra es foi algo superficial e houve passagens (como na Sonata sopra Sancta Maria) com algumas imprecisões ou pequenas dessincronizações rítmicas.

Em compensação, o ensemble Musica Fiata demonstrou virtudes como o brilho da sonoridade dos sopros (trombones e cornetos) e um óptimo trabalho ao nível do baixo contínuo (órgão, chitarroni, harpa dupla, violone e lirone), que não se limitou a uma realização básica de preenchimento da harmonia, mas operou um verdadeiro diálogo com o conjunto e deu destaque à identidade de cada instrumento. Quer pela prestação dos músicos de Robert Wilson, quer pelo poder avassalador da extraordinária música de Monteverdi, a assistência foi tomada pelo entusiasmo no final, aplaudindo longamente em pé.

Cristina Fernandes

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