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“Praia das Maçãs” de José Malhoa (II)

Adquirida por Anastácio Gonçalves, em 1929 aos herdeiros de Higino de Mendonça, nesta Praia das Maçãs”, apesar do título, não é a Natureza que assume um papel de destaque, mas sim a figura e a presença humanas. Com uma pincelada rápida e solta, num registo a partir da observação directa do motivo, José Malhoa [28 Abr 1855 – 26 Out 1933] remete-nos para uma prática que escapa às convenções mais academizantes. Via Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves.

“Praia das Maçãs” de José Malhoa

Sobre o pintor naturalista português José Malhoa [28 Abr 1855 – 26 Out 1933], recomendo este artigo e uma Visita Guiada à Casa-Museu Anastácio Gonçalves, que o pintor mandou construir.

Esta obra insere-se num núcleo de vida burguesa onde a figura feminina joga um papel fundamental na apresentação de uma mundanidade relativamente elitista. Através de modelos anónimos, em manchas tocadas pelo sol ou sombra, estabelecem-se jogos de iconografias repetidas (chapéus de sol, canteiros de flores, vasos de barro, muros, bancos de jardim).

Numa ambiência pretensamente elegante, nesta esplanada da Varanda do Grego, Malhoa cria específicas situações cromáticas e luminosas. A sensação transmitida expressa uma certa leveza, delicadeza e finura. Registe-se a marcação impressiva da pincelada que, curiosamente, se alia a um sublinhar de contorno das figuras, pouco frequente na sua pintura, diluída em jogos de luz. Rodelas de sol mancham o chão, provocando uma sensação de jovialidade e frescura acentuada pelo contraste que com o forte azul marinho se estabelece.

A cena, captada em aparente instantâneo, contém uma narrativa implícita e sensual. A cumplicidade afectiva que assim se estabelece, entre o que é dado a ver e o que se convida a compreender, constitui um dos encantos maiores deste trabalho, de raro cunho urbano no conjunto da produção de Malhoa.
Maria de Aires Silveira

 

Visita Guiada: Casa-Museu Anastácio Gonçalves

Visita Guiada à Casa-Museu Anastácio Gonçalves – RTP2 – 9 de Fevereiro, 23h00.
“Uma nostálgica ilha no coração das Avenidas Novas, em Lisboa, esta casa-museu com as suas colecções de arte, é o testemunho de um mundo que se extinguiu. Encomendada pelo pintor José Malhoa a Norte Júnior que com este projecto ganhou o seu primeiro Prémio Valmor em 1905, a casa foi preparada para vir a ser museu a partir de 1933, quando o médico republicano Anastácio Gonçalves a comprou. Construídas por Anastácio Gonçalves, as colecções de pintura portuguesa, porcelana chinesa e mobiliário europeu têm reputação internacional.
A historiadora de arte Ana Mântua é a guia desta visita.”

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“A Verdadeira maneira de tocar instrumentos de teclado”, por Cristiano Holtz

No próximo dia 14 pelas 19h00, a  Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves recebe Cristiano Holtz para a apresentação do seu novo CD “A Verdadeira maneira de tocar instrumentos de teclado” – Integral – de Carl Philipp Emanuel Bach. Registado em clavicórdio e em cravo.
Programa: Peças extraídas de “Dezoito Probe-Stücke em seis sonatas, Berlim 1753” e de “Seis Sonatine Nuove, Hamburgo 1786”

 

CMAG – Ciclo de recitais de cravo, por José Carlos Araújo

Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves | Ciclo de recitais de cravo – Primavera de 2013
José Carlos Araújo, cravo
Programa (Entrada livre, sempre às 19h00)
11 Abril (5.ª feira): Música portuguesa para tecla (sécs. XVI-XVIII)
18 Abril (5.ª feira): J. S. Bach, Suites Francesas (1722-1725)
25 Abril (5.ª feira): J. S. Bach | Couperin | Forqueray: Pièces de Clavecin
2 Maio (5.ª feira): J. S. Bach, Partitas I, II, IV (Clavier Übung I, 1731)
4 Maio (Sábado): J. S. Bach, Partitas III, V, VI (Clavier Übung I, 1731)
9 Maio (5.ª feira): J. S. Bach, Suites Inglesas (ca. 1718)
16 Maio (5.ª feira): Carlos Seixas: Sonatas para cravo
Jose-Carlos-AraujoJOSÉ CARLOS ARAÚJO estudou cravo, órgão e interpretação de Música Antiga no Conservatório Nacional com Cândida Matos e Rui Paiva. Em seminários da especialidade pôde ainda beneficiar da orientação de Cremilde Rosado Fernandes, Ana Mafalda Castro, Gustav Leonhardt, Rinaldo Alessandrini, José Luis Uriol, Miklós Spányi, Ketil Haugsand, Hermann Stinders e Maurice Steger. Recebeu o Primeiro Prémio no Concurso Carlos Seixas (2004) da Escola Superior de Música de Lisboa e da Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
Apresenta-se regularmente em recitais de cravo e em numerosos órgãos históricos portugueses, com programas que procuram privilegiar sobretudo a música de autores ibéricos dos séculos XVI a XVIII. Na Academia das Ciências de Lisboa inaugurou em 2008 o restauro de dois pianos históricos da colecção instrumental do Conservatório Nacional. Colaborou com o Teatro da Cornucópia na produção de A Tempestade de William Shakespeare, sob a direcção de Luís Miguel Cintra. Gravou para a RTP e para a RDP – Antena 2. Em 2008, a RTP2 dedicou um documentário à sua actividade artística. Colaborou no projecto Cem Anos da República da artista plástica Teresa Gonçalves Lobo.
É investigador do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde estudou Filologia Clássica e obteve uma distinção em 2007 enquanto aluno com as mais elevadas classificações. Tem centrado a sua investigação na área da Literatura Latina e, desde 2008, na elaboração da primeira tradução comentada em português do Epistolário de Plínio. Foi bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia, integrou o projecto Lexikon, para a elaboração de um dicionário de grego clássico, e colabora actualmente na primeira tradução portuguesa dos Facta et Dicta Memorabilia de Valério Máximo. Colaborou em Euphrosyne – Revista de Filologia Clássica.
Inaugurou em 2012 a colecção discográfica melographia portugueza, editada pelo mpmp – movimento patrimonial pela música portuguesa, com os dois primeiros CD da gravação integral da obra para tecla de Carlos Seixas. Este projecto, utilizando instrumentos históricos e realizado pela primeira vez, inclui ainda a apresentação pública de todas as sonatas do compositor.

Imagem e textos gentilmente cedidos por Ana Mântua

A Aguadeira

Hoje deitei-me junto a uma jovem pura
como se na margem de um oceano branco,
como se no centro de uma ardente estrela
de lento espaço.
Do seu olhar largamente verde
a luz caía como uma água seca,
em transparentes e profundos círculos
de fresca força.
Seu peito como um fogo de duas chamas
ardía em duas regiões levantado,
e num duplo rio chegava a seus pés,
grandes e claros.
Um clima de ouro madrugava apenas
as diurnas longitudes do seu corpo
enchendo-o de frutas extendidas
e oculto fogo.

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Poema Angela Adonica, de Pablo Neruda.
Composição A Aguadeira,de Miguel Ângelo Lupi, séc. XIX – CMAG

Cristiano Holtz spielt Bach

Apresentação do novo CD de Cristiano Holtz ”Rare Works for Harpschord” – Johann Sebastian Bach (1685-1750)
10 de Abril 2012 – Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
Cravo M. Kramer, Rosengarten, a partir de um original G. Silbermann, Saxónia de c. 1740
Gravação efetuada nos dias 21, 22 e 23 de Setembro de 2011, na Igreja do Cemitério dos Ingleses, em Lisboa
Edição HERA 2125

Machina Lirica Duo

Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves continua a oferecer-nos excelentes programas musicais. No passado domingo 22 tivemos a estreia em Portugal da deliciosa cravista francesa Élisabeth Joyé, num recital intimista e sem mácula, com um programa impressionista de pouco mais de uma hora. Tocou peças da escola francesa do século XVIII (posterior aos anos do Rei Sol), nomeadamente François Couperin, François Dagincourt e Jacques Duphly. De registar ainda que Elisabeth Joyé estudou em Amesterdão com Bob van Asperen, Gustav Leonhardt e Jos van Immersel.

Enquanto aguardamos com expectativa as 6 Sonatas em trio BWV 525 a 530o de Johann Sebastian Bach (1685-1750) pelo Ludovice Ensemble a 18 de Novembro, temos já no próximo dia 2 de Novembro às 19:00 o Programa “Iberia” com o Machina Lirica Duo (Monika Streitová, Flauta – Pedro Rodrigues, Guitarra), cujo programa pode ser consultado no site da Antena Dois, que transmitirá ambos os concertos.

Cristiano Holtz

Concerto Aberto Antena 2 – Transmissão em directo hoje às 19:00
Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves | Cristiano Holtz, recital de cravo

Apresentaçao do CD
G. Haendel | Suites de pieces pour le clavecin
J.S. Bach | Phantasie
G. Haendel | Allemande, air con variatios, minuet, suite en mi, passacaglia en sol.
Cravo: G.Silbermann, Saxonia circa 1740, construido por M.Kramer -Rosengarten 2010
Cristiano Holtz
Cristiano Holtz nasceu no Brasil em 1972. Inspirado por J. S. Bach, iniciou o estudo do cravo aos 12 anos. Aos 15, foi para os Países Baixos, onde viveu 10 anos, estudando sob a orientação de vários professores, tais como Jaques Ogg e Gustav Leonhardt. Frequentou também masterclasses com Miklós Spanyi (clavicórdio) e Pierre Hantaï (cravo).
Desde 1989 que toca regularmente em salas na Europa, América Latina, Ásia e em festivais internacionais, sobretudo como solista. Orientou masterclasses em Portugal, Brasil e Singapura. Para além do cravo e do clavicório, dá também recitais em órgãos históricos. Em 1995 ganhou um prémio no Concurso Eldorado em São Paulo.
Participou em diversas gravações para a rádio e televisão portuguesa e brasileira. Em 2002 gravou um disco com obras para teclado de J.S. Bach e música de câmara de G. F. Händel e A. Vivaldi, no âmbito da «Porto – Capital Europeia da Cultura», em associação com o jornal Público. Em 2006 Cristiano Holtz gravou as suites de J. Mattheson (estreia mundial) para a editora RAMÉE. Este disco obteve vários prémios internacionais como o “Preis der Deutschen Schallplattenkritik” e as 5 estrelas da revista especializada em música antiga – Goldberg.
Actualmente vive em Lisboa e lecciona no Instituto Gregoriano e no Conservatório Nacional de Música. Via.

Na Sombra das Colecções

A Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, que visitei há pouco mais de um mês, apresenta até 17 de Setembro de 2010 a Exposição “Na Sombra das Colecções – Proveniências Europeias nas Reservas da Casa-Museu”. A par de peças de mobiliário inglês e holandês dos séculos XVII e XVIII, serão pela primeira vez expostas obras como as de Jacob Jordaens (1593-1678),  Eugène Delacroix (1798-1863), uma tábua da oficina veneziana dos Guardi, século XVIII, um óleo atribuído ao mestre do realismo Gustave Courbet (1819-1877) e um Eugène Boudin (1824-1898), percursor do Impressionismo.

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