Archive for the ‘ Música ’ Category

Kraftwerk, o passado e o futuro

A 17 de Novembro chega “The Catalogue”, caixa de oito discos que reúne todos os álbuns editados entre 1974 e 2003. Em 2010 o novo álbum

Kraftwerk – Minimum-Maximum, 2004

Como todos sabemos, os Kraftwerk, pioneiros da pop electrónica, nome destacado do “kraut-rock“, são banda de gente cerebral e arrumadinha. Todas as suas acções são arquitectadas com a precisão geométrica de uma auto-estrada germânica e com a sagacidade do Lance Armstrong dos bons velhos tempos – e eis-nos assim a referir de forma enviesada “Autobahn” e “Tour de France“, dois dos temas mais emblemáticos da banda alemã. Tudo isto para falar dos seus próximos passos. Primeiro, a 17 de Novembro, chega “The Catalogue”, caixa de oito discos que reúne todos os álbuns editados entre 1974 e 2003, celebrando o 35º aniversário da supracitada “Autobahn”. Depois da reavaliação histórica, o futuro. Ralf Hutter, um dos fundadores, anunciou à Billboard que os Kraftwerk começaram a trabalhar num novo álbum de originais, a editar em 2010. Será o primeiro após a saída de Florian Schneider, outro dos fundadores, e, para já, Hutter não tem muito a adiantar: “Ainda está numa fase embrionária.” Com os Kraftwerk não há espaço para especulações. Tudo muito certinho e arrumadinho. Como é que era mesmo? Isso: “Man machine.”. Via.

Fragmentos…

Outra vez te revejo – Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver…

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir…

Álvaro de Campos

In This Light And On This Evening

Para ver e ouvir em Lisboa a 10 de Dezembro, no Campo Pequeno!

Musica Aeterna – Guillaume Dufay

A página sobre Guillaume Dufay, compositor francês que viveu, talvez, de 1397 a 1474 e, exercendo a sua arte num período de relativa estabilidade harmónica, se destacou mais como um artista completo do que, propriamente, por ser um inovador ousado, foi elaborada a partir do texto gentilmente cedido por João Chambers, que produziu o MUSICA AETERNA – Programa 410 – 10 de Outubro de 2009

Guillaume Dufay (1400-1474) – Kirie, da Missa L’homme armé (a quatro vozes)The Hilliard Ensemble

Francisco António de Almeida – “La Giuditta”

“Senhor Francisco Português, que veio para Roma estudar, e presentemente é um bravissimo compositor de Concertos e de música de Igreja, e por ser jovem, é um assombro e canta com gosto inatingível…”

Este elogioso comentário faz parte da legenda do único retrato conhecido de Francisco António de Almeida (c.1702-1755), um dos compositores a quem D. João V financiou os estudos em Roma, onde estreou as suas primeiras oratórias, entre as quais “La Giuditta”, a sua última oratória romana, documenta bem a consideração e o reconhecimento que teve em terras italianas.
Autor da primeira ópera representada em Portugal, La Pazienza di Socrate (1733), é também a Almeida que se deve a bela música da oratória “La Giuditta” ( Lena Lootens, Axel Köhler, Martyn Hill, Francesca Congiu – Concerto Köln, René Jacobs, Harmonia Mundi – 1992). A interpretação de René Jacobs realça a beleza melódica e a variedade de emoções desta obra, tirando também grande partido expressivo do tecido musical.
Estreada em Roma em 1726, cuja partitura, dedicada ao embaixador André Melo de Castro quando Almeida estudava na cidade pontifícia, “La Giuditta” não fica atrás em qualidade e invenção musical de outras oratórias de alguns dos seus contemporâneos mais famosos a nível europeu.

Em Abril de 1728, o compositor encontrava-se já em Lisboa, onde foi apresentada a serenata “Il Trionfo della Virtù”. Um dicionário de músicos portugueses setencentista, da autoria de José Mazza, menciona-o como “organista da Patriarcal”.

Além de La Pazienza di Socrate (1733) compôs ainda as óperas La finta pazza (1735) e La Spinalba (1739), várias obras litúrgicas e, provavelmente, música para as representações populares dos Presépios lisboetas. La Spinalba, que tem sido objecto de várias apresentações modernas, revela um estilo elegante e expressivo que acentua mais o carácter sentimental do libreto do que a sua vertente cómica, lembrando por vezes Pergolesi, cuja Serva Padrona fora escrita seis anos antes.

Cristina Fernandes in “Crónicas Musicais de uma Europa Barroca”, Público/Centro Cultural de Belém, 2006

2010 – Côa Valley Odyssey

2010 - Côa Valley Odyssey - Creative Visualization

Musica Aeterna – Johann David Heinichen

Os sábados musicais são enriquecidos com o Musica Aeterna, de autoria de João Chambers.
A emissão de hoje é dedicada a Claudio Monteverdi (1567-1643) e a Selva morale e spirituale, a primeira antologia de música sacra a ser publicada após as monumentais “Vésperas” de 1610.


Podcast de 05-09-2009
Do repertório sacro do teórico e homem de leis Johann David Heinichen (1683-1729), uma das grandes figuras do alto barroco alemão, destaco a Missa Nr 11 – Dixit Dominus, datada de 1728 e uma das criações mais tardias de Heinichen.
Esta obra foi executada pela Kammerchor Dresden e dirigida por Hans Christoph Rademann (biografia).


Impromptus – Maria João Pires

“Estamos habituados a julgar os outros por nós próprios,
e se os absolvemos complacentemente dos nossos defeitos,
condenamo-los com severidade por não terem as nossas qualidades.”

Honoré de Balzac

Idomeneo por René Jacobs

A mais recente versão da opera dramática preferida de MozartIdomeneo, chega-nos através da Harmonia Mundi, que tem um mini-site exclusivamente dedicado a esta obra, dirigida por René Jacobs.
Solistas: Richard Croft (Idomeneo); Bernarda Fink (Idamante); Sunhae Im (Ilia); Alexandrina Pendatchanska (Elettra); Keneth Tarver (Arbace); Nicolas Rivenq (Gran Sacerdote); Luca Tittoto (La Voce).
A caixa contém 3 cds, um livro e um dvd filmado em Dezembro de 2008 em Paris (Salle pleyel) e Wuppertal, Alemanha (Immanuelskirche).
O making-off está disponível neste canal do YouTube: partes 12345

Hélène Grimaud

Nascida em Aix-en-Provence, Hélène Grimaud iniciou os seus estudos musicais no Conservatório da sua cidade natal, prosseguindo-os depois em Marselha, com Pierre Barbizet. Aos doze anos de idade foi admitida no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, onde estudou com Jacques Rouvier, Gyorgy Sandor e Leon Fleischer.

O ano de 1987 foi decisivo na carreira de Hélène Grimaud após a sua apresentação no MIDEM em Cannes. A sua actuação neste evento levou Daniel Barenboim a recomendá-la para tocar com a Orquestra de Paris, seguindo-se uma série de concertos, incluindo a sua estreia no Festival de Piano de La Roque d’Anthéron e um recital em Tóquio.

Desde então, Hélène Grimaud apresenta-se regularmente nos principais centros musicais internacionais com importantes orquestras, incluindo a Filarmónica de Berlim, a Philharmonia Orchestra, a Orquestra do Tonhalle de Zurique, a Filarmónica de São Petersburgo e a Sinfónica da NHK. Actua também regularmente com as principais orquestras dos Estados Unidos da América, incluindo as Filarmónicas de Los Angeles e Nova Iorque, a Orquestra de Filadélfia e as Sinfónicas de São Francisco e Boston. Desde o início da sua carreira, colabora com maestros de craveira internacional.

Em 2002, Hélène Grimaud assinou um contrato de exclusividade com a Deutsche Grammophon, tendo sido lançado recentemente o CD “Reflection” , que inclui obras de Brahms e de Robert e Clara Schumann. As suas anteriores gravações para a DG incluem o disco “Credo” (obras orquestrais e a solo de Beethoven e Pärt), um recital Chopin / Rachmaninov e o Concerto para Piano Nº. 3 de Bartók, com a Orquestra Sinfónica de Londres e o maestro Pierre Boulez. Realizou a sua primeira gravação aos quinze anos de idade, incluindo o seu catálogo anterior obras de Liszt, Ravel, R. Strauss, Rachmaninov, e Gershwin.

Hélène Grimaud recebeu numerosos prémios, tendo sido também reconhecida no seu país, onde foi distinguida com o grau de Oficial da Ordem das Artes e das Letras do Ministério da Cultura de França, em 2002. Mais recentemente, recebeu o prémio“Victoire d’honnuer” nos Victoires de La Musique de 2004.

Hélène Grimaud é autora de dois livros, Variations SauvagesLeçons Particulières, ambos publicados pelas Editions Robert Laffont. Variations Sauvages foi já traduzido para várias línguas. Ambos os livros obtiveram sucesso em França, figurando nas listas dos mais vendidos.

Em 1999, Hélène Grimaud fundou o Wolf  Conservation Center, uma causa que continua a defender. Mais recentemente deu o seu apoio a várias organizações de solidariedade e defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional, a International Camp Villa Sans Souci e o Worldwide Fund. Via.