Archive for the ‘ Exposições ’ Category

The Real Van Gogh – The Artist and His Letters

Royal Academy of Arts apresenta uma exposição do trabalho de Vincent Van Gogh (1853-1890), cujo foco é a sua extraordinária correspondência, através de 35 cartas originais, raramente apresentadas ao público devido à sua fragilidade, juntamente com 65 quadros e 30 desenhos.

Esta é a primeira grande exposição de Van Gogh em Londres em mais de 40 anos e constitui uma oportunidade única de conhecer a mente complexa de Vincent Van Gogh. Via.

Vincent van Gogh – The Letters
As cartas de Vincent van Gogh foram durante muito tempo consideradas como alguns dos mais valiosos documentos no mundo da arte, sendo que a totalidade da correspondência existente foi agora publicada numa edição jamais produzida.
Pela primeira vez, todos os trabalho referentes a Van Gogh são acompanhados das cartas, incluindo os auto-retratos, desenhos e trabalhos de outros por ele mencionados, esboços feitos nas cartas, todos reproduzidos em tamanho natural.
As mais de 900 cartas, os pensamentos e opiniões de Van Gogh, as suas por vezes complicadas relações, as dúvidas e medos pessoais e, sobretudo, a paixão nula pela sua própria arte, estão reunidas nesta edição notável.
O Museu Van Gogh Museu de Amsterdão lançou o Projecto Cartas de Van Gogh em parceria com o Instituto Huygens, The Hague, em 1994. A presente publicação presente resulta de 15 anos de dedicada pesquisa por uma equipa de editores e tradutores.
Editores: Leo Jansen, Hans Luijten, Nienke Bakker | Tradutores ingleses sob supervisão editorial de Michael Hoyles: Sue Dyson, Imogen Forster, Lynne Richards, John Rudge, Diane Webb. | Desenhador: Wim Crouwel..
Esta histórica publicação  foi assinalada através da exibição das cartas numa Exposição no Museu Van Gogh Museu de Amsterdão em Outubro de 2009 e na Real Academia de Londres, de 23 de Janeiro a 18 de Abril de 2010.




Retrato de D. Isabel de Moura

Museu Nacional de Arte Antiga | 10 obras de Referência | Retrato de D. Isabel de Moura | Visita guiada no dia 27 de Janeiro.

É um dos poucos retratos portugueses da colecção de pintura do Museu Nacional de Arte Antiga de que se conhece o pintor e o retratado. Trata-se da efígie de D. Isabel de Moura, filha de D. Cristóvão de Almada, casada com Lopo Furtado de Mendonça, cujo retrato pelo mesmo autor também se conserva no Museu.
“Isolando a cabeça do seu contexto, concentrando-se assim toda a força na sua expressão”, o retrato de D. Isabel de Moura é na verdade um fragmento de uma pintura de que se conservou intacta toda a zona do rosto.

Retrato de D. Isabel de Moura, 1545 | Domingos Vieira, o Escuro (c.1600-c.1678) | Portugal, 2º quartel do século XVII (1630-1640)

Não é a obra íntegra mas sim um fragmento, este Retrato de D. Isabel de Moura que Domingos Vieira, o Escuro, pintou na 2ª metade do século XVII. Sendo bem estimável a qualidade psicológica imprimida ao rosto da senhora, muito apreciável é também o tratamento plástico do seu toucado tão característico da época. É curioso notar como neste fragmento que resultou em pequeno formato, o olhar directo, enquadrado pelo negro das sobrancelhas e do cabelo, ultrapassa a vibração das pregas ondeantes do toucado.

à grande vitesse pour la nouvelle année, s`il vous plaît!

Da magnífica Exposição «Art Déco, 1925» que hoje terminou na Gulbenkian, sendo impossível escolher a que melhor ilustra o Renascimento da Arte, as Portas de Brandt – autor do gradeamento que ligava o Grand ao Petit Palais -, simbolizam assim a entrada no Novo Ano. 🙂

Princípios que presidiram à organização da Exposição de 1925
Reunir numa exposição internacional, com a colaboração de artistas, industriais e artesãos, todas as artes decorativas: artes da madeira, da pedra, do metal, da cerâmica, do vidro, do papel, dos tecidos, etc., quer se aplicassem a objectos utilitários ou sumptuosos ou até mesmo à arquitectura.
– Não admitir nenhuma cópia ou pastiche, devendo os objectos expostos corresponder à modernidade. Contribuir assim para um verdadeiro renascimento da arte.
– Procurar definir a identidade e supremacia da produção francesa no âmbito do mercado internacional e assegurar a sua autoridade como árbitro do gosto e como produtor de artigos de luxo manifestamente produzidos num novo estilo moderno.
– Criar uma arte mais acessível, verdadeiramente democrática. Se até à data as obras modernas eram únicas, industrializadas e feitas em série, permitiriam servir um público economicamente alargado e mais modesto
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Edgar Brandt - Portas de Elevador, c.1925 - Ferro forjado, vidro, bronze dourado e patinado, 240 x 85 cm (cada) © Fundação Calouste Gulbenkian / Foto: Carlos Azevedo

ART DÉCO
Designação dada na década de 1960 à expressão artística que surge no primeiro quartel do século XX, e que obteria grande sucesso no período entre as duas guerras, tempo de grande controvérsia, transformações sociais, tecnológicas, económicas e políticas.
Para muitos visitantes da Exposição das Artes Decorativas e Industriais Modernas, realizada em Paris em 1925, a impressão mais surpreendente era a de um mundo material que, embora ainda mantendo resíduos da tradição, tinha sido transformado pela introdução de novos materiais e novas técnicas, mas sobretudo pela linguagem visual, pela cor e pela iconografia.
Nos anos de 1920, os modelos decorativos tendem a simplificar as formas, a abandonar a aplicação de ornamentos tridimensionais e deram lugar a motivos abstractos, geométricos e de formas aerodinâmicas, inspirados pelo cubismo, construtivismo, artes primitivas exóticas, essencialmente a africana, e outras fontes «avant-garde».
A Art Déco cria, assim, uma estética decorativa mais compatível com os novos materiais e as tecnologias da produção em série, em vez de uma linguagem figurativa dependente do trabalho manual dos objectos de luxo tradicionais.
O formulário Déco expande-se nos finais de 1920 e na década de 1930 em países europeus e também nos Estados Unidos da América, onde é muito apreciado, chegando mesmo ao Japão e à China.
No entanto, cerca de 1927-1928, a Art Déco em França entrava já em declínio. Assistiu-se ao seu descrédito e à sua marginalização, que persistem até à década de 1960, altura em que os pós-modernistas e os comerciantes de arte a redescobriram no contexto da reacção ao Modernismo.

500 Anos da Fundação do Mosteiro da Madre de Deus

Casa Perfeitíssima - 500 Anos da Fundação do Mosteiro da Madre de Deus

Fundado em 1509 pela rainha D. Leonor (1458-1525), mulher de D. João II e irmã de D. Manuel I, o Mosteiro da Madre de Deus cedo se afirmou como um espaço de excepção no contexto português. Por ocasião da comemoração do V Centenário da sua fundação, o Museu Nacional do Azulejo inaugura uma exposição (10 Dezembro 2009 – 11 Abril 2009) dedicada ao edifício, às suas obras de arte e à sua fundadora.
Imbuída do espírito da Devotio Moderna, ou da procura de uma relação mais directa com Deus, D. Leonor foi uma personagem ímpar do universo intelectual e mecenático da Europa do Renascimento. A sua actividade como mecenas, que permitiu tornar o Mosteiro da Madre Deus num dos mais ricos de Lisboa e do reino, é relembrada nesta exposição que junta peças oriundas de várias partes do continente europeu. São peças de pintura, iluminura, cerâmica, têxteis e escultura, que aliam à qualidade técnica uma riqueza iconográfica e de sentido que importa revelar e analisar no entendimento que se pretende desenvolver da figura da própria Rainha e do lugar a que ficou associada.

Ainda sobre os  quinhentos anos da Fundação do Mosteiro da Madre de Deus (1509 – 2009), recomendo a audição do programa produzido por Ana Mântua e João Chambers para a Antena 2, emitido no dia 23 de Junho deste ano, precisamente quinhentos anos depois de a Rainha D. Leonor ter fundado, no sítio de Xabregas, o Mosteiro da Madre de Deus, numas casas que ali adquirira e, nas quais deram entrada, no dia 9 de Junho, sete freiras provenientes do Convento de Jesus de Setúbal. A 23 do mesmo mês, o então Arcebispo de Lisboa, D. Martinho da Costa, sagrava o espaço, onde foi posteriormente construído o edifício. Link do ficheiro áudio em formato Windows Media Áudio

A Companhia do Capitão Reinier Reael

Cedida pelo Rijksmuseum ao Museu do Prado (3 de Dezembro de 2009 a 28 de Fevereiro de 2010), a obra-prima Companhia do Capitão Reinier Reael de Franz Hals e Pieter Codde, datada de 1637, é representativa dos retratos de milícias, género característico da pintura holandesa do século XVII.
Jan van Dijk alcunhou-a de Companhia Magra, devido à elegância dos militares.

Franz Hal y Pieter Codde - a compañía del capitán Reael, 1637

‘Just to see that painting would make the journey to Amsterdam worthwhile.’ wrote Vincent van Gogh in 1885, after having seen this work in the Rijksmuseum. He particularly liked the ‘orange banner in the left corner,’ he had ‘seldom seen a more divinely beautiful figure’. The painting that caused such a sensation was the group portrait of the crossbowmen’s militia under Captain Reinier Reael, painted by Frans Hals and Pieter Codde in 1637. The painting has been known for centuries as the ‘Meagre Company’, because the figures portrayed all appear remarkably thin.
Commuter
In 1633 Frans Hals was commissioned to paint the portraits of Captain Reynier Reael and Lieutenant Cornelis Michielsz. Blaeuw with their militia unit. He had to paint the picture in Amsterdam, where the militiamen lived. Hals himself lived in Haarlem; which meant that he had to travel back and forth regularly.
The Amsterdam civic guard had asked Frans Hals because of his reputation for lively civic guard portraits, and because he avoided staid, formally posed group portraits. But the militiamen could not have taken into account that Hals might start to find commuter travel tedious.
Expenses
When, after three years, only half the painting was ready, the militiamen demanded that Hals complete the painting in ten days, otherwise he wouldn’t receive a cent. Despite the excellent fee – 1,025 guilders – he refused. Let the militiamen come to Haarlem, was Hals’s his reply. He had already spent
far too much time and money in Amsterdam, without receiving any travel or accommodation expenses. He had ‘wasted much in Aemstelredamme in the tavern’, as he explained to the crossbowmen in a letter.
Pieter Codde
Hals’s clients refused to go to Haarlem. They looked for another painter to complete the work and found the Amsterdammer Pieter Codde. Finishing a canvas of this magnitude was no easy task for Codde, who usually worked in small formats with great precision.
The left side, up to the figure in light clothes in the centre, is by Frans Hals. He also painted most of the hands and faces. The rest is by Pieter Codde.
Rough and smooth
Although he tried to adapt to Hals’s style, Codde’s half is clearly less powerful, it is smoother and more precise and therefore less profound. The rendering of the various textures provides an excellent illustration.
While Hals’s brushstrokes are clearly defined, Codde’s brushwork is hardly visible. This is clear from a comparison of the black in the clothes of two officers, one by Codde and one by Hals.
Fashionable
Captain Reael’s men are wearing all the various fashions of the mid-seventeenth century, from conservative black broadcloth garments to bright, light-yellow costumes. Two figures are elegantly portrayed in light, glistening fabrics with a profusion of lace: the ensign on the left and the lieutenant in the centre. They are wearing sashes in the ‘club colours’ of their company: orange. The crossbowmen are also wearing different models of collar: millstone ruffs, simple surreptitious collars and large flat collars. They were made of delicate lace and never lasted very long. They only surviving example of a seventeenth-century collar is in the Rijksmuseum collection.

A real seventeenth-century collar

A real seventeenth-century collar
This collar is made of particularly fine batiste or cambric. As the name suggests, the material originally came from the Flemish town of Kamerijk or Cambrai. It was introduced to the Northern Netherlands by the Flemish refugees who arrived in the late sixteenth century. Haarlem weavers specialised in the fabric. Because of its shape, this kind of collar was known as a millstone ruff. These became fashionable in the second half of the sixteenth century under the influence of the Spanish rulers. Early millstone ruffs were starched with regular pleats. This example, however, is looser and less tidy. It is of a type that was popular with young, fashionable men around 1615 to 1635. This is the only surviving pleated ruff in the world. Via.

Terrina, de Tomás Brunetto

10 Obras de referência 2009 do Museu nacional de Arte Antiga | Visita guiada | Dia 25 de Novembro de 2009, 18:00

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Terrina - Tomás Brunetto, 1767-1771 -MNAA

A criação da nova Real Fábrica das Sedas induziu o aparecimento de várias unidades fabris nomeadamente a Real Fábrica da Louça do Rato, fundada em 1767. Esta estratégia desenvolvimentista estatal veio a ser apropriada e protagonizada por Sebastião José de Carvalho e Mello, depois marquês de Pombal, que se assumiu como um dos seus principais clientes. Encomendando peças de grande aparato, que o seu estatuto exigia, tendo atenção a sumptuosidade das suas residências, sinalizou para a corte, grandes aristocratas e burguesia influente, o novo gosto que viria a tornar-se “oficial”. A terrina em forma de cisne, de fabrico e pintura manuais e decorada com o brasão de família do 1º Conde de Oeiras, inscreve-se nesta preocupação de aquisições. Tal registo heráldico é fundamental para concluir que a peça foi executada na 1ª fase de produção da Manufactura, quando era seu director artístico Tomás Brunetto, que a manteve no nível mais elevado de fabrico de sempre. Na verdade, só em 1769 é que o conde de Oeiras é titulado como 1º marquês de Pombal.
Visita orientada por José de Monterroso Teixeira

Exposição: 500 Anos de História de um Arquipélago

De 21 de Novembro de 2009 a 28 de Fevereiro de 2010, Lisboa recebe na Galeria de Pintura do Rei D. Luís I, no Palácio Nacional da Ajuda, uma exposição de “Obras de referência dos Museus da Madeira”, como reflexos dos principais ciclos da sua história, entre o século XV e os inícios do século XX.
A exposição reúne um conjunto de peças sintomáticas das colecções de escultura, pintura, ourivesaria, mobiliário, cerâmica, fotografia, entre outras, exemplificando os contactos com alguns dos mais importantes centros artísticos europeus, reflectindo a importância estratégica do arquipélago no contexto da expansão portuguesa, e depois europeia, ligada aos seus ciclos do Açúcar, Vinho e Turismo, como elementos fundadores do seu desenvolvimento.
No Arquipélago da Madeira experimentou-se pela primeira vez Portugal no Atlântico

500 Anos de História de um Arquipélago – Obras de Referência dos Museus da Madeira

Naveta - Ourivesaria Portuguesa, Primeira metade do século XVII - Prata relevada e incisa, 15,8x23 - Museu Quinta das Cruzes

Esta naveta do Museu Quinta das Cruzes deve ter pertencido a uma igreja madeirense, até pela proximidade tipológica com muitas outras existentes na diocese do Funchal.
É uma peça de inspiração profana, reproduzindo uma nau portuguesa, num país empenhado na expansão marítima. Transportava o incenso, retirado do seu interior por uma colher, que era depois colocado nos turíbulos. Sobretudo na costa sul da Ilha da Madeira encontramos um conjunto muito alargado de navetas do último quartel do século XVI e primeira metade do século XVII. Refira-se especialmente a naveta da Matriz de Câmara de Lobos datada de 1589, hoje no Museu de Arte Sacra do Funchal.
Curiosa é a representação de uma nau portuguesa, no nó de uma cruz processional, atribuível ao final do século XVI, da Matriz de Santa Cruz, Ilha da Madeira1.
A maioria das navetas conhecidas apresentam uma grande homogeneidade formal e decorativa revelando uma proximidade oficinal. Refira-se por exemplo o ourives Marcos Agostinho2, activo até 1651, autor de parte do conjunto de ourivesaria da Igreja matriz da Ribeira Brava3.
Trata-se de uma naveta de prata relevada e incisa de base circular alteada e haste tronco-cónica moldurada, decorada com motivos fitomórficos. O receptáculo apresenta a forma de uma nau com a indicação de quilha e leme bem definidos. O bojo é emoldurado e preenchido por simulação de tabuado e pregaria. No registo superior, correspondente aos castelos da popa e da proa, apresenta-se uma arcatura vazada, rematada em volutas. Na plataforma central, simula-se a escotilha. Uma das secções da cobertura funciona como tampa, com um sistema de dobradiças. Uma corrente une a proa à colher da mesma época. Várias peças semelhantes podem ser encontradas em outros museus do continente português e mesmo nas antigas colónias4.
Foi doada ao Museu Quinta das Cruzes por João Wetzler em 1966. FCS

Édipo e a Esfinge

Jean-Auguste Ingres e Francis Bacon lado a lado no Museu Berardo

Em 1983, Francis Bacon (1909-1992) inspirou-se numa composição do famoso pintor francês Jean Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) sobre o tema mitológico do diálogo entre Édipo e a Esfinge. O empréstimo excepcional do Musée du Louvre tornará possível a confrontação entre a obra de Ingres, Oedipus and the Sphynx (iniciada em 1808 mas alterada para ser exposta no Salon em 1827) e a obra de Francis Bacon – Oedipus and the Sphinx (after Ingres) – 1983, que pertence à Colecção Berardo.

Jean Auguste-Dominique Ingres - Oedipus and the Sphynx, 1808-25
Jean Auguste-Dominique Ingres – Oedipus and the Sphynx, 1808-25 – Oil on canvas, 189 x 144 cm
Musée du Louvre, Paris

Em Oedipus Tyrannus de Sófocles,  Édipo foi ter com a Esfinge que bloqueava a estrada para Tebas e desafiava qualquer viajante a responder a um enigma ou a morrer. Édipo conseguiu resolver o enigma…

Francis Bacon - Oedipus and the Sphinx (after Ingres), 1983

Francis Bacon - Oedipus and the Sphinx (after Ingres), 1983

Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII – África

Mosqueteiro - detalhe

A expansão da fé cristã, num espírito que prolonga o das Cruzadas, levou à conquista de Ceuta, 1415. Iniciou-se a partir desta data a marcação de pontos estratégicos de controlo dos acessos ao mar Mediterrâneo, centro do comércio europeu então dominado pela presença árabe.
A par da navegação no oceano Atlântico, das viagens pela costa ocidental africana até ao Cabo Bojador, 1434, limite sul das terras então conhecidas, do estabelecimento de uma feitoria em S. Jorge da Mina, 1482, passou-se o Cabo das Tormentas, depois designado da Boa Esperança, 1487, assim se marcando a entrada no oceano Índico.
Conheceram-se os escultores/artesãos da Serra Leoa que talhavam marfim com grande requinte e talento, qualidades reconhecidas pelos navegadores portugueses que lhes encomendaram objectos para uso na Europa como saleiros, colheres, trompas, produtos exóticos no material e na expressão artística que, com frequência, copiavam gravuras que circulavam nos livros de culto cristão. Mais a sul, no Benim, ter-se-ão feito, após a invasão da Serra Leoa em 1550, encomendas semelhantes.
Chegados à foz do rio Congo em 1485, aí se funda a primeira igreja, 1491, havendo uma produção de esculturas em metal com expressão africana mas representando imagens de culto cristão, apropriação singular do imaginário e da mentalidade europeia. Via.

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Mosqueteiro - Reino do Benim, povo Edo - século XVI

O Reino do Benim entrou pela primeira vez em contacto com os europeus entre 1472 e 1486 e os seus governantes depressa se aperceberam da utilidade da sua chegada para a consecução dos seus interesses políticos. O equipamento militar dos portugueses, em particular, mereceu o maior interesse, uma vez que as armas de fogo eram desconhecidas. De facto, com o auxílio dos seus mosquetes e canhões, foram conseguidos importantes triunfos. Os soldados armados em breve se tornaram tema da arte do Benim. Em circunstâncias religiosas e rituais específicas, essas imagens criavam uma ligação simbólica a Olokun, deus do mar, e é possível que este tipo de figura exibindo as suas armas, funcionasse como defesa extremamente eficaz contra adversários, tanto visíveis como invisíveis. Estilisticamente, esta representação é única, pois contém um elemento de dinamismo e movimento que revela e torna claro o perigo e o poder aparentemente sobrenatural das armas de fogo.

Anos 70 – Atravessar Fronteiras

Organizada pelo Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão (CAMJAP) e pelo Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian e comissariada por Raquel Henriques da Silva, Anos 70 – Atravessar Fronteiras propõe duas áreas temáticas: a necessidade de intervir e experimentar; série e variação.
A exposição reúne um conjunto de obras oriundas da colecção do CAMJAP, mas também da Fundação de Serralves, do Museu do Chiado, do Museu Colecção Berardo, da Culturgest e de diversas colecções privadas. Traça-se assim um panorama da arte em Portugal, pontuando-a com momentos da arte internacional. Em complemento, realiza-se uma mostra expositiva de artistas nascidos nos anos 70 e apresenta-se alguma documentação.
Em Portugal, a dinâmica dos primeiros anos da década de 70 manifesta com clareza que a revolução estava já em marcha e que a mesma muito deve à criatividade provocatória e cívica dos artistas e outros agentes culturais. Dos cerca de 100 artistas presentes, há figuras tutelares há muito consagradas e jovens artistas em início de carreira.
O critério de selecção foi histórico, numa perspectiva de “obra aberta”: operou-se por áreas temáticas ou afinidades inesperadas, propondo aos visitantes que construam o seu próprio percurso. Foi ainda possível encomendar a alguns artistas obras que haviam deixado de existir – o caso de uma instalação de Alberto Carneiro ou do Portugal de José Aurélio -, ou a reconstrução e reapresentação de outras, como as instalações de Ana Vieira, Alberto Pimenta e Rui Orfão. Via.

Helena Lapas S/Título, 1970 Tapeçaria bordado 200 x 110cm Col. Helena Lapas

Artur Rosa Homenagem a Josef Albers, 1972 XL/XXXIV Serigrafia a três cores sobre papel Papel: 56,2 x 56,3 cm

Renée Gagnon Muro da dança, 1978 Gravura 70,5 x 100 cm Col. Renée Gagnon