Archive for the ‘ Música ’ Category

Musica Aeterna – Philippe de Vitry

Assinalada na próxima quinta-feira, dia 9, a efeméride dos 650 anos da morte de Philippe de Vitry (1291-1361), poeta, matemático e influente teórico autor do tratado “Ars Nova”, onde, nos dez últimos capítulos, se apresentam formulações normativas para novos conceitos de ritmos e de notação. Para além de criações de sua autoria extraídas do “Roman de Fauvel”, que constitui uma alegoria satírica à Igreja de Roma e apresenta uma forma bastante expandida do poema com grande número de interpolações monofónicas e polifónicas, acompanham também outras de autores anónimos do período da Escola de “Notre-Dame” e do franco-flamengo renascentista Nicolas Champion. Por João Chambers.

O Universo de Mahler acolhe todos os sentimentos da Humanidade

Na passagem do centésimo aniversário da morte de Gustav Mahler (7 de Julho de 1860 – 18 de Maio de 1911)

Compositor, e um dos mais conhecidos maestros austríacos, Mahler é referido, por estabelecer uma ligação entre a música do século XIX com o período moderno. O primeiro filho dos Mahler, Isidor, nascido em 1858, sofreu um acidente ainda durante a infância e morreu. Gustav Mahler, o segundo, tornou-se, assim, o filho mais velho vivo. Os Mahler tiveram ao todo catorze filhos, contudo oito não chegaram a atingir a fase adulta. Gustav e sua família, eram judeus e faziam parte de uma minoria alemã que vivia na Boémia. Gustav Mahler estudou piano desde os seis anos, e alguns anos depois, já dava ele próprio lições de piano a um aluno mais novo. A 13 de Outubro de 1870, Mahler deu o seu primeiro recital público.
Entre os colegas de Mahler no conservatório estavam Hugo Wolf, Hans Rott e Rudolf Krzyzanowski, o amigo mais íntimo. Por volta de 1876, Richard Wagner encontrava-se num dos pontos mais altos da carreira, e ao mesmo tempo Anton Bruckner começava a chamar a atenção. Em evidência estava também a figura de Johannes Brahms.
Gustav e seus amigos do conservatório tinham grande admiração por Bruckner. Sobre seu relacionamento com Bruckner, Mahler escreveu em 1902: “Nunca fui aluno de Bruckner. Todos pensavam que estudei com ele porque nos meus dias de estudante em Viena era visto frequentemente na sua companhia e por isso me incluíam entre seus primeiros discípulos. A disposição feliz de Bruckner e a sua natureza infantil e confiante fizeram do nosso relacionamento uma amizade franca, espontânea. Naturalmente, a compreensão que obtive então dos seus ideais não pode ter deixado de influenciar o meu desenvolvimento como artista e como homem.”Mahler não tinha demonstrado anteriormente desejo em tornar-se maestro. Alguns esperavam que ele se tornasse pianista, por causa do seu óptimo desempenho, principalmente em obras de Beethoven e Bach. Ainda em 1881, trabalhou como regente em Laibach e em 1882 em Jihlava. Em Janeiro de 1883, recebeu um telegrama a convidá-lo a dirigir em Olmültz na Morávia, em substituição de um maestro que tinha falecido. Em Olmültz inicia-se de facto a carreira de Mahler como maestro. As condições de trabalho eram muito difíceis e o jovem maestro era obrigado a improvisar, mas o seu desempenho peculiar chamou a atenção. Depois foi em Praga e em Leipzig que se notabilizou pela sua interpretação de óperas de Mozart e Wagner. Mais tarde, como director da Ópera Real de Budapeste, teve além da grande liberdade para trabalhar, a responsabilidade de salvar a Companhia da falência.
Em Março de 1891, Mahler troca Budapeste por Hamburgo, onde assume o cargo de maestro titular no Teatro Municipal, e onde permaneceu durante seis anos. Nessa época, teve como assistente um jovem chamado Bruno Walter. Em Novembro de 1901, Mahler conheceu a filha do pintor Emil Schindler, Alma Schindler (1879-1964), que era cerca de 20 anos mais nova. Casaram-se no dia 9 de Março de 1902.
A música de Mahler é bastante pessoal e reflecte muito da sua vida e personalidade. A morte é o tema presente na sua obra. Passagens alegres dão lugar a outras trágicas e de desespero, que reflectem a sua vida atribulada. O espectro da morte pairava sobre ele, pois da mesma forma como a mãe, sofria de problemas cardíacos, e apesar disso, não se pode dizer que a sua obra seja pessimista. As composições de Mahler tiveram um grande impacto em compositores como Schoenberg, Webern, e Berg, e em maestros como Bruno Walter e Otto Klemperer, que trabalharam com Mahler e foram ajudados por ele nas suas carreiras. Estes mais tarde retribuíram difundindo a música de Mahler pela América, onde influenciaria a composição das músicas para os filmes de Hollywood. Por Luis Ramos, Antena 2.

A Cristo Crucificado

Não se sabe quem escreveu este soneto A Cristo Crucificado, impresso pela primeira vez no Libro intitulado vida del espíritu, de Antonio Rojas, editado em Madrid em 1628. As atribuições da sua autoria que têm sido feitas (a Santa Teresa de Ávila, S. Francisco Xavier, Pedro de los Reyes, Santo Inácio de Loiola, Lope de Vega, etc.) não são credíveis.

in Antologia da Poesia Espanhola do Siglo de Oro, segundo volume – Barroco
selecção e tradução de José Bento
    Não me move, meu Deus, para querer-te

o céu que tu me tens já prometido;
nem me move o inferno tão temido
para deixar por isso de ofender-te.

    Moves-me tu, Senhor; move-me o ver-te

cravado numa cruz e escarnecido;
move-me ver teu corpo tão ferido,
tua morte e insultos a erguer-te.

    Move-me o teu amor, de tal maneira

que, mesmo sem o céu, inda te amara
e, mesmo sem o inferno, te temera.

    Nada tens que me dar pra que te queira;

pois embora o que espero não esperara,
o mesmo que te quero te quisera.

Cristobal de Morales “Missa Pro Defunctis”, a 5 – Introitus
La Capella Reial De Catalunya | Hesperion XX | Direction: Jordi Savall (1992) Astree

Primavera Musical

PRIMAVERA MUSICAL 2011 – 17º Festival Internacional de Música de Castelo Branco

18 de Abril – 21h30 | Governo Civil de Castelo Branco | BRODSKY QUARTET (quarteto de cordas)
20 de Abril – 21h30 | Governo Civil de Castelo Branco | MIAR DOS GALOS
22 de Abril – 18h00 | Igreja de St. Maria do Castelo | JORDI SAVALL C/ Dimitri Psonis
Concerto dedicado a Amato Lusitano, nos 500 anos do seu nascimento
ORIENTE – OCIDENTE | Diálogo da Música Antiga e da Música do Mundo
PROGRAMA
Alba (Rebab & Percussão) – Traditional (Castellón/Berber)
Danza del Viento – Sefardita/Andaluzia
Saltarello (CSM 77-119) – Alfonso X O Sábio
Istampitta: La Manfredina – Trecento mss. (Itália, Século XII)
Makam ‘Uzäl Sakil “Turna” – Mss. de Kantemiroglu (Turquia)

La Quarte Estampie Royal – Le manuscrit du roi (Paris, Século XII)
Nastaran (Naghma instr.) – Traditional (Afeganistão)
Yo me enamorí d’un ayre – Sephardic (Alexandria)
Der Makam-i Hüseynï Sakïl-i A^ga Riza – Mss. Kantemiroglu, (Turquia)

Rotundellus (CSM 105) – Alfonso X O Sábio
La Seconde Estampie – Le manuscrit du roi (Paris, Século XII)
A la una yo nací – Sephardic (Sarajevo)
Lamento di Tristano – Trecento mss. (Italy, Século XII)
Danza de las Espadas – Traditional (Andaluzia)
El Rey Nimrod – Sephardic (Istanbul)
Danza ritual – Traditional (Berber/Andaluzia)
Chahamezrab – Traditional (Persia)
Ductia (CSM 248) – Alfonso X O Sábio
Saltarello – Trecento mss. (Itália Século XII)
6 de Maio – 21h30 | Governo Civil de Castelo Branco | RICARDO ROCHA (guitarra portuguesa)
8 de Maio – 17h00 | Conservatório Regional de Castelo Branco | ENSEMBLE CONTRAPUNCTUS
2 de Junho – 21h30 | Cine-Teatro Avenida | “A VIÚVA ALEGRE”, ópera de F. Lehár
Escola Superior de Artes Aplicadas

Terras sem Sombra – Festival de Música Sacra do Baixo Alentejo

Johann Sebastian Bach [1685-1750], George Frideric Handel [1685-1759] e Domenico Scarlatti [1685-1757] foram três personalidades fundamentais do Barroco Tardio que, por coincidência, nasceram no mesmo ano. Em comum, possuem também o facto de terem sido exímios intérpretes e improvisadores, e compositores de génio no domínio da música de tecla, ainda que a produção que destinaram a instrumentos como o órgão, o cravo ou o clavicórdio ocupe lugares bem diversos no seu percurso individual. Se hoje recordamos Scarlatti como um compositor indissociável do repertório para cravo (posteriormente adoptado pelos pianistas), a música de tecla ocupa um lugar relativamente circunscrito na produção de Handel e assume-se como um dos pilares centrais no desenvolvimento de Bach enquanto compositor. […]
Excerto de Bach, Handel e Scarlatti:Três Mestres da Música de Tecla do Barroco,
Cristina Fernandes, em catálogo da 7.ª edição do Festival Terras sem Sombra.

O segundo evento terá lugar a 16 de Abril, pelas 21h30, na igreja de Santo Ildefonso, matriz de Almodôvar, que recebe um concerto do cravista francês Pierre Hantaï, intitulado “Peregrinações – No 3º Centenário de D. Maria Bárbara, Princesa de Portugal”. O espectáculo gira em torno da música para tecla do século XVIII e incide em obras de Bach, Handel e Scarlatti.

Ligações recomendadas sobre o Festival:

Câmara Clara – TERRAS SEM SOMBRA – FESTIVAL DE MÚSICA SACRA DO BAIXO ALENTEJO – http://camaraclara.rtp.pt
La sinfonía de la sostenibilidad · http://www.elpais.com

Festival Terras Sem Sombra 2011 – www.patrimoniodiocesebeja.com

Música, levai-me!

Música, levai-me:

Onde estão as barcas?
Onde são as ilhas?

‎[Eugénio de Andrade]

Oriente – Ocidente

(Anònim Sefardi)

Yo m’enamori d’un aire,
d’un aire d’un donzell,
d’un donzell molt formós,
bell del meu cor.

Yo m’enamori de nit,
la lluna m’ enganyà.
Si hagués estat de dia,
yo no hauria conegut l’amor.

Si altre cop yo m’enamoro,
que sigui de dia, amb sol.

Alessandro Striggio`s Missa “Ecco si Beato Giorno” in 40 and 60 parts

‎[…] Striggio’s mass is scored for 40 voices for most of its length, but goes into 60 for the final ‘Agnus dei’. This makes it by far the biggest piece written up to that time (around 1566) and it probably gave the cue for Tallis to write his 40-part motet Spem in alium: either the mass itself or Striggio’s own 40-part motet Ecce beatam lucem on which the mass seems to be based. Both the mass and this motet were performed together on a European tour Striggio undertook in 1567, bringing them to London as well as to Paris and Vienna. It is thought that Tallis (and the Duke of Norfolk) heard the London performance and decided to rival the scale of it.

The music for the mass disappeared soon after Striggio’s tour, after which it was only known from contemporary written descriptions, and from the survival of Ecce beatam lucem. The hero of its recent rediscovery is Davitt Moroney, the English harpsichordist, who was acute enough to question a miswritten entry in a library catalogue, thereby stumbling upon the missing music. How one conceals the existence of a piece that at its largest requires 60 separate hand-written parts for more than 400 years is a mystery to me, but that is what happened and I have often wondered how Davitt felt when he realised what he had found. Discoveries like that don’t even come once a lifetime. By his own account he then spent a year writing it out and scoring it up. ‎[…]

Leitura relacionada:
– O artigo completo de Peter Phillips pode ser lido na Spectator.
THE EVOLUTION OF AN ERROR, OR HOW STRIGGIO’S MISSA SOPRA ECCO SI BEATO GIORNO WAS LOST (AND FOUND)

Alessandro Striggio`s Missa “Ecco si Beato Giorno” in 40 and 60 parts

The BBC Singers; The Tallis Scholars | Peter Phillips, Chorus master | His Majestys Sagbutts & Cornetts | Davitt Moroney, conductor.


Parte IIParte IIIParte IV

Rinaldo`s première – 300 years

Rinaldo (HWV 7) is an opera by George Frideric Handel composed in 1711, and was the first Italian language opera written specifically for the London stage. The libretto was prepared by Giacomo Rossi from a scenario provided by Aaron Hill, and the work was first performed at the Queen’s Theatre in London’s Haymarket on 24 February 1711.
The story of love, battle and redemption set at the time of the First Crusade is loosely based on Torquato Tasso’s epic poem Gerusalemme liberata (“Jerusalem Delivered“) in which he depicts a highly imaginative version of the combats between Christians and Muslims at the end of the First Crusade, during the siege of Jerusalem. (Source – Wikipedia)

Giambattista Tiepolo – Rinaldo and Armida in the Garden, c1752

Musica Aeterna – Thomas Hobbes (parte III)

Musica Aeterna, por João Chambers – Sábado 29-01-2011 às 14h00 na Antena 2

A Filosofia moral e política do matemático e teórico inglês Thomas Hobbes e os 350 anos do registo do “Leviatã”, em 30 de janeiro de 1651, pela Sociedade Stationer’s (parte III): as leis da natureza e do contrato social, a vida sob o domínio do soberano, a necessidade de lhe obedecer e a música do contemporâneo Henry Purcell.