Archive for the ‘ Exposições ’ Category

Monet, o contemplativo

Les Galeries nationales du Grand Palais | Exposition – Claude Monet (1840 – 1926)
22 Setembro 2010 – 24 Janeiro 2011

Claude Monet – Londres, le Parlament, trouée de soleil dans le brouillard, 1904
Pendant plus de soixante ans, Claude Monet a peint sans relâche, élaborant une oeuvre qui incarne l’expression la plus pure de l’impressionnisme, pour constituer au début du XXe siècle un des fondements de l’art moderne. C’est l’ensemble de ce parcours riche et fécond que l’exposition des Galeries nationales réinterroge.
Cette exposition monographique est la plus importante manifestation dédiée à l’artiste depuis près de trente ans, lorsque s’était tenue aux Galeries nationales en 1980 une rétrospective en forme d’hommage. Depuis, les recherches sur l’artiste se sont multipliées et ont mis en lumière des aspects moins connus de son oeuvre.
Orchestrée selon des grands axes thématiques et chronologiques, l’exposition retrace la carrière de Monet, des débuts des années 1860 jusqu’aux ultimes tableaux liés au cycle des Nymphéas du musée de l’Orangerie.
Cette exposition est coproduite par la Réunion des musées nationaux et le musée d’Orsay.

Salvator Rosa: Bandits, Wilderness and Magic

Dulwich Picture Gallery, London – 15 september 2010 – 28 november 2010

The Shade of Samuel Appears to Saul, 1668
Oil on canvas, 275 x 191 cm – Musée du Louvre, Paris

Italian Baroque painter and etcher of the Neapolitan school remembered for his wildly romantic or “sublime” landscapes, marine paintings, and battle pictures. He was also an accomplished poet, satirist, actor, and musician.

Salvator Rosa (1615 – 1673) studied painting in Naples, coming under the influence of the Spanish painter and engraver José de Ribera (1591 – 1652). Rosa went to Rome in 1635 to study, but he soon contracted malaria. He returned to Naples, where he painted numerous battle and marine pictures and developed his peculiar style of landscape – picturesquely wild scenes of nature with shepherds, seamen, soldiers, or bandits – the whole infused with a romantic poetic quality.

His reputation as a painter preceded his return to Rome in 1639. Already famous as an artist, he also became a popular comic actor. During the Carnival of 1639 he rashly satirized the famous architect and sculptor Gian Lorenzo Bernini, thereby making a powerful enemy. For some years thereafter the environment of Florence was more comfortable for him than that of Rome. In Florence he enjoyed the patronage of Cardinal Giovanni Carlo de’ Medici. Rosa’s own house became the centre of a literary, musical, and artistic circle called the Accademia dei Percossi; here also Rosa’s flamboyant personality found expression in acting. In 1649 he returned and finally settled in Rome. Rosa, who had regarded his landscapes more as recreation than as serious art, now turned largely to religious and historical painting. In 1660 he began etching and completed a number of successful prints. His satires were posthumously published in 1710. Via.

Tapeçarias de Pastrana – Panos de História

Estão próximos os dias em que a guerra nos entra em casa em directo e a 3D. Imagino a dificuldade dos repórteres de hoje em serem criativos o suficiente para relatar os acontecimentos, tendo que competir com a imagem e o vídeo. Em suma, fazerem a história.
Foi o que me ocorreu, ao percorrer as enormes tapeçarias, como se de um filme animado se tratasse.
Não sei quem imaginou as batalhas de Arzila e Tânger, relatadas nas quatro telas, mas o trabalho final é assombroso!

As míticas Tapeçarias de Pastrana estão em Lisboa, por Alexandra Prado Coelho.

Saídas misteriosamente do país no século XVI, as tapeçarias de D. Afonso V estão no Museu de Arte Antiga – pela primeira vez expostas em Portugal
D. Afonso V não pôde levar consigo repórteres de imagem quando tomou Arzila e Tânger. Não houve reportagens em directo, relatos ao vivo por jornalistas a falar para as câmaras enquanto, ao fundo, as tropas cercavam as cidades do Norte de África e venciam batalhas. Estávamos no final do século XV e a forma mais aproximada que o rei português tinha de registar os seus feitos era mandá-los tecer em tapeçarias. Foi o que fez.

Agora, pela primeira vez, as quatro Tapeçarias de Pastrana encomendadas por D. Afonso V – enormes panos de armar com quatro metros de altura e 10 de largura – podem ser vistas (até 12 de Setembro) no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). D. Afonso V e a Invenção da Glória é inaugurada hoje na presença das ministras da Cultura de Portugal e de Espanha, Gabriela Canavilhas e Ángeles Gonzáles-Sinde. Desde o século XVI que as tapeçarias – agora completamente restauradas, num processo conduzido pela fundação espanhola Carlos de Amberes – não estavam reunidas em Portugal.

Como é que os quatro panos saíram do país é um mistério ao qual os historiadores não conseguiram ainda responder. “É muito misterioso”, diz o director do MNAA, António Filipe Pimentel. Produzidas nas oficinas flamengas de Tournai no último quartel do século XV, “entrarão em Portugal provavelmente já no reinado de D. João II, e em 1532, poucas décadas depois de terem sido feitas, aparecem em Espanha, no inventário dos bens dos duques do Infantado”. Como foram lá parar, ninguém sabe.

O que se sabe é que foram herdadas pelos duques do Infantado, que mais tarde as cedem à Colegiada de Pastrana, onde ficaram desde então. O mundo esqueceu-as. Até que, no início do século XX, os historiadores de arte portugueses José de Figueiredo e Reynaldo dos Santos as “encontraram” em Pastrana.

“Durante o período da ditadura, Salazar tentou recuperá-las”, contou ontem, numa conferência de imprensa no MNAA, o secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle. Mas conseguiu-se apenas, na década de 1930, fazer cópias, que estão no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães. É por isso que a exposição que o MNAA agora apresenta é considerada de extrema importância – resulta de uma colaboração com Espanha (e coincide com o 25.º aniversário do tratado de adesão de Portugal e Espanha à União Europeia).

Por detrás dos participantes na conferência de imprensa está uma das enormes tapeçarias – a que conta a tomada de Tânger e a única em que D. Afonso V não aparece. Ao fundo vê-se Arzila, já conquistada, as tropas portuguesas avançam pelo lado esquerdo em direcção a Tânger, que, no meio do pano, se mostra já deserta. Os seus habitantes, esses estão à nossa direita, saindo da cidade. “O sultão de Tânger estava ocupado com o ataque a Fez quando as tropas portuguesas se dirigiam para a cidade”, explica António Pimentel. “Negoceia a rendição e os habitantes abandonam a cidade. É uma ocupação, não uma conquista, e por isso o rei abstém-se de se associar explicitamente a este episódio.”

Imagem para a posteridade

Nas três outras tapeçarias – que contam o Desembarque, o Cerco e o Assalto a Arzila – o rei aparece identificado pelo seu estandarte, um rodízio que asperge gotas, e pela mais bela das armaduras e os mais ricos panos brocados. As tapeçarias (duas das quais foram cortadas em baixo) lêem-se como uma banda desenhada – ou, como dizia Miguel Angel Aguilar, presidente da Fundação Carlos de Amberes, como uma “reportagem de actualidade”.

No Desembarque assistimos ao precipitar das tropas que enfrentam um mar agitado, seguindo o rei, que avançara primeiro para dar o exemplo. Mas alguns homens têm menos sorte do que o monarca e acabam por morrer afogados.

Na tapeçaria sobre o cerco, Arzila, com os seus telhados de telhas e as suas torres, parece uma cidade do Norte da Europa. Ao longe a frota portuguesa impressiona. Do lado esquerdo, o príncipe, do direito, o rei, a toda a volta os soldados, dezenas de rostos, de armaduras de pormenores (estes só se vêem verdadeiramente no pequeno filme de Catarina Mourão que passa numa sala lateral).

Por fim, o assalto. Reza a história que o alcaide de Arzila tentou render-se, mas o rumor de que a cidade já teria caído levou as tropas a avançar. A tapeçaria – como se fizesse um zoom à imagem do cerco – mostra a batalha e a vitória portuguesa.

Quando encontrou as tapeçarias em Pastrana, Reynaldo dos Santos colocou a hipótese de os cartões que lhes serviram de base serem da autoria de Nuno Gonçalves, o pintor a quem são atribuídos os Painéis de São Vicente. Essa hipótese foi entretanto afastada, mas, frisa António Filipe Pimentel, mostrar as tapeçarias ao lado dos painéis – algo que só é possível em Lisboa, porque os painéis não podem sair do museu (as tapeçarias estiveram anteriormente expostas em Bruxelas e Guadalajara, seguem depois para Toledo e Madrid e deverão estar em Guimarães em 2012) – é acrescentar novas leituras a esta história.

É por isso que a exposição se chama D. Afonso V e a Invenção da Glória. “Julga-se que terá sido após a [derrota na] batalha de Toro [1476], na altura em que D. Afonso V se retira para o convento do Varatojo, que encomenda este testamento político.” Um gesto que faz dele muito mais do que um rei cavaleiro preocupado com conquistas, mas um homem já preocupado com a imagem que deixaria para as gerações futuras, “orientando a visão que a posteridade terá dele”.

Para completar essa imagem o MNAA junta as (poucas) peças que, de uma forma ou outra, representam o rei: para além dos painéis, um retrato de figura equestre numa iluminura de um manuscrito do século XV pertencente à Biblioteca Nacional de França; outro retrato feito pelo cavaleiro Georg von Ehingen e que representa D. Afonso V com cerca de 25 anos (altura em que era, nas palavras de Von Ehingen, “um príncipe bonito e bem formado e o mais cristão, mais bélico e mais justo que alguma vez conheci”); uma chave de abóbada do Convento de São Francisco de Beja; e a cadeira vinda do Convento de Varatojo e que os frades sempre garantiram ter pertencido ao rei.

Para além das quatro tapeçarias, existem mais duas, também na posse da Colegiada de Pastrana. Resultam de uma encomenda separada que terá sido feita anos mais tarde e contam a campanha de Alcácer Ceguer, também realizada por D. Afonso V. “São muito menos conhecidas e nunca vieram a Portugal”, sublinha o director do MNAA. “Restaurá-las e trazê-las a Lisboa ainda com a memória desta exposição viva seria o fecho da abóbada deste processo.”

O objectivo é partilhado pelo presidente da Fundação Carlos de Amberes. Mas Miguel Angel Aguilar explica que o processo com a Colegiada nem sempre tem sido fácil. “Quando encontrámos as tapeçarias elas estavam em condições muito lamentáveis, metidas numa sacristia. Não penso que os proprietários [a Colegiada] tivessem consciência do seu valor e significado histórico.”

O restauro – que custou 330 mil euros – implicou uma desinsectização (nomeadamente para acabar com as traças) e neste momento a fundação mantém as tapeçarias a circular em exposições porque só permitirá o seu regresso à Colegiada quando esta tiver também desinfestado as instalações.

Ao ouvir isto, o director do MNAA abriu um sorriso: o principal museu nacional está completamente disponível para “fornecer asilo político às tapeçarias o tempo que for necessário”.

As fotos maiores foram retiradas do Sapo, as pequenas foram feitas com o telemóvel.

A Invenção da Glória – D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana

Museu Nacional de Arte Antiga – 12 Junho – 12 Setembro de 2010

A exposição ‘A Invenção da Glória. D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana’ reúne pela primeira vez em Portugal os quatro monumentais panos, tecidos em Tournai por encomenda de D. Afonso V, conservados na Colegiada de Pastrana desde o século XVI e recém-restaurados sob o patrocínio da Fundação Carlos de Amberes. Peças de extraordinária monumentalidade e absolutamente únicas em termos da produção borgonhesa, relatando as conquistas de Arzila e Tânger, a sua encomenda e produção — ainda envolta em sombras — enquadra-se num programa mais vasto, de construção mítica da História, que o conjunto de obras em seu redor agora reunidas procura enquadrar e problematizar. Via.

Relacionado: Um tesouro perdido no Museu de Arte Antiga, por MARIA DE LURDES VALE, no DN

A execução de Lady Jane Grey

Os últimos momentos de Jane Grey, bisneta de Henrique VII, proclamada Rainha de Inglaterra após a morte de Eduardo VI, tal como ela, protestante. Vítima de uma conspiração dos partidários de Mary Tudor, a filha católica de Henrique VIII, foi condenada à morte na Torre de Londres, por alta traição.
Pode ser vista até domingo na The National Gallery, Londres.

The Execution of Lady Jane Grey - Paul Delaroche, 1833

Musica Aeterna – Casa Perfeitíssima

Retábulo de Santa Auta | Oficina de Lisboa, intérprete desconhecido

Casa Perfeitíssimaos 500 anos da fundação do Mosteiro da Madre de Deus por D. Leonor, referida, na Crónica Seráfica de Frei Jerónimo de Belém e num texto do padre Mestre Jorge de São Paulo, como Rainha Perfeitíssima, cuja exposição se encontra patente até amanhã, dia 11, no Museu Nacional do Azulejo, ilustrados, para além de Canto Gregoriano de Monges Franciscanos e extraído do Canto da Sibila Castelhana, por obras de Pedro de Escobar, Jean Lhéritier, Francesco da Milano, Umberto Naich, Duarte Lobo, Francisco António de Almeida, Estêvão de Brito, Georg Philipp Telemann, Heinrich Isaac, Diogo Dias Melgás, Cristóbal de Morales, Giorgio Mainerio e de um autor anónimo. João Chambers

Na Sombra das Colecções

A Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, que visitei há pouco mais de um mês, apresenta até 17 de Setembro de 2010 a Exposição “Na Sombra das Colecções – Proveniências Europeias nas Reservas da Casa-Museu”. A par de peças de mobiliário inglês e holandês dos séculos XVII e XVIII, serão pela primeira vez expostas obras como as de Jacob Jordaens (1593-1678),  Eugène Delacroix (1798-1863), uma tábua da oficina veneziana dos Guardi, século XVIII, um óleo atribuído ao mestre do realismo Gustave Courbet (1819-1877) e um Eugène Boudin (1824-1898), percursor do Impressionismo.

Joana Vasconcelos – Sem Rede

Com um percurso iniciado em meados da década de 1990, Joana Vasconcelos afirmou-se como a mais importante artista da sua geração, com uma prolífica carreira crescentemente reconhecida tanto em Portugal como no estrangeiro. Cruzando tradição e modernidade, identidade e história e sublime e simbólico, a artista interpreta o mundo contemporâneo através de uma singular apropriação das mentalidades, imagens e objectos da sociedade de consumo. Esta exposição reúne, pela primeira vez, um número significativo de obras realizadas nos últimos 15 anos, assim traçando uma panorâmica da sua produção e constituindo uma oportunidade única para conhecer ou redescobrir o seu especial universo.

Joana Vasconcelos (Paris, 1971) estudou na escola Ar.Co, em Lisboa, e expõe regularmente desde meados da década de 1990. Crescentemente aclamada pela crítica e pelo público, tanto em Portugal como no estrangeiro, a sua trajectória afirma-a como uma das mais importantes artistas portuguesas da sua geração. A sua prolífica carreira inclui, por exemplo, exposições individuais em instituições como o Museu de Serralves (Porto, 2000), a participação em eventos como a Bienal de Veneza (2005), encomendas de intervenções no espaço público, como o recentemente inaugurado Jardim Bordallo Pinheiro (Museu da Cidade, Lisboa, 2010), e galardões como The Winner Takes It All (Museu Colecção Berardo, 2006). Promovida pelo Museu Colecção Berardo e comissariada por Miguel Amado, Sem Rede é a sua primeira exposição antológica. Reunindo cerca de trinta e cinco obras elaboradas nos últimos quinze anos, este projecto traça uma panorâmica do seu trabalho e constitui, assim, uma oportunidade única para o conhecer ou redescobrir aprofundadamente.

Vasconcelos interpreta o mundo actual através de uma singular leitura das mentalidades, mitologias e iconografias da sociedade de consumo. Inspirando-se no imaginário comum, a artista analisa distintas problemáticas da vida diária. Assim, sob um impulso alegórico e acto derrisório, desconstrói os valores, hábitos e costumes da civilização ocidental para comentar a existência do presente, enquadrar o legado do passado e perspectivar os caminhos do futuro. Cruzando tradição e modernidade, inconsciente colectivo e história e sublime e simbólico, Vasconcelos questiona a identidade, releve esta do género, da classe ou da nacionalidade. As suas obras combinam referências culturais (desde movimentos artísticos a expressões correntes), objectos quotidianos com valor sígnico (tais como espanadores, blisters de comprimidos, tampões higiénicos, utensílios domésticos, talheres de plástico e panelas e respectivas tampas) e materiais e técnicas populares (como a azulejaria e as faianças Bordalo Pinheiro ou o tricô e o croché). Engenhosamente manipulados, estes elementos mantêm o seu sentido mas compõem uma nova forma, cujo significado recontextualiza a instância original e, assim, reflecte a experiência entrópica característica da condição contemporânea.

Vasconcelos aproxima-se dos princípios do Nouveau Reálisme, movimento artístico francês fundado em 1960 que, adoptando as estratégias vanguardistas de Marcel Duchamp (especialmente a do ready-made), difundiu técnicas como a assemblage, baseada na justaposição de objets trouvés. Porém, equacionando a precariedade dos materiais professada pelo Nouveau Reálisme à luz de uma crítica do signo, a artista declina a estética pobre por este professada e propõe um retrato do quotidiano assente no simulacro da realidade. Este processo desenvolve-se através de vários efeitos estilísticos: a citação e a apropriação; a desfuncionalização de mercadorias; a representação, em grande escala, de imagens pré-existentes; a exploração da arquitectura ao nível da monumentalidade, da especificidade do lugar e da organização espacial; a mise-en-scène; a serialidade da produção; a qualidade cinética da obra; a sua activação pelo espectador; a acumulação e associação cromática dos seus componentes; a utilização de jogos de linguagem enquanto recurso expressivo.

Sem Rede contempla obras famosas como A Noiva (2001-2005), o conjunto Coração Independente (2004-2008) e Cinderela (2007). Estas obras debruçam-se sobre a condição feminina, tema transversal à actividade da artista. Efectivamente, de Flores do Meu Desejo (1996-2009) a Vista Interior (2000), passando pelo duo Sofá Aspirina (1997) e Cama Valium (1998), é o debate acerca do estatuto da mulher que estas obras exprimem. Contudo, a exposição inclui outras obras, menos mediatizadas, que articulam múltiplos assuntos com cunho político-económico. Refiram-se, por exemplo, a ideologia corporativa (Ponto de Encontro, 2000), a ostentação de classe (Menu do Dia, 2001), o exercício deslumbrado do poder (O Mundo a Seus Pés, 2001), a intolerância religiosa (Burka, 2002) e o estado securitário (Una Dirección, 2003). Obras recentes protagonizam reflexões com carácter social, como o conflito entre o progresso tecnológico e a conservação da natureza (Jardim do Éden [Labirinto], 2010) ou a doença enquanto metáfora da malaise global (Contaminação, 2008-2010). Em Sem Rede, a prática de Vasconcelos apresenta-se, pois, sob uma óptica inovadora, que não só desafia as abordagens dominantes da sua arte, mas também recria o seu especial universo como nenhuma outra exposição o fez até hoje.
Fonte dos textos: Museu Berardo

Exposição – Desenhos da Renascença Italiana

De Fra Angelico a Leonardo – Desenhos da Renascença Italiana

British Museum, Londres

22 Abril – 25 Julho 2010

Fruto da colaboração entre o Uffizi de Florença e o British Museum, a Exposição, composta por 100 desenhos de diversos artistas do Renascimento italiano, de Raphael a Leonardo, Michelangelo, Jacopo, Bellini, Fra Angelico, Ticiano e Verrocchio, ilustra a crescente importância do desenho durante o período compreendido entre 1400 e 1510. Análises recentes revelam técnicas de pensamento criativo dos artistas, em que experimentaram uma liberdade nem sempre evidente nos trabalhos finais.

Na Itália do século XV, deu-se uma importante mudança na realização dos desenhos preparatórios. Os anos de 1400 assinalam o início do Renascimento, assistindo-se ao desenvolvimento da perspectiva, um crescente interesse nas formas clássicas e um foco maior sobre o naturalismo; Os artistas começaram a apresentar, por direito próprio, desenhos como obras de arte, significando o início de uma apreciação mais ampla da obra gráfica que começava a ser recolhida e preservada. A crescente importância do desenho é evidente em obras como a alegoria da loucura humana de Mantegna, Combusta Virtus (Virtude em chamas).

Descrição da Obra

No entanto, a maioria dos trabalhos expostos é constituída por estudos, destinados a não serem apresentados publicamente, uma vez que, enquanto tal, serviam para aperfeiçoar os desenhos para as pinturas, processo que permaneceu até ao século XX. Alguns estudos foram seguidos por esboços detalhados e, por vezes, concluídos com desenhos de dimensão igual à do projecto final. O estudo para a asa esquerda do retábulo A Coroação da Virgem de Lorenzo Monaco, de 1407,  será exibido pela primeira vez.

A influência da arte e arquitectura clássicas foi decisiva no surgimento de uma nova abordagem por parte de pintores, escultores e arquitectos; O realismo, a representação do homem e da natureza e a utilização da perspectiva linear para criar a ilusão da forma tridimensional, foram os traços distintivos do estilo renascentista, evidenciados no álbum de desenhos do pintor veneziano Jacopo Bellini e na obra artística de Pisanello.

The importance of Leonardo in this period is reflected in the inclusion of ten drawings by him, including his celebrated pen study of a sun baked panoramic landscape that he precisely dated, 5 August 1473.  This is the earliest landscape drawing in European art and the first documented work by Leonardo.

A exposição permite uma avaliação  do efeito da prolongada estadia de Leonardo em Milão e de que forma influenciou o estilo de artistas locais, como Boltraffio e Solario Andrea. O Naturalismo de Leonardo da Vinci e o desejo de explorar os limites da pintura, inspirou a geração de Michelangelo e Raphael para alcançar o que ele havia esboçado no papel, mas raramente expresso em trabalhos finais.

A exposição oferece uma ampla visão do desenvolvimento do desenho por toda a Itália, com especial ênfase em Florença e Veneza. Os artistas venezianos favoreciam mais a composição tonal (os desenhos de Ticiano, por exemplo), a luz e a cor dominavam a sua abordagem ao desenho (estudo Stº Agostinho de Carpaccio), enquanto os florentinos tendiam a favorecer os contornos e o volume (como nos desenhos de Verrocchio, Credi e Leonardo). O desenho de Florença era caracterizado pela representação de movimento  e expressão de emoções através da pose, como na Cabeça de Mulher de Verrochio e Criança com Gato de Leonardo. Em Veneza, a pintura era um negócio familiar, dominado pelas dinastias artísticas dos Bellini e Vivarini.

Descrição da obra

No início do século XVI, Raphael chegou a Florença. Os alicerces do estilo clássico e sua dinâmica, criados por   Michelangelo e Raphael na Roma papal, foram estabelecidos em Florença durante a primeira década de 1500. Os  artistas apropriaram-se e desenvolveram a pré-existente tendência artística florentina que os elevou ao mais alto patamar durante a Alta Renascença, através de obras como os estudos da Virgem com o Menino, por Raphael, e os estudos da Madonna de Bruges, por Michelangelo.

Descrição da obra

World Press Photo 2010

On june 12, 2009 the Iranian presidential elections were held, and the results were strongly contested by the population. For the first time after the Islamic Revolution, Iranians expressed all their dissent, organizing huge demonstrations against the regime. But the protest was not limited to demonstrations in public spaces. Every night at 10:00, citizens gathered on building rooftops to continue their protests, chanting “Allah u Akbar,” (Allah is great). At times, these chants would be interrupted by other, more indignant, chants of “Marg bar diktator” (Death to the dictator). During these protests, the dark Tehran nights were haunted by the ghost-like shadows and their eerie voices. Dreams, memories, emotions, and hopes roam around like ghosts on the rooftops of Tehran.

The story continues here…