Archive for the ‘ Exposições ’ Category

La Madeleine á la Veilleuse, de Georges de La Tour

Através do programa “A Obra Convidada”, o Museu do Prado inaugura um novo modelo de exposição que pretende trazer aos visitantes obras notáveis de outros museus, com o duplo objectivo de enriquecer a visita e estabelecer um termo de comparação que permita reflectir sobre as obras residentes do Prado.

A obra eleita para inaugurar o programa (até 21 de Junho), La Madeleine á la Veilleuse de Georges de La Tour (1593-1652), representa La Madeleine, símbolo da redenção através do arrependimento, num cenário nocturno, iluminado por uma vela que cria violentos contrastes nos seus instrumentos de meditação – os livros sagrados, a cruz e a caveira, símbolo da morte -, objectos que constituem uma das mais belas naturezas mortas do autor. La Tour representa La Madeleine com um aspecto delicado, longe dos seus camponeses rústicos, soldados ou músicos de rua, todos de aspecto plebeu e alheios à simplicidade espiritual desta pintura.

Ainda que tendo em comum as preocupações com a luz, La Tour explorava o chiaroscuro da luz artificial, enquanto Vermeer procurava trazer a luz natural para dentro das suas obras (aqui, aqui e aqui).

Georges de La Tour - La Madeleine á la Veilleuse, 1640-45. Museu do Louvre, Paris

Histórias de Amor

As mãos que trago – Vida e obra de Alain Oulman em exposição no Museu do Fado, até 31 de Dezembro.

Que sentiria Oulman ao verter a poesia de Mourão-Ferreira e de Homem de Mello (entre tantos outros), para Amália cantar? Talvez que se vertia ele próprio, em sangue que corria nas veias de sua amada. Mas que certamente nos condenou a ouvi-la, até que a noite eterna nos liberte da sua voz.

Por teu livre pensamento
foram-te longe encerrar.
Tão longe que o meu lamento
não te consegue alcançar.
E apenas ouves o vento.
E apenas ouves o mar. 

Levaram-te, a meio da noite:
a treva tudo cobria.
Foi de noite, numa noite
de todas a mais sombria.
Foi de noite, foi de noite,
e nunca mais se fez dia.

Ai dessa noite o veneno
persiste em m`envenenar.
Oiço apenas o silêncio
que ficou em teu lugar.
Ao menos ouves o vento!
Ao menos ouves o mar!

Estrelas de Papel

Integrada nas comemorações do Ano Internacional da Astronomia, a Exposição Estrelas de Papel: Livros de Astronomia dos Séculos XIV a XVIIIBN, até 31 de Julho – reúne as mais emblemáticas obras da história da astronomia em Portugal, manuscritas e impressas, originárias de diversos arquivos.
Mais informação, aqui.

Obras digitalizadas na BND:
Tratado da sphera com a Theorica do Sol e da Lua (1537)
Petri Nonnii Salaciensis Opera, quae complectuntur… (1566)
Petrii Nonii Salaciensis, De Crepusculis Liber Vnus… (1573)
Petri Nonii Salaciensis De Arte Atque Ratione (1573)
Institutio Astronomica, juxta Hypotheseis Tam Veterum…  (1653)
Sidereus Nuncius, Magna Longeque Admirabilia… 
 (1653)
Proposita philosophorum arabum [ Manuscrito] 1701)
Tratado sobre certas duvidas da navegação (1911)
Tratado sobre certas duvidas da navegação (1912)
Tratado sobre certas duvidas da navegação (1913)

 

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variações sobre o mesmo tema

Sobre a proposta de visita para esta semana a uma das obras de referência do MNAA, a peça Renascentista Deposição no Túmulo de Cristóvão Figueiredo (1520-30), vale a pena exercitar o olhar sobre diferentes abordagens pictóricas deste tema por parte de dois Mestres do Barroco, CaravaggioRubens (1602)

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Cristovão de Figueiredo - Deposição no Túmulo

Se existiu um significativo momento de “classicismo” e de intensa religiosidade humanista na história da pintura portuguesa da primeira metade do século XVI é aqui que podemos encontrá-lo. Executada na década de 1520-30 para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, esta pintura associa a uma solene e pungente concepção do episódio bíblico, dois excepcionais retratos de personagens contemporâneos. A análise da obra e da figura do pintor, Cristóvão de Figueiredo, estarão a cargo de Adelaide Lopes e José Alberto Seabra, técnicos do Museu.


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Rubens - The Deposition, 1602

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Caravaggio - The Entombment, 1602-03

Grande Panorama de Lisboa

Da Cruz-Quebrada ao Beato são cerca de 14 quilómetros de frente ribeirinha. O Grande Panorama da Lisboa anterior ao Terramoto de 1755, reproduzido num monumental painel de azulejo com 23 metros de comprimento, está no Museu Nacional do Azulejo.  Tem também destaque aqui.

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As 53 estações do Tokaido

Museu Gulbenkian, Galeria de Exposição Permanente – Até 31 de Maio de 2009

A série de gravuras «Estações do Tokaido» adquirida por Calouste Gulbenkian integra-se no conjunto de cerca de 200 estampas japonesas dos séculos XVIII e XIX. Assinadas por três grandes mestres Hiroshige (1797-1858), Kunisada (1786-1865) e Kuniyoshi (1797-1861), as 55 estampas, editadas c. 1845, por diferentes editores, ilustram lendas e contos relacionados com as estações do Tokaido. 
 O Caminho do Mar do Oriente

O Tokaido (O Caminho do mar do Oriente) era a principal via terrestre do Japão feudal. Percorria cerca de 500 km entre a antiga capital imperial, Quioto e a verdadeira capital – Edo (Tóquio), capital militar dos Tokugawa. No século XVII, Ietyasu Tokugawa, um poderoso dáimio (senhor feudal e membro da nobreza militar), conseguiu pacificar e unificar o Japão e estabelecer um sistema organizativo com o objectvo de limitar o poder dos senhores feudais. Ao longo do caminho, foram criados pela administração Tokugawa 53 seki (postos de vigia), controlados por guardas que proibiam a passagem aos viajantes que não possuíssem a documentação adequada para prosseguir a jornada.   
      
Entre os viajantes do Tokaido, destacavam-se as comitivas que faziam parte do séquito dos dáimios, enviadas para a corte do xógun (comandante militar do imperador, com residência oficial em Quioto), para aí permanecer durante um ano, e deste modo evitar a organização de qualquer rebelião contra o poder imperial. 
     

 

 

Os dáimios eram obrigados a prestar vassalagem ao imperador, tendo de percorrer o Tokaido para cumprir as visitas cerimoniais.  As 53 estações (sem contar com a do início e do término), situadas ao longo do caminho, abrigavam não apenas as comitivas dos senhores feudais mas todo o tipo de viajantes, mercadores, peregrinos e camponeses. Viajar nesta estrada, tão concorrida, era uma aventura pelas surpresas, riscos e dificuldades e também pelas intempéries que particularmente no Inverno assolavam a região. A maior parte dos viajantes demorava duas semanas a percorrer os 500 quilómetros a pé, alugando por vezes cavalos e palanquins para atravessar rios e lagos, desfrutando da paisagem ou das casas de chá. Outros, prolongavam a viagem, permanecendo por vezes vários dias na mesma estação.  

No percurso ao longo da costa (em parte o Pacífico, em parte o mar interior), su cedem-se paisagens magníficas e variadas, incluindo lugares onde as montanhas subitamente irrompem no mar. Esta estrada tem ainda muitos outros motivos de interesse: santuários, como o de madeira de Nikko, cataratas, lagos tranquilos como o Biwa, e o famoso monte Fuji, que podia ser observado ao longo do percurso.

O Tokaido era também uma rota necessária para o comércio de todo o género para abastecer as populações que em Edo, no início do século XIX, se estimavam em cerca de 1 milhão de habitantes.

 

 

 

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Hiroshige e o Tokaido
utagawa-kuniyoshi-estacao-16-kambara1O caminho do Tokaido teria provavelmente caído no esquecimento, se não tivesse sido imortalizado por uma série de 55 gravuras de  Ando Hiroshige (1797-1858), um dos maiores mestres da arte da estampa japonesa. 
Em 1832, Hiroshige viajou ao longo do Tokaido, de Edo até Quioto, como membro de uma delegação oficial transportando cavalos que deveriam ser apresentados na corte imperial. Os cavalos eram uma oferta simbólica  anual ao xógum, em sinal de reconhecimento pelo estatuto divino do imperador. 
As paisagens ao longo do percurso causaram uma profunda impressão ao artista, que foi realizando vários esboços durante a viagem de ida e de volta para Edo.
Depois do seu regresso, começou imediatamente a trabalhar nas primeiras estampas desta série.
No total, ao longo de toda a sua vida, realizou mais de três dúzias das estações do Tokaido, em colaboração com outros artistas.

 

 

 

 

Exposição relacionada: L`estampe japonaise – images d`un monde éphémère. Via RAF.

Iluminura – A Torre de Babilónia

As primeiras representações visuais da bíblica Torre de Babel vêm da Idade Média; A partir do século XI, encontram-se decorações arquitectónicas, que pretendiam dar ênfase às técnicas e materiais utilizados na construção da época.

Nesta iluminura de Jean de Courcy, embora, quer o Rei Nimrod – o lendário edificador da Torre – quer a Torre propriamente dita, pareçam à primeira vista europeus,  o artista fez um esforço para lhes conferir algum exotismo oriental. A armadura de Nimrod, os minaretes da Torre e os anjos, são típicos elementos da linguagem visual da Europa Medieval.

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La Bouquechardière - Jean de Courcy

Chronique dite de la Bouquechardière par Jean de Courcy (c.1350-1431).
Les Troyens, Maître de l’Echevinage de Rouen (15e siècle)
MS 728/312 folio 181v – Musee Conde, Chantilly, France

A dificuldade em identificar a eventual destruição da Torre em documentos de autores gregos que possam ter testemunhado esse período, levam a especular que possam ter existido duas Torres, a primeira construida por Nimrod, a segunda por Semiramis.

O Pathos de John Martin

Pintor inglês e gravador de mezzotint, célebre pelas suas cenas melodramáticas e eventos cataclísmicos povoados de figuras minúsculas colocadas em enormes cenários arquitectónicos, John Martin (1789-1854) teve tanto de popular pelas suas gravuras como de polémico pelo sensacionalismo vulgar das suas pinturas.
Martin trabalhou os meios tons não só na reprodução das suas obras, mas também em composições originais. Particularmente notáveis são as suas ilustrações para a Bíblia e para o Paraíso Perdido do Milton.

John Martin – Dilúvio, 1828

O trabalho de John Martin era dedicado à ideia de declínio e queda. Eram por isso frequentes nos seus trabalhos as alusões aos movimentos femininos que denunciavam a corrupção social e sexual, que teriam estado na origem da queda da antiga Babilónia.Ideias que, embora afastadas do centro de influência das suas gravuras como fonte para os trabalhos de reconstituição da antiga Mesopotâmia nas recentes escavações arqueológicas no Iraque, demonstram o processo metaléptico de Eric Voegelin, pelo qual a moderna visão cultural é influenciada pelo desejo de saber, pela necessidade de questionar o fundamento da participação divina na natureza humana.

‘The broad walls of Babylon shall be utterly broken, and her high gates shall be burned with fire; and the people shall labour in vain…’, Jeremiah (51:58)

John Martin (1789-1854) – The Fall of Babylon, 1835 – © Trustees of the British Museum

WPF 2009 – It Could Happen to You

World Press Photo-2009, de 20 de Junho a 19 de Julho no Museu da Electricidade.

Um polícia entra numa casa americana para confirmar a evacuação de uma família na sequência de dívidas de hipoteca. Esta foto, tirada no  Ohio a 26 de Março, conquistou o prémio de melhor imagem do ano para a World Press Photo.

Os membros do júri destacaram a força captada pelo americano Anthony Suau para a revista Time. Parece uma foto de guerra, mas trata-se apenas de uma ordem de expulsão de uma casa.
«A guerra, no seu sentido mais clássico, chegou à casa das pessoas porque simplesmente não podem pagar as hipotecas», explicou a juiz principal MaryAnne Golon à agência Reuters, enquanto um seu colega, Akinbode Akinbiyi, acrescentou: «Em todo o mundo as pessoas começam a pensar: isto pode acontecer-nos».

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Vencedor do World Press Photo 2008 - Anthony Suau, para a Time


Manhã de 8 de Janeiro de 2008 em New Hampshire. Barack e Michelle Obama andavam em campanha, separados. Este raro momento de privacidade e introspecção captado durante a partilha do pequeno-almoço deu a Callie Shell da Aurora Photos para a revista Time o 1º lugar na categoria História de Notícias

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World Press Photo 2008: 1º lugar em História de Notícias - Callie Shell, da Aurora Photos para a Time



Mais uma história de violência africana, numa das suas formas mais primitivas: Num conflito inter-tribal no Quénia, um grupo de homens lança flechas a um grupo rival. A foto, tirada a 1 de Março, deu ao japonês Chiba Yasuyoshi o 1º lugar em Notícias singulares.

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World Press Photo 2008: 1º lugar em Notícias singulares - Chiba Yasuyoshi para a France-Press


Ainda no Quénia, agora com a violência pós-eleitoral numa das favelas de Nairobi: tirada em Janeiro, esta foto de um miudo em pânico com a chegada de um polícia de bastão em riste, deu ao argentino Walter Astrada o 1º prémio na categoria de histórias singulares.

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World Press Photo 2008: 1º lugar em Histórias Singulares - Walter Astrada para a France-Press

Uma mulher com uma criança ao colo enfrenta um cordão policial, durante um processo de desocupação de terras, na província de Manaus, Brasil. Esta foto, tirada a 10 de março, deu ao brasileiro Luiz Vasconcelos, o 1º prémio na categoria de Notícias Gerais Singulares

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World Press Photo 2008: 1º lugar em Notícias Gerais Singulares - Luiz Vasconcelos para a Zuma Press.



A 14 de Maio, Chen Quinggang (Hangzhou Daily) fez uma fotoreportagem sobre as operações de resgate, após o terramoto no Município de Beichuan, China. Esta foto, do transporte de um sobrevivente, valeu-lhe o 1º prémio na categoria de fotonotícias.

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World Press Photo 2008: 1º lugar em Fotonoticias - Chen Quinggang

O mexicano Carlos Cazalis /Corbis, andou pelas ruas de São Paulo . Com grande sentido estético, esta foto de um sem-abrigo na entrada de um edifício valeu-lhe o 1º prémio na categoria de assuntos contemporâneos – histórias. Vale a pena ver as restantes.

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World Press Photo 2008: 1º lugar em Assuntos Contemporâneos - Histórias: Carlos Cazalis



Numa terrível luta contra o tempo para tentar salvar o maior número possível de sobreviventes, o bombeiro resgata ma criança com vida. O momento, captado pelo chinês Bo Bor em Maio na Província de Sichuan, ganhou o 2º prémio na categoria de fotonotícias.

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World Press Photo 2008: 12º lugar em Fotonoticias: Bo Bor

John Kolesidis/Reuters nos motins de Atenas, na sequência da morte de um jovem durante uma manifestação. Obteve o 2º prémio na categoria Notícias Singulares.

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World Press Photo 2008: 2º lugar em Notícias singulares - John Kolesidis

As fotos foram surripiadas ao Telegraph

Mapa do Mundo

Mapa do Mundo
Babilónia, cerca de 700-500 AC – provavelmente de
Sippar, sul do Iraque
Um Mapa Antigo, sem paralelo, do mundo da Mesopotâmia

Esta tábua contém, simultaneamente, uma inscrição cuneiforme e um mapa sem igual do mundo da Mesopotâmia. Babilónia é mostrada ao centro (retângulo na metade superior do círculo), bem como Assíria e Elam, centros do Império. A área central é circundada por uma inscrição aquática, “Mar Salgado”.  A parte exteriro do círculo é rodeada pelo que, provavel e originalmente, foram oito regiões, cada uma identificada por um triângulo, designado “Região” ou “Ilha‘’, e marcadas com a distância entre si. O texto cuneiforme que descreve estas regiões (semelhante a uma criatura mítica) está incompleto.

Esta é uma das peças de visita obrigatória, no British Museum

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Mapa do Mundo – Babilónia, séc. VII-V AC