De Amadeo a Paula Rego, 50 Anos de Arte Portuguesa (1910-1960)

María Jesús Ávila escreveu em 2005, no âmbito da Exposição “DE 1850 AOS PRIMEIROS MODERNISMOS”, o texto que a seguir se reproduz, como que antecipando a Exposição “De Amadeo a Paula Rego, 50 Anos de Arte Portuguesa (1910-1960)”, inaugurada anteontem no MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA – MUSEU DO CHIADO.
Maria João Caetano publicou ontem no DN um Especial dedicado à Exposição, que inclui uma entrevista ao Director do MNAC, Pedro LapaEsta página foi elaborada a partir do Programa da Exposição.

Os Modernismos, iniciados com grande esforço e empenho nos anos 10 do séc. XX, por serem iniciadores haveriam de se debater, ao longo das três primeiras décadas, entre memoráveis momentos de euforia e possibilidade de futuro e momentos de perigoso reaccionarismo, como era natural num meio em que ainda dominavam estruturas sociais e culturais próprias do séc. XIX.Amadeo de Souza-Cardoso - Cabeça, c.1913
As rupturas não existiram, só lentas transformações não estruturais, que esqueceram durante anos os logros de alguns, deixaram outros pelo caminho e noutros ainda provocaram viragens conservadoras. Situação que a mudança política ocorrida em 1926 e, em especial, a definição de uma “Política do Espírito” por António Ferro e a criação do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) em 1935, irá favorecer. Após o parêntese que constituem Amadeo de Souza-Cardoso e o surto futurista da década de 10, confuso teoricamente e reduzido, nas artes plásticas, aos breves exemplos que representam a Cabeça de Santa Rita e as experiências órficas de Eduardo Viana, os anos 20, embora abalados por um certo desânimo generalizado, haviam de conhecer alguns importantes episódios de activismo, edição de publicações e realização de obras. A renovação formal, tímida, processa-se através de referências à organização volumétrica de Cezánne, ao Picasso classicista e, na escultura, a Rodin. Encontra em José de Almada Negreiros, Eduardo Viana, Dordio Gomes, Carlos Botelho, Abel Manta, Francisco Franco, Diogo de Macedo e Ernesto Canto da Maia, algumas das suas melhores expressões. Na década seguinte, esta vertente dará lugar a um novo academismo, o de uma “equilibrada” expressão moderna, que haveria de conferir às artes plásticas portuguesas um carácter atemporal. Daqui destacar-se-ão pontualmente, e em percursos muito individualizados, o expressionismo de Mário Eloy, Júlio, Alvarez e Hein Semke, as experiências dimensionais e surrealistas de António Pedro e, em especial, as conquistas espaciais que, em Paris, Vieira da Silva desenvolve.

Ciclo ‘In Memoriam Vasco Granja’

FELIX THE CAT WOOS WHOOPEE
De Otto Messmer – Estados Unidos, 1930 – 7 min. – Não Legendado
Na Cinemateca –  hoje às 19:00h.

A CHAIRY TALE
De Norman McLaren e Claude Jutra – Canadá, 1957 – 10 min. – Não Legendado
Na Cinemateca – hoje às 19:00h.

Idomeneo por René Jacobs

A mais recente versão da opera dramática preferida de MozartIdomeneo, chega-nos através da Harmonia Mundi, que tem um mini-site exclusivamente dedicado a esta obra, dirigida por René Jacobs.
Solistas: Richard Croft (Idomeneo); Bernarda Fink (Idamante); Sunhae Im (Ilia); Alexandrina Pendatchanska (Elettra); Keneth Tarver (Arbace); Nicolas Rivenq (Gran Sacerdote); Luca Tittoto (La Voce).
A caixa contém 3 cds, um livro e um dvd filmado em Dezembro de 2008 em Paris (Salle pleyel) e Wuppertal, Alemanha (Immanuelskirche).
O making-off está disponível neste canal do YouTube: partes 12345

Termas de Vals – Peter Zumthor

A sua arquitectura é a da essência. Constrói lugares em vez de edifícios e celebra as qualidades únicas dos materiais. As suas obras, esculpidas ao milímetro, têm uma presença forte e intemporal. Prémio Pritzker de Arquitectura 2009.

“Trabalho um pouco como o escultor. Quando começo, a minha primeira ideia para um edifício é o material. Acredito que a arquitectura é sobre isto. Não é sobre o papel, não é sobre as formas. É sobre o espaço e o material.” Peter Zumthor

Montanha, pedra, uma nascente quente. Para Peter Zumthor estava lá tudo. Só tinha de dar-lhe uma forma. Termas de Vals (1996), cantão de Graubünden, Suíça.
Finas lages de uma rocha vulcânica local cobrem as sólidas paredes de betão do volume paralelepipédico, pautado por aberturas vítreas e vazios geométricos. A água que brota da montanha percorre múltiplos espaços semiexteriores e interiores. Enquanto as pessoas usufruem das termas, a luz atravessa as paredes, através de pequenas fendas, desenhando focos diáfanos nas áreas cerradas. O bronze, que matiza finos corrimões, pequenas portas e enormes torneiras, contrasta com os cinzentos dominantes.
Quando os Alpes se cobrem de neve, a neblina desce até às piscinas descobertas, envolvendo quem aí se banha num cenário de mistério. A natureza sai aqui reforçada pelo toque de um homem.

Peter Zumthor - Termas de Vals, 1996

Zumthor recorda a história daquela que viria a tornar-se a sua obra-prima. “Em 1983, as autoridades locais adquiriram um complexo hoteleiro falido, edificado na década de 1960, por muito pouco dinheiro, ainda que sem grande entusiasmo. Mas algo tinha de ser feito para salvar os empregos. Disseram que o novo edifício tinha de ser especial, único. Deveria enquadrar-se em Vals e atrair novos visitantes. Em 1991, o projecto foi apresentado e a construção começou três anos depois. Desde então, mais de 40 mil pessoas visitam anualmente as Termas de Vals.”

Peter Zumthor - Termas de Vals, 1996

Para os críticos, a obra criou um “efeito Vals”, semelhante ao “efeito Bilbau”, suscitado pelo Guggenheim basco do arquitecto Frank Gehry. Protegido pelo cantão de Graubünden, o edifício, que atesta “o raro talento de Zumthor para combinar um pensamento claro e rigoroso com uma dimensão verdadeiramente poética, num trabalho que nunca cessa de inspirar”, nas palavras de Thomas J. Pritzker, presidente da Hyatt Foundation, que atribui o galardão, é um dos maiores trunfos da arquitectura contemporânea suíça.

Peter Zumthor - Termas de Vals, 1996

Este excerto foi retirado do artigo sobre Peter Zumthor, pubicado na Revista arquitectura & construção nº 55 – Junho/Julho 2009 e as fotos surripiadas ao Fernando Guerra.

Iluminura Medieval

Facta et dicta memorabilia / Dos factos e palavras memoráveis

Simon de Hesdin apresenta a sua tradução de "Facta et dicta memorabilia" de Valerius Maximus a Charles V, Rei de França

Praef. Vrbis Romae exterarumque gentium facta simul ac dicta memoratu digna apud alios latius diffusa sunt quam ut breuiter cognosci possint, ab inlustribus electa auctoribus digerere (sic Kempf, codd. deligere) constitui, ut documenta sumere uolentibus longae inquisitionis labor absit. nec mihi cuncta conplectendi cupido incessit: quis enim omnis aeui gesta modico uoluminum numero conprehenderit, aut quis compos mentis domesticae peregrinaeque historiae seriem felici superiorum stilo conditam uel adtentiore cura uel praestantiore facundia traditurum se sperauerit? te igitur huic coepto, penes quem hominum deorumque consensus maris ac terrae regimen esse uoluit, certissima salus patriae, Caesar, inuoco, cuius caelesti prouidentia uirtutes, de quibus dicturus sum, benignissime fouentur, uitia seuerissime uindicantur: nam si prisci oratores ab Ioue optimo maximo bene orsi sunt, si excellentissimi uates a numine aliquo principia traxerunt, mea paruitas eo iustius ad fauorem tuum decucurrerit, quo cetera diuinitas opinione colligitur, tua praesenti fide paterno auitoque sideri par uidetur, quorum eximio fulgore multum caerimoniis nostris inclitae claritatis accessit: reliquos enim deos accepimus, Caesares dedimus. et quoniam initium a cultu deorum petere in animo est, de condicione eius summatim disseram.
Valerius Maximus, Livro I – capítulo I

Simon de Hesdin apresenta a sua tradução de "Facta et dicta memorabilia" de Valerius Maximus a Charles V, Rei de França (detalhe)

O beijo

Há cento e cinquenta anos, Francesco Hayez (1791-1882) pintou O Beijo que, muito justamente, se tornou num dos símbolos da transição do Neoclassicismo para o Romanticismo Italiano. Hayez construiu a sua obra principalmente em Milão, onde foi Director da Academia das Belas Artes de Brera.

Francesco Hayez - O Beijo, 1859


Ao encontro do criador (2)

A 11ª Edição da Feira Laica, a decorrer este fim-de-semana, de novo na Bedeteca de Lisboa, mostra  a dinâmica da edição independente portuguesa e estrangeira de banda desenhada.

Feira Laica 2009

Autores-Editores Estrangeiros:
Benjamin Bergman, Jarno Latva-Nikkola e Tommi Musturi (que desenhou o cartaz da Feira), do colectivo finlandês Boing Being (com ligações ao jornal Kuti e à antologia Glömp) e ainda Kaja Avbersek e Gasper Rus, do colectivo esloveno Stripcore (da revista Stripburger).

Autores-Editores Portugueses:
Revista Acto, Alexandre Esgaio, Atelier Toupeira / Bedeteca de Beja, Averno, Bela Trampa, Chili Com Carne, colectivo Pinopaco, El Pep, discos F.Leote, Os Gajos da Mula, Grain of Sound, zine O Hábito Faz O MonstroHülülülüImprensa Canalha, Lemur, Marvellous Tone, Massa Folhada, Mike Goes West, MMMNNNRRRG, Opuntia Books, Piggy, Reject Zine (com All*Girlz zine, Doczine, Shock e Terminal), Skinpin Records, Sleep City, Thisco, Drome Video Zine, Zona Zero e zine Znok.

Solstício de Verão

Nem só na Pedra do Sol se celebrou o Solstício de Verão. Há mais druidas do que imaginam… 🙂

Supremo sacerdote neo-pagão, durante a celebração do solstício de Verão, na Rússia. foto Sergey Ponomarev/AP

Descobre o teu lugar

Exit Music @ home

Hoje há Jazz às Quintas, mas o programa não me puxa. Vou ficar em casa a ouvir em repeat Exit Music, o extraordinário cover dos Radiohead Exit Music (For a Film) por Brad Meldhau.

The Art Of The Trio, Volume 3: Songs

‘Songs,’ recorded in 1998, captured a wider audience for Mehldau’s trio. “A lot of people have told me that ‘Songs’ is their favorite record of mine,” Mehldau says. “I was thinking a lot at that time about what ‘song’ means to me. It implies a few things – simplicity of melody, an economy of material and a short form, but also a strong emotional effect on the listener that hopefully lingers and swells in your consciousness after you’ve heard it. A song is short and ends quickly, but it should also give you a feeling of endlessness, of something much bigger than its duration. You should sense that you’re scratching the surface of something eternal.”
Mehldau’s writing made an expressive leap on this record, with originals like ‘Song-Song,’ ‘Unrequited,’ and ‘Sehnsucht,’ and he notes, “I started to achieve something more simple and direct in my own tunes.” Two covers heard in their first versions here went on to become staples in the trio’s performances: Nick Drake’s ‘River Man’ and Radiohead’s ‘Exit Music (For a Film).’ On the ballad, ‘For All We Know,’ you can start to hear an elegiac tone. The sentiment of elegy that begins on this record sweeps over much of Mehldau’s subsequent recorded music, and he would explore that idea in depth on his next record, ‘Elegiac Cycle’.

Track Listing: Song-Song – Unrequited – Bewitched Bothered & Bewildered – Exit Music (For A Film) – At A Loss – Convalescent – For All We Know – River Man – Yonug At Heart – Sehnsucht
Musicians: Brad Mehldau (piano), Larry Grenadier (bass), Jorge Rossy (drums)
Producer: Matt Pierson