Archive for the ‘ Música ’ Category

A Exegese dos Evangelhos em 1973

“I only want to say, if there is a way, take this cup away from me, for I don’t want to taste its poison, feel it burn me”

Cristo começa a caminhada rumo ao calvário

Tangerine Dream no Coliseu

A abrir, “eu estive no Restelo em 1980” serve para demonstrar que a antiguidade é um posto. 🙂 Dito isto, ainda que o peso do nome Tangerine Dream não contrarie a tendência do que está a dar, aos poucos privilegiados, entre os quais o venerável Mago da Lua, foram oferecidas 3 (três) horas de música sinfónica, menos cósmica que no passado, como disse o eclético Zé Pedro enquanto me perguntava quem eram os gajos dos posters à venda. 😛
Voltando à essência da coisa, primeiro estranhei o sax da sexy Linda Spa, que por momentos adquiriu a espacialidade de Garbarek, os riffs do Bernhard Beibl, que aqui e ali soaram a Oldfield e a percussão da frenética Iris Camaa, pouco consonantes com a minha memória dos TD, mas lá me fui habituando.
Facto é que o sobrevivente Edgar Froese sabe muito bem para onde vai e a nós resta segui-lo, na esperança que não demore vinte anos a voltar.






















Vésperas da Beata Virgem de Claudio Monteverdi

O próximo Musica Aeterna transmite, em ante-estreia mundial, as “Vésperas” de Monteverdi, produzidas de acordo com a técnica quinhentista e seiscentista do “cantar lontano” (cantar à distância), interpretadas pelo grupo “Cantar Lontano” de Marco Mencoboni, que actuou na Sé Patriarcal de Lisboa a 18 de Dezembro de 2008.

A efeméride dos 400 anos da primeira apresentação pública das Vésperas da Beata Virgem de Claudio Monteverdi, efectuada, por ocasião da festa da Anunciação e em honra das filhas do duque Francesco Gonzaga, na Basílica de Santa Bárbara, em Mântua, no dia 25 de Março de 1610. A transmissão integral deste verdadeiro monumento e, bem assim, de peças especificamente concebidas para a Semana Santa, que amanhã tem o seu início, da autoria dos contemporâneos Marc’Antonio Ingegneri, Emilio de’Cavalieri e Johann Rosenmüller. João Chambers

João Chambers, Lisbon musicologist, proposed us to give a preview of our version of Monteverdi’s Blessed Virgin Vesper for the portuguese public. Portuguese state radio Antena 2 will broadcast a world premiere on March 27th, 2010 giving a taste of the upcoming cd inside the program Musica Aeterna, devoted to early music. The transmission can be heard in streaming on the web connecting to this link.

O Codonauta tem na sua página do Youtube uma selecção notável das “Vésperas“, gravada em 1989 na Basílica de São Marcos, Veneza – The Monteverdi Choir | The London Oratory Junior Choir | The English Baroque Soloists | John Eliot Gardiner

Os dias são iguais às noites

Jordi Savall: A dimensão espiritual da música vencerá a barbárie

O consagrado músico catalão, uma das figuras tutelares do universo da música antiga, esteve recentemente em Santiago do Cacém, na abertura do 6.º Festival Terras Sem Sombra. Antes de deixar falar a música, partilhou as convicções humanistas que guiam a sua arte.

Tranquilidade contagiante, a de Jordi Savall: de movimentos, da postura em palco, do verbo, do olhar. Talvez advenha da sabedoria que foi adquirindo ao longo de uma vida que em 2011 alcançará as sete décadas. E foi tranquilamente que nos deixou entrever algumas das coordenadas que guiam a sua prática de homem-artista no mundo, demiurgo entre a comunidade humana.
Nos últimos anos, Savall tem dedicado especial atenção aos encontros (e choques) de povos, tradições e culturas que espaços geográficos determinados corporizaram no passado. Por trás, está a crença de que “a música é sempre fonte de diálogo” e tem “um poder” que, “quando é profundo e pleno de emoção, pode mudar-nos”. Daí ser “responsabilidade” dos músicos “mostrar que épocas houve com uma herança comum a Oriente e Ocidente”, fruto de “um diálogo muito próximo de culturas”. Com esses seus discos, Savall quer “mostrar que o diálogo é possível, tal como foi ao longo de muitos séculos no passado”. A sustentar isto, a convicção de “música e cultura” serem “as únicas portas que podemos utilizar, pois todas as outras fracassaram”.
Exemplo maior desse propósito na sua discografia será Jerusalem, cidade das duas pazes (2008): “Quando iniciei esse projecto – recorda Savall – todos me diziam que era uma loucura, uma utopia. No princípio, foi, de facto; mas no final foi um exemplo para os políticos!” Esse projecto, que integrou músicos palestinianos, fê-lo dar-se conta das “muito baixas possibilidades de desenvolvimento humano” prevalecentes na Palestina, “impeditivas – considera – de esforços mais abrangentes e coordenados” no domínio musical. É isso que, observa, “limita o sucesso e o alcance” de iniciativas “importantes e difíceis” como a Orquestra do Divã Ocidental-Oriental de Daniel Barenboim.
Em Jerusalem, conta, “os conflitos entre músicos transmutaram- -se em crossovers: a tradição de cada um acabou por se mesclar e fundir com a do outro, porque há um fun- do comum”. Daí que o seu diagnóstico seja: “os problemas são mais mentais do que reais”.
Para Savall, “a música dá sentido ao ser humano” e “revela a sensibilidade que encerra a linguagem humana”, porquanto ela “dá sentido às palavras”. Detecta “tantas músicas como homens existem, com uma origem comum, tal como sucede na linguagem”. De que decorre ser a música “síntese de um povo e da sua experiência histórica”, razão para serem “as músicas populares as que melhor e com mais emoção definem essa história, já que são músicas sobreviventes”. E tal como um espelho, também “a música ajuda as comunidades a sobreviver”.
Virando-se para o nosso tempo, Savall detecta “uma degeneração da sensibilidade” que se revela “em quem pretende escutar só a parte estética da música”. Savall é taxativo: “por esse caminho, termina-se em Auschwitz!”, aludindo aos tantos carrascos nazis que eram melómanos dedicados e cultivados.
Daí ser “muito importante não esquecer, não perder nunca a dimensão, o referente espiritual da música, pois é ele que dá sentido ao todo e faz que se manifeste o sentido do sagrado”.
O seu mais recente disco é um exemplo da sua convicção de que “a música serve para entender a história” e de que esta “toma de novo vida através da música”, pois, “quando feita com seriedade e provida de força emocional e espiritual, a música faz com que reflictamos”.
Um outro reflexo entrevê-o no património, pois “o que nos faz ser reconhecidos no universo não são só os produtos que exportamos. É também a cultura, e nesta, a música tem enorme importância”. Lamenta não haver em geral “consciência da importância do património musical” e, entre a Europa latina, “só a França” tem política de preservação “positiva e eficaz”.
Bernardo Mariano | Diário de Notícias, 13 de Março de 2010

A Escala Pentatónica, segundo Bobby McFerrin

Bobby McFerrin demonstra o poder da escala pentatónica com a participação do público, no evento “Notes & Neurons: In Search of the Common Chorus” que se realizou em Junho do ano passado em Nova Iorque, integrado no  World Science Festival – 2009.

Relacionado: Sobre a escala pentatónica, um artigo de João Martins.

Missa Salisburgensis, de Biber

A Missa Salisburgensis que Heinrich Ignaz von Biber (1644-1704) escreveu para 53 vozes e instrumentos, é considerada a peça musical barroca de maior escala existente.
Concebida em 1682 para celebrar o 1200º aniversário da fundação da Arquidiocese de Salzburgo, foi  interpretada na Catedral, tendo o público sido colocado na nave central, enquanto os músicos foram divididos em oito secções à sua volta.
Terá sido, porventura, a primeira experiência de surround a nível mundial. 🙂


II. Gloria | III. Sonatae Tam Aris Quam Aulis Servientes: Sonata XII | IV. Credo |
V. Sonatae Tam Aris Quam Aulis Servientes, Sonata V | VI. Sanctus, Benedictus |
VII. Agnus Dei | VIII. Sonata Sancti Polycarpi | IX. Motet “Plaudite Tym

Paixão

As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz
Apresentação integral da obra de Joseph Haydn.

A estrutura desta obra contempla sete Adagios, cada um com cerca de 10 minutos, precedidos por uma Introdução e seguidos por uma conclusão (“Terramoto”), o único andamento rápido. Poucos compositores teriam conseguido evitar a monotonia, mas Joseph Haydn combina com mestria temas, ritmos, modos e tonalidades, tornando constrastantes peças de dimensões semelhantes, sempre em forma de sonata. Nesta interpretação, Jordi Savall dirige Le Concert des Nations. Via.

Partes 2 3 4 5 6 7 8 9

Melancolia

“Flow my tears” de John Dowland, compositor e alaudista inglês, que viveu entre 1563 e 1626.

“Flow, my tears, fall from your springs,
Exiled for ever, let me mourn
Where night’s black bird her sad infamy sings,
There let me live forlorn.”