Archive for the ‘ História ’ Category

Pedro António Avondano, por Rosana Lanzelotte

Da selecção musical da segunda emissão do programa Histórias de Portugal, destaque para o Allegro, interpretado pela cravista Rosana Lanzelotte. A peça, integrante da sonata em dó maior do compositor português Pedro António Avondano (1714-1782), foi executada num cravo absolutamente invulgar, instrumento de autoria de José Calisto e considerado um dos tesouros mais raros das colecções do National Music Museum.

“Histórias de Portugal”

Ao longo de 13 emissões, com início no primeiro domingo de Novembro às 13h00, o novo programa de Virgínia da Silva Veiga na Antena 2 será recheado de acontecimentos da Idade Média relacionados com o reino português, mas também com os de Aragão, Castela e Leão.
O intuito da autora, ao promover o orgulho em Portugal e em ser português, contribuir para o gosto por um passado por vezes surpreendente, torna o programa numa referência obrigatória na rádio nacional.

HISTORIAS-DE-PORTUGAL

Relatam-se cultos antigos, como os de Santa Maria de Rocamador, São Pedro de Rates ou da Senhora do Ó, numa abordagem a envolver diferentes localidades portuguesas e dos reinos hoje espanhóis, de Aragão, Castela e Leão. Episódios protagonizados por personagens como Isabel de Aragão – cuja verdadeira figura física é abordada – ou a poderosíssima irmã de D. Dinis, D. Branca Afonso, mãe solteira. Também o nunca investigado filho desta, personagem a marcar presença nos reinos de Castela e Leão onde foi Mestre da Ordem de Calatrava. Pelo caminho das muitas revelações, ficar-se-á a melhor saber a razão pela qual El Libro de la Coronación – um manual de referência na coroação dos reis de Espanha – elaborado no Século XIV, hoje acervo de El Escorial, é de iniciativa portuguesa, tal como tudo aponta sê-lo o Códex Las Huelgas, fonte da musicologia medieval.
Gentes, terras e Arte medievais unidas “de ũu coraçom”, para tudo se sintetizar na frase de um dos historiadores a marcar presença logo na primeira emissão: D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos. 
Virgínia da Silva Veiga

Albrecht Dürer – “Massacre dos dez mil cristãos”

Em 29 de Maio de 1453, a capital do Império Bizantino, Constantinopla (Istambul), cai às mãos do Império Otomano, apagando assim os últimos vestígios do Império Romano. Em 1508, Albrecht Dürer ilustrou a barbárie turca com este “Massacre dos dez mil cristãos”.

Albrecht Dürer - Marter der zehntausend Christen - 1508

Albrecht Dürer – ‘Marter der zehntausend Christen’, 1508
Kunsthistorischen Museum, Viena

 

Ana Bolena de Rick Wakeman

On 23 May 1533, The Archbishop of Canterbury Thomas Cranmer, sitting in judgment at a special court convened at Dunstable Priory to rule on the validity of King Henry VIII’s marriage to Catherine of Aragon, declared the marriage of Henry and Catherine null and void. Five days later, on 28 May 1533, Cranmer declared the marriage of Henry and Anne Boleyn to be valid.
And then they lived happily ever after… until Anne Boleyn was executed on 19 May 1536…!

Mare Nostrum – Ligação entre Música e História

«Sem os sentidos não há memória e sem a memória não há inteligência.»
Voltaire, A Aventura da Memória e Outros Contos, 1773

Festival Monteverdi – Vivaldi | Concerto Inaugural – 01 Jun 2013
Mare Nostrum – Diálogo entre música veneziana, otomana, árabe-andaluza, sefardita e arménia da bacia do Mediterrâneo
Lior Elmaleh & Irini Derebei (voz) | Hesperion XXI & Jordi Savall

São Jorge

Pensa-se que os Cruzados ingleses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em 1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de Dom Afonso IV de Portugal que o uso de “São Jorge!” como grito de batalha se tornou regra, substituindo o anterior “Sant’Iago!”.
O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a Ermida de São Jorge a testemunhar esse facto. O Rei Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu Santiago maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.
Entre as diversas lendas sobre São Jorge, como a “do dragão e da princesa”, a data de 23 de Abril do ano de 303 é tida como o dia da sua morte. Via.
Michiel van Coxcie [1499-1592] – A Tortura de São Jorge, 1580s

Michiel van Coxcie - The Torture of St George, 1580s

The Pilgrim-Fathers’ Voyage with the ‘Mayflower’

Em meados de 1620, cerca de uma centena de Puritanos inglesesPilgrim Fathers – fretou o navio Mayflower para uma viagem ao Novo Mundo, em busca da liberdade religiosa que lhes era negada pela Igreja Anglicana. Em troca, deveriam trazer peixe, peles e madeira.
Chegados a Cape Cod (Massachusetts) em Novembro, encontraram uma população índia hostil que os obrigou a passar o inverno a bordo, período em que uma epidemia dizimou cerca de metade da tripulação.
A 5 de Abril de 1621, o Mayflower iniciava a viagem de regresso a Inglaterra, com os porões vazios…

Nós e os Chins

O grande objectivo das missões dos jesuítas era a evangelização da China, iniciada por Matteo Ricci (1552-1610), um italiano de famílias nobres que tinha partido para o Oriente em 1578, equipado de uma vasta cultura científica. Ricci percebera o grande interesse chinês pelos conhecimentos científicos que os ocidentais possuíam e foi o primeiro europeu a conseguir conquistar a confiança de altos dignitários do Império do Meio. Na sua esteira, os missionários jesuítas, muitos dos quais portugueses, conseguiram pouco a pouco ter uma posição influente em Pequim, chegando a presidir ao Tribunal das Matemáticas, que era um conselho imperial para matérias científicas, nomeadamente para a organização do calendário, para a previsão de eclipses e para a observação astronómica. Na sua correspondência com o Vaticano, Ricci e os seus companheiros insistiam frequentemente na importância da ciência.
«Enviem-nos matemáticos!», pedia Ricci, «enviem-nos livros!»

O texto que se segue foi retirado do blog De Rerum Natura, a partir do artigo de Jorge Fiolhais, publicado no jornal Público de 20 Fevereiro 2012.

O português Jorge Álvares foi o primeiro europeu a desembarcar na China, em 1513, faz agora 500 anos. Partindo de Malaca, que tinha sido conquistada por Afonso Albuquerque em 1511, dirigiu-se, com fins comerciais, para Norte até alcançar a foz do Rio das Pérolas.
De facto, a terra não era nova. Desde Marco Polo que a Europa sabia das maravilhas da China. Mas só a conquista de Malaca tinha assegurado aos ocidentais uma rota marítima para a China. Os portugueses encontraram, no que chamaram terra dos chins”, uma civilização avançadíssima. E, dada essa desigualdade, o intercâmbio entre os portugueses e os chineses não correu bem nas primeiras quatro décadas de contacto. O desconhecimento luso dos usos e costumes chins era tremendo. Passados quatro anos da chegada de Jorge Álvares, uma missão capitaneada por Fernão Peres de Andrade levando a bordo o embaixador Tomé Pires, um ex-boticário, entrava em Cantão com o intuito de entregar uma mensagem de D. Manuel ao imperador da China, estabelecendo relações diplomáticas e abrindo portas ao comércio. Mas essa primeira missão portuguesa na China falhou redondamente: não só demorou a chegar a Pequim, tolhida por todo o tipo de obstruções, como acabou por não ser recebida. A corte imperial da dinastia Ming não achou adequada a carta do monarca português. Os membros da missão foram presos, alguns mesmo executados, uma vez regressados a Cantão.
Os navegadores portugueses, ao entrar pela primeira vez em Cantão, tinham disparado uma salva num gesto ao mesmo tempo de saudação e intimidação. Os chins estranharam a primeira e não se deixaram impressionar pela segunda. Não era costume na China, onde a pólvora e o canhão tinham sido inventados, cumprimentar aos tiros. Os portugueses, que vinham de Malaca, um protectorado chinês, depressa perceberam que no Império do Meio não podiam, como tinham feito noutros sítios da Ásia, entrar a ferro e fogo. A artilharia portuguesa podia até ultrapassar a chinesa, mas os chins tinham bons navios e boa pontaria, para além da sua superioridade numérica (as duas primeiras batalhas navais foram por isso favoráveis aos chineses). Além disso, o comércio que os portugueses buscavam estava na China bem regulamentado, incluindo os tributos ao imperador. Os portugueses teriam de cumprir as regras se queriam transaccionar ali e, para seu infortúnio, não estavam sequer inscritos nos livros antigos de comércio que os mandarins mantinham. Era um encontro de civilizações em que os extraterrestres eram inferiores aos indígenas.
João de Barros, na sua 3.ª Década da Ásia (Lisboa, 1563) conta como os chineses viam os estrangeiros:E bem como os gregos, em respeito de si, todalas outras nações haviam por bárbaras, assi os chins dizem que eles tem dous olhos de entendimento acerca de todalas cousas, nós, os da Europa, depois que nos comunicaram, temos um olho, e todalas outras nações são cegas.” Acrescenta: E verdadeiramente quem vir o modo de sua religião (…) os estudos gerais onde se aprende toda ciência natural e moral, a maneira de dar os graus de cada ua ciência destas, e as cautelas que tem pera não haver subornações e terem impressão de letra muito mais antiga que nós, e sobre isso o governo de sua república, a mecânica de toda obra de metal, de barro, de pau, de pano, de seda, haverá que neste gentio estão todalas cousas de que são louvados gregos e latinos.” A visão do cronista é a de um dos lados. Quem ler os livros chineses logo percebe que o contraste era ainda mais nítido visto do outro lado. Os portugueses eram considerados piratas sanguinários que traficavam pessoas além de mercadorias, e foram, ainda que erroneamente, acusados de canibalismo (correu até o boato que comiam criancinhas!). O historiador Fok Kai Cheong, que investigou fontes chinesas, transcreve um texto coevo:Os Feringis [os Portugueses] são os mais cruéis dos bandidos. Devem, pura e simplesmente, ser afastados (Estudos sobre a Instalação dos Portugueses em Macau, Gradiva, 1996)
As relações haveriam, porém, de se normalizar com a cedência de Macau em 1557, como interposto comercial, sem quebrar as normas do império. Através de Macau a faceta humanista e científica da civilização ocidental haveria de chegar à China. Exemplo de um encontro feliz de civilizações foi a chegada a Macau, em 1582, e a Pequim, em 1601, do jesuíta italiano Matteo Ricci, que após ter estudado em Coimbra partiu de Lisboa para o Oriente, onde escreveu dicionários e tratados e traçou mapas. Os jesuítas portugueses tornaram-se peritos da corte imperial, dada a clara supremacia da astronomia ocidental. Só no século XVII, graças à sua influência apareceria na China um globo esférico para representar a Terra, como mostra a exposição 360º. Ciência Descoberta”, comissariada por Henrique Leitão, que está quase a abrir na Gulbenkian.

Espíritu de Armenia

Armenia es una de las más antiguas civilizaciones cristianas de Oriente y ha sobrevivido de forma milagrosa a una historia convulsa y particularmente trágica. Desde su fundación se encuentra situada, en términos políticos y geográficos, en medio de otras grandes culturas en las que predominan las creencias orientales y musulmanas; y ha experimentado una historia muy dolorosa, salpicada por guerras y matanzas extremas cuyas consecuencias han sido la desaparición de más de la mitad de sus habitantes, el exilio de muchos otros y la pérdida de grandes partes del territorio. A pesar de todo ello,  ha sabido conservar la esencia de sus particularidades nacionales a lo largo de los siglos, empezando por la creación de un alfabeto propio (en 405 por el monje Mesrop Mashtots) y siguiendo por el rico patrimonio arquitectónico que hoy se encuentra disperso más allá de sus territorios actuales. Y, si ese patrimonio tangible es un testimonio de lo más asombroso, también ha conservado un rico patrimonio intangible en el ámbito musical: un repertorio muy rico y diferenciado, pero por desgracia poco conocido (salvo el correspondiente al duduk).
En todas las culturas desarrolladas, la música –representada por ciertos instrumentos y los modos de cantar y tocar que pueden concretizarla– se convierte en el reflejo espiritual más fiel del alma y la historia de los pueblos. De entre todos los instrumentos utilizados en sus antiguas tradiciones musicales, Armenia ha concedido una preferencia particular a un instrumento único, el duduk, hasta el punto de que cabe afirmar que dicho instrumento la define de un modo casi absoluto. En cuanto se escuchan los primeros sones de esos instrumentos (que suelen tocar en dúo), la calidad (casi vocal)  y la suavidad de sus vibraciones nos transportan a un universo poético fuera de lo común y nos arrastran hasta una dimensión íntima y profunda. La música se convierte en un verdadero bálsamo, sensual y espiritual a la vez, capaz de llegarnos directamente al alma y, acariciándola, curar todas las heridas y pesadumbres.
Montserrat Figueras sentía una profunda simpatía y una gran fascinación por esos instrumentos armenios (en especial, por el duduk y la kamancha) y también una gran admiración por las extraordinarias cualidades musicales de nuestros amigos músicos de Armenia. Tras su muerte, hallé un gran consuelo con la escucha de esos maravillosos lamentos para dos duduks y kamanchas, y por eso les pedí que vinieran a las ceremonias que organizamos para despedir a nuestra querida Montserrat. Sus intervenciones musicales llenaron los lugares con los sonidos de otro mundo, pero también con una belleza y una espiritualidad conmovedoras. Tras esos momentos de una emoción tan intensa y bajo el impacto del profundo consuelo que su música me aportaba, se me ocurrió dedicar este singular proyecto a la memoria de Montserrat Figueras y rendir nuestro homenaje personal a un pueblo que tanto ha sufrido en su historia (un sufrimiento que dista hoy de ser plenamente reconocido) y un pueblo que, a pesar de tanto dolor, ha inspirado unas músicas muy llenas de amor y portadoras de paz y armonía. Al mismo tiempo, también quiere ser un sincero homenaje a esos músicos extraordinarios que dedican su vida a mantener viva la memoria de esa antigua cultura.
Como por un maravilloso azar, el queridísimo amigo y gran maestro de la kamancha Gaguik Mouradian, me había ofrecido (ya, en el 2004) diversas antologías de músicas armenias, entre las cuales se encontraba el portentoso Tesauro de melodías armenias publicado en 1982 en Ereván por el musicólogo Nigoghos Tahmizian, donde que encontré los más hermosos ejemplos de ese repertorio, completados luego con las piezas para kamancha y otras para dos duduks propuestas por los amigos músicos armenios. Con la colaboración de otro músico extraordinario y también amigo muy querido, el intérprete de duduk Haig Sarikouyoumdjian, he pasado varios meses de estudio y trabajo cotidiano descifrando los secretos de esas antiguas y bellísimas melodías, escuchando viejas grabaciones  e investigando las claves «secretas» del estilo y el carácter de cada una de esas músicas. Durante estos últimos meses no ha habido noche que no concluyera sin unas horas maravillosas estudiando y disfrutando de la interpretación de esas melodías dotadas de tan poderoso encanto.
Por último, pudimos encontrar las fechas para trabajar juntos y, entre finales de marzo y principios de abril nos reunimos en la maravillosa iglesia colegial de Cardona para grabar todas las piezas elegidas en este homenaje personal y colectivo dedicado al cautivador y elegíaco Espíritu de Armenia. A continuación y gracias la colaboración de Lise Nazarian, otra querida amiga de Armenia, nos dedicamos a la búsqueda y el estudio de los elementos complementarios de la música para la realización del libreto del disco: libros sobre el arte y la historia de Armenia, que encontramos en abundancia gracias a Armen Samuelian y Alice Aslanian, conservadores y animadores de la fabulosa Librairie Orientale, situada en la calle Monsieur le Prince de París, y elección también del especialista J.-P. Mahé para la presentación de un resumen básico sobre el arte y la historia del país. De forma complementaria, Manuel Forcano aportó textos sobre la memoria del Genocidio y la cronología de su historia: una historia que, modestamente, queremos contribuir a mantener viva con la emoción de las músicas de esta grabación.
Sin Emoción no hay Memoria, sin Memoria no hay Justicia, sin Justicia no hay Civilización, y sin Civilización el ser humano no tiene futuro.
JORDI SAVALL
Versalles, 5 de julio del 2012
Traducción: Juan Gabriel López Guix

«Vite! Vite! Mon barnais! Mon cheval!»

Jeanne d’Arc, chef de guerre ou simple mascotte (avril 1429 – mai 1430)?
Ses frères la rejoignent. On l’équipe d’une armure et d’une bannière blanche frappée de la fleur de lys, elle y inscrit Jesus Maria, qui est aussi la devise des ordres mendiants (les dominicains et les franciscains). En partance de Blois pour Orléans, Jeanne expulse ou marie les prostituées de l’armée de secours et fait précéder ses troupes d’ecclésiastiques. Arrivée à Orléans le 29 avril, elle apporte le ravitaillement et y rencontre Jean d’Orléans, dit « le Bâtard d’Orléans », futur comte de Dunois. Elle est accueillie avec enthousiasme par la population, mais les capitaines de guerre sont réservés. Avec sa foi, sa confiance et son enthousiasme, elle parvient à insuffler aux soldats français désespérés une énergie nouvelle et à contraindre les Anglais à lever le siège de la ville dans la nuit du 7 au 8 mai 1429. Via Wikipedia