Arquivo de Maio, 2010

A execução de Lady Jane Grey

Os últimos momentos de Jane Grey, bisneta de Henrique VII, proclamada Rainha de Inglaterra após a morte de Eduardo VI, tal como ela, protestante. Vítima de uma conspiração dos partidários de Mary Tudor, a filha católica de Henrique VIII, foi condenada à morte na Torre de Londres, por alta traição.
Pode ser vista até domingo na The National Gallery, Londres.

The Execution of Lady Jane Grey - Paul Delaroche, 1833

Nos 120 anos de Mário de Sá-Carneiro

O dúbio mascarado o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito
O Rei-lua postiço, o falso atónito;
Bem no fundo o covarde rigoroso.
Em vez de Pajem bobo presunçoso.
Sua Ama de neve asco de um vómito.
Seu ânimo cantado como indómito
Um lacaio invertido e pressuroso.

O sem nervos nem ânsia – o papa- açorda,
(Seu coração talvez movido a corda…)
Apesar de seus berros ao Ideal

O corrido, o raimoso, o desleal
O balofo arrotando Império astral
O mago sem condão, o Esfinge Gorda.

Poema Aqueloutro, de Mário de Sá Carneiro
Gravura de Nicolas Poussin – Rinaldo and Armida, 1629

“Para Botticelli”, nos 500 anos da sua morte

Para Botticelli

Pressinto que o mundo cresce de teus dedos
quando num clarão mortal se rasgam asas
e faces lívidas de anjos
choram suas raízes arrancadas do chão.

Quando o vento grita em teus cabelos
que não é o mar a seara que se ondula.

Quando um perfil destrói em si a noite
e o teu peito,
onde límpida era a sua côr.

Quando uma árvore frutifica a sua solidão
e se ilumina
com um súbito canto
ou um vulto quase irreal de ser tão breve.

Quando, de olhos sangrentos,
sentes nitidamente o anoitecer
e exausto abandonas a cabeça a mãos ausentes:
náufrago de veias que prolongam a terra,
transfigurado no rosto
onde a manhã te anuncia o seu regresso.

in Silabário, de José Bento

Musica Aeterna

Ainda não me tinha ocorrido perguntar ao estimado João Chambers qual a peça de abertura do Musica Aeterna, que faço por ouvir aos sábados entre as 14:00 e as 16:00 na Antena 2.
Tropecei finalmente nesta interpretação do Savall no Mezzo, que de imediato soou familiar. Parcos segundos depois, já tinha ido ao Youtube e colocado o vídeo no Facebook, onde escrevi que se dá tudo isto por adquirido, tal como os miúdos fazem. Mas não é exactamente assim. Só por si, isto nada tem de extraordinário, mas conseguir congelar momentos destes, no caos da web, requer um conhecimento adquirido que os miúdos não têm.
Por isso é que eu sou um miúdo crescido. 🙂

‘Abendmusiken’, de Dietrich Buxtehude (II)

Dietrich Buxtehude, organista e compositor que se supõe ter nascido em 1637, representa, a par de Heinrich Schütz (1585-1672), o expoente máximo do barroco alemão no século XVII. O seu estilo influenciou inúmeros compositores, entre os quais Johann Sebastian Bach. Morreu neste dia 9 de Maio, em 1707.

A primeira parte desta Abendmusiken – Benedicam Dominum BuxWV 113 (música nocturna) está nesta publicação.

Lisboa DownTown 2010

Calçadas de empedrado, túneis escuros, ruas estreitas, obstáculos e longas escadarias substituíram há muito as condições naturais da montanha, único spot para a prática de Downhill até à entrada no novo milénio.
Foi no ano de 2000, com o Nissan Lisboa Downtown, na altura ainda Red Bull Downtown, que, pela primeira vez, o Downhill se deu a conhecer à cidade e ao público em geral.
Alfama, um bairro típico português, recebe há 10 edições os melhores riders do Mundo para durante um dia darem o seu melhor num cenário propício à prática da modalidade. As condições extremas fazem deste evento incomparável e único em todo o mundo. O sucesso do Nissan Lisboa Downtown tornou Lisboa na “Capital Mundial do Downhill Urbano”.
Ao longo dos anos, o evento e a modalidade cresceram lado-a-lado. Foram muitas as milhares de pessoas que se deslocaram a Alfama para assistir às descidas cronometradas. E muitos mais os que em casa, pela televisão ou internet, acompanharam segundo a segundo, descida a descida cada edição do Lisboa Downtown, como quem vê pela primeira vez.
Passaram 11 anos desde a primeira edição, mas o objectivo é o mesmo: alcançar o título de “Rei de Alfama”. O público aplaude e vibra com as descidas frenéticas, as curvas apertadas e a proximidade dos atletas. A 8 de Maio assiste-se a mais uma edição do Nissan Lisboa Downtown.
Os melhores do mundo têm presença obrigatória. Estão assim reunidas todas as condições para que esta edição seja mais um sucesso e o evento continue a celebrar a modalidade de todos nós, o Downhill Urbano. Via. Mais fotos, no Facebook.

Alessandro Scarlatti

Alessandro Scarlatti lived between the years 1660-1725, and during that time wrote in all the major forms of the day. Although he was most famous for his operas and vocal compositions, he wrote some very fine keyboard music in the later years of his life. Domenico Scarlatti’s keyboard music is more widely known, but the La Folia variations feature thirty pieces on the La Folia theme. They are elaborate and beautiful, and well worth listening to. They may have been written for one of Scarlatti’s patrons, Cardinal Ottoboni, who possessed a harpsichord with a complete bottom octave and three sets of strings.

The La Folia theme is named after a fifteenth century dance of Portugal, that later moved to Spain. “Folia” means “insane” and the dance was so named because it was accompanied by wild singing, and the dancing was done as if the dancers were out of their minds. During the late seventeenth century, composers began writing variations on the La Folia theme, which had developed over a long period of time from various sources of the dance. It was a very popular type of composition for seventeenth century guitarists as well as keyboardists, and many great composers wrote pieces of this genre. J.S. Bach, Corelli, and Vivaldi all wrote La Folia variations. The theme for Scarlatti’s La Folia variations first appeared in an “air des hautbois” of Jean Baptiste Lully.

© All Music Guide

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