É difícil conceber que um músico tenha partilhado o estúdio e o palco com os saxofonistas John Coltrane e Eric Dolphy, com o trompetista Freddie Hubbard, com os pianistas McCoy Tyner, Tommy Flanagan e Mal Waldron, com os bateristas Max Roach, Elvin Jones e Roy Haynes, apenas durante os últimos três anos da sua vida breve… Foi este o percurso do trompetista Booker Little[2 Abril 1938 – 5 Outubro 1961], que, não tendo adquirido notoriedade e aclamação em vida, deixou no entanto a sua marca para a eternidade por ter brilhado tão fugazmente no centro desta constelação de estrelas.
O saxofonista de jazz Kamasi Washington, nascido em Los Angeles em 1981, foi discípulo de Reginald Andrews [1948-2022] na The Multi School Jazz Band (MSJB), onde conheceu o multi-instrumentista Terrace Martin e o baixista Stephen “Thundercat” Bruner, quando ainda eram adolescentes. Em 2006 fundaram o colectivo de jazz West Coast Get Down, a quem se juntaram o baixista Miles Mosley, os bateristas Ronald Bruner Jr. e Tony Austin, os pianistas Cameron Graves e Brandon Coleman, e o trombonista Ryan Porter.
Com sete álbuns editados, o já muito respeitado Washington regressa a Portugal nos próximos dias 25 (Porto) e 26 (Lisboa) para apresentar o seu último trabalho Fearless Movement (Young, 2024)
Completa hoje 87 anos e com as faculdades intactas Charles Lloyd, o lendário saxofonista oriundo de Memphis que na segunda metade da década de 50 se mudou para Los Angeles e se juntou a Ornette Coleman, Billy Higgins, Eric Dolphy e Bobby Hutcherson para actuar em clubes de jazz; Ou que na segunda metade da década de 60 liderou um quarteto que incluía Keith Jarrett e Jack DeJohnette e, no mesmo período, colaborou com Cannonball Adderley.
Entre 1989 e 2012, Manfred Eicher produziu praticamente duas dezenas de álbuns de Lloyd para a ECM. Desde então, juntou-se à Blue Note, onde gavou uma dezena de trabalhos, o mais recente duplo LP ‘The Sky Will Still Be There Tomorrow’ de 2023 e lançado em 2024, para o que reuniu um quarteto onde teve a companhia do pianista Jason Moran, o baixista Larry Grenadier e o baterista Brian Blade. Fica a faixa homónima que dá o título ao álbum.
Marc-Antoine Charpentier [1643-1704], que morreu neste dia 24 de Fevereiro em Paris, está entre os compositores mais importantes do período barroco francês, tal como os contemporâneos Jean-Baptiste de Lully [1632-1687], François Couperin [1668-1733] ou Jean-Philippe Rameau [1683-1764]. A música de Charpentier mistura os estilos francês e italiano; este último sob influência, entre outros compositores, de Giacomo Carissimi. Em França, trabalhou para o rei Luís XIV e para os jesuítas em Paris, notabilizando-se pelas composições de música sacra, que rivalizavam com as de Lully.
«J’étais musicien, considéré comme bon parmi les bons, ignare parmi les ignares. Et comme le nombre de ceux qui me méprisaient était beaucoup plus grand que le nombre de ceux qui me louaient, la musique me fut de peu d’honneur mais de grande charge… […] guéris, purifie, sanctifie les oreilles de ces hommes pour qu’ils puissent entendre le concert sacré des anges ! »
Texto de Charpentier, extraído do seu Epitaphium Carpentarij H.474 – cantata escrita em 1687 para 6 vozes e baixo contínuo.
O título desta obra, em forma de tombeau, sugere uma homenagem sentida a um colega compositor, mas o texto em latim identifica na composição dois amigos, três anjos e o fantasma do próprio Charpentier, tornando-a no seu próprio epitáfio. Gravada em 2006 pelo conjunto Il Seminario Musicale, dirigido pelo contratenor Gérard Lesne, conta com os seguintes solistas:
Quid audio, quid murmur / Amici viatores nolite timere / O aeternitas quam longa, o vita quam brevis / Musicus eram inter bonos / Dic nobis, umbra chara / Ah, socii! qui carissimi nomen habebat / Cantique des anges: Profitentes unitatem, veneremur trinitatem / O suave melos!
Na passagem do ducentésimo octogésimo quarto aniversário sobre a morte de Johann Joseph Fux [ca. 1660 – 1741], compositor e teórico musical austríaco do barroco tardio que exerceu o cargo de Kapellmeister na Catedral de Santo Estêvão em Viena, o solene Kaiserrequiem K 51–53 em Dó menor para cinco vozes, originalmente escrito em 1720 para o funeral de Eleonora Magdalena, viúva do Sacro Imperador Romano-Germânico Leopoldo II, foi posteriormente executado em outras cerimónias fúnebres da Côrte. Composto pelo Introitus, Kyrie, a sequência Dies irae, o ofertório Domine Jesu Christe, Sanctus,Benedictus, Agnus Dei e a comunhão Lux aeterna, integra o álbum Johann Joseph Fux, Johann Caspar Kerll: Requiems | ℗ Outhere, 2016.
Tem como intérpretes os Ensembles L’Achéron e Vox Luminis, com direcção de Lionel Meunier.
O dia 27 de Janeiro possui uma curiosa coincidência na histórica da música: a de Juan Crisóstomo Arriaga [1806-1826], compositor apelidado de Mozart espanhol por, tal como W.A.Mozart [1756-1791], ambos serem jovens prodígios e terem morrido precocemente. Acresce o facto de ambos terem nascido neste dia, com um intervalo de 50 anos. Enviado pelo pai para Paris com apenas 15 anos de idade, o jovem Juan Crisóstomo foi discípulo de Luigi Cherubini [1760-1842] e, possivelmente em 1824, compôs os Três Quartetos de Cordas que dedicou ao progenitor. No Verão de 2013, em Madrid, o Ensemble La Ritirata, com Josetxu Obregón no violoncelo e direcção musical, gravou para a Glossa o disco De Arriaga: The Complete String Quartets on Period Instruments, do qual fica o primeiro andamento do Quarteto de Cordas nº 2 em lá maior: Allegro con brio.
Na passagem do trecentésimo octogésimo quinto aniversário sobre a morte de Melchior Franck [Zittau, ca. 1579 – Coburg, 1 Junho 1639], compositor protestante alemão activo durante a transição do Renascimento para o Barroco, que exerceu desde 1603 até ao fim da vida o cargo de Kapellmeister da corte de Coburg. No início da sua formação foi aluno de Hans Leo Hassler.
O trabalho de Franck inclui música sacra em alemão e latim, motetos, salmos e música sacra, como os conhecidos Gemmulae Evangeliorum em quatro partes (também publicados como Provérbios do Evangelho em 1623).
Na passagem do trecentésimo vigésimo oitavo aniversário sobre o nascimento do compositor do barroco alemão Johann Melchior Molter [1696-1765], o primeiro andamento do Concerto para flauta em Ré maior, MWV 6.17 – Allegro.
Álbum: Forgotten Treasures, Vol. 12 ℗ 2021 Ars Production
Orquestra Die Kölner Akademie · Direcção de Michael Alexander Willens · Anna Besson, flauta
Na passagem do trecentésimo quadragésimo aniversário sobre o nascimento do compositor do barroco alemão Christoph Graupner [1683-1760], que trabalhou como cravista na Ópera de Hamburgo entre 1705 e 1709, após o que e exerceu o cargo de mestre de capela na corte de Darmstadt, cidade onde permaneceu até ao fim dos seus dias, fica o primeiro movimento da cantata “Zerfließ’, mein Herz, in Blut”, dividida em sete secções.
No trecentésimo quinquagésimo aniversário da morte de Giacomo Carissimi[1605-1674], figura cimeira da Roma do século XVII enquanto eclesiástico, docente e prolífico compositor do início do Barroco italiano, que a partir de finais de 1629 exerceu o cargo de mestre de capela da igreja de Sant’Apollinare, anexa ao Colégio germano-húngaro, lugar que ocupou até à sua morte. A música sacra de Carissimi inclui 8 missas, cerca de 200 motetos e duas dezenas de oratórios, e a secular mais de duas centenas de cantatas.
Álbum: Carissimi: Messe à huit voix et Trois motets (2022) Missa in Sol magg. a 8 voci senza basso continuo: III. Credo · Coro e Orquestra Gulbenkian · Michel Corboz
Jos d'Almeida é um compositor de música electrónica épico sinfónica, podendo este género ser também designado como Electrónico Progressivo. Na construção de um som celestial, resultante da fusão de várias correntes musicais, JOS utiliza os sintetizadores desde o início dos anos 80.
Chuck van Zyl
Chuck van Zyl has been at his own unique style of electronic music since 1983. His musical sensibilities evoke a sense of discovery, with each endeavor marking a new frontier of sound.