Em 1974, tinha 13 anos. Lembro-me que lia os vespertinos Diário Popular e A Capital. Dois dias depois da Revolução, comprei a Edição Especial de O Século Ilustrado e retive, desde então, as palavras de alguém que estaria junto à banca dos jornais: “Guarda, que um dia vais mostrar aos teus netos”.
Embora esse dia ainda não tenha chegado, aqui fica o Documento, que está publicado na minha página do Issuu.
As reportagens fotográficas são de Eduardo Gageiro, Fernando Baião, Francisco Ferreira e Afredo Cunha.
O Século Ilustrado - Suplemento ao Nº 1895, de 27 de Abril de 1974
A justaposição de bocas braços e pernas faz, desta obra de Willem de Kooning, mais do que abstracta, talvez uma das mais tardias expressões do cubismo. Leituras?
Nem tudo vai mal na Lusitânia. Melhor dizendo, temos até bons motivos de satisfação sobre o jazz que se toca por cá; Desde o jovem Júlio Resende, que me fez uma simpática dedicatória no disco Alma, até este fresco de Rui Caetano, temos gente muito talentosa e com carreiras promissoras.
As imagens do vídeo são de autoria do fotógrafo inglês Stu Egan e a faixa Luisa pertence ao Álbum Reflexos, de 2008.
Rui Caetano, piano – Bernardo Moreira, baixo – Marco Franco, bateria.
Faz hoje precisamente 50 anos que, com as faixas Flamenco Sketches e All Blues, se concluía a gravação em Estúdio da obra-prima de Miles Davis, Kind of Blue.
Sob a forma de tributo, criei uma página, especialmente dedicada a esta obra maior do jazz, que tive a felicidade de receber como prenda de Natal. 🙂
The deck is dazzle, fish-stink, gauze-covered buckets.
Gelatinous ingots, rainbows of wet flinching amethyst
and flubbed, iridescent cream. All this
means he’s better; and working on a haul of lumpen light:
polyps, plankton, jellyfish and sea butterflies, the pteropods.
“So low in the scale of nature, so exquisite in their forms!
You wonder at so much beauty — created,
apparently, for such little purpose!” They lower his creel
to blue pores of subtropical ocean. Wave-flicker, white
like a gun-flash over the blown heart of sapphire.
Peacock eyes, beaten and swollen,
tossing on lazuline steel.
in Darwin: a life in poems (2009), de Ruth Padel – descendente de Darwin
Este quadro é uma das obras fundamentais do século XIX. O tema retrata um acontecimento recente da época, o salvamento dos sobreviventes ao naufrágio da fragata “La Méduse”, que se teria afundado perto da costa do Senegal, em 1816.
Cento e cinquenta pessoas andaram à deriva durante dez dias numa jangada. Restavam quinze sobreviventes, quando finalmente avistaram um barco. Foi este o momento escolhido pelo pintor. Gericault propôs-se contar a tragédia através do relato de dois dos sobreviventes, representados ao pé do mastro, que lhe deram uma descrição precisa da jangada. As suas preocupações com o realismo, levaram-no ao hospital para observar os sobreviventes e os cadáveres, tendo não só levado para o seu atelier de trabalho um pedaço de cadáver em decomposição, como inclusive decidido passar algum tempo em mar alto. Nos modelos humanos em que se inspirou, encontrava-se Eugène Delacroix, a figura moribunda de cabeça para baixo, ao centro.
“La Méduse” (1819) é um exemplo perfeito do Romantismo – pela inspiração sobre um episódio de terror da história contemporânea – e escorreita na fluidez do dramatismo, embora recorra à tradição Neoclássica da estrutura piramidal.
A obra seminal de Gericault tem um vincado carácter político – frequente na literatura -, pela reflexão que propõe sobre o sentimento abolicionista, sendo que foi das primeiras representações na arte europeia a utilizar um preto como símbolo de todas as esperanças da humanidade, o que na época esteve longe de ser consensual, tendo chegado a ser desacreditada no Salão de Paris em 1819 e, talvez por isso mesmo, foi muito bem recebida em Inglaterra, no ano seguinte, onde foi vista por 40 mil pessoas, um número invulgar, à época. 🙂 Theodore Gericault (1791-1824), foi uma figura chave do Romantismo francês. Tendo sido fortemente influenciado por esta obra de Michelangelo, também a sua influência se torna evidente, por exemplo, nesta obra de Delacroix.
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Em Junho de 1816, o navio Medusa içou velas, juntamente com outros três navios, em direcção ao porto de Saint-Louis, o qual tinha sido oferecido por Inglaterra a França como prova de boa-fé pela restauração da Monarquia, após a capitulação de Napoleão. O navio, cujo capitão era Hugues Duroy de Chaumereys, transportava cerca de 400 pessoas, incluindo o novo Governador do Senegal.
Pretendendo aproveitar o bom tempo, O Medusa ganhou significativa vantagem sobre os outros navios mas, no início de Julho, por alegada incompetência do capitão, encalhou num banco de areia. As tentativas de largar carga ao mar não resultaram, também porque Chaumereys impediu a tripulação de lançar os canhões ao mar.
Os passageiros mais importantes foram colocados em barcos salva-vidas, suficientes apenas para 250 pessoas; As restantes foram colocadas numa jangada atada a um dos salva-vidas e que submergiu parcialmente pelo excesso de peso que transportava. A dada altura, acidentalmente ou não, o cabo soltou-se. O que se passou a seguir foram cerca de duas semanas de pesadelo num mar tempestuoso, com mortes brutais e até actos de canibalismo. Quando a jangada foi encontrada, restavam apenas 15 sobreviventes.
A tragédia gerou um verdadeiro escândalo, com o capitão a ter de responder num tribunal marcial e os franceses a passarem pelo ridículo perante os ingleses.
As elevadas dimensões da obra (491 cm × 716 cm), lembram as pinutras históricas tradicionais embora, aqui os heróis sejam substituidos pelos deserdadados da vida, deixados à sua sorte, perdidos no mar, sem saber se viriam a ser salvos.
Géricault denota nesta obra uma notável mestria, com a interligação dos “triângulos”, característicos do Renascimento e do período Barroco. A figura do africano representa um dos vértices dos quatro triângulos. Os outros são representados pelos mortos e pelos moribundos (ao centro), pelos que estão junto do mastro e finalmente pelos que se tentam erguer. A intensidade dramática divide-se entre a angústia das figuras de primeiro plano e a esperança das mais distantes.
Depois de avistado, o navio que os salvou, o Argus, desapareceu durante mais de duas horas, causando o pânico e o desespero nos náufragos; Daí a silhueta difusa, sem se perceber se se aproxima se se afasta. Os tons tempestuosos do mar e do céu, carregados de luz e sombra, mostram a mercê dos homens face à Natureza, atraindo-nos assim para o centro da cena.
Os vídeos que se seguem, deve ser visualizados num respeitoso silêncio, em memória de uns tipos que deram uma luta dos diabos antes de morrer. E não é bonito de ver! Só quem tenha andado à porrada a sério dá valor a estas coisas. Se quiser votar na morte mais valorosa, pode fazê-lo aqui. Nada de lamechiches, que eles têm sniferspara detectar lágrimas de crocodilo.
Uma selecção destas terá sempre de ser redutora, além de subjectiva. No entanto, custa a crer como é que o bravo Elias em Platoon (1986) fica de fora. Eu? Gostaria de morrer como o Bill, que teve uma vida preenchida. 🙂
Jos d'Almeida é um compositor de música electrónica épico sinfónica, podendo este género ser também designado como Electrónico Progressivo. Na construção de um som celestial, resultante da fusão de várias correntes musicais, JOS utiliza os sintetizadores desde o início dos anos 80.
Chuck van Zyl
Chuck van Zyl has been at his own unique style of electronic music since 1983. His musical sensibilities evoke a sense of discovery, with each endeavor marking a new frontier of sound.