Requiem de Mozart pelo Quarteto Arabesco

Integrado nos Concertos de Domingo da Fundação Calouste Gulbenkian, o Quarteto Arabesco apresenta a versão para quarteto de cordas de P. Lichtenthal (1780-1853) do Requiem de W.A. Mozart (1756-1791). Sem vozes nem palavras, só a música reduzida para apenas quatro instrumentos numa revelação intimista e depurada dos elementos musicais chave desta fantástica obra.

O concerto, de entrada livre, será no Átrio da Biblioteca de Arte do Museu Gulbenkian, Domingo dia 7 de Abril às 12h00.

Quarteto Arabesco (em instrumentos históricos)
Denys Stetsenko e Raquel Cravino, violinos
Lúcio Studer, violeta
Ana Raquel Pinheiro, violoncelo

Musica Aeterna – Prophetiae Sibyllarum

O universo das Sibilas, a antologia “Prophetiae Sibyllarum” de Orlando di Lasso, os poemas alusivos do historiador e teólogo dominicano Filippo Barbieri, ou, mais prosaicamente, Philippus de Barberiis, as iluminuras de Hans Mielich, pintor da corte de Alberto V da Baviera, e a música de Christoph Willibald Gluck, Gioseffo Zarlino e de autores anónimos.
João Chambers, Musica Aeterna – Emissão de 6 de Abril de 2013

The Pilgrim-Fathers’ Voyage with the ‘Mayflower’

Em meados de 1620, cerca de uma centena de Puritanos inglesesPilgrim Fathers – fretou o navio Mayflower para uma viagem ao Novo Mundo, em busca da liberdade religiosa que lhes era negada pela Igreja Anglicana. Em troca, deveriam trazer peixe, peles e madeira.
Chegados a Cape Cod (Massachusetts) em Novembro, encontraram uma população índia hostil que os obrigou a passar o inverno a bordo, período em que uma epidemia dizimou cerca de metade da tripulação.
A 5 de Abril de 1621, o Mayflower iniciava a viagem de regresso a Inglaterra, com os porões vazios…

Couperin – As Lições de Trevas para Quarta-Feira Santa

Quarta-feira, 20 de Março – 21h30 | Igreja Saint Louis des français
Leçons de ténèbres pour le Mercredi Saint de François Couperin
Voz: Alberto Pacheco et Rui Aleixo | Violoncelo barroco: Edoardo Sbaffi | Cravo: Mário Trilha
As Lições de Trevas de François Couperin [1668-1733], uma série de três peças vocais escritas para as liturgias da semana Santa de 1714 na Abadia de Longchamp,  a partir das Lamentações de Jeremias sobre a primeira destruição de Jerusalém pelos Babilónios, onde o profeta chora a destruição de Jerusalém pelos Babilónios. Na tradição católica, simbolizam a solidão de Cristo abandonado pelos seus apóstolos.
A Igreja de Igreja de São Luis dos Franceses foi fundada em 1552 sob a invocação de São Luís, rei de França, destinada a servir de local de culto à comunidade francesa residente em Lisboa. Em 1622 concluem-se as obras, e no primeiro quartel do século XVIII colocam-se os altares marmóreos de fabrico italiano, bem como a pintura de um deles segundo encomenda de Luís XV de França.
Em 1755, a Igreja, situada nas portas de Santo Antão, sofre grandes danos com o terramoto e com o incêndio subsequente. Em 1768 colocam-se os três altares marmóreos, executados pelo escultor genovês Pasquale Bocciardo (1705-1791) segundo encomenda de Luís XV de França. No século XIX o imóvel passa para a posse do Estado Francês e em 1882 é instalado o órgão realizado em Paris por Aristide Cavaillé-Coll.No andar superior, em três salas, funcionava o hospital de São Luís, da Confraria do Bem-aventurado São Luís, que socorria todos os franceses pobres e necessitados de auxílio médico. Actualmente o hospital situa-se no Bairro Alto.
Fontes: http://revelarlx.cm-lisboa.pt | http://www.ifp-lisboa.com

O céu sobre Lisboa

… ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz …
[Alberto Caeiro]

“De revolutionibus orbium coelestium”

“De revolutionibus orbium coelestium”, ou “Das revoluções das esferas celestes”, publicado no ano da morte de Nicolau Copérnico [1473 – 1543], apresentava um modelo alternativo ao Sistema Heliocêntrico de Ptolomeu.
A 5 de Março de 1616, a obra integrava o tenebroso Index Librorvm Prohibithorvm, instituído em 1559 pelo Concílio Ecuménico da Igreja Católica.

Podcast do Musica Aeterna de 28 Agosto 2010 – A história e o renascimento da Astronomia e as descobertas de Nicolau Copérnico, Tycho Brahe e Johannes Kepler

De revolutionibus orbium coelestium

Graindelavoix – Time of the Dragon – Missa Caput / Johannes Ockeghem

Ensaios abertos | Museu da Água, 25 Fevereiro a 2 Março
Concerto-ensaio | Igreja Menino Deus, 1 e 2 Março às 21h00
Graindelavoix – Björn Schmelzer
Com Carla Nahadi Babelegoto, Albert Riera, Marius Peterson, Tomàs Maxé,
David Hernandez, Adrian Sirbu, Joachim Höchbauer, Jean-Christophe Brizard

Graindelavoix - Missa Caput

“Diálogos sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo”, de Galileu

Início dos problemas com a Igreja Católica
[…] Em 1616, Galileu foi chamado a Roma, por ordem do Papa Paulo V, para ser advertido de que só poderia considerar o heliocentrismo (e a teoria de Copérnico) como mera hipótese académica (uma forma de facilitar cálculos), mas nunca como um facto. Tal advertência foi-lhe dada pelo cardeal Belarmino, que também o avisou de que o livro de Copérnico fora proibido. É de notar coragem e perseverança de Galileu, pois nesses tempos desafiar a Igreja era muito perigoso: em 1600, o monge Giordano Bruno fora queimado vivo, atado a um poste, por afirmar que o Universo podia ser infinito e que haveria muitos planetas habitados, além da própria Terra. O inquisidor foi precisamente… Roberto Belarmino, mais tarde beatificado (1923) e canonizado (1930), passando a ser Santo e conhecido como São Roberto Belarmino.

A vida continua
Galileu contém-se por algum tempo, mas por fim (c.1624) começa a escrever uma das suas maiores obras: os Diálogos sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo, onde compara os sistemas geocêntrico (de Ptolomeu) e heliocêntrico (de Copérnico). O Papa desse tempo, Urbano VIII, autoriza-o a escrever esse livro desde que fale dos dois sistemas sem tomar partido pelo sistema heliocêntrico, suposto como mera hipótese. O livro é publicado em 22 de Fevereiro de 1632, mas o Papa, anteriormente amigo e admirador do sábio italiano (quando era o cardeal Maffeo Barberini), sente-se ridicularizado numa personagem do livro, defensora do geocentrismo (os inimigos de Galileu tiveram a habilidade de convencê-lo nesse sentido). A fúria do Papa é imensa e o livro é proibido: em 1633 Galileu é chamado a Roma, acorrentado se se recusar, apesar de já velho (69 anos) e doente. Ao fim de muitos e extensos interrogatórios e depois de lhe terem mostrado os instrumentos de tortura da Inquisição (o temível Santo Ofício), é forçado a negar as suas convicções. Não é queimado vivo, devido ao apreço do Papa e à influência de muitos amigos poderosos que tinha. Em vez disso é condenado a prisão perpétua, mais tarde comutada em prisão na sua casa pessoal de Arcetri, nos arredores de Florença. Sempre vigiado pelos oficiais da Inquisição.
Fontes: Portal do Astrónomo e Wikipedia

Nós e os Chins

O grande objectivo das missões dos jesuítas era a evangelização da China, iniciada por Matteo Ricci (1552-1610), um italiano de famílias nobres que tinha partido para o Oriente em 1578, equipado de uma vasta cultura científica. Ricci percebera o grande interesse chinês pelos conhecimentos científicos que os ocidentais possuíam e foi o primeiro europeu a conseguir conquistar a confiança de altos dignitários do Império do Meio. Na sua esteira, os missionários jesuítas, muitos dos quais portugueses, conseguiram pouco a pouco ter uma posição influente em Pequim, chegando a presidir ao Tribunal das Matemáticas, que era um conselho imperial para matérias científicas, nomeadamente para a organização do calendário, para a previsão de eclipses e para a observação astronómica. Na sua correspondência com o Vaticano, Ricci e os seus companheiros insistiam frequentemente na importância da ciência.
«Enviem-nos matemáticos!», pedia Ricci, «enviem-nos livros!»

O texto que se segue foi retirado do blog De Rerum Natura, a partir do artigo de Jorge Fiolhais, publicado no jornal Público de 20 Fevereiro 2012.

O português Jorge Álvares foi o primeiro europeu a desembarcar na China, em 1513, faz agora 500 anos. Partindo de Malaca, que tinha sido conquistada por Afonso Albuquerque em 1511, dirigiu-se, com fins comerciais, para Norte até alcançar a foz do Rio das Pérolas.
De facto, a terra não era nova. Desde Marco Polo que a Europa sabia das maravilhas da China. Mas só a conquista de Malaca tinha assegurado aos ocidentais uma rota marítima para a China. Os portugueses encontraram, no que chamaram terra dos chins”, uma civilização avançadíssima. E, dada essa desigualdade, o intercâmbio entre os portugueses e os chineses não correu bem nas primeiras quatro décadas de contacto. O desconhecimento luso dos usos e costumes chins era tremendo. Passados quatro anos da chegada de Jorge Álvares, uma missão capitaneada por Fernão Peres de Andrade levando a bordo o embaixador Tomé Pires, um ex-boticário, entrava em Cantão com o intuito de entregar uma mensagem de D. Manuel ao imperador da China, estabelecendo relações diplomáticas e abrindo portas ao comércio. Mas essa primeira missão portuguesa na China falhou redondamente: não só demorou a chegar a Pequim, tolhida por todo o tipo de obstruções, como acabou por não ser recebida. A corte imperial da dinastia Ming não achou adequada a carta do monarca português. Os membros da missão foram presos, alguns mesmo executados, uma vez regressados a Cantão.
Os navegadores portugueses, ao entrar pela primeira vez em Cantão, tinham disparado uma salva num gesto ao mesmo tempo de saudação e intimidação. Os chins estranharam a primeira e não se deixaram impressionar pela segunda. Não era costume na China, onde a pólvora e o canhão tinham sido inventados, cumprimentar aos tiros. Os portugueses, que vinham de Malaca, um protectorado chinês, depressa perceberam que no Império do Meio não podiam, como tinham feito noutros sítios da Ásia, entrar a ferro e fogo. A artilharia portuguesa podia até ultrapassar a chinesa, mas os chins tinham bons navios e boa pontaria, para além da sua superioridade numérica (as duas primeiras batalhas navais foram por isso favoráveis aos chineses). Além disso, o comércio que os portugueses buscavam estava na China bem regulamentado, incluindo os tributos ao imperador. Os portugueses teriam de cumprir as regras se queriam transaccionar ali e, para seu infortúnio, não estavam sequer inscritos nos livros antigos de comércio que os mandarins mantinham. Era um encontro de civilizações em que os extraterrestres eram inferiores aos indígenas.
João de Barros, na sua 3.ª Década da Ásia (Lisboa, 1563) conta como os chineses viam os estrangeiros:E bem como os gregos, em respeito de si, todalas outras nações haviam por bárbaras, assi os chins dizem que eles tem dous olhos de entendimento acerca de todalas cousas, nós, os da Europa, depois que nos comunicaram, temos um olho, e todalas outras nações são cegas.” Acrescenta: E verdadeiramente quem vir o modo de sua religião (…) os estudos gerais onde se aprende toda ciência natural e moral, a maneira de dar os graus de cada ua ciência destas, e as cautelas que tem pera não haver subornações e terem impressão de letra muito mais antiga que nós, e sobre isso o governo de sua república, a mecânica de toda obra de metal, de barro, de pau, de pano, de seda, haverá que neste gentio estão todalas cousas de que são louvados gregos e latinos.” A visão do cronista é a de um dos lados. Quem ler os livros chineses logo percebe que o contraste era ainda mais nítido visto do outro lado. Os portugueses eram considerados piratas sanguinários que traficavam pessoas além de mercadorias, e foram, ainda que erroneamente, acusados de canibalismo (correu até o boato que comiam criancinhas!). O historiador Fok Kai Cheong, que investigou fontes chinesas, transcreve um texto coevo:Os Feringis [os Portugueses] são os mais cruéis dos bandidos. Devem, pura e simplesmente, ser afastados (Estudos sobre a Instalação dos Portugueses em Macau, Gradiva, 1996)
As relações haveriam, porém, de se normalizar com a cedência de Macau em 1557, como interposto comercial, sem quebrar as normas do império. Através de Macau a faceta humanista e científica da civilização ocidental haveria de chegar à China. Exemplo de um encontro feliz de civilizações foi a chegada a Macau, em 1582, e a Pequim, em 1601, do jesuíta italiano Matteo Ricci, que após ter estudado em Coimbra partiu de Lisboa para o Oriente, onde escreveu dicionários e tratados e traçou mapas. Os jesuítas portugueses tornaram-se peritos da corte imperial, dada a clara supremacia da astronomia ocidental. Só no século XVII, graças à sua influência apareceria na China um globo esférico para representar a Terra, como mostra a exposição 360º. Ciência Descoberta”, comissariada por Henrique Leitão, que está quase a abrir na Gulbenkian.

Graindelavoix em Lisboa

Graindelavoix-museu-aguaGraindelavoix – Time of the Dragon – Missa Caput / Johannes Ockeghem

Ensaios abertos | Museu da Água, 25 Fevereiro a 2 Março
Concerto-ensaio | Igreja Menino Deus, 1 e 2 Março às 21h00
Graindelavoix – Björn Schmelzer
Com Carla Nahadi Babelegoto, Albert Riera, Marius Peterson, Tomàs Maxé, David Hernandez, Adrian Sirbu, Joachim Höchbauer, Jean-Christophe Brizard

A música polifónica como um processo mental e físico: a performance “alla mente” como música teatral.

A ideia do projecto é trabalhar com oito cantores de graindelavoix e memorizar uma das obras-primas polifónicas mais importantes do século XV, a Missa Caput de Johannes Ockeghem. Um repertório que foi sempre interpretado por cantores clássicos treinados e a partir de uma partitura, seguindo completamente as regras de um concerto clássico (do século XIX).
Tanto a história como a performance mostram que este tipo de música nunca foi pautada, mas sim aprendida e interpretada de memória. É esta forma de actuar que oferece a chave para o público contemporâneo mergulhar na música e emocionar-se de uma forma imediata.
Graindelavoix querem provar que apresentar este tipo de música, de memória, é como aprender e executar uma peça de teatro. Por exemplo, rodeado pelo público, num espaço com acústica adequada, este formato oferece uma experiência artística completamente diferente e directa. Torna-se teatro no sentido de uma experiência descrita por Artaud, sem a necessidade de adição de elementos teatrais externos, apanágio do ”teatro musical”.
Memorizar este tipo de trabalho é em si um ‘tour de force’ e graindelavoix quer convidar o público a participar neste processo.
Para o pôr em prática, o Museu da Água de Lisboa é o local perfeito. Não só o salão principal do museu é acusticamente perfeito para este repertório como o interior do edifício em si, com as suas janelas enormes e sua maquinaria oferece uma alternativa mais aberta que uma capela ou uma igreja: o ouvinte pode entrar em diálogo com a função e a história do museu em diálogo com o processo musical. Os diferentes níveis no salão principal tornam possível experienciar a música a partir de diferentes ângulos e perspectivas acústicas.
Fontes: http://www.graindelavoix.be | http://alkantara.pt | http://www.facebook.com