Archive for the ‘ Discos ’ Category

As suites de Bach, por Filipe Quaresma

Entrevistado por Pedro Boléo para a edição de 18 Novembro do Público, Filipe Quaresma, primeiro-violoncelista da Orquestra Barroca da Casa da Música fala do seu projecto de vida, a gravação das seis suites para violoncelo BWV 1007–1012, escritas por  Johann Sebastian Bach entre 1717 e 1723.

Para a gravação do duplo cd Bach Cello Suites, realizada no Mosteiro de S. Bento da Vitória, no Porto, foi utilizado um instrumento histórico, o famoso violoncelo Domenico Montagnana, propriedade da Câmara do Porto e que se encontra no Museu Guerra Junqueiro. Um violoncelo do tempo de Bach, mas construído em Veneza há 300 anos, que pertenceu entretanto à grande violoncelista portuguesa Guilhermina Suggia.



Filipe Quaresma descreve as seis suites em detalhe: “Fala-se muito do sentido das suites, a primeira ligada à natividade, ao nascimento. A segunda é uma espécie de espiritualidade, meditação, procura, curiosidade, medo também. A terceira é a ascensão, em dó maior. A quarta, um magnificat, em mi bemol maior. A quinta realmente muito ligada à religião, com aquele prelúdio, com a crucificação. E a sexta suite a ressurreição ou paraíso. Mas eu posso ter uma ideia parecida: o nascimento de uma pessoa, a segunda a descoberta, os medos de quando começamos a andar e a cair, a terceira suite a nossa adolescência, a quarta talvez os nossos anos 30, a quinta ‘o que é que irá acontecer?’ e a sexta suite o final da nossa vida, e o que é que há para além da nossa vida. É uma descrição por palavras minhas”, diz o violoncelista, que quis que nesta gravação se sentisse a sua voz, mas sem competir com alguém, ou pôr-se à frente do compositor.

‘Song for Athene’, de John Tavener

Na passagem do décimo aniversário sobre a morte do compositor inglês  John Tavener [1944-2013], a elegia Song for Athene . Composta em 1993 por encomenda da BBC, esta peça é um reflexo da sua conversão à Igreja Ortodoxa Russa em 1977. Foi interpretada pelo Coro da Abadia de Westminster no funeral de Diana, Princesa de Gales , em 6 de Setembro de 1997.


Álbum: Vaughan Williams, Tavener, MacMillan: Choral Works (2023)
Choir of Westminster Abbey · James O’Donnell · Peter Holder

Rondeau de Antoine Busnois

Antoine Busnois [por volta de 1433 – Bruges, 6 Novembro 1492], prolífico compositor francês da Renascença, que, a par do amigo Johannes Ockeghem [por volta de 1410 a 1425 – 6 Fevereiro 1497] foi uma das mais influentes figuras durante a segunda metade do século XV, escreveu mais de uma dezena de obras de música sacra, mas foram as seis dezenas de canções seculares, das quais cerca de metade rondeaux, que lhe granjearam notoriedade.
Fica a composição Bel Acueil, rondeau à 1, 2 & 3, interpretada pelo Huelgas Ensemble, com direcção de Paul Van Nevel.


Álbum: The Landscape of the Polyphonists, 2022

 ‘Ludi Musici’, de Samuel Scheidt

Inspirado pelo programa “A vida e a obra de Samuel Scheidt (1587-1654)”  que o Musica Aeterna dedicou a este compositor do período inicial do barroco alemão, fica a Pavana V, extraída da antologia Ludorum Musicorum (1621), interpretada pelo agrupamento Hespèrion XXI, dirigido pelo Maestro Jordi Savall.


Álbum: Ludi Musici – The Spirit of Dance (1450-1650), editado em 2007 pela AliaVox

‘Augellin’, de Stefano Landi

De Stefano Landi [por volta de 1587 – 28 Outubro 1639], compositor e docente da Escola Romana no início do século XVII, a encantadora ária Augellin, principalmente pela voz cativante do tenor Marco Beasley, acompanhado pelo conjunto L’Arpeggiata, dirigido,  por Christina Pluhar. Esta composição integra a colectânea Pluhar: The Complete Alpha Recordings, editada em 2004.


Les Messes retrouvées de Jean Titelouze

Neste dia 24 de Outubro passam  390 anos sobre a morte de Jean Titelouze [ c. 1562/63 – 1633], compositor durante a transição do Renascimento para o Barroco, considerado o fundador da escola francesa de órgão, cujo trabalho como organista da Cathédrale Notre-Dame na cidade de Rouen se desenvolveu desde 1600  até ao fim dos seus dias.

Ficam excertos das  quatro missas de Titelouze (1626): Missa quatuor vocum. In ecclesia – Missa quatuor vocum. Votiva – Missa sex vocum. Cantate – Missa sex vocum. Simplici corde


Álbum: Les Messes retrouvées de Jehan Titelouze (Paraty, 2019 e 2020)
 Ensemble Les Meslanges, sob direcção de Thomas Van Essen e de Volny Hostiou

Missa Quatuor Vocum in Ecclesia: I. Kyrie

Missa Quatuor Vocum Votiva: III. Credo

Missa Sex Vocum Cantate: V. Agnus Dei

Missa Sex Vocum Simplici Corde: II. Gloria

‘Adorote oo sancta vera cruz, contrafactum on Oimè Lasso’ – Sete Lágrimas

Do mais recente trabalho de Sete Lágrimas LOA. André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) e as suas “Laudas e cantigas spirituaaes, e orações contemplativas, do muyto Sancto e boom deus Jhesu, Rey dos çeeos e da terra; e da muyto alta e gloriosa sua madre” de 1435. Um diálogo com o Laudario di Cortona (s. XIII) e o Laudario di Firenze (s. XIV).” Via Arte das Musas.


Filipe Faria, voz e percussão | Sérgio Peixoto, voz
Silke Gwendolyn Schulze, flauta dupla | Emilio Villalba, vihuela de arco, cítola, saltério, alaúde, sinfonia

‘The Great Pretender’, de Lester Bowie

Buck Ram [1907-1991] escreveu duas canções para o agrupamento vocal The Platters que foram imortalizadas por inúmeros intérpretes ao longo das últimas décadas, Only You e The Great Pretender. Gosto muito da versão de Freddie Mercury mas hoje é de dia de celebrar a fenomenal adaptação de Lester Bowie [1941-1999], que completaria neste dia 11 de Outubro 82 anos.


Lester Bowie, trompete | Hamiet Bluiett, saxofone barítono | Donald Smith, piano | Fred Williams, baixo eléctrico |
Phillip Wilson, bateria | Fontella Bass e David Peaston, vozes

Gravado em Junho de 1981 no Tonstudio Bauer, Alemanha.

Back to Monk (II)

Regresso a Thelonious Monk, nascido neste dia 10 de Outubro em 1917,  com Well You Needn’t  – Live At The Jazz Workshop, 1964 (editado pela Columbia Records em 1982).


Thelonious Monk, piano |  Charlie Rouse, saxofone tenor |  Larry Gales, contrabaixo |  Ben Riley, bateria

‘Things Are Getting Better’ com o vibe de Milt Jackson

No dia de mais um aniversário sobre o desaparecimento de Milt Jackson [1 Janeiro 1923 – 9 Outubro 1999], vibrafonista de excepção e membro fundador do Modern Jazz Quartet, a composição Things Are Getting Better de Cannonball Adderley [1928-1975], que deu o título ao álbum gravado em Nova Iorque a 28 de Outubro de 1958 e editado pela Riverside.


Cannonball Adderley, saxofone alto | Milt Jackson, vibrafone | Wynton Kelly, piano | Percy Heath, contrabaixo | Art Blakey, bateria