Quarenta anos passados e ainda me penitencio por ter falhado o encontro geracional que marcaria a história dos concertos em Portugal, mas um rapaz que ainda não tem barba pensa noutras coisas. Retenho apenas o prémio de consolação, que foi ver Peter Gabriel cinco anos depois.
Concerto no Museu do Oriente | 4 de Março, 21h30 Pandit Bhajan Sopori, Santoor clássico | Acompanhado por: Durjoy Bhowmik – tabla (percussão) Rishi Shankar Upadhyay – pakhawaj (percussão) | Veethika Tikoo – sur-santoor
[…] Panditji was born in Srinagar (Kashmir) into a family of musicians of the fabled 300 year old ‘Sufiana Gharana’ of Kashmir, the exclusive traditional Santoor family of the country. Panditji, the Legendary Santoor Maestro and Music Composer, has been the pioneer in establishing the Santoor at global platforms as a complete solo instrument. The quiet and unassuming maestro has come long way since he created history by being the first person to play the Indian Classical music on the Santoor in concerts way back in the early 1950’s. In his six decades of dedicated work he has explored various dimensions of the Santoor, carrying out many path-breaking innovations and introduced the ‘Sopori Baaj’, the systematic style of playing the classical Santoor. Panditji combines a profound knowledge of music and musicology and has carried out immense research on Naad and Naad Yoga (sound therapy). He has composed music for films, commercials, documentaries, serials, operas, chorals, etc. He is the only classical musician of the country to have composed music for more than 5000 songs in different languages. […]Via.
Concerto no Grande Auditório da Culturgest | 19 de Fevereiro, 21h30 Yuri Daniel Quartet: Baixo e direcção artística, Yuri Daniel Piano, Filipe Raposo | Bateria, Vicky Marques | Trompete, Johannes Krieger
Yuri Daniel é um dos mais reconhecidos contrabaixistas da nova geração do jazz, integrando várias bandas de prestígio, de entre as quais se destaca a de Jan Garbarek (Jan Garbarek Group), uma das maiores referências do saxofone mundial. Ritual Dance é o título do mais recente CD do Yuri Daniel Quartet, integrando composições originais de Yuri Daniel, Filipe Raposo e Johannes Krieger.
Fortemente inspirado no livro Império à Deriva – A Corte Portuguesa no Rio de Janeiro 1808-1821 de Patrick Wilcken, este novo trabalho discográfico percorre, de forma calma e serena mas simultaneamente inquieta e irrequieta, os deslumbrantes e luxuriantes caminhos da profusão rítmica brasileira e dos vestígios da herança lusitana na miscigenação cultural em “Terras de Vera Cruz”.
Em 1807, sob a ameaça das invasões napoleónicas, o príncipe regente D. João Maria de Bragança (futuro Rei D. João VI) vê-se obrigado a aceitar partir para o Brasil com a Família Real e a Corte, numa arriscada viagem transatlântica, sob a escolta dos britânicos, fazendo com que o Governo Português passasse a operar a partir daquela que era, então, a maior colónia portuguesa, que deixa de o ser para assumir o inusitado papel de “nova metrópole”. Este foi um período em que o Brasil e particularmente o Rio de Janeiro foram palco de uma grande evolução cultural, passando a ser o epicentro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Os títulos das faixas de Ritual Dance ilustram, de forma crua e explícita, todo este ambiente de efervescência cultural: Maracatu (música folclórica pernambucana afro-brasileira), Ebony Wood (madeira africana que é utilizada, entre outros, para as teclas do piano), 7 de setembro (data da independência do Brasil), entre outras. Via.
Concerto no Auditório Municipal Fernando Lopes-Graça | 6 de Fevereiro, 21h30 «Alturaz Al Andalusí» Mahmoud Fares, voz | Mohamed Babli, dança sufi | Salah Sabbagh, percussões | Abdessalam El Nayti, kanun e flauta
Este grupo sírio tem como diretor artístico o cantor Mahmoud Fares, especializado na música andalusí Inshad e al Tarab do estilo alepino (Alepo – Síria). Neste projeto, destacam-se também o maestro de percussões orientais, Salah Sabbagh, que domina as mais variadas percussões do mundo árabe, e o bailarino Mohamed Babli, que aprendeu o giro derviche (Maulawiya) com os grandes maestros da dança sufí de Alepo. O grupo conta ainda com Abdessalam El Nayti tocando kanun e flauta.
Este espetáculo faz parte do pioneiro festival al-Mutamid que tem como caraterísticas ser itinerante e ter uma programação fundamentalmente assente na música medieval das três culturas monoteístas do Mediterrâneo (medieval cristã, judaica-sefardita e muçulmana).
Refira-se que o certame é uma homenagem ao rei-poeta Al-Mutamid, nascido em Beja em 1040, governador de Silves antes de em 1069 suceder no trono ao seu pai como rei da taifa de Sevilha, território que à época se estendia do sul de Portugal até Gibraltar, terminando os seus dias em Aghmat, nos arredores de Marraquexe, chorando em poesia, essa com que exaltara a luxúria da juventude e o poder do seu reinado, o seu trágico destino. [Fonte da informação].
Dez anos passaram desde que Joana Amorim e Fernando Miguel Jalôto, recém-regressados da Holanda, decidiram formar um grupo de música de câmara para interpretar o seu repertório favorito: as obras instrumentais do Barroco francês; 10 anos em que o grupo foi crescendo e amadurecendo. Quando se comemoram os 300 anos da composição desta obra-prima da música de câmara, os quatro Concerts Royaux, passam também 300 anos sobre o desaparecimento de uma figura essencial da História e da Cultura europeias, Luís XIV, para quem, segundo as palavras do autor, F. Couperin, estas obras foram escritos: «Fi-las para os pequenos concertos de câmara a que Luís XIV me fazia vir quase todos os domingos do ano. Conservei-lhes o título pelo qual eram conhecidas na corte em 1714 e 1715».
Programa: François Couperin: Concerts Royaux; Versailles, 1714/15 [composição e estreia]; Paris, 1722 [1ª edição] Premier Concert [Sol M/m] – Quatrième Concert [Mi M/m] intervalo Second Concert [Ré M/m] – Troisième Concert [Lá M/m]
Dia 17 de Janeiro, Sábado pelas 21h00 – Entrada livre | Igreja de São Vicente de Fora Organizado pelo Patriarcado de Lisboa e pela Editora Althum.com[fonte] João Vaz, órgão | Capella Patriarchal
Repertório do concerto
CARLOS SEIXAS (1704-1742) Sonata para órgão em lá menor Sonata para órgão em Sol maior Sonata para órgão em lá menor – Fuga para órgão
JOSÉ DA MADRE DE DEUS (séc. XVIII) Fuga em ré menor
João Vaz, órgão
FRANCISCO ANTÓNIO DE ALMEIDA (c.1702-1755) In dedicatione templi Justus ut palma florebit
JOÃO RODRIGUES ESTEVES (c.1700-c.1751) Ave Regina cælorum Salve Regina Alma Redemptoris Mater Regina cœli
FRANCISCO ANTÓNIO DE ALMEIDA Benedictus Dominus Deus Israel
Capella Patriarchal Mónica Santos, Patrycja Gabrel, sopranos Carolina Figueiredo, Catarina Saraiva, contraltos João Sebastião, Pedro Cachado, tenores Manuel Rebelo, Sérgio Silva, baixos Marta Vicente, contrabaixo João Vaz, órgão e direcção
9 Janeiro 2015 às 21h00 | Centro Cultural de Belém, Pequeno Auditório
Interpretando trabalhos do período medieval até ao século XIX, o Huelgas Ensemble apresenta um programa muito variado, com vozes e instrumentos. Algumas composições Ars Nova inebriantemente ritmadas, a par de motetes de Natal renascentistas (Sweelinck, Manchicourt, Gallus, Mouton, de Wert), são belamente contrastados com vários cânticos de Natal ainda desconhecidos, embora tocantes, e com vilancicos populares espanhóis. Há também a ressaltar: um cântico de Natal que Paul Van Nevel “desenterrou” de um missal parisiense do século XVIII e uma canção romântica de Peter Cornelius (1824 – 1874) baseada num coral de Natal de J. S. Bach.
Esta história musical em quatro capítulos começa com o nascimento em Belém, canta-se através da chegada dos Magos do Oriente e da perseguição feita por Herodes e finda com um epílogo.
Huelgas Ensemble Paul Van Nevel Direcção musical
The birth in Bethlehem
Balaam de quo vaticinans (à 3) Anonymus, ca. 1300
Myrabile Mysterium (à 5) Jacobus Gallus 1550-1591
Este niño que es sol del Aurora (à 2, 4 & 8) Jerónimo Luca ca. 1630
Carol for Christmas-Eve (à 4) (from : Christmas Carols, London 1871)
2. The crime of Herodes
Hostis Herodes Impie (à 4) Anonymus, ca. 1320
Interrogabat Magos Herodes (à 4) Jean Mouton ca.1459-1522
Vox in Rama (à 5) Giaches de Wert 1535-1596
A voice from Ramah was there sent (à 4) B. Luard Selby (Engeland, 19th Century)
3. The travel of the three Kings Melchior, Gaspar and Balthazar
Vincti Presepio (à 3) Anonymus, ca. 1300
Reges Terrae (à 6) Pierre de Manchicourt, ca.1510-1564
Ab Oriente (à 5) Jan Pieterszoon Sweelinck , 1562-1621
Drei Könige (à 5) Peter Cornelius, 1824-1874
4. Epilogue
Quae stella sole pulchrior (à 1 & 4) Breviary of Paris, 1736
Dexen que Llore mi Niño (à 1, 4 & 8) António Marques Lésbio, 1639-1709
Jordi Savall e o agrupamento Hespèrion XXI encerram com um concerto no próximo domingo às 19h00 o ciclo da Gulbenkian dedicado à Semana da Cultura Arménia, precedido de uma conferência com a presença do músico catalão, que terá lugar às 17h30, de entrada livre.
Assim, considero oportuno reproduzir o artigo que João Chambers escreveu para a separata do Público, dedicada à Programação de Música Antiga para a Temporada 2014/2015 da Gulbenkian.
Presença habitual no nosso país, em particular nos festivais de Alcobaça (“Cistermúsica”), do Baixo Alentejo (“Terras sem Sombra”), de Leiria, de Loulé, da Madeira, de Castelo Branco, da Póvoa de Varzim, do Porto (Casa da Música) e de Lisboa (Jornadas Gulbenkian de Música Antiga de gratíssimas memórias), o investigador, docente, musicólogo, gambista e director de orquestra Jordi Savall i Bernadet nasceu em Igualada, na província de Barcelona, a 1 de Agosto de 1941. Iniciou a sua carreira profissional em meados da década de 60 do século passado através da criação, a par da mulher – a saudosa Montserrat Figueras –, dos colectivos Hespèrion XX (1974, XXI com o advento do novo milénio), La Capella Reial de Catalunya (1987) e Le Concert des Nations (1989), à frente de quem se tem apresentado em frequente actividade concertística por todo o mundo, além da etiqueta discográfica Alia Vox (1998). Transcorrida mais de década e meia, com cerca de uma centena de CD editados e o impressionante número de três milhões vendidos no horizonte, é já possível avaliar essa mais do que notável trajectória. Concluiu os estudos superiores de música e de violoncelo no Conservatório de Barcelona, rumando, em seguida, a Basileia com o fito de os aprofundar na Schola Cantorum Basiliensis, em particular o de um instrumento – a viola da gamba – caído em quase absoluto e injusto olvido, ao mesmo tempo que pugnava por fazer renascer o prestígio do património antigo oriundo da Península Ibérica. Discípulo do conceituado August Wenzinger, um dos pioneiros do movimento historicamente informado a quem sucedeu em 1973, foi, a datar de então, que se começou a interessar pela recuperação de repertório pré-romântico não como uma pesquisa marcada por qualquer interesse arqueológico, mas numa nova atitude face a um legado cultural do passado que Oitocentos deturpou ou, simplesmente, negligenciou. É essa herança que, teimosamente, persiste como a referência estética no gosto de muitos e que em nada partilha os genuínos ideais dos períodos medieval, renascentista, barroco e clássico. Num percurso de mais de quarenta anos recebeu numerosas distinções de diversas nações europeias como a França, a Áustria, a Bélgica, a Alemanha, a Dinamarca, Portugal e, naturalmente, Espanha, além de nomeações honoríficas concedidas pela União Europeia e pela UNESCO.
Sobre o diálogo intercultural que mobiliza, desde sempre, o seu particular interesse, Savall entende que os intérpretes têm a responsabilidade de recordar, e não só aos melómanos mais atentos a esse fenómeno, que os laços sempre existiram e, em consequência, perduram ao longo dos tempos. A primeira gravação, ainda em vinil, de meados da década de 1970, para uma multinacional e consagrada ao Século de Ouro do país vizinho, contém já várias árias da diáspora sefardita. Ali pretendeu (e conseguiu) mostrar que a música sacra e de corte dos Reis Católicos – Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão – e a tradição oral partilham raízes comuns e que esta aparentemente artificial aproximação acaba por não o ser. No decorrer das primeiras abordagens de manuscritos da Idade Média com instrumentistas do Médio Oriente, o grande mestre catalão ficou deveras admirado com a celeridade com que estes se adaptavam e encontravam os próprios sinais de referência. Era, pois, natural dar a conhecer esse acervo com tangedores de oud marroquino ou turco, modelo que deu origem ao alaúde e caracterizado, sobretudo, pela ausência de trastes, visto se terem preservado, quase intactas, as práticas ancestrais. Aproximar-se delas converteu-se num exemplo diário, já que era usual improvisarem de modo mais espontâneo do que nas nações ocidentais e realizarem, naturalmente, o que no Velho Continente se tenta obter através de trabalho árduo, atenuando-lhes o peso da harmonia e da polifonia. Paradoxalmente, a cultura ocidental desconcerta-nos em casos semelhantes, verificando-se tal circunstância ao comparar os desempenhos dos anos de 1970 aos actuais. Antes, tudo era preparado, notado e escrito, proporcionando que o Hespèrion XX fosse um dos primeiros grupos a utilizar partituras antigas nunca estudadas ou ensaiadas, mas susceptíveis de promover um trabalho de pura improvisação. Exemplo de tal perspectiva foi a ainda hoje versão de referência do Llibre Vermell de Montserrat, realizada segundo essa filosofia e que permanece bastante actual, em virtude de a opção ocupar ali um lugar de destaque, conquanto tivesse necessitado, como é óbvio, de um vasto e detalhado trabalho de pesquisa e resultante decisão.
Sobre as graves ameaças que, na actualidade, pairam em grande parte das vastas regiões compreendidas entre o Oriente e o Ocidente, Savall salienta o choque de civilizações, a incompreensão e o enclausuramento nas próprias culturas. Para manter viva essa relação, diz ser necessário ambos entregarem-se e, sobretudo, aceitarem-se mutuamente. Estabelecer um vínculo com o desconhecido implica deixar-se interpelar pelo outro, condescender numa determinada fragilidade e abandonar posições privilegiadas, já que, durante séculos, se convencionou que o mundo ocidental possuía o dom da verdade e evoluía no sentido de uma humanização iluminada. A tolerância, com o que permite entrever de condescendência, é o sinal mais forte de virtude e de altruísmo. Todavia, os contrastes subsistem e foram sentidos por ocasião dos projectos que reuniram membros provenientes de longínquas paragens, onde as políticas vigentes semeiam amiúde a discórdia. A tensão foi, desde logo, sentida no decurso dos primeiros ensaios, o que não impediu a inesperada e agradabilíssima surpresa de ver, por exemplo, israelitas e palestinianos a confraternizarem, em conjunto e com as mesmas obras, nas pausas das múltiplas sessões de trabalho. Nada nem ninguém a tal os obrigava! Era, apenas, a espontaneidade e a força da arte dos sons que contribuía para a fraternidade, incitando ao diálogo e ao respeito mútuos e tornando consciente que a reconciliação será sempre possível se se aceitarem as diferentes formas de pensar. Este tipo de desígnios transversais corresponde, manifestamente, a temáticas e a chamadas de atenção de enorme actualidade, permitindo que edições consagradas a Istambul, a Jerusalém ou ao “Espírito da Arménia”, o qual, antecedido por uma conferência sobre o tema, irá ser apresentado, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian (dali natural embora naturalizado cidadão britânico), no próximo dia 19 de Outubro, figurem entre as maiores vendas do catálogo Alia Vox.
Por vezes acontece os melhores exercícios de fusão serem os que, em absoluto, o não parecem, o que define o “Espírito da Arménia” como um perfeito paradigma. As peças que Savall recolheu para esta antologia em disco – uma selecção de um género meditativo e transcendental originário daquele território montanhoso do Cáucaso do Sul, de história conturbada e trágica, atingido por incessantes conflitos, morticínios e deportações – evidenciam origens antigas, cujas sonoridades são, por certo, familiares aos amantes do repertório da época. Os timbres do Hespèrion XXI, todos em perfeita consonância, integram-se, com naturalidade, entre as composições de Sayat Nova (c.1712-1795), as transcrições de Komitas Vardapet (1869-1935), a madeira do duduk, instrumento tradicional de sopro que parece deter o passar dos tempos, e os arcos da kamancha, também de proveniência local, de cordas friccionadas e semelhante à viola da gamba. O espírito, de nobre lamento, estende-se, por outro lado, à memória das vítimas do até agora assaz desconhecido genocídio arménio (1915-1917) quase um século após esta calamitosa ocorrência nunca ter sido reconhecida inclusive por diversos Estados europeus ditos civilizados.
Afirmando que a beleza é unicamente para os sentidos, enquanto a graça é uma conjunção de encanto e espiritualidade que nos toca a alma, Jordi Savall sempre acreditou numa fascinante frase, extraída da fábula “A raposa e o bode” do setecentista Jean de La Fontaine, que reza assim:
Jos d'Almeida é um compositor de música electrónica épico sinfónica, podendo este género ser também designado como Electrónico Progressivo. Na construção de um som celestial, resultante da fusão de várias correntes musicais, JOS utiliza os sintetizadores desde o início dos anos 80.
Chuck van Zyl
Chuck van Zyl has been at his own unique style of electronic music since 1983. His musical sensibilities evoke a sense of discovery, with each endeavor marking a new frontier of sound.