O impacto do legado de William Shakespeare (1564-1616) ao longo dos últimos quatro séculos extravasa largamente os domínios do teatro e da literatura para se estender a outras artes e domínios da cultura e do imaginário colectivo. Nesse universo, a música constitui um elemento fundamental não só pela importância que tinha nas práticas teatrais da Inglaterra isabelina e no próprio discurso poético e teatral de Shakespeare, como pela influência e fascínio que a obra do grande dramaturgo inglês exerceu sobre compositores de todas as épocas. Este potencial inesgotável serve de fio condutor à edição de 2019 dos Dias da Música […]
Excerto do artigo de Cristina Fernandes para o Público (paywall)
Dez anos passaram desde que Joana Amorim e Fernando Miguel Jalôto, recém-regressados da Holanda, decidiram formar um grupo de música de câmara para interpretar o seu repertório favorito: as obras instrumentais do Barroco francês; 10 anos em que o grupo foi crescendo e amadurecendo. Quando se comemoram os 300 anos da composição desta obra-prima da música de câmara, os quatro Concerts Royaux, passam também 300 anos sobre o desaparecimento de uma figura essencial da História e da Cultura europeias, Luís XIV, para quem, segundo as palavras do autor, F. Couperin, estas obras foram escritos: «Fi-las para os pequenos concertos de câmara a que Luís XIV me fazia vir quase todos os domingos do ano. Conservei-lhes o título pelo qual eram conhecidas na corte em 1714 e 1715».
Programa: François Couperin: Concerts Royaux; Versailles, 1714/15 [composição e estreia]; Paris, 1722 [1ª edição] Premier Concert [Sol M/m] – Quatrième Concert [Mi M/m] intervalo Second Concert [Ré M/m] – Troisième Concert [Lá M/m]
9 Janeiro 2015 às 21h00 | Centro Cultural de Belém, Pequeno Auditório
Interpretando trabalhos do período medieval até ao século XIX, o Huelgas Ensemble apresenta um programa muito variado, com vozes e instrumentos. Algumas composições Ars Nova inebriantemente ritmadas, a par de motetes de Natal renascentistas (Sweelinck, Manchicourt, Gallus, Mouton, de Wert), são belamente contrastados com vários cânticos de Natal ainda desconhecidos, embora tocantes, e com vilancicos populares espanhóis. Há também a ressaltar: um cântico de Natal que Paul Van Nevel “desenterrou” de um missal parisiense do século XVIII e uma canção romântica de Peter Cornelius (1824 – 1874) baseada num coral de Natal de J. S. Bach.
Esta história musical em quatro capítulos começa com o nascimento em Belém, canta-se através da chegada dos Magos do Oriente e da perseguição feita por Herodes e finda com um epílogo.
Huelgas Ensemble Paul Van Nevel Direcção musical
The birth in Bethlehem
Balaam de quo vaticinans (à 3) Anonymus, ca. 1300
Myrabile Mysterium (à 5) Jacobus Gallus 1550-1591
Este niño que es sol del Aurora (à 2, 4 & 8) Jerónimo Luca ca. 1630
Carol for Christmas-Eve (à 4) (from : Christmas Carols, London 1871)
2. The crime of Herodes
Hostis Herodes Impie (à 4) Anonymus, ca. 1320
Interrogabat Magos Herodes (à 4) Jean Mouton ca.1459-1522
Vox in Rama (à 5) Giaches de Wert 1535-1596
A voice from Ramah was there sent (à 4) B. Luard Selby (Engeland, 19th Century)
3. The travel of the three Kings Melchior, Gaspar and Balthazar
Vincti Presepio (à 3) Anonymus, ca. 1300
Reges Terrae (à 6) Pierre de Manchicourt, ca.1510-1564
Ab Oriente (à 5) Jan Pieterszoon Sweelinck , 1562-1621
Drei Könige (à 5) Peter Cornelius, 1824-1874
4. Epilogue
Quae stella sole pulchrior (à 1 & 4) Breviary of Paris, 1736
Dexen que Llore mi Niño (à 1, 4 & 8) António Marques Lésbio, 1639-1709
Concerto na Sala Luís de Freitas Branco do CCB | 1 Dez 2013 às 11h00 Ensemble Bonne Corde Diana Vinagre direcção artística e violoncelo barroco Rebecca Rosen violoncelo barroco Pablo Zapico tiorba e guitarra barroca Miguel Jalôto cravo
Este programa pretende mostrar como o violoncelo foi abordado, primeiramente em Itália e depois, à luz das diferentes escolas de composição, nos vários países europeus. É emoldurado por duas das sonatas de Vivaldi, o único destes compositores a fazer a carreira em Itália. Os outros compositores italianos, Platti e Caldara, fazem a maior parte das suas carreiras na Alemanha e na Áustria, respectivamente. No início da segunda parte, temos uma Sonata de Barrière, primeiro violoncelista francês a render-se ao estilo italiano, em cujos quatro livros de sonatas há uma fusão muito arrojada entre as escolas francesa e italiana. As Sonatas para violoncelo, assim como a restante obra do holandês Willem De Fesch, estão claramente marcadas pela influência do estilo italiano.
Programa Antonio Vivaldi – Sonata em Si bemol maior, RV 46 Giovanni Benedetto Platti – Sonata IV em Dó menor Antonio Caldara – Sonata IV em Ré menor Jean Barrière – Sonata IV em Sol maior (Livro II) Willem De Fesch – Sonata n.º 3 em Ré menor, op.8 Antonio Vivaldi – Sonata em Lá menor, RV 44
Só ontem tomei conhecimento, via Facebook, que a soprano Emma Kirkby se apresentará em concerto a 17 e 18 de Fevereiro no Centro Cultural de Belém, acompanhada pelo Divino Sospiro; Sob a direcção musical de Enrico Onofri, DameKirkby interpretará Eva na Oratória Morte d’Abel de Pedro António Avondano, um dos músicos mais reputados e influentes artistas na segunda metade do século XVIII em Lisboa. Szuszi Toth e David Hansen, promissoras vozes barrocas, serão também intérpretes desta grande obra da musica portuguesa! Oportunidade a não perder!
Divino Sospiro, orquesta barroca portuguesa fundada por el músico italiano Massimo Mazzeo, nació de la colaboración de músicos que compartían principios estéticos y su residencia en Portugal. Desde su creación Divino Sospiro se ha ganado un reconocido lugar entre las formaciones especializadas en música antigua de mayor rigor y calidad.
Con un repertorio que representa la esencia de su tiempo, Divino Sospiro interpreta sus conciertos siguiendo rigurosamente las directrices estéticas y estilistas de los periodos clásicos y barrocos. Entre sus conciertos podemos destacar diferentes colaboraciones en Folles Journée 2003, 2005, y 2006, seguido de una gira por Italia con un gran recibimiento tanto por el público como por la crítica. Ha sido también invitado por prestigiosos festivales e instituciones tales como: “Los Encuentros de Música Antigua de Loulé”, el Festival de Leiria, el Festival de “Ille de France” en Paris (concierto que fue grabado por Radio France, La Folle Journée Nantes, Lisboa, Tokio (con un éxito que superó cualquier expectativa), el Teatro Nacional de Sao Carlos en Lisboa, el Festival “Varna Summer” (Bulgaria), Febrero Lírico en San Lorenzo de El Escorial así como la clausura del Festival de Ambronay.
En mayo de 2006 Divino Sospiro realizó una gira en Japón. Debido al gran éxito obtenido recibió el encargo por parte de NICHION de grabar un CD con repertorio de Mozart; dicha grabación tuvo lugar en Portugal en el Centro Belém el 11 de noviembre de 2006 y desde su aparición en el mercado japonés han sido numerosos los galardones cosechados, incluso el sello de “Bestseller” así como la permanencia durante varias semanas en los primeros puestos de ventas en tiendas especializadas como “Tower Records”. Por otro lado existe el inminente proyecto de crear el sello “Sospiro” que se especializará en la grabación del espléndido repertorio portugués de los siglos XVII y XVIII.
A lo largo de su trayectoria has sido muchas y notables las colaboraciones de Divino Sospiro tanto de solistas como de directores: Christophe Coin, Katia y Marielle Labeque, Rinaldo Alessandrini, Chiara Banchini, Alfredo Bernardini, Enrico Onofri, Alexandrina Pendatchanska, Gemma Bertagnolli, Maria Cristina Kiehr, Vittorio Ghielmi entre otros.
Divino Sospiro está activamente involucrado en la docencia musical barroca proporcionando clases magistrales dadas por los violinistas barrocos Chiara Banchini y Enrico Onofri en colaboración con la Escuela de Música del
Conservatorio Nacional en el Centro Cultural de Belém en Lisboa. En dichas actividades han participado también Rinaldo Alessandrini, Alfredo Bernardini, Alberto Grazzi, Vittorio Ghielmi, Maria Cristina Kiehr, Gustav Leonhardt. Es digna de mención la inauguración del curso magistral de música antigua de la Universidad de Evora. Divino Sospiro ocupa en estos momentos el puesto de orquesta residente del Centro Cultural de Belén en Lisboa y su director habitual es Enrico Onofri con quien la agrupación mantiene una continua y preciada relación artística.
As ligações referem-se à sériede vídeos dedicados aos Concertos Promenade da BBC, Setembro de 2010. Claudio Giovanni Antonio Monteverdi,1567 – 1643 – Vespro della Beata Vergine, 1610 / SV 206 | Monteverdi Choir | London Oratory Junior Choir | Schola Cantorum of The Cardinal Vaughan Memorial School | English Baroque Soloists | His Majestys Sagbutts and Cornetts | Conducted by John Eliot Gardiner
Com a devida vénia a Cristina Fernandes, que escreveu a crítica para o Público de 02-12-2010.
As Vésperas de Monteverdi são uma obra de transição entre o antigo e o novo, que leva ao ponto mais alto, quer a herança da polifonia renascentista, quer as experiências florentinas e venezianas dos inícios do século XVII (como a monodia acompanhada e a policoralidade). À estrutura litúrgica tradicional do Ofício de Vésperas (com os seus Salmos, Antífonas, Hino e Magnificat), Monteverdi acrescentou quatro “concertos” para vozes solistas e baixo contínuo (por vezes também designados por motetes), onde explora características do novo estilo barroco, e a belíssima Sonata sopra Sancta Maria, onde a melodia de cantochão emerge sobre uma luxuriante textura instrumental.
Cada trecho tem uma constituição vocal e instrumental diversa, mas de uma maneira geral Robert Wilson dividiu os seus 10 cantores em dois coros, de modo a potenciar o jogo da policoralidade. O efeito a esse nível foi discreto e o resultado ganharia com uma acústica com mais ressonância, mas tal só seria possível num espaço mais adequado à música desta época do que o Grande Auditório Gulbenkian. Embora menos exuberante do que as interpretações por agrupamentos italianos, La Capella Ducale e o grupo Musica Fiata ofereceram uma versão luminosa das Vésperasque se foi tornando mais envolvente à medida que a obra avançava. O início tímido, com um Dixit Dominusalgo linear e pouco pujante, contrastou com a transparência dos planos sonoros, a energia rítmica e as sedutoras nuances de colorido que caracterizaram o Magnificat no final.
Jan van Bijlert – The Concert, 1635-40
Entre outros belos momentos, destaca-se o Nisi Dominus ou o concerto Audi Coelum, com a solução bem conseguida de colocar o cantor responsável pelo eco fora do palco. Tal como sucedia na época de Monteverdi, os cantores responsáveis pelos solos são os mesmos que fazem as partes corais, demonstrando em geral uma sólida qualidade nas duas vertentes. No entanto, deveriam ter ido mais longe no plano da retórica musical e da relação texto-música. Por exemplo, o dueto de sopranos Pulchra es foi algo superficial e houve passagens (como naSonata sopra Sancta Maria) com algumas imprecisões ou pequenas dessincronizações rítmicas.
Em compensação, o ensemble Musica Fiata demonstrou virtudes como o brilho da sonoridade dos sopros (trombones e cornetos) e um óptimo trabalho ao nível do baixo contínuo (órgão, chitarroni, harpa dupla, violone e lirone), que não se limitou a uma realização básica de preenchimento da harmonia, mas operou um verdadeiro diálogo com o conjunto e deu destaque à identidade de cada instrumento. Quer pela prestação dos músicos de Robert Wilson, quer pelo poder avassalador da extraordinária música de Monteverdi, a assistência foi tomada pelo entusiasmo no final, aplaudindo longamente em pé.
LA VENEXIANA | Vespro della Beata Vergine, 1610 | Centro Cultural de Belém, 8 Dez 2010 – 17:00
Para celebrar os 400 anos das Vésperas de Monteverdi, obra-prima do barroco italiano, representativa das melhores técnicas vocais da época, Claudio Cavina traz a Lisboa o consort La Venexiana.
Dono de uma extensa discografia, nomeadamente de uma edição de Monteverdi para a etiqueta Glossa, este ensemble vocal e instrumental é detentor de inúmeros prémios internacionais e é aclamado por todo o mundo como um dos melhores da actualidade.
CLAUDIO CAVINA direcção musical | ROBERTA MAMELI soprano | VALENTINA COLADONATO soprano | ANDREA ARRIVABENE contralto | DANIELE MANISCALCHI tenor | BALTAZAR ZUNIGA tenor | RAFFAELE GIORDANI tenor | MARIO CECCHETTI tenor | MARCO BUSSI baixo | SALVO VITALE baixo
Centro Cultural de Belém – Cafetaria Quadrante – 05 de Agosto de 2010, 22:00 – Entrada Livre
MICHAEL DESSEN trombone | CHRISTOPHER TORDINI contrabaixo | DAN WEISS bateria
No “jazz electroacústico” de Michael Dessen conjuga-se a tradição afro-americana com a técnica e a sonoridade da música experimental. No seguimento da produção musical de George Lewis, Dessen toca trombone recorrendo ao computador para processamento digital. A este método de criação em tempo real, o músico californiano denominou “digibone”.
This trio plays a unique mix of adventurous improvisation, intricate compositions, abstract soundscapes, and polyrhythmic flow. I compose the music and perform on trombone and live electronics, joined by a bassist and drummer. In August 2010, I’m excited to be recording a new trio album in Lisbon for Clean Feed Records, with Christopher Tordini on bass and Dan Weiss on percussion. Michael Dessen
Originalmente editado pela Columbia Records em 17 de Agosto de 1959, Kind of Blue anunciava um novo género musical: A espontaneidade de tocar duas ou três notas, obtendo o mesmo efeito melódico que as oito das progressões elaboradas, abria lugar ao improviso… e ao bebop.
O trompetista Miles Davis reuniu um sexteto notável de músicos – Cannonball Adderley ( saxofone alto), Paul Chambers (baixo), Jimmy Cobb (bateria), John Coltrane (saxofone tenor ), Bill Evans (piano) (Wynton Kelly toca piano em “Freddie Freeloader”) – e reinventaram o jazz! Cinquenta anos após o lançamento, Kind of Blue continua a transportar os ouvintes para o seu universo próprio, inspirando também músicos para que criem novos sons – desde o jazz acústico até ao ambiente pós-moderno – de todas as formas possíveis e imaginárias.
Jimmy Cobb, único sobrevivente da formação original, recebeu há pouco menos de um ano o Prémio NEA Jazz Masters 2009, em cerimónia realizada no Lincoln Center’s Rose Hall.
Com a bonita idade de 80 anos, apresenta-se em Lisboa (CCB, 11 de Novembro) com a sua So What Band – Wallace Roney (trompete), Javon Jackson (sax tenor), Vincent Herring (sax alto), Larry Willis (piano) e Buster Williams (contrabaixo), para partilhar com os admiradores portugueses as cinco masterpieces “So What”, “Freddie Freeloader”, “Blue In Green”, “All Blues” e “Flamenco Sketches”.
Jos d'Almeida é um compositor de música electrónica épico sinfónica, podendo este género ser também designado como Electrónico Progressivo. Na construção de um som celestial, resultante da fusão de várias correntes musicais, JOS utiliza os sintetizadores desde o início dos anos 80.
Os filhos do divulgador musical homenageiam-no com dois concertos: sábado no Teatro Municipal Rivoli, no Porto, e n… twitter.com/i/web/status/1…2 days ago
Stabat Mater, Hob. XXa:1: I. Stabat mater dolorosa de René Jacobs, Steve Davislim, Kammerorchester Basel & Zürcher… twitter.com/i/web/status/1…3 days ago