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“Casa das Histórias” de Paula Rego

"Casa das Histórias" de Paula Rego - clique para entrar...

Human Cargo – Tríptico de Paula Rego

“É um tríptico sobre o tráfico humano. Foi tudo montado no meu estúdio. Com escadas, polícias, velas, meninas. E, no fundo do quadro, a minha amiga Tilly que leva a mochila cheia.”

Paula Rego.

Human Cargo - Tríptico, 2008. Colecção Marlborough Fine Art, Londres. Lápis conté e aguada sobre papel

Human Cargo - Tríptico, 2008. Colecção Marlborough Fine Art, Londres. Lápis conté e aguada sobre papel

Human Cargo - Tríptico, 2008. Colecção Marlborough Fine Art, Londres. Lápis conté e aguada sobre papel

A ‘Casa das Histórias’ de Paula Rego

Uma história simples. Paula Rego é a artista - deu as obras. Eduardo Souto de Moura foi o arquitecto - desenhou o edifício.

Por Vanessa Rato – Público

Não é propriamente o tipo de história a que estamos habituados. Portugal: num país onde são mais comuns as colecções que procuram museu e que conhece, como alternativa, museus sem orçamento para constituir colecções, eis, de repente, este caso: o da Casa das Histórias Paula Rego.
Avenida da República, Cascais, à direita depois da Cidadela, afastando-nos ligeiramente da baía e do centro histórico, uma avenida ampla, algo árida. Faixas de rodagem, carros para cá e para lá, uns quantos prédios e moradias escondidos por grades e sebes, e, agora, no número 300, um muro baixo e reboludo, pouco mais do que à altura do nosso peito, a deixar ver um relvado espesso e fofo como um tapete de lã cruzado por um discreto caminho de pedra e cortado a dada altura por uma elegante frente de eucaliptos frondosos. Lá ao fundo, por detrás desta harmoniosa moldura natural, uma construção cor de barro, um edifício térreo e quase cego do qual irrompem duas torres em forma de pirâmide, tudo num vermelho Ferrari que desmaiou e começou a fazer-se rosa-velho.
Aparição misteriosa esta, perfume vago a exotismo tumular de civilização antiga, mas, ao mesmo tempo, com qualquer coisa discreta e muito cá de casa, escala inesperadamente humana e quente, sem os sobressaltos e espantos epifânicos que a maioria da arquitectura museológica contemporânea mais conhecida tem vindo a impor na paisagem internacional.
Duas torres
Um piso térreo com uma entrada baixa e duas torres: esta é a Casa das Histórias Paula Rego vista de fora, a mesma que se prevê que o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva e Paula Rego, ela própria, inaugurem oficialmente hoje pelas 11h00, e que na inauguração ao público, às 18h00, receberá largas centenas de convidados.
Desde que assumiu funções, em 2006, Cavaco Silva – e Portugal com ele – teve oportunidade de assistir a dois momentos do género, o primeiro logo no ano da sua tomada de posse, quando a Fundação Ellipse abriu portas em Alcoitão; o segundo em 2007, quando o Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém reabriu como Museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea, em Lisboa.
Dois museus, duas controvérsias: após anos de tensões, ameaças e polémicas, Cavaco Silva aprovou, mas afirmou ter dúvidas sobre o modelo do Museu Berardo – questionou a distribuição de poderes entre o Estado e Joe Berardo, o conhecido coleccionador e investidor que cedeu a sua conhecida colecção por dez anos ao país mediante a criação de um pólo permanente para a sua exposição; quanto à Fundação Ellipse, continua com destino incerto meses depois de lançadas as investigações sobre as actividades do Banco Privado Português (BPP) e do seu ex-presidente, João Rendeiro – a empresa de auditoria Delloite apurou em Fevereiro que a Colecção Ellipse, um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do país, com cerca de 800 obras de alguns dos mais relevantes artistas internacionais, pertence em 83 por cento ao BPP, e não a Rendeiro, como se pensava, tendo aconselhado a venda como medida de saneamento das contas do banco.
Perante isto, à primeira vista, parece simples a história do museu dedicado a Paula Rego, “uma das maiores pintoras vivas” do mundo, segundo o Finantial Times, que, a propósito da inauguração da Casa das Histórias, dedicou recentemente um longo artigo à pintora, a mais internacional artista portuguesa viva, ou a mais portuguesa das artistas inglesas, dependendo da perspectiva.
Uma história simples, dizíamos: primeiras conversações entre Paula Rego e a Câmara Municipal de Cascais, presidida por António Capucho, em 2004. Menos de dois anos volvidos e com o projecto de arquitectura entregue a Eduardo Souto de Moura, a artista, radicada em Londres há mais de 30 anos mas nascida no Estoril, onde ainda tem uma casa de família, estava a assinar um contrato de doação e empréstimo por dez anos de uma centena de obras de pintura, desenho e gravura, trabalhos correspondentes a um percurso de cinco décadas, dos anos 1960 à actualidade.
Com um orçamento de obra de 5,3 milhões de euros, vindos do Programa de Investimento e Qualificação do Turismo, a primeira pedra do museu foi lançada no início de 2008 e, meio ano depois, ficava apontada uma directora, Dalila Rodrigues, antiga directora do Museu Nacional de Arte Antiga.
É Dalila Rodrigues que nos recebe para uma primeira visita ao espaço, já com a exposição inaugural montada.

A visita de Paula
“A ideia é que o museu seja também a concretização da visão de Paula Rego“, diz-nos à partida.
O percurso é cronológico e divido em quatro grandes zonas temáticas. Na primeira sala, trabalhos correspondentes aos dez primeiros anos, de uma Life Painting datada de 1954, altura em que Paula Rego era aluna da Slade School of Fine Arts, de Londres, a obras como Quando Tínhamos uma Casa de Campo (1961) ou O Exílio (1963), técnicas mistas com colagem que cruzam já o statement político com referências da esfera familiar e pessoal da artista.
Depois, o salto é para os anos 1980, quando Paula Rego abandona a colagem e se dedica a um figurativismo cada vez mais assumido em obras como O Macaco Vermelho Bate na Mulher (1981) ou a grande série Óperas (1983), das quais se apresentam, em simultâneo, cinco grandes telas e cinco pequenas aguarelas preparatórias. A etapa seguinte – 1994 a 2005 – assume como marco a introdução do pastel na obra de Paula Rego com Mulher Cão, trabalho apresentado na sala de exposições temporária e que abre caminho para obras cada vez mais realistas e, simultaneamente, teatrais, como Entre as Mulheres (1997), da série O Crime do Padre Amaro, o conhecido e imponente Anjo (1998) ou o tríptico The Pillowman (2005). Apesar de presente noutros momentos, a gravura compõe a última etapa – 1988-2007 – de trabalhos das conhecidas séries Nursery Rhymes, a primeira em que a artista usou esta técnica, e Jane Eyre, baseada na obra homónima de Charlotte Brontë, a litografias mais recentes como as séries Príncipe Pig.
A sala de exposições temporárias está pensada como última visita. É onde até 18 de Março se expõe um conjunto de obras emprestadas pela Galeria Marlborough, a representante internacional de Paula Rego, com trabalhos icónicos como a Filha do Polícia (1986), a série Avestruzes Bailarinas (1995), baseadas em Walt Disney, ou O Vasto Mar de Sargaço (2000), inspirado na obra homónima de Jean Rhys.
“O museu ideal para mim é aqui. É um sítio mágico, muito especial. Não poderia ter um sítio melhor”, dizia Paula Rego na altura da assinatura do protocolo de empréstimo e doação de obras, explicando desejar um espaço “despretensioso, divertido, vivo”. No início da semana, com a primeira exposição montada, explicava-nos: “Os trabalhos são o menos importante de um museu. O que é importante aqui são as nossas histórias, as nossas histórias portuguesas, que dão vida a tudo”.

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“Os portugueses têm uma vitalidade escondida”


Um museu em nome próprio é, normalmente, o momento último de consagração de um artista – evento raro de se dar em vida. Paula Rego, claramente, não necessitava de um museu em Cascais para a sua consagração. É uma questão de afectos.
Nascida no Estoril em 1934, apesar de radicada em Londres há mais de 30 anos, depois de ter sido aluna da Slade School of Fine Arts na década de 1950, a artista preserva uma casa de família no Estoril, onde fica quando vem a Portugal.
Depois de um protocolo de empréstimo e doação de mais de uma centena de obras da sua colecção pessoal por dez anos à Casa das Histórias, diz: “O meu sonho seria renovar o interesse por pessoas como o [José] Leite de Vasconcelos”, diz, referindo-se ao linguista, filólogo e etnógrafo que coligiu muitos dos contos portugueses em que a sua obra se tem vindo a inspirar. Paula Rego começa por contar a história que ultimamente lhe tem ocorrido com frequência – a do lenhador que chega a casa com fome e da sua mulher que, não tendo nada para lhe oferecer, acaba por cortar e cozinhar um dos próprios seios: “São histórias cruas e muitas vezes cruéis, mas têm uma vitalidade extraordinária. Isso interessa-me mais do que os quadros. Eles partem da força e liberdade dessas histórias. O meu sonho seria trazer para o quotidiano a nossa vitalidade. Os portugueses têm uma vitalidade muitas vezes escondida. É o medo.” Trinta e cinco anos passados sobre a Revolução o medo persiste? “Persiste. E de que maneira. O medo existe mesmo sem ter razão de ser”.
Paula Rego foi a artista que em 1960 fez o óleo Salazar a Vomitar a Pátria, hoje entre as muitas obras da artista na colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian: “O que é importante aqui [no museu] são as histórias, as nossas histórias portuguesas, que dão vida a tudo e não têm igual nas histórias do resto do mundo. Se há alguma vitalidade nos meus bonecos vem através do corpo todo, não é uma coisa cerebral, é qualquer coisa a que estamos habituados desde pequenos”.
a A idade suaviza: “À medida que as pessoas vão envelhecendo, vão passando a gostar de arquitectura não tão radical, mas onde é agradável viver”, diz-nos Eduardo Souto de Moura sentado na esplanada da Casa das Histórias. A sua nova obra partiu e foi desenhada à volta de uma única preexistência – uma preexistência que entretanto desapareceu: uma série de árvores que o arquitecto quis preservar mas que acabaram por ser cortadas, ou porque estavam a morrer ou porque eram infestantes. Ficou o edifício – o positivo do espaço livre entre as árvores desaparecidas: uma distribuição de salas em U à volta de um pátio central, onde foi replantado um carvalho, e uma articulação de volumes interiores a três tempos, tentando acompanhar a escala mais doméstica e o carácter intimista da gravura (parte substancial do espólio do museu) com tectos mais baixos, as necessidades de exposição de pintura de grande escala, com pés-direitos de cerca de cinco metros, e a respiração neutra dos espaços intermédios.
Construído em betão pigmentado a vermelho, a cor contrastante do verde do relvado que o rodeia e o tom de muitas casas da zona de Lisboa, Cascais e Sintra, o edifício ancora-se na tradição da arquitectura portuguesa, nomeadamente numa reinterpretação da obra de Raul Lino, que tem em Sintra uma casa pintada exactamente da cor do museu e pontuada por dois torreões (apesar de, formalmente, as pirâmides da Casa das Histórias se aproximarem mais das icónicas chaminés geminadas do Palácio da Vila). “Já há algum tempo que andava a perseguir e redesenhar o Raul Lino”, explica Souto de Moura, “o que percebi a dada altura foi que, ao tirar os beirais e alguns outros elementos secundários de decoração, ficavam casas vienenses, obras universais modernas. Percebi que ele é mais do que o inventor da casa portuguesa; é um precursor do racionalismo.”
A pedra escura usada no caminho de acesso ao museu e na esplanada é local: azulino de Cascais. “O Távora dizia sempre que a arquitectura boa é aquela onde as pessoas se sentem bem. E é. O importante na arquitectura é a naturalidade das coisas. Mas tudo isto demora uns anos a descobrir.”
Foi directora do Museu de Grão Vasco, de Viseu, e do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Agora, Dalila Rodrigues tem “o privilégio de um artista vivo”.
Especializada nos séculos XV e XVI, explica como “é impossível a obra de Paula Rego deixar um historiador de arte indiferente”: “Sempre admirei a sua capacidade de reinventar a pintura figurativa. Isso transformou o meu interesse diletante [na sua obra] numa área de estudo e pesquisa”.
Com um orçamento de lançamento do museu de dois milhões de euros, mas ainda sem orçamento de funcionamento – deverá ser aprovado no final do mês -, Dalila Rodrigues não avança detalhes sobre a programação do museu, para além da exposição temporária a dedicar daqui a seis meses à obra do marido de Paula Rego, Victor Willing (1928-1988).
Com duas exposições previstas por ano, explica apenas pretender que tanto as exposições com os ciclos de conferências com convidados nacionais e internacionais – a partir de Janeiro – convoquem os mestres que Paula Rego recria e subverte a par com temas fundamentais na obra da artista como a importância matricial do desenho que Paula Rego assume como verdadeira prática. Será “a história da arte como território amplo de trabalho”, ficando a criação emergente “fora de questão”. “Não será a linha de orientação do museu.”

O Paço da Ribeira no Tempo de D. João V

Na primeira metade do século XVIII, D. João V, rei de Portugal, seguindo o padrão dos monarcas europeus com uma aura de «Rei Sol», tudo fazendo para o engrandecimento da sua imagem e da do seu país, parece ter procurado mais do que o simples entretenimento da sua corte, ou mesmo da educação dos jovens príncipes.
Vivia-se então um período de intensa actividade ligada às descobertas científicas, nomeadamente no campo da astronomia, como forma de melhor conhecer a própria Terra, quer no que respeita à sua geodesia e cartografia, quer no que respeita à sua órbita.
Aproveitando os fluxos de ouro vindos do Brasil, D. João V desempenhou um papel activo enquanto mecenas de astrónomos italianos e promoveu o relacionamento da sua corte com a comunidade intelectual italiana, nos campos das Artes e das Ciências.

O Paço da Ribeira no início do Século XVIII

No seu tempo, foram construídas três grandes Bibliotecas: a do Convento de Mafra, destinada à história de Portugal e terminada já depois da morte do rei, em 31 de Julho de 1750; 🙂
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, um admirável exemplo da arquitectura barroca e destinada à reforma dos estudos universitários em Coimbra, dentro de uma estratégia de expansão do Iluminismo em Portugal.
Mas nenhuma se comparava ao esplendor e actividade da Grande Biblioteca situada no próprio palácio real, o Paço da Ribeira. Chamada a Casa da Livraria, tornou-se famosa ainda em vida do rei e rapidamente se transformou num centro de experimentação e pesquisa científica, um símbolo do programa de ensino cuja reforma D. João V tinha iniciado.

  • fonte: Catálogo da Exposição Estrelas de Papel: Livros de Astronomia dos Séculos XIV a XVIII – BN, que terminou hoje, 31 de Julho. Como qualquer português que se preze, guardei a visita para o último dia. Devo até ter sido o último visitante, porque durante os cerca de noventa minutos da visita estive sempre sozinho! 🙂
  • O Universo de Raphael Bordallo Pinheiro

    O Museu do Douro apresenta a Exposição “O Universo de Rafael Bordallo Pinheiro – Caricatura e Cerâmica”, em parceria com a Colecção Berardo, o Museu Bordallo Pinheiro, a Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro e o Museu Casa dos Patudos. De 31 de Julho a 31 de Janeiro de 2010.

    Aquamanil

    A dinâmica forma, um peixe que se enrola em equilíbrio sobre uma base, isola esta peça no contexto da faiança portuguesa da 1ª metade do século XVII. Como o nome sugere, aquamanil era um recipiente destinado a levar ‘água às mãos’ e a sua utilização estava reservada à mesa em ocasiões de cerimónia.
    A originalidade formal, o brilhante colorido a amarelo e azul, o desenho que destaca as escamas e aumenta caricaturalmente o olho vivo e os dentes aguçados deste peixe definem uma escrita apropriada à decoração da peça. Na cabeça e no buxo, as folhas de acanto recordam um dos motivos característicos da gramática decorativa portuguesa. Via.

    Aquamanil - 1ª metade do século XVII - Faiança - 22,2 x 20,6 cm

    Vista y plano de Toledo, de El Greco

    Vista y plano de Toledo de El Greco, cerca de 1610

    El visitante del Museo del Prado podrá admirar en sus salas esta singular obra de El GrecoVista y plano de Toledo, en la que el pintor –a diferencia de los fragmentos representados en otras obras- muestra una imagen múltiple de la ciudad: además de la vista en perspectiva de la misma, la pintura incluye un plano detallado del entramado urbano, ofrecido al espectador por un joven pintado con la factura deshecha característica de la época final de El Greco. La complejidad de la visión incluyó además una alegoría del río Tajo –la escultura dorada que vierte el agua y la prosperidad- y la imagen religiosa más significativa del lugar: la Virgen imponiendo la casulla a San Ildefonso. Por otra parte, destaca la situación del Hospital de Tavera, apareciendo sobre una nube, en referencia explícita al administrador del edificio, Pedro Salazar de Mendoza, amigo del pintor y probablemente autor del encargo de la obra.

    Vista y plano de Toledo de El Greco, cerca de 1610 - detalhe

    Con el fin de ilustrar la presencia de Toledo en muchas de las obras más emblemáticas de El Greco, la Vista y Planos exhibirá en la sala 8A, que se suma provisionalmente a las dos salas permanentes dedicadas al artista en el Prado, acompañada por otras tres pinturas del pintor: San SebastiánSan Andrés y San FranciscoSan Bernardino; ésta última propiedad del Museo del Prado pero depositada en el Museo del Greco (Toledo) desde la apertura del mismo y recuperada temporalmente con motivo de la restauración arquitectónica del edificio, al que regresará cuando se reabra. Durante su instalación especial en esta sala, las tres obras cuentan con sendas cartelas adicionales en las que se indica qué edificios emblemáticos de la ciudad aparecen representados en cada una, como el castillo de San Servando, el puente de Alcántara, el Alcázar, el monasterio de San Bartolomé o la capilla de Montero, hitos urbanos que el público podrá buscar e identificar también en la Vista y plano de Toledo.

    Vista y plano de Toledo de El Greco, cerca de 1610 - detalhe

    Tempos Fortes – História de Lisboa

    Na zona superior do Palácio do Beau Séjour, junto do aromático jardim dos alecrins, o Gabinete de Estudos Olisiponenses inaugura um novo espaço vocacionado para exposições a céu aberto, com aproveitamento do efeito cénico proporcionado pelas variações de luz natural e da combinação de fragrâncias do jardim exótico.

    Ao longo da alameda, 20 painéis alusivos a momentos que foram decisivos para o rumo da nossa história, desde a época romana até à actualidade, são evocados à maneira de uma viagem no tempo com o objectivo de contribuir para despertar o interesse do público pela história da capital.
    Ao longo do percurso, bancos de pedra convidam a uma pausa com vista privilegiada sobre o jardim romântico, único nesta freguesia, fomentando igualmente a sua função social e de lazer. Via.

    De Amadeo a Paula Rego, 50 Anos de Arte Portuguesa (1910-1960)

    María Jesús Ávila escreveu em 2005, no âmbito da Exposição “DE 1850 AOS PRIMEIROS MODERNISMOS”, o texto que a seguir se reproduz, como que antecipando a Exposição “De Amadeo a Paula Rego, 50 Anos de Arte Portuguesa (1910-1960)”, inaugurada anteontem no MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA – MUSEU DO CHIADO.
    Maria João Caetano publicou ontem no DN um Especial dedicado à Exposição, que inclui uma entrevista ao Director do MNAC, Pedro LapaEsta página foi elaborada a partir do Programa da Exposição.

    Os Modernismos, iniciados com grande esforço e empenho nos anos 10 do séc. XX, por serem iniciadores haveriam de se debater, ao longo das três primeiras décadas, entre memoráveis momentos de euforia e possibilidade de futuro e momentos de perigoso reaccionarismo, como era natural num meio em que ainda dominavam estruturas sociais e culturais próprias do séc. XIX.Amadeo de Souza-Cardoso - Cabeça, c.1913
    As rupturas não existiram, só lentas transformações não estruturais, que esqueceram durante anos os logros de alguns, deixaram outros pelo caminho e noutros ainda provocaram viragens conservadoras. Situação que a mudança política ocorrida em 1926 e, em especial, a definição de uma “Política do Espírito” por António Ferro e a criação do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) em 1935, irá favorecer. Após o parêntese que constituem Amadeo de Souza-Cardoso e o surto futurista da década de 10, confuso teoricamente e reduzido, nas artes plásticas, aos breves exemplos que representam a Cabeça de Santa Rita e as experiências órficas de Eduardo Viana, os anos 20, embora abalados por um certo desânimo generalizado, haviam de conhecer alguns importantes episódios de activismo, edição de publicações e realização de obras. A renovação formal, tímida, processa-se através de referências à organização volumétrica de Cezánne, ao Picasso classicista e, na escultura, a Rodin. Encontra em José de Almada Negreiros, Eduardo Viana, Dordio Gomes, Carlos Botelho, Abel Manta, Francisco Franco, Diogo de Macedo e Ernesto Canto da Maia, algumas das suas melhores expressões. Na década seguinte, esta vertente dará lugar a um novo academismo, o de uma “equilibrada” expressão moderna, que haveria de conferir às artes plásticas portuguesas um carácter atemporal. Daqui destacar-se-ão pontualmente, e em percursos muito individualizados, o expressionismo de Mário Eloy, Júlio, Alvarez e Hein Semke, as experiências dimensionais e surrealistas de António Pedro e, em especial, as conquistas espaciais que, em Paris, Vieira da Silva desenvolve.

    Exposição: Encompassing the Globe – Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII

    Em busca de cristãos e especiarias, os portugueses, pioneiros da globalização nos séculos XVI e XVII, trouxeram o mundo à Europa. De 15 de Julho a 11 de Outubro de 2009, o Museu Nacional de Arte Antiga traz a Lisboa objectos raros, que mostram o diálogo entre culturas de povos distantes.

    A Exposição Encompassing The Globe – Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII será, seguramente, a par das exposições A Evolução de Darwin e Estrelas de Papel: Livros de Astronomia dos Séculos XIV a XVIII (até 31 de Julho, na Biblioteca Nacional), uma das grandes Exposições do ano, em Portugal.
    Coloquei toda a informação disponível no site do MNAA nesta página, com imagens absolutamente extraordinárias!