Estávamos em 1982.
Na Assembleia da República, João Morgado era deputado do CDS e afirmou:
«A igreja Católica proibe o aborto porque entende que o acto sexual é para se ver o nascimento de um filho».
Natália Correia, então deputada do PSD, retorquiu:
Já que o coito diz Morgado
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menino ou menina
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca,
sendo só pai de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! uma vez.
E se a função faz o órgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
A iniciação sexual tem vindo a verificar-se cada vez mais precocemente.. e deu origem ao termo autodeterminação sexual – continuo sem entender o significado de tal expressão..!
As causas e consequências do aborto, continuam a alimentar um equívoco nacional – o de que o problema se resolve por decreto ou por referendo!
Evoluiu-se para a possibilidade de, em circunstâncias que possam fazer perigar a vida da mãe, esta poder interromper a gravidez até às 24 semanas.
Não parece ter havido grande evolução – no que concerne a esta matéria, mas também das mentalidades – nas últimas duas décadas!