Posts Tagged ‘ Pablo Picasso ’

Canção de Baal

Faune et Bacchante , avec Combat de Faunes, 1968
Faune et Bacchante , avec Combat de Faunes, 1968

Se a mulher tem coxas gordas,
na relva dou-lhe um encosto

À saia e calça arejo as bordas,
ao sol – porque é assim que eu gosto.

Se a mulher morde feliz,
na relva eu esfrego o rosto

O ventre, os dentes e o nariz:
limpinhos – que é assim que eu gosto

Se a mulher entra num jogo fogoso,
mas descomposto

Eu rio e dou-lhe a mão, logo:
amável, que é assim que eu gosto.

Poema de Bertolt Brecht, gravura de Pablo Picasso

vidas interrompidas

Foi bonito
O meu sonho de amor.
Floriram em redor
Todos os campos em pousio.
Um sol de Abril brilhou em pleno estio,
Lavado e promissor.
Só que não houve frutos
Dessa primavera.
A vida disse que era
Tarde demais.
E que as paixões tardias
São ironias
Dos deuses desleais.

Tradición y Vanguardia

Picasso recurre en numerosas ocasiones a El Greco, uno de sus pintores preferidos, en un regreso a sus raíces españolas. Lo hizo en la pintura, como en estos grabados, y lo hizo en una obra literaria titulada precisamente “El entierro del Conde de Orgaz”.
Picasso admiraba la obra de El Greco, especialmente el cuadro
El entierro del Conde Orgaz‘, cuadro al que dedicó este libro, que compuso entre 1957 y 1959 cuando Picasso ya andaba metido en los 80 años

Ulises y las sirenas, de Picasso

A la vora del mar. Tenia
una casa, el meu somni,
a la vora del mar.

Alta proa. Per lliures
camins d’aigua, l’esvelta
barca que jo manava.

Els ulls sabien
tot el repòs i l’ordre
d’una petita pàtria.

Com necessito
Contar-te la basarda
que fa la pluja als vidres!
Avui cau nit de fosca
damunt la meva casa.

Les roques negres
m’atrauen a naufragi.
Captiu del càntic,
el meu esforç inútil,
qui pot guiar-me a l’alba?

Ran de la mar tenia
una casa, un lent somni.

excerto XXV do poema Cementiri de Sinera (1946)
do poeta catalão
Salvador Espriu

a menina dança?

Não sei se por ser a obra mais emblemática de los Picassos des Antibes, mas é a minha favorita.

O mar, com os tons do Mediterrâneo; O bailado da mulher, homenageada; O centauro e os faunos, todos familiares; tudo desperta felicidade, alegria.

No Museu Picasso, em Barcelona.

Fim-de-semana cultural

El Museo Nacional del Prado y el Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía conmemorarán el 25 aniversario de la llegada del Guernica a España presentando la exposición Picasso.
Tradición y Vanguardia en un año en que también se conmemoran los 125 años del nacimiento del artista.

Para evitar as intermináveis filas de acesso à Exposição, a compra antecipada de entradas na página do El Corte Ingléz será uma boa opção.
Até 3 de Setembro.

Fim-de-semana cultural

El Museo Nacional del Prado y el Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía conmemorarán el 25 aniversario de la llegada del Guernica a España presentando la exposición Picasso.
Tradición y Vanguardia en un año en que también se conmemoran los 125 años del nacimiento del artista.

Para evitar as intermináveis filas de acesso à Exposição, a compra antecipada de entradas na página do El Corte Ingléz será uma boa opção.
Até 3 de Setembro.

Emulação da Música

violin-and-pitcher_georges-braque_1910

Violin and Pitcher - Georges Braque, 1909-1910

A invenção da melodia, a descoberta de todos os mais íntimos segredos da vontade e da sensibilidade humanas, é obra do génio.
A sua acção é mais visível aí do que em qualquer outro lado, mais irreflectida, mais livre de qualquer intenção consciente; é uma verdadeira inspiração.
A ideia, quer dizer, o conhecimento preconcebido das coisas abstractas e positivas, neste ponto, como em toda a arte, é completamente estéril; o compositor revela a mais íntima essência do mundo e exprime a mais profunda sabedoria numa linguagem que a sua razão não compreende; tal como uma sonâmbula dá respostas claríssimas sobre assuntos dos quais, desperta, não conhece absolutamente nada.

in Pensamentos, A. Schopenhauer

girl-with-a-mandolin_pablo-picasso_1910

Girl with a Mandolin - Pablo-Picasso, 1910

Período – Cubismo Analítico

Pasiones de Dora Maar

Man Ray

Como eu não possuo, ou a incapacidade de ser..

desenho de Pablo Picasso, 1954
Como eu não possuo

Olho em volta de mim. Todos possuem —
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas a minhalma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei… perco-me todo…
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
Falta-me unção pra me afundar no lodo.

Não sou amigo de ninguém. Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse — ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!…

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo…
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?…

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor…
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!…

Desejo errado… Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim — ó ânsia! — eu a teria…

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante…

De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.

Mário de Sá Carneiro