José Bento

Na última vez que nos cruzámos, José Bento confessava que dificilmente voltaria a Dom Quixote.
Traduzir uma obra destas, mais que hercúlea, é uma tarefa impossível; sempre que lhe pegasse, alteraria qualquer coisa

Seis meses depois, é com grande satisfação que recebo a notícia da atribuição do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura ao roncinante amigo.

Como pequena homenagem, ficam os links para alguns poemas de José Bento publicados no Luminescências:
Este mar me detém, mas nunca saberei…
Como diluir as estrias que traem tua idade…
Para Botticelli
Porque o Fim de um Caminho…

Sobre as duas traduções de Don Quijote de la Mancha, escreveu João Dionísio da Universidade de Lisboa:

Em síntese, as duas traduções parecem orientar-se de modo bastante diferenciado nas duas facetas observadas. Quanto ao Quixote de 1605, o texto de que parte a tradução de Serras Pereira será talvez mais inovador e o de José Bento possivelmente mais conservador. Quanto ao código bibliográfico, a roupagem da tradução Serras Pereira quer dar a entender que estamos perante um documento com certificado de origem, ou de uma certa origem; a da tradução José Bento sugere um texto com certificado de destino.

em português nos entendemos

Frequentemente. Ao fim da tarde.
Pessoal e Transmissível, de Carlos Vaz Marques. Na telefonia sem fios.
O separador, com música de Pat Metheny, dá o mote para o início da descompressão de mais um dia de trabalho. Que por vezes obriga a ficar dentro do carro mais um pouco, porque há conversas que não se deixam a meio…

Algumas dessas conversas, que atravessaram o Atlântico , escorreram agora para as páginas de um livro com música lá dentro.
Conversas com Buarque, Caetano, Betânia.. e violão.

No lançamento do livro, na Fnac, um dueto de peso: Camané e Mário Laginha interpretaram 4 temas de MPB. O Camané que me desculpe – que até gosto muito dele – mas não soa nada bem em português do Brasil. Parece o Herman José a cantar Carmen Miranda.

Publicado originalmente no Luminescências.

em português nos entendemos


Frequentemente. Ao fim da tarde.
Pessoal e Transmissível, de Carlos Vaz Marques. Na telefonia sem fios.
O separador, com música de Pat Metheny, dá o mote para o início da descompressão de mais um dia de trabalho. Que por vezes obriga a ficar dentro do carro mais um pouco, porque há conversas que não se deixam a meio…

Algumas dessas conversas, que atravessaram o Atlântico , escorreram agora para as páginas de um livro com música lá dentro.
Conversas com Buarque, Caetano, Betânia.. e violão.

No lançamento do livro, na Fnac, um dueto de peso: Camané e Mário Laginha interpretaram 4 temas de MPB. O Camané que me desculpe – que até gosto muito dele – mas não soa nada bem em português do Brasil. Parece o Herman José a cantar Carmen Miranda.

Como a maioria de nós…

Quando em 1967 percorri algumas cerâmicas propondo a realização desta Chávena, a recepção era a mais hostil, como se lhes estivesse a propor a obscenidade das obscenidades.

Não quero deixar de lembrar que, tendo enviado ao Areal uma fotografia desta Chávena, ele sobre essa fotografia pintou, em 1971, um líquido tinto de sangue, de onde lutam para se evadir dois terríveis personagens.

Somos obrigados a reconhecer que as palavras não são suficientes para DIZER o homem. E a sua insuficiência tem-se tornado dramática; resta-nos a poesia, a revolta, a blasfémia, a liberdade interior!

Embora seja enormíssima a parte de humor expressa no Objecto Surrealista, será prudente que ninguém se deixe ficar apenas por aí. Essa é por certo uma das armadilhas que nos põe esta superior forma de comunicação. De facto o Objecto Surrealista está sempre pleno de humor negro, e foi dentro desse espírito que pus a circular a seguinte frase: Chávena com a asa por dentro, como a maioria de nós…


Cruzeiro Seixas

Que giro!! "A" parte ininteligível é que se calhar…

O Bernardo Sassetti com Drumming coloca no ventilador o último trabalho do músico – Unreal: Sidewalk Cartoon – para ilustrar as personagens duma história passada sabe-se lá aonde… cujo desenvolvimento é representado por ritmos de percussão – alguns ininteligíveis -, interpretados por solistas convidados sabe-se lá por quê e pelo meio ainda tem um filme de animação tipo aqueles do Vasco Granja…
A sério!

Na Península de Quasi-algures, numa altura em que as modas se confundem ou deixam (por isso) de ser moda, vamos conhecer Ernesto Ductilo Benito – administrador primeiro de uma fábrica de cooperação e recuperação, na região demarcada de Cidadania-a-nova. Um dia, depois de longas horas de trabalho, o bom Ernesto encontra alguns dos seus operários de fabricação em série misteriosamente empoleirados em estranhas máquinas, muito para além das laborárias, produzindo sons musicais, de nível estético apreciável, que nunca imaginara possíveis nas suas instalações.

Deste pequeno episódio, nasce-lhe o entusiasmo, a ideia e o sonho de rearmonizar o Domínio da Música – sua principal herança de família, agora convertido num reino de anarquia, onde todos os estilos musicais se (con)fundem numa enorme sarrafusca.

Inspirado pelos estudos musicais de sua bisavó Antónia, aconselhado por um sábio bruxo, Retortilho Castraz, e apoiado por um génio inventor, Mestre Ramalho Solau, Ernesto, transforma aqueles operários idiotas (pensava ele) em luminosos elementos de sciências musicais, rumo ao conturbado Domínio da Música.

Unreal – um hino ao desenvolvimento da classe de trabalhadores, artífices e operários por conta d’outrem: música; visão; imaginação; entrega; solicitação; aventura; mistério; paixão; “Indumentária”; desventura; solicitação; desenvolvimento; entrega; música; visão; delírio; falácia; zombaria e… experiências científicas na Península de Quasi-algures.


Bernardo Sassetti, 2006

Música original e arranjos Bernardo Sassetti
Intérpretes (ao vivo) Drumming, Perico Sambeat, Alexandre Frazão, José Salgueiro, Rui Rosa, Bernardo Sassetti e músicos convidados
Participação especial Beatriz Batarda
Filme/cartoon musical realizado por Filipe Alçada e Bernardo Sassetti
Animação de Filipe Alçada baseado na história original e no trabalho de fotografia e patchwork (2003/06) de Bernardo Sassetti

boa pinta

Lisboa & Co. – 2006

Exposição de Pintura e Artes Plásticas da Pintora Sofia Leitão no Espaço «O Século – Centro Cultural» – O SÉCULO
Inaugura amanhã e pode ser visitada até 22 de Dezembro, das 14.00 às 20.00 Horas.

fruto permitido

Em 1912, Guillaume Apollinaire apelidou de Orfismo o movimento criado pelos Delaunay, como ícone da transição do Cubismo para o Abstraccionismo.

Em 1964, Sonia Delaunay foi a primeira mulher a expôr a sua obra em vida no Museu do Louvre. Morreu a 5 de Dezembro de 1979.

Sonia Terk-Delaunay est née en 1885 en Ukraine. Epouse du peintre Robert Delaunay, elle a mené avec son mari des recherches picturales s’attachant à explorer la lumière, le mouvement des couleurs, leur “contraste simultané“. Dans leurs œuvres, les formes géométriques, colorées et vives, s’agencent en compositions rythmiques annonçant l’abstraction dont ils ont été parmi les pionniers. Pour elle, ces recherches, essentiellement instinctives, s’expriment dans la peinture pure mais aussi dans le domaine des arts appliqués, la décoration, la mode, domaines qu’elle estime répondre à la même quête artistique. Elle crée des tissus et des vêtements simultanés, elle réalise des collages, des reliures, des illustrations de livres de poèmes.

poema Caractères – 1956 de Tristan Tzara,
com desenhos de
Sonia Delaunay



yl y a une blanche servitude qui s`étend sur la fuite des temps

yl y a tout au long de son impulsion la dette de sang qui s`imprègne
yl y a un nuage un seul mais il pèse plus lourd que la terre sur l`inconscience des ans
yl y a dans l`aigreur des cris stridents de lait l`aiguille d`une voix qui monte tropicale
yl y a l`infatigable couture des arbres sur le parcours envenimé
yl y a une horreur indicible sur le front de ceux qui ricanent
yl y a pour le tremblement de montagne le cerf rebondi la tête hurlante l`oiseau à fusil
yl y a la feuillede mort dans l`iris de la pluie le regard de nervure et le foin pardonné
yl y a mille têtes en un chiffre et le remords à cloche-pieds
yl y a celui qui s`embrouille dans la poupre de ses propos de fil
yl y a la laine empoissonnant la cruche vide des crânes
yl y a ceux qui dans l`eau laissent tremper leurs subtiles savonneries de mémoire
yl y a l`étonnement stupide de tous ceux qui regardent qui ne font que regarder pendant le défilé de la vie des autres

L’exposition est centrée sur la période de “l’Atelier simultané”, de 1923 à 1934, qu’elle a fondé pour créer et éditer des tissus simultanés, produire des vêtements et accessoires… Sonia Delaunay se consacre alors essentiellement à l’art vestimentaire, avec un grand succès. Si la plupart des motifs sont géométriques, elle sait en égayer la régularité de l’agencement par la sensibilité poétique de leurs formes éclatantes, lumineuses et toutes vibrantes du “chant sensuel de la couleur”.


Até 25 de Fevereiro de 2007 na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva

Elogio a VPV

Biografia política de um herói português em África, tão temerário quanto irresponsável.
Da vida de Paiva Couceiro, destaques para a aventura africana enquanto líder militar durante a ocupação colonial, a defesa desastrada da Causa monárquica no 5 de Outubro de 1910 – que, de acordo com o retrato traçado por VPV, saiu pouco prestigiada -, e os episódios em que protagonizou uma outra direita que se opunha a Salazar.

Para Couceiro não havia Portugal sem Império, mais precisamente sem a colonização intensiva do Império, ou mais precisamente ainda sem a colonização intensiva de Angola. Porquê Angola? Porque, como já se disse, no plano de Couceiro, Portugal devia tornar Angola no Brasil da costa ocidental da África. Ao resto das colónias dava pouca importância e despachava numa linha. Mas não lhe parecia exagerado pensar que com bases no Atlântico ( Açores, Madeira, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde) e a imensa riqueza e a escassa população de Angola, não se pudesse fazer do Atlântico um «lago português». Esta política, ou visão, de Couceiro, punha em causa a política interna de Salazar, que não conhecia África e que, sendo um realista, se preocupava principalmente com a ordem e a estabilidade na metrópole. E punha também em causa a própria existência do regime, porque implicava (e Couceiro não o escondia) um sério esforço de armamento e uma presença militar em regiões de importância estratégica crucial e, além disso, o risco inaceitável de uma aliança com Inglaterra (uma potência democrática e, portanto, teoricamente hostil) em caso de guerra. Couceiro sabia que Portugal precisava do consentimento e do patrocínio da Inglaterra para pesar no Leste e no Sul do Atlântico e não lhe repugnava pagar o preço. Salazar não queria envolver o país num eventual (e mais do que provável) conflito europeu, em nome de uma aventura fantasiosa e mirífica.

Título:Um Herói Português – Henrique Paiva Couceiro (1861-1944)
Autor: Vasco Pulido Valente
Editora: Alêtheia Editores
Ano de Edição: 2006

Myths & Legends of King Lion

Duas décadas depois de (14-12-1986) Manuel Fernandes ter escrito mais de metade do argumento do filme Setaum, o clube do coração recebe o clube dos 5.999.999* ( sem link disponível, por razões do coração).

*Ao atingir a idade da razão, a Inês deixou de ser sócia.

Marquei quatro golos, uma sensação inesquecível, mas estou convencido que se o jogo durasse mais algum tempo…

Desconstruindo a Santa Inquisição

1. Sede do CDS-PP vandalizada
Os responsáveis pelos actos de vandalismo rasgaram os quadros, destruíram as maquetas e as esculturas e ainda pintaram as paredes exteriores com grafitis insultuosos.
Não têm suspeitos pese embora “as tintas usadas para pintar as paredes sejam de cor vermelha”. Os grafitis deixados nas paredes continham vários insultos políticos a dirigentes do partido com palavrões.

Não fique zangado, Luis, pois eles sabem o que fazem.


2. Deus nos livre dos católicos
Sabia que a deputada Ana Manso, do PSD, é “católica” e por isso a favor do aborto? Eu também não.

Não há nada como “falar claro”. Senão, leia-se o fascínio da estigmatização segundo Pedro Picoito. E havia necessidade de meter o Bosch ao barulho?