Noite de emoções

Não podia ter começado melhor a noite. Acabado de subir a interminável escadaria que conduz à bancada e ainda mal recuperado o fôlego, vejo aí umas 200 pessoas coladas à televisão e pensei: o Porto não está a ganhar! Aproximo-me para ver o resultado e… golo do Estrela! Parecia que jogava a Selecção Nacional!!!

Foi com outro ânimo que subi os últimos degraus até chegar ao lugar e logo, nova emoção: a sentida homenagem a Luis Ribeiro com quem, há uns 15 anos, tive oportunidade de trocar breves palavras sobre o negócio das telecomunicações e de quem retive para sempre a imagem de excelente pessoa.


Depois, o jogo.

Na primeira parte, uma jogada perfeita e um excelente golo do adversário; pouco depois, o fantástico remate do Caneira que, se tivesse entrado, seria do nível do que marcou ao Inter de Milão. Que pena.

Carlos -con tranquilidad– Bueno, que marcou quatro golos (não fez um único golo na primeira volta!), foi o merecido ovo kinder para adoçar a boca dos adeptos que há muito tinham entrado em hipoglicémia.

Ah! Liedson, esse sádico! Deu-se ao luxo de falhar um penalti que parece não ter existido para compensar com um golo de antologia!

Depois de pensar que o clube do coração estava condenado a ficar atrás daqueles cujo nome não pronunciamos, agora… até os comemos!

Referendo sobre o aborto

O que está em causa neste Referendo é unicamente se se altera ou não a lei vigente, através da pergunta
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”.
É inconsequente discutir a formulação da pergunta, pois é esta e não outra.

INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA
A mulher vai poder abortar, porque assim o decide. Nada de novo, portanto.
Mesmo considerando a actual lei, que concede à mulher a possibilidade de interromper a gravidez até às 12 semanas em caso de risco de vida, até às 24 em razão de o nascituro poder vir a sofrer, de forma incurável, de doença grave ou malformação congénita, será sempre pessoal o motivo – por variadíssimas razões, as apontadas ou outras – pelo qual a mulher decide viabilizar ou não o feto. É uma questão de responsabilidade individual.

A defesa do direito do feto à vida enferma de duas fragilidades:
1. A actual lei permite à mulher abortar, caso o feto seja portador de deficiência; no entanto, há mulheres que ainda assim decidem prosseguir com a gravidez. Se o direito do feto à vida fosse absoluto, a sua defesa seria irrepreensível. Não é.
2. Independentemente do desejo, ou não, de ser mãe, pois o feto tem identidade genética mas não identidade pessoal, logo não é autónomo, prevalece a consciência da mulher que – em circunstâncias que só ela pode avaliar – lhe permite decidir se o direito à vida do feto é defensável até às 10 semanas.

Porque é, no mínimo, discutível, se deve o Estado decidir quais são os motivos aceitáveis para a interrupção, daí a pertinência do termo despenalização.

NAS PRIMEIRAS DEZ SEMANAS
Não deriva de nenhum fundamento científico, o prazo de dez semanas, mas sim das necessárias condições de segurança e de saúde para a mulher. Poderiam ser 12 ou 14, como na França e Alemanha.

EM ESTABELECIMENTO DE SAÚDE LEGALMENTE AUTORIZADO
Só assim é possível desincentivar o aborto clandestino. Se assim não fosse, tratava-se duma efectiva liberalização. Não é. Argumentar que passaremos a pagar “leviandades femininas” por via dos nossos impostos não é sério, na medida em que não é legítimo pensar que o Estado quer ser promotor do aborto; O Estado deve assegurar as condições de segurança que garantam à mulher que recorrer ao Serviço Nacional de Saúde obter a salvaguarda da sua saúde, caso não possua recursos para procurar uma clínica autorizada, onde a sua intimidade será mais defendida.

É lícito discutir se o aborto é sinónimo de liberdade de eliminar uma vida, tal como é nobre a discussão sobre a defesa da vida humana – pessoa humana é outra matéria.
É importante que a sociedade discuta o aborto enquanto problema de saúde pública, bem como se o SNS deve ou não – e em que medida – fazer parte da solução.
Podemos especular sobre que regulamentação resulta da eventual alteração da lei.
Nenhum destes temas consta da pergunta colocada a Referendo no dia 11. À pergunta, eu respondo sim.

Coisas complicadas

A Virgem grávida, isolada por José depois de saber que ela carrega um feto dentro de si.
Nesta representação, a Virgem parece querer desfazer-se da criança, ao tentar espetar uma agulha na barriga.
Se naquele tempo houvesse testes de ADN, não sei se a história terminava assim.

O pulsar de Lisboa

A história de uma cidade, feita de mosaicos.

De esperanças, como a do Roberto, que trabalha nos Pastéis de Belém e anseia”subir” na casa, ou do teatro de revista, que está tão morto como o Parque Mayer, embora os que lá trabalham queiram acreditar que estão vivos; Os dias do senhor Álvaro taxista, que ao volante sente os dias na “Praça” como num confessionário dos problemas dos fregueses; Um quase-cheiro a mar, a bordo do cacilheiro Eborense; A homenagem a Fernando Pessoa no Chiado, frente à hoje inenarrável Brasileira, ou ainda a impossível vida da dona Amélia, uma sem-abrigo nas arcadas do Terreiro do Paço, cujo retrato nos emociona…

São algumas destas peças que podemos ir vendo no Lisboa 24, um atelier de jornalismo feito por alunos da Nova.
Vale a pena passar por lá e ir ouvindo estas estórias.

É também esta, a Lisboa Menina e Moça, amada – Cidade mulher da minha Vida.

O pulsar de Lisboa

A história de uma cidade, feita de mosaicos.

De esperanças, como a do Roberto, que trabalha nos Pastéis de Belém e anseia”subir” na casa, ou do teatro de revista, que está tão morto como o Parque Mayer, embora os que lá trabalham queiram acreditar que estão vivos; Os dias do senhor Álvaro taxista, que ao volante sente os dias na “Praça” como num confessionário dos problemas dos fregueses; Um quase-cheiro a mar, a bordo do cacilheiro Eborense; A homenagem a Fernando Pessoa no Chiado, frente à hoje inenarrável Brasileira, ou ainda a impossível vida da dona Amélia, uma sem-abrigo nas arcadas do Terreiro do Paço, cujo retrato nos emociona…

São algumas destas peças que podemos ir vendo no Lisboa 24, um atelier de jornalismo feito por alunos da Nova.
Vale a pena passar por lá e ir ouvindo estas estórias.

É também esta, a Lisboa Menina e Moça, amada – Cidade mulher da minha Vida.

ressuscitar, nas ondas do mar

Ao Mar

Água, sal e vontade – a vida!
Azul – a cor do céu e da inocência.
Um lenço a colorir a despedida
Da galera da ausência…

Mar tenebroso!
Mar fechado e rugoso
Sobre um casto jardim adormecido!
Mar de medusas que ninguém semeia,
Criadas com mistério e com areia,
Perfeitas de beleza e de sentido!

Vem a sede da terra e não se acalma!
Vem a força do mundo e não te doma!
Impenitente e funda, a tua alma
Guarda-se no cristal duma redoma.

Guarda-se purificada em leve espuma,
Renda da sua túnica de linho.
Guarda-se aberta em sol, sagrada em bruma,
Sem amor, sem ternura e sem caminho.

O navio do sonho foi ao fundo,
E o capitão, despido, jaz ao leme,
Branco nos ossos descarnados;
Uma alga no peito, a flor do mundo,
Uma fibra de amor que vive e treme
De ouvir segredos vãos, petrificados.

Uma ilusão enfuna e enxuga a vela,
Uma desilusão a rasga e molha;
Morta a magia que pintava a tela,
O mesmo olhar de há pouco já não olha.

Na órbita vazia um cego ouriço
Pica o silêncio leve que perpassa…
Pica o novo feitiço
Que nasce do final de uma desgraça.

Mas nem corais, nem polvos, nem quimeras
Sobem à tona das marés…
O navio encalhado e as suas eras
Lá permanecem a milhentos pés.

Soterrados em verde, negro e vago,
Nenhum sol os aquece.
Habitantes do lago
Do esquecimento, só a sombra os tece…

Ela que és tu, anónimo oceano,
Coração ciumento e namorado!
Ela que és tu, arfar viril e plano,
Largo como um abraço descuidado!

Tu, mar fechado, aberto e descoberto
Com bússolas e gritos de gajeiro!
Tu, mar salgado, lírico, coberto
De lágrimas, iodo e nevoeiro!

Miguel Torga

Prémio Valmor de Arquitectura – Exposição

No Centro de Informação Urbana de Lisboa – situado no bonito Picoas Plaza – decorre até 2 de Março de 2007 a Exposição Retrospectiva 1902-2003 dos Prémios Valmor e Municipal de Arquitectura


Instituído por Fausto de Queiroz Guedes, segundo Visconde de Valmor e conceituado político e diplomata, o Prémio Valmor tornou-se o galardão por excelência da Arquitectura, destinado a premiar, nas palavras do fundador, a qualidade de uma obra de arquitectura “compatível com uma cidade civilizada”.

Edifício de escritórios, no cruzamento da Rua Castilho, 223-233 com a Rua D. Francisco Manuel de Melo, 2-8.

Autores do projecto – Arquitectos Manuel Salgado, Sérgio Coelho e Penha e Costa.
Valias – valorização do espaço em todas as áreas do edifício.

O prestigiado Prémio Valmor de Arquitectura– sinónimo de qualidade arquitectónica – é atribuido em partes iguais ao proprietário e ao arquitecto autor do projecto que reflicta o gosto dominante num determinado ano ou época (ver regulamento).

O Prémio Municipal de Arquitectura valoriza também obras de natureza diversa, normalmente mais modernas dos que as premiadas pelo Valmor.

Recentemente, passaram a estar incluidos trabalhos na área da Arquitectura Paisagista.

Publicado originalmente aqui.

Prémio Valmor de Arquitectura – Exposição

No Centro de Informação Urbana de Lisboa – situado no bonito Picoas Plaza – decorre até 2 de Março de 2007 a Exposição Retrospectiva 1902-2003 dos Prémios Valmor e Municipal de Arquitectura


Instituído por Fausto de Queiroz Guedes, segundo Visconde de Valmor e conceituado político e diplomata, o Prémio Valmor tornou-se o galardão por excelência da Arquitectura, destinado a premiar, nas palavras do fundador, a qualidade de uma obra de arquitectura “compatível com uma cidade civilizada”.

Edifício de escritórios, no cruzamento da Rua Castilho, 223-233 com a Rua D. Francisco Manuel de Melo, 2-8.

Autores do projecto – Arquitectos Manuel Salgado, Sérgio Coelho e Penha e Costa.
Valias – valorização do espaço em todas as áreas do edifício.

O prestigiado Prémio Valmor de Arquitectura– sinónimo de qualidade arquitectónica – é atribuido em partes iguais ao proprietário e ao arquitecto autor do projecto que reflicta o gosto dominante num determinado ano ou época (ver regulamento).

O Prémio Municipal de Arquitectura valoriza também obras de natureza diversa, normalmente mais modernas dos que as premiadas pelo Valmor.

Recentemente, passaram a estar incluidos trabalhos na área da Arquitectura Paisagista.

Publicado originalmente aqui.

Íntimas ligações implicam envolvimento afectivo


O sax alto Lee Konitz, que tive oportunidade de ouvir em Março de 2006 na Culturgest, como bem notou o Nuno do A Forma do Jazz, convidou um dos mais virtuosos pianistas da actualidade, Brad Mehldau (a cujo concerto de anteontem no CCB não tive possibilidade assistir – ao que parece – o público terá correspondido melhor que em Fevereiro de 2006, pois Mehldau é um músico extraordinário e merece as melhores plateias) e também o contrabaixo Charlie Haden (que salvo erro em 1990 no Coliseu dialogou com Mestre Carlos Paredes), juntaram-se em 1997 e 1999 para dois concertos, de que resultaram Alone Together e Another Shade of Blue.

Ouvir estes três discos é um puro exercício de comunhão espiritual. Sem exagero, pois não há música mais livre que o jazz.

Mudar de ares

O Sétima Colina mudou-se para aqui, onde está uma brevíssima explicação das razões.
Agradeço a gentileza e o incómodo de actualizar o link.

Até já!