Archive for the ‘ Música ’ Category

a diva e o pianista (post editado)

Em memória de Elisabeth Schwarzkopf, ouvir o lirismo e a vivacidade dramática da diva sobre o piano do grande Edwin Fischer.

Na habitual coluna no Público (link não disponível), Augusto M. Seabra afirma:
“Nela imperava a pose, a ponto de a sofisticação a fazer mesmo perder-se. O seu Schubert, por exemplo, é controverso, e os famosos 12 “lieder” gravados em 1952 com Edwin Fischer são-o particularmente – e sou um dos que acham essa gravação insuportável, por causa dela. Mas era a classe, a classe que em todos os sentidos a definia.”
Pois. Critique-se a sugestão dos 24 “lieder” de 1954, ou os “12” de 52, A Voz é a mesma. Por isso mantenho a homenagem. Obviamente.

Sob o signo de John Coltrane *


Em ano de homenagem a Mestre Coltrane, o destaque óbvio do Jazz em Agosto-2006 vai para o sexteto do virtuoso saxofonista Anthony Braxton, que actuará na última noite, dia 12.

Em minha opinião, o Festival tem vindo a perder algum fulgor, depois de nas décadas de 80 e 90 ter trazido pesos pesados como Jan Garbarek Quartet, 1987 / Ornette Coleman e “Prime Time Band”, 1988 / Branford Marsalis Quartet, 1990 / Don Byron Quartet, 1991 / Steve Coleman & Five Elements, 1992 / Dave Holland, 1992,1997 e 1999 com John Scofield e Joe Lovano / Max Roach Quartet, 1995 / Terence Blanchard Group, 1996 / Bobby Hutcherson Quartet e Branford Marsalis, ambos em 1998.

A quem gosta de jazz, recomendo a apreciação que o meu homónimo António Branco faz no excelente Improvisos Ao Sul.

* post editado em 20060817, para sublinhar o artigo A permanente actualidade da obra de Anthony Braxton de Manuel Jorge Veloso, no DN

Alla Turca (Allegretto)

Wolfgang Amadeus Mozart – The Piano Sonatas
Maria João Pires, piano
Deutsche Grammophon

Maria João Pires terá as suas idiossincrasias e tal como eu, por vezes, não gosta do país que vê.
Por isso os seus estados de alma têm impacto em aguns espíritos inquietos, que episodicamente saem em defesa da cultura do subsídio, para o que utilizam apenas uma mão estendida.
Não porque entenda que haja alguém acima da crítica, mas porque o virtuosismo e a delicadeza de MJP a colocam no restrito número dos pianistas realmente excepcionais, permito-me sugerir que ouçam a Sonata para Piano No.11 -“Alla Turca” tocado a duas mãos. Sem qualquer reverência.

O acordeonista que vem do frio

Os KTU, de Kimmo Pohjonen, Samuli Kosminen e dois ex-King Crimson, actuam esta noite na Cidadela – Cascais, no âmbito da terceira edição do CoolJazz Fest.

O virtuoso acordeonista volta a Portugal para proporcionar aos apreciadores um serão musical… diferente.

Música díficil de definir, esta, cujas sonoridades atravessam o jazz e a electrónica.
Um desafio aos sentidos.

Issue 1 – Jazz Store Fest

A Trem Azul, património da Sétima Colina, organiza o seu primeiro festival de jazz, dedicado à música de improviso. Não aconselhável a quem ainda não se habituou a gostar de jazz.

O Programa completo, aqui.

Dia 5 –


L.I.P ( Lisbon Improvisation Players)
Rodrigo Amado – saxofone alto e barítono
Pedro Gonçalves – contrabaixo
Acácio Salero – bateria


Dia 11
Double Bind Quartet
Vitor Rua – baixo, guitarra

Carlos Zingaro– violino
Luís Sampayo – bateria
Vera Mantero – performance, voz

Dia 12

Alipio C Neto Diggin’ Quartet

Alipio C. Neto – saxofones, melódica e percussões
Gonçalo Lopes – clarinete baixo
Ben Stapp – tuba
Rui Gonçalves – bateria, guitarra


Dia 13
V.G.O ( Variable Geometry Orchestra)
Ernesto Rodrigues – violino, viola , direcção
Pedro Costa – violino
Guilherme Rodrigues – violoncelo
Hernâni Faustino – contrabaixo
Sei Miguel – trompete de bolso
Eduardo Chagas – trombone
Bruno Parrinha – clarinete, clarinete alto
Nuno Torres – saxofone alto
Rui Horta Santos – saxofone tenor
Luís Lopes – guitarra eléctrica
Jorge Trindade – cassetes
Adriana Sá – harpa brasileira, electrónicas
Carlos Santos e Rafael Toral – electrónicas
Miguel Martins – melódica, xylofone, percussão
César Burago – percussão
José Oliveira – bateria, guitarra acústica

Ena, tantos gajos bons!


Alone Together: The Best of the Mercury Years

Clifford Brown – trompete
Max Roach – bateria
Sarah Vaughan, Helen Merill, Abbey Lincoln – vozes
Harold Land, Sonny Rollins, Paul Quinichette, Hank Mobley, George Coleman, Stanley Turrentine – sax tenor
Jimmy Jones, Bill Wallace,
Richie Powell – piano
Danny Bank – sax barítono
Kenny Dorham, Booker Little, Tommy Turrentine – trompete
Julian Priester – trombone
Ray Draper – tuba
Herbie Mann – flauta
Barry Galbraith – guitarra
George Morrow, Joe Benjamin, Milt Hinton, Nelson Boyd, Art Davis, Bob Boswell – baixo
Roy Haynes e Osie Johnson – bateria
The Boston Percussion Ensemble

Gravado entre 1954 and 1960, o primeiro cd contém um mix de originais de Clifford Brown, com standards eternos como “September Song”; o segundo disco resume um showcase de Max Roach.

Dos samples, que se podem ouvir aqui, destaques para “What’s New”, “What Am I Here For?”, “Jordu”, “Star Dust” e o vibrante “Blues Walk”.

O Agente Triplo

Depois de Patricia Barber, nova romaria ao CCB, desta vez para ver Brad Mehldau Trio.

Praticamente duas horas e meia de jazz, num concerto desde já candidato a um dos melhores do ano;
Culpa de Mehldau, ao tocar para uma plateia algo estranha, que o obrigou a voltar três vezes ao palco!

Anunciado como estando esgotado, o concerto, patrocinado por um fabricante de automóveis, deu nisto: convidados a deixarem os lugares vazios, outros a chegar já com os músicos a tocar, um forçado intervalo para bebericagem, ou ainda, a cada um dos encores, a sala ir ficando com imensas brancas…

Mehldau é um grande compositor e intérprete. Acompanhado de Larry Grenadier, brilhante no contrabaixo e Jeff Ballard, cuja bateria por vezes me pareceu excessivamente carnavalesca, o Trio não merecia este comportamento por parte do público.

Mais sobre Mehldau, neste artigo da Down Beat Magazine e na entrevista concedida à All About Jazz.

Jazz de Itália em Lisboa

Trio de Aldo Romano
Danilo Rea, Piano
Remi Vignolo, Contrabaixo
Aldo Romano, Bateria

Hoje às 21h30, no Grande Auditório da Culturgest, em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa.

O Programa do Concerto, aqui.

a Arte do Trio


Mehldau possui a luminosidade de Lennie Tristano, a emoção do mestre Keith Jarrett e a sensibilidade de Bill Evans.

Versatilidade, consistência e génio, são traços característicos deste apaixonante pianista de jazz.

No CCB a 10 de Fevereiro e a 12 no Porto.
A não perder.

A parceria:
Brad Mehldau, piano
Larry Grenadier, contrabaixo
Jeff Ballard, bateria

Na página oficial, podem ouvir-se itunes da discografia completa.

Excerto da informação na página do CCB:
Com formação clássica, mas desde cedo apaixonado pelo jazz, Brad Mehldau é considerado actualmente um dos mais geniais pianistas de jazz do mundo.
Influências tão variadas como Beethoven, Bill Evans, Schumann e Keith Jarrett fizeram com que Mehldau não criasse barreiras musicais.
Exemplos disso são as participações em várias bandas sonoras e a revisão pessoal de temas dos Radiohead, Beatles, Paul Simon e Nick Drake.
O trio formou-se em meados dos anos 90, editando o disco de estreia: «Introducing Brad Mehldau», em 1995.
É em formato trio que Mehldau explora a sua paixão pelo jazz, na vertente mais pura, do que são prova os álbuns intitulados «Art of the Trio», já com diversos volumes.

Participou nas bandas sonoras dos filmes «Meia-noite do Jardim do Bem e do Mal», de Clint Eastwood, «De Olhos Bem Fechados», de Stanley Kubrick e «Million Dollar Hotel – O Hotel» de Wim Wenders.
A sua admiração por áreas mais populares da música levou-o a reinterpretar temas dos britânicos Radiohead – “Paranoid Android” e “Exit Music (For a Film)” – e Beatles – “Blackbird”.

prenda minha

Recebi uma prenda inesperada este Natal:
O livro Duarte Mendonça: 30 anos de Jazz em Portugal.

Por ter sido editado recentemente, não conhecia;
A maior e agradável surpresa, no entanto, é verificar que não fazia ideia que tantos jazzmen tivessem passado por Portugal nas últimas três décadas.

O livro, da autoria de João Moreira dos Santos, constitui uma justa homenagem ao produtor Duarte Mendonça.

Recheado de muitas fotografias inéditas, este álbum de memórias é uma belíssima viagem pela história dos festivais de jazz em Portugal.

Obrigado ao JMS , pela paixão que lhe dedicou.
Um abraço à Maria João e ao Paulo Alexandre, que mo ofereceram.