Super Terça-Feira

Super Terça-Feira

Perfil dos Candidatos e posicionamento na Sondagem Nacional de 20080203. Retirado do ITD

Democratas:

Hillary Rodham Clinton – 46

Barack Obama – 38

Republicanos:

John McCain – 42

Mike Huckabee – 22

Mitt Romney – 20

Mais alguns links úteis em pt para acompanhar a Super Terça-Feira

Público online: Dossier Especial + Infografia + Blog

Blog IOL

Blog de Nuno Gouveia

Os Bons, o Limpinho e o Feio

Expiação – Das nomeações para a estatueta, a de melhor filme não lembra ao careca, as restantes são justas. Não entendo o porquê de tanta adjectivação para este filme melodramático a resvalar para a lamechice. A segunda parte, com planos demasiado longos, faz com que o filme se torne maçador.
A miúda safa-se, mas tem de rever as boquinhas, que já parecem tique.

Aliens vs. Predator: Requiem – Espero não ter muito mais desilusões desta natureza este ano. Um amigo que também é entusista da saga ainda tenta esconder, quando diz que o início promete mas depois cai um bocado (para o abismo, esqueceu-se de referir). Se acabou, não podia ter sido de forma menos disparatada?

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias – Pode ser belo, um filme que aborda o aborto clandestino? Claro que sim. Sem efeitos especiais, entenda-se juizo moral, transporta-nos para a precaridade do ser humano e as suas fragilidades, quando as opções deixam de existir.
Comovi-me com a cena em que a amiga deita o feto na conduta do lixo, não pelo acto chocante para a maior parte das pessoas, mas pela gestualidade, tão sofrida, como se perdesse uma parte de si própria…

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Roteiro para o Património

fonte: Presidência da República, sublinhados meus.

Conceito de Património

1.1. O conceito de património evoluiu consideravelmente, desde o início da segunda metade do século XX até hoje.

Essa evolução, sendo particularmente visível no espaço cultural europeu, tende, no entanto, a generalizar-se por todo o mundo, devido à influência de organizações internacionais, como a UNESCO.

Em primeiro lugar, tende a expandir-se a toda a gama de manifestações culturais, em que a actividade humana se revela na pluralidade das suas facetas e na sua interacção com o meio natural.

Em segundo lugar, de uma perspectiva exclusivamente historicista, em que se privilegiava o significado, a singularidade e a monumentalidade dos edifícios e objectos, subestimando a articulação com a sua envolvente geográfica e social, passou-se modernamente a um conceito de património que tende a abarcar, não tanto monumentos isolados, como sobretudo conjuntos urbanísticos, sítios, paisagens naturais e/ou culturais, ou ainda territórios na sua globalidade. É o caso, por exemplo, do Alto Douro Vinhateiro e da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, sítios portugueses inscritos na lista do Património Mundial por se registar neles uma interacção particular entre as condições naturais e o trabalho humano.

1.2. Em consequência desta evolução do conceito de património, as áreas classificadas tendem a expandir-se, vindo, por um lado, os centros históricos das cidades a abarcar uma superfície cada vez maior face à periferia urbana e, por outro lado, as paisagens históricas a institucionalizar-se e a ser protegidas como paisagens culturais.

Em toda a Europa, o território culturalmente classificado ou inscrito em zonas de protecção tem vindo a aumentar significativamente.

1.3. A situação daqui decorrente leva a que o património tenha de ser considerado interdisciplinarmente e exija políticas concertadas entre vários sectores, designadamente:

  1. Cultura
  2. Gestão urbanística
  3. Ambiente e Conservação da natureza
  4. Ordenamento do Território
  5. Desenvolvimento Regional
  6. Turismo

1.4. Pelas implicações que assume actualmente, uma política de defesa, preservação e promoção do património tem de congregar esforços de diverso tipo.

  1. Estado central
  2. Autarquias
  3. Igreja, enquanto matriz inspiradora de vários tipos de arte e detentora, em Portugal, de uma enorme variedade de importantes bens classificados
  4. Escolas, enquanto centros privilegiados de educação para o património
  5. Empresas, que além de não lesar no prosseguimento da sua actividade privada o património comum, devem ainda contribuir para a sua preservação
  6. Cidadãos em geral

Coordenadas

A preocupação crescente das sociedades contemporâneas em relação ao património tem vindo a desenvolver-se, fundamentalmente, em torno de três coordenadas:

  • identidade nacional;
  • coesão social;
  • desenvolvimento sócio-económico.

Identidade Nacional

a. O património é a face visível da memória colectiva, uma memória que, por ser singular e específica de cada país, região ou lugar, merece ser preservada e continuada.

b. É pelo património – natural, histórico, artístico e linguístico – que um país se reconhece como continuador de uma obra que se iniciou há muito. O património pode, por isso, servir de instrumento de consolidação, não apenas da memória histórica, mas também da confiança no futuro.

c. Pelo seu património, um país ou uma região afirma-se pela sua. singularidade e diferença, contrariando assim a tendência para o nivelamento e a homogeneidade. Num mundo cada vez mais globalizado, as “fronteiras” que distinguem os países são, sobretudo, aquelas que os diferentes patrimónios constituem.

d. Ao preservar e dar a conhecer o seu património, um país ou uma região está a enriquecer o património da humanidade e a consolidar uma das vias de aproximação entre os povos, conforme tem vindo a ser insistentemente sublinhado por várias organizações internacionais.

e. A preservação do património representa, finalmente, uma responsabilidade face às gerações futuras, às quais não é justo negar-se a possibilidade de usufruírem daquilo que a geração actual herdou.

Coesão Social

a. Nas sociedades contemporâneas, cada vez mais atravessadas por fortes clivagens sociais e culturais, o património representa um importante recurso para a coesão social.

b. Tanto os bens patrimoniais de projecção nacional e internacional, como o património local, constituem referência identitária para as populações, a qual deve ser estimulada como vínculo que prevalece para lá de naturais divisões políticas ou outras.

c. A preservação e promoção do património podem constituir um factor de fixação das populações e um motivo para elevar os níveis de participação e de cidadania.

d. A defesa do património, na medida em que se trata de bens que são comuns, deve ser fomentada como algo que diz respeito a todos e que só o empenho de todos – Estado, instituições e particulares – pode efectivamente levar a cabo.

e. O conhecimento do património, nas suas diversas facetas, deve ter lugar nos programas de ensino e formação, quer para reforçar os laços comunitários, quer para familiarizar as novas gerações com a herança comum.

Desenvolvimento Sócio-económico

2.3.1. As actividades directa ou indirectamente ligadas à cultura têm sido, nos últimos anos, um dos sectores em que se regista um maior crescimento a nível europeu. Entre essas actividades, as que têm a ver com o património construído ocupam lugar de destaque, influenciando outras áreas:

  1. Arquitectura de imóveis e de paisagens
  2. Indústrias e tecnologias do restauro – Arquitectura, pintura, azulejaria, etc.
  3. Construção civil
  4. Turismo

2.3.2. Apesar de ser um campo frequentemente polémico, dada a variedade de interesses que têm de ser ponderados, a defesa dos valores patrimoniais requer que as intervenções se articulem aos vários níveis – nacional, regional e local – e que as políticas de desenvolvimento tenham em conta as orientações a nível nacional e internacional em matéria de património, ambiente e ordenamento do território.

2.3.3. Algumas cidades do interior já estão a executar os seus planos de desenvolvimento em complementaridade com a recuperação de centros históricos ou outros locais de interesse patrimonial, utilizando-os como marcas de referência e pólos de identificação e dinamização das escolas, serviços e indústrias locais.

2.3.4. A preocupação com a salvaguarda do património é, além disso, um factor de equilíbrio e de correcção dos riscos que comporta um desenvolvimento sem regras nem limites. Deve, por isso, combater-se na medida do possível, a descaracterização de povoados e de paisagens e impor-se exigências para que o crescimento não desvirtue a malha urbana e, pelo contrário, nela se integre harmoniosamente.

Objectivos do Roteiro

3.1. Sensibilizar as diversas entidades, empresas, associações, escolas e cidadãos em geral para a importância da recuperação, defesa e promoção do património, em toda a extensão que hoje em dia o conceito abarca.

3.2. Chamar a atenção para o papel que as actividades ligadas ao património podem e devem desempenhar no desenvolvimento sócio-cultural e económico.

3.3. Promover alguns monumentos e sítios nacionais emblemáticos, mesmo aqueles que são menos conhecidos.

3.4. Evidenciar “boas práticas” no domínio da preservação e recuperação do património.

3.5. Incentivar acções de educação para o património a promover pelas escolas e autarquias.

3.6. Estimular o trabalho desenvolvido pelo poder local neste domínio e a optimização da sua articulação com o poder central e com a sociedade civil.

3.7. Evidenciar o trabalho desenvolvido por algumas instituições e pessoas titulares de bens classificados.

Roteiro para o Património

fonte: Presidência da República, sublinhados meus.

Conceito de Património

1.1. O conceito de património evoluiu consideravelmente, desde o início da segunda metade do século XX até hoje.

Essa evolução, sendo particularmente visível no espaço cultural europeu, tende, no entanto, a generalizar-se por todo o mundo, devido à influência de organizações internacionais, como a UNESCO.

Em primeiro lugar, tende a expandir-se a toda a gama de manifestações culturais, em que a actividade humana se revela na pluralidade das suas facetas e na sua interacção com o meio natural.

Em segundo lugar, de uma perspectiva exclusivamente historicista, em que se privilegiava o significado, a singularidade e a monumentalidade dos edifícios e objectos, subestimando a articulação com a sua envolvente geográfica e social, passou-se modernamente a um conceito de património que tende a abarcar, não tanto monumentos isolados, como sobretudo conjuntos urbanísticos, sítios, paisagens naturais e/ou culturais, ou ainda territórios na sua globalidade. É o caso, por exemplo, do Alto Douro Vinhateiro e da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, sítios portugueses inscritos na lista do Património Mundial por se registar neles uma interacção particular entre as condições naturais e o trabalho humano.

1.2. Em consequência desta evolução do conceito de património, as áreas classificadas tendem a expandir-se, vindo, por um lado, os centros históricos das cidades a abarcar uma superfície cada vez maior face à periferia urbana e, por outro lado, as paisagens históricas a institucionalizar-se e a ser protegidas como paisagens culturais.

Em toda a Europa, o território culturalmente classificado ou inscrito em zonas de protecção tem vindo a aumentar significativamente.

1.3. A situação daqui decorrente leva a que o património tenha de ser considerado interdisciplinarmente e exija políticas concertadas entre vários sectores, designadamente:

  1. Cultura
  2. Gestão urbanística
  3. Ambiente e Conservação da natureza
  4. Ordenamento do Território
  5. Desenvolvimento Regional
  6. Turismo

1.4. Pelas implicações que assume actualmente, uma política de defesa, preservação e promoção do património tem de congregar esforços de diverso tipo.

  1. Estado central
  2. Autarquias
  3. Igreja, enquanto matriz inspiradora de vários tipos de arte e detentora, em Portugal, de uma enorme variedade de importantes bens classificados
  4. Escolas, enquanto centros privilegiados de educação para o património
  5. Empresas, que além de não lesar no prosseguimento da sua actividade privada o património comum, devem ainda contribuir para a sua preservação
  6. Cidadãos em geral

Coordenadas

A preocupação crescente das sociedades contemporâneas em relação ao património tem vindo a desenvolver-se, fundamentalmente, em torno de três coordenadas:

  • identidade nacional;
  • coesão social;
  • desenvolvimento sócio-económico.

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Centro Histórico de Lisboa Renovado… Quando?!

Recupero esta posta de Junho de 2006, como exercício de reflexão.
Quase dois anos depois de Manuel Salgado, Arquitecto e membro do Comissariado Baixa-Chiado ter dado esta entrevista ao Diário Económico, em 13 de Junho de 2006, que mudou? Tivemos o Plano de Recuperação apresentado por Maria José Nogueira Pinto, que deve ter merecido a melhor atenção de António Costa… e mais?

Temos muita gente que se dedica a pensar a cidade e a fazer análise vectorial e matricial, recursos humanos com grande capacidade de decisão, mas dava imenso jeito haver também quem fizesse as coisas acontecer.

Um projecto para curar o coração de Lisboa

Hoje não se trata de reconstruir a Baixa-Chiado sobre ruínas, mas de reinventar a forma de a viver, de dar novos usos a muitos edifícios e espaços que perderam sentido.

1. Apesar do acentuado declínio dos últimos 40 anos, a Baixa continua a ser o coração da grande Lisboa. Um coração doente, é certo, mas um coração que tem resistido a terramotos e a incêndios, ao esvaziamento de algumas das actividades mais nobres, ao envelhecimento e empobrecimento dos residentes, à decadência do comércio, à transformação das suas ruas e praças em corredores e nós viários onde passam milhares de veículos, ao abandono e ao desleixo de um espaço público sujo, mal iluminado e inseguro.

Também sei que curar este coração obriga a intervir um pouco por toda a cidade e que um coração saudável contaminará, positivamente, todo o organismo.

Manuel da Maia, em 1755, após o terramoto arrasar Lisboa, pôs 3 hipóteses em cima da mesa:

(i) Reconstruir a Baixa como era, com pequenos ajustamentos;

(ii) Abandoná-la à sua sorte e construir uma nova cidade a ocidente;

(iii) Construir com um novo plano sobre as ruínas do terramoto.

Foi esta última a opção tomada e uma cidade moderna surgiu, antecipando o que se viria a fazer, mais tarde, em muitas capitais europeias.

Hoje não se trata de reconstruir a Baixa/Chiado sobre ruínas, mas reinventar a forma de a viver, de dar novos usos a muitos edifícios e espaços que perderam sentido.

Justifica-se ter quartéis no centro da cidade? E utilizar a Praça do Comércio como um nó viário?

E porque há muito estou convencido que regenerar a Lisboa de ambas as margens do Tejo passa por reinventar ou, se preferirem, reabilitar a Baixa e o Chiado, aceitei com entusiasmo o convite da Câmara para integrar o Comissariado.

Um grupo, para o qual concorrem vários saberes e experiências, onde tudo tem sido discutido sem preconceitos, sobre a condução arguta da Maria José, em que cedo nos apercebemos dos múltiplos níveis de competência que atravessam este projecto e que é no binário concertação-liderança que se joga o seu sucesso.

Sem presunção, arrisco-me a afirmar que a reabilitação do centro da capital do país, é um desígnio nacional e que daí se devem retirar as devidas ilações…

2.. Sustentabilidade e competitividade não são jargões da moda. Estes conceitos aplicados à Baixa Chiado têm um significado preciso. A reabilitação tem de ser sustentável do ponto de vista social, isto é, propiciar melhores condições de habitabilidade aos que lá vivem e atrair novos moradores com diferentes níveis de exigência. Que favorecer a modernização do comércio sem expulsar ninguém; que atrair mais pessoas qualificadas para trabalharem num ambiente atractivo, estimulante e criativo.

Tem de ser sustentável na reabilitação do património, isto é, tem de salvaguardar a memória dum legado histórico imperdível mas conferindo-lhe as condições de conforto e segurança, hoje exigíveis, para que qualquer pessoa aí habite ou trabalhe.

Sustentável, ainda, do ponto de vista económico – “não há almoços à borla”- pelo que o muito investimento tem de ter a justa compensação.

Por fim, sustentável do ponto de vista ambiental, o que só é possível diminuindo os níveis de ruído e de poluição do ar, reduzindo drasticamente o tráfego de atravessamento, e cuidando da circulação do ar e da água, aumentando, sempre que possível, a permeabilidade do solo, para que a terra respire e o ambiente seja mais saudável.

A competitividade global joga-se cada vez mais ao nível das cidades.

Não há cidade na Europa que, num raio de 50 km, tenha um oceano e dois estuários como o do Tejo e do Sado, parques naturais e serras, como Sintra e Arrábida, praias como o Guincho e Caparica e um centro histórico construído sobre colinas debruçadas sobre um rio que parece Mar…. Há poucas cidades no Mundo com a cor e a luz de Lisboa, com a paz entre as múltiplas comunidades dos seus habitantes.

Este é o maior potencial de Lisboa para atrair talentos e se afirmar pelo seu potencial humano. E se o grande esforço tem de ser feito na formação e na inovação tecnológica, não é menos verdade que a qualidade do quadro de vida joga um papel fortíssimo na competição entre cidades, tanto mais essencial quanto as novas formas de comunicação abrem outras oportunidades de utilizar o espaço e o tempo.

Nesta perspectiva, uma Baixa Chiado única, porque diferente de todas as outras capitais europeias, complexa e densa pelas múltiplas actividades que alberga, criativa pelas oportunidades que proporciona, atractiva e aberta a tudo e a todos, eficiente e segura, e “em movimento contínuo”, afirma Lisboa na competição entre cidades.

3. Partir para um projecto de reabilitação da Baixa e do Chiado significa juntar as peças de um puzzle complexo, trabalhar com uma informação riquíssima, recuperar velhos projectos, dando-lhes um fio condutor lógico e uma visão estratégica.

Se partirmos da situação actual com pequenas correcções e intervenções de cosmética, não chegamos a lado nenhum.
Pequenas intervenções de cosmética, como tornar a Baixa mais limpa, com passeios em condições e melhor iluminada, seguramente não resolvem os problemas de fundo, mas contribuirão positivamente para melhorar a imagem que os lisboetas e os visitantes têm do coração da cidade.
Não é pedir muito, pois não?

Tudo tem de ser posto em causa, com total abertura de espírito, para que algo que, verdadeiramente, valha a pena, possa ser feito.

Precisamos de saber ler os sinais, saber questionar tudo e todos para encontrar soluções inovadoras, para recuperar excelentes ideias que, às vezes, por razões acidentais não passaram do papel. Precisamos de envolver dezenas de entidades, ouvir as suas razões e ganhá-las para este projecto. Precisamos de entusiasmar a sociedade civil para que a reabilitação da Baixa Chiado ganhe a sua autonomia.

4. Na Baixa, o segredo da mudança está na mobilidade. Setenta por cento do tráfego tem origem e destino a Norte do Marquês de Pombal, logo utiliza a Baixa como um percurso de atravessamento que só penaliza quem lá vive, trabalha, faz compras ou, simplesmente, passeia.

Reduzir drasticamente o tráfego de atravessamento é condição “sine qua non” para reabilitar o Centro de Lisboa e, daí, reordenar a circulação em toda a Lisboa porque é aqui que tudo conflui.

Faz sentido que toda a rede da Carris seja desenhada tendo como ponto de convergência o Terreiro do Paço?

Os interfaces de Sul-Sueste e Stª Apolónia, com a integração do Metro não permite reduzir o número de autocarros que passam pela Baixa?

Reduzir o tráfego é o que vai permitir uma Praça do Comércio sem carros, um passeio ribeirinho entre o Jardim do Tabaco e o Cais do Sodré, estender um percurso pedonal do Terreiro do Paço à rua das Portas de Stº Antão, ganhar espaço para os peões no Rossio e na Praça da Figueira. É também o que cria condições para reperfilar a Av. da Liberdade e, quem sabe, recuperar um pouco a ideia do Passeio Público e acabar com “via rápida” de 6 + 2 faixas, que transformam a 24 de Julho num perigo.

A redução do tráfego é, também, a porta pela qual vai ser possível trazer mais gente para viver na Baixa.

‘At last…’ não será este o momento e o local para privilegiar claramente o transporte público quando temos 7 estações de Metro com menos de 300 m entre elas?
Um exemplo:
A Linha Verde termina no Cais-do-Sodré, a Azul no Chiado e a Amarela no Rato.
É perfeitamente possível criar uma linha de mini-bus entre o Rato e o Cais-do-Sodré, sendo assim viável impôr restrições ao automóvel neste corredor – pelo menos fora dos horários do comércio.
Sem dúvida que planos como o anunciado parque de estacionamento do Largo Barão de Quintela deixariam de fazer sentido.

5. No plano desenhado por Carlos Mardel, cujo espaço público – ruas e praças – chegou intacto até aos nossos dias, o preenchimento total dos quarteirões demorou mais de um século. Este património é muito diversificado, coexistindo exemplares de construção pombalina intactos, com “pastiches” neo-pombalinas em betão armado, com alguns exemplares (poucos) de arquitectura de qualidade, da primeira metade do século passado, e muitos edifícios de origem pombalina, mais ou menos adulterados.

A receita para intervir não pode, pois, ser única. Haverá casos em que o restauro terá de ser exemplar, outros que melhor seria que fossem substituídos e outros, ainda, que admitem diferentes níveis de transformação.

De qualquer forma, o mote é a reabilitação, tema que, há anos, está na ordem do dia mas que, entre nós, ainda não ganhou no mercado da construção a importância que deveria ter.

Reabilitar é caro e os tempos muitas vezes incontroláveis pela dificuldade em dispor dos espaços. Mas reabilitar é essencial, não só por razões histórico-patrimoniais mas, também, por razões económicas e ecológicas.

Reabilitar exige técnicas mais “soft”, mas mais especializadas, que se perderam entre nós, e exige equipamentos que não estão estandardizados, como os elevadores. A reabilitação é um mercado com um enorme potencial que exige novas empresas, mais ágeis e com equipas mais pequenas. É uma actividade limpa e rigorosa, com um nível de sofisticação que a construção nova em geral não tem, por isso, exige técnicas especializadas e o recuperar de saberes antigos.

Até nisto o projecto da Baixa Chiado pode ser inovador, porque cerca de 70% dos 2.000.000 m2 necessitam de ser reabilitados.

6. Ninguém tem a ilusão de que um projecto desta natureza se realize de um dia para o outro. Nem ignoramos que algumas das muitas propostas que estamos a avançar não passarão do papel, mas sabemos, também que outras vão surgir, quiçá ainda mais interessantes. Porque uma intervenção destas demora décadas e a incapacidade de prever o futuro é cada vez maior.

O importante é ter um fio condutor, credível e, em torno do qual, se possa fazer a grande concertação indispensável para levar o projecto avante, tendo presente que tudo tem a ver com tudo e que há questões essenciais e outras nem tanto.

Que para ter mais habitação é indispensável domesticar o trânsito. Que sem espaço público, mais nobre e cuidado, não se atrai mais gente. Que a cidade não é feita para o turismo, mas que o turismo é indispensável à riqueza da cidade. Que o património é uma memória inestimável mas que tem de ser vivido hoje e não à moda antiga… etc., etc.

O que pediram ao Comissariado foi uma proposta estratégica que facilitasse a decisão. Um esforço de imaginação e bom senso, uma utopia saudável, mobilizadora de vontades. É isto que estamos a tentar fazer.

Centro Histórico de Lisboa Renovado… Quando?!

Recupero esta posta de Junho de 2006, como exercício de reflexão.
Quase dois anos depois de Manuel Salgado, Arquitecto e membro do Comissariado Baixa-Chiado ter dado esta entrevista ao Diário Económico, em 13 de Junho de 2006, que mudou? Tivemos o Plano de Recuperação apresentado por Maria José Nogueira Pinto, que deve ter merecido a melhor atenção de António Costa… e mais?

Temos muita gente que se dedica a pensar a cidade e a fazer análise vectorial e matricial, recursos humanos com grande capacidade de decisão, mas dava imenso jeito haver também quem fizesse as coisas acontecer.

Um projecto para curar o coração de Lisboa

Hoje não se trata de reconstruir a Baixa-Chiado sobre ruínas, mas de reinventar a forma de a viver, de dar novos usos a muitos edifícios e espaços que perderam sentido.
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Pontes para o infinito

Neste espaço será republicada uma selecção de posts originários de outros blogs que criei ao longo dos últimos quatro anos.
Luminescências, Sétima Colina, Iconographos e Aqui Jazz o Fado.

Não será um best of, antes o pegar em algumas ideias como ponto de partida para abrir novos horizontes.

olha que quatro… mais um…

Óscares 2008 – Nomeados para Melhor Actor Principal

George Clooney, Michael Clayton (2007) não sei quem é.

Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood (2007) Um grande actor e, embora só tenha visto a apresentação, parece um sério candidato.

Johnny Depp, Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street (2007) Gosto deste rapaz, mas o mimetismo das suas personagens não deve chegar…

Tommy Lee Jones, In the Valley of Elah (2007) Um dos meus actores preferidos. Ainda não vi o filme.

Viggo Mortensen, Eastern Promises (2007) Um excelente trabalho! A cena da luta no banho turco é de grande realismo… mas a concorrência é de peso!

Inútil Paisagem


 

Mas pra quê
Pra que tanto céu
Pra que tanto mar, pra quê

De que serve esta onda que quebra
E o vento da tarde
De que serve a tarde
Inútil paisagem

Pode ser
Que não venhas mais
Que não voltes nunca mais

De que servem as flores que nascem
Pelos caminhos
Se o meu caminho
Sozinho é nada

 

Recordando António Carlos Jobim e Elis Regina, também nesta preciosidade

Inútil Paisagem

Ponte vasco da Gama - Janeiro de 2008
Mas pra quê

Pra que tanto céu
Pra que tanto mar, pra quê

De que serve esta onda que quebra
E o vento da tarde
De que serve a tarde
Inútil paisagem

Pode ser
Que não venhas mais
Que não voltes nunca mais

De que servem as flores que nascem
Pelos caminhos
Se o meu caminho
Sozinho é nada

Recordando António Carlos Jobim e Elis Regina, também nesta preciosidade