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A flor que és, não a que dás, eu quero

Ad juvenem rosam offerentem
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço?
Tão curto tempo é a mais longa vida,
E a juventude nela!
Flor vives, vã; porque te flor não cumpres?
Se te sorver esquivo o infausto abismo,
Perene velarás, absurda sombra,
O que não dou buscando.
Na oculta margem onde os lírios frios
Da infera leiva crescem, e a corrente
Monótona, não sabe onde é o dia,
Sussurro gemebundo.
Ricardo Reis, 1923
Hans Baldung Grien – “Three Ages of Man”, 1539