Archive for the ‘ Fotografia ’ Category

Reminder

Como já havia feito referência, a World Press Photo começa hoje!

E porque hoje é sexta-feira*, três sugestões de leitura:

Noite Americana (via À Deriva), Inimigo Público e – já agora – Boião de “Cultura”.

* Desculpa roubar-te a ideia para o título. Posso pagar em género.. feminino?

Postais de Praga

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Canal junto a Charles Bridge

“Táxi” turístico

Ponte sobre o Rio Zlatva, que divide a cidade

Vista a partir da encosta do Castelo

Este é o tempo

De assobiar para o ar!

Quero lá saber que o Código Penal seja revisto, tendo por finalidade distinguir “melhor” dolo de negligência (como não soubessemos quão lenta é a nossa Justiça!)..
Quero lá saber se o Fundo de Solidariedade é ou não accionado(lá vêm mais subsídios!)..
Quero lá saber se vêm mais aviões a caminho para ajudar no combate aos incêndios ( depois de casa roubada, trancas à porta)..
Quero lá saber se – como tive oportunidade de observar no fim-de-semana – há descoordenação entre as forças de combate (Bombeiros, Protecção Civil, Liga para a Protecção da Natureza)…

O que eu sei, é o que vejo nas televisões! As populações a tentar proteger os seus bens, numa claríssima demonstração de falta de meios!
Não há volta a dar. Este país vai continuar a arder, quer porque não sabemos, quer porque não queremos fazer melhor..
Deixa arder!


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Este é o tempo
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura

Este é o tempo em que os homens renunciam.

Sophia de Mello Breyner Andressen

Declínio

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Meu alvoroço de oiro e lua
Tinha por fim que transbordar…
– Caiu-me a Alma ao meio da rua,
E não a posso ir apanhar!

Mário de Sá-Carneiro

Postais (com alma) da Invicta

Ribeira do Porto

Ó noite, porque hás-de vir sempre molhada!
Porque não vens de olhos enxutos
e não despes as mãos
de mágoas e de lutos!

Poque hás-de vir semimorta,
com ar macerado e de bruxedo,
e não despes os ritos, o cansaço,
e as lágrimas e os mitos e o medo!

Porque não vens natural
Como um corpo sadio que se entrega,
e não destranças os cabelos,
e não nimbas de luz a tua treva!

Poque hás-de vir com a cor da morte
– se a morte já temos nós!
Porque adormeces os gestos,
porque entristeces os versos,
e nos quebras os membros e a voz!

Porque é que vens adorada
por uma longa procissão de velas,
se eu estou à tua espera em cada estrada,
nu, inteiramente nu,
sem mistérios, sem luas e sem estrelas!

Ó noite eterna e velada,
senhora da tristeza, sê alegria!
Vem de outra maneira ou vai-te embora,
e deixa romper o dia!

Eugénio de Andrade

Detalhe da Ribeira
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Lisbon Revisited

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Para bem ver e estimar uma paisagem, é preciso estar fora dela?!
José Rodrigues Miguéis

Há sempre um ângulo possível para fazer bonecos, em Lisboa!
Neste caso, não foi fácil, pois dentro dos Armazéns do Chiado não é permitido utilizar câmaras, vá-se lá saber porquê!
A ideia inicial era fazer uma foto panorâmica; porém, como dava muito nas vistas levantar-me, os registos foram obtidos sentado – enquanto me debatia com uma picanha sofrível e uma caipirinha daquelas que também não fazem história, de forma que tive de colar três fotos para simular o efeito pretendido.
Fica a intenção..

Postal de férias


Posted by Picasa Roman bridge in Tavira, Algarve

Soube há pouco tempo que o rio que divide a cidade das 37 igrejas (um dos meus locais de eleição no Algarve) se chama Séqua até chegar à Ponte Romana, e daí até à foz adopta o nome de Gilão.

Cheira bem, cheira a Lisboa!


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Não é o meu bairro, mas a Alfama fácil de amar tem um encanto especial na noite de Santo António..
porque tem..
sardinha assada, salada de pimentos, sangria, farturas, manjericos.. e os cheiros..
É a cidade em festa!

Expressionismo pela refracção da luz

Metamorfoses pela Luz

Na Culturgest, em Lisboa, estão em exposição cerca de 120 trabalhos do suíço Helmar Lerski (1871 – 1956) – autor vanguardista nas décadas de 20 e 30 do século passado, integrados na bienal de fotografia Lisboa Photo 2005; Representam um interessante estudo em close-up sobre o rosto humano, através das variações de luz e sombra.
Metamorphosen des Gesichts – até 3 de Julho.

Em cada ser humano há de tudo; a questão é apenas onde a luz incide.

Durante algum tempo, Lerski trabalhou em cinema, nomeadamente nos efeitos especiais de Metropolis (1925/26), de Fritz Lang. No final da década de 20, voltou à fotografia. Participou na Exposição Film und Foto (1929), com 15 trabalhos.

A profundidade dos seus trabalhos – além de exprimirem a essência do rosto humano, residia nas diferentes faces do indivíduo.

Sete Mares de Aventura..

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Senhora das tempestades

Senhora das tempestades e dos mistérios originais
quando tu chegas a terra treme do lado esquerdo
trazes o terramoto a assombração as conjunções fatais
e as vozes negras da noite Senhora do meu espanto e do meu medo.

Senhora das marés vivas e das praias batidas pelo vento
há uma lua do avesso quando chegas
crepúsculos carregados de presságios e o lamento
dos que morrem nos naufrágios Senhora das vozes negras.

Senhora do vento norte com teu manto de sal e espuma
nasce uma estrela cadente de chegares
e há um poema escrito em página nenhuma
quando caminhas sobre as águas Senhora dos sete mares.

Conjugação de fogo e luz e no entanto eclipse
trazes a linha magnética da minha vida Senhora da minha morte
teu nome escreve-se na areia e é uma palavra que só Deus disse
quando tu chegas começa a música Senhora do vento norte.

Escreverei para ti o poema mais triste
Senhora dos cabelos de alga onde se escondem as divindades
quando me tocas há um país que não existe
e um anjo poisa-me nos ombros Senhora das Tempestades.

Senhora do sol do sul com que me cegas
a terra toda treme nos meus músculos
consonância dissonância Senhoras das vozes negras
coroada de todos os crepúsculos.

Senhora da vida que passa e do sentido trágico
do rio das vogais Senhora da litúrgia
sibilação das consoantes com seu absurdo mágico
de que não fica senão a breve música.

Senhora do poema e da oculta fórmula da escrita
alquimia de sons Senhora do vento norte
que trazes a palavra nunca dita
Senhora da minha vida Senhora da minha morte.

Senhora dos pés de cabra e dos parágrafos proibidos
que te disfarças de metáfora e de soprar marítimo
Senhora que me dóis em todos os sentidos
como um ritmo só ritmo como um ritmo.

Batem as sílabas da noite na oclusão das coronárias
Senhora da circulação que mata e ressuscita
trazes o mar a chuva as procelárias
batem as sílabas da noite e és tu a voz que dita.

Batem os sons os signos os sinais
trazes a festa e a despedida Senhora dos instantes
fica o sentido trágico do rio das vogais
o mágico passar das consoantes.

Senhora nua deitada sobre o branco
com tua rosa-dos-ventos e teu cruzeiro do sul
nascem faunos com tridentes no teu flanco
Senhora de branco deitada no azul.

Senhora das águas transbordantes no cais de súbito vazio
Senhora dos navegantes com teu astrolábio e tua errância
teu rosto de sereia à proa de um navio
tudo em ti é partida tudo em ti é distância.

Senhora da hora solitária do entardecer
ninguém sabe se chegas como graça ou como estigma
onde tu moras começa o acontecer
tudo em ti é surpresa Senhora do grande enigma.

Tudo em ti é perder Senhora quantas vezes
Setembro te levou para as metrópoles excessivas
batem as sílabas do tempo no rolar dos meses
tudo em ti é retorno Senhora das marés vivas.

Senhora do vento com teu cavalo cor de acaso
tua ternura e teu chicote sobre a tristeza e a agonia
galopas no meu sangue com teu cateter chamado Pégaso
e vais de vaso em vaso Senhora da arritmia.

Tudo em ti é magia e tensão extrema
Senhora dos teoremas e dos relâmpagos marinhos
batem as sílabas da noite no coração do poema
Senhora das tempestades e dos líquidos caminhos.

Tudo em ti é milagre Senhora da energia
quando tu chegas a terra treme e dançam as divindades
batem as sílabas da noite e tudo é uma alquimia
ao som do nome que só Deus sabe Senhoras das tempestades.

Manuel Alegre