O consagrado músico catalão, uma das figuras tutelares do universo da música antiga, esteve recentemente em Santiago do Cacém, na abertura do 6.º Festival Terras Sem Sombra. Antes de deixar falar a música, partilhou as convicções humanistas que guiam a sua arte.
Tranquilidade contagiante, a de Jordi Savall: de movimentos, da postura em palco, do verbo, do olhar. Talvez advenha da sabedoria que foi adquirindo ao longo de uma vida que em 2011 alcançará as sete décadas. E foi tranquilamente que nos deixou entrever algumas das coordenadas que guiam a sua prática de homem-artista no mundo, demiurgo entre a comunidade humana.
Nos últimos anos, Savall tem dedicado especial atenção aos encontros (e choques) de povos, tradições e culturas que espaços geográficos determinados corporizaram no passado. Por trás, está a crença de que “a música é sempre fonte de diálogo” e tem “um poder” que, “quando é profundo e pleno de emoção, pode mudar-nos”. Daí ser “responsabilidade” dos músicos “mostrar que épocas houve com uma herança comum a Oriente e Ocidente”, fruto de “um diálogo muito próximo de culturas”. Com esses seus discos, Savall quer “mostrar que o diálogo é possível, tal como foi ao longo de muitos séculos no passado”. A sustentar isto, a convicção de “música e cultura” serem “as únicas portas que podemos utilizar, pois todas as outras fracassaram”.
Exemplo maior desse propósito na sua discografia será Jerusalem, cidade das duas pazes (2008): “Quando iniciei esse projecto – recorda Savall – todos me diziam que era uma loucura, uma utopia. No princípio, foi, de facto; mas no final foi um exemplo para os políticos!” Esse projecto, que integrou músicos palestinianos, fê-lo dar-se conta das “muito baixas possibilidades de desenvolvimento humano” prevalecentes na Palestina, “impeditivas – considera – de esforços mais abrangentes e coordenados” no domínio musical. É isso que, observa, “limita o sucesso e o alcance” de iniciativas “importantes e difíceis” como a Orquestra do Divã Ocidental-Oriental de Daniel Barenboim.
Em Jerusalem, conta, “os conflitos entre músicos transmutaram- -se em crossovers: a tradição de cada um acabou por se mesclar e fundir com a do outro, porque há um fun- do comum”. Daí que o seu diagnóstico seja: “os problemas são mais mentais do que reais”.
Para Savall, “a música dá sentido ao ser humano” e “revela a sensibilidade que encerra a linguagem humana”, porquanto ela “dá sentido às palavras”. Detecta “tantas músicas como homens existem, com uma origem comum, tal como sucede na linguagem”. De que decorre ser a música “síntese de um povo e da sua experiência histórica”, razão para serem “as músicas populares as que melhor e com mais emoção definem essa história, já que são músicas sobreviventes”. E tal como um espelho, também “a música ajuda as comunidades a sobreviver”.
Virando-se para o nosso tempo, Savall detecta “uma degeneração da sensibilidade” que se revela “em quem pretende escutar só a parte estética da música”. Savall é taxativo: “por esse caminho, termina-se em Auschwitz!”, aludindo aos tantos carrascos nazis que eram melómanos dedicados e cultivados.
Daí ser “muito importante não esquecer, não perder nunca a dimensão, o referente espiritual da música, pois é ele que dá sentido ao todo e faz que se manifeste o sentido do sagrado”.
O seu mais recente disco é um exemplo da sua convicção de que “a música serve para entender a história” e de que esta “toma de novo vida através da música”, pois, “quando feita com seriedade e provida de força emocional e espiritual, a música faz com que reflictamos”.
Um outro reflexo entrevê-o no património, pois “o que nos faz ser reconhecidos no universo não são só os produtos que exportamos. É também a cultura, e nesta, a música tem enorme importância”. Lamenta não haver em geral “consciência da importância do património musical” e, entre a Europa latina, “só a França” tem política de preservação “positiva e eficaz”.
Bernardo Mariano | Diário de Notícias, 13 de Março de 2010
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