Estátua Falsa
Só
de oiro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minh alma desceu veladamente.
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam.
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distancia.
Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!
Sou estrela ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus,
Estátua falsa ainda erguida no ar …
poema de Mário de Sá Carneiro, 1913
gravura de Tamara de Lempicka, 1923









![FESTIVAL DE MÚSICA ANTIGA DE TORRES VEDRAS [18 Out - 1 Nov]](https://abrancoalmeida.com/wp-content/uploads/2020/10/festival-de-musica-antiga-de-torres-vedras.jpg?w=847)






Visita Guiada