A guitarra de Django Reinhardt atinge um século
Hoje, uma multidão rodeará o seu túmulo, na pequena localidade de Samois-sur-Seine, perto de Fontainebleau. Django Reinhardt, guitarrista e compositor de jazz, nasceu a 23 de Janeiro de 1910. O pai do jazz cigano foi um personagem misterioso, parco em palavras e pouco interessado no reconhecimento e na glória, tão imprevisível como desconcertante. No seu centenário, edições discográficas como Generation Django, com a participação de Biréli Lagrène e o defunto Henri Salvador, recordam um dos ciganos mais universais da história.
Filho de Laurence Négros Reinhardt, bailarina e cantora, e de Jean-Baptiste Eugène Weiss, violinista e guitarrista, Jean Baptiste Reinhardt nasceu no seio de uma família de artistas, na localidade belga de Liberchies. Aos oito anos, o clã Reinhardt estabeleceu-se num dos acampamentos ciganos que rodeavam Paris. Dele se dizia ser capaz de interpretar qualquer peça, só de ouvi-la uma vez; Com apenas 14 anos, tocava banjo, bandolim, guitarra e violino.
A 1 de Outubro de 1940, Reinhardt, acompanhado pelo Quinteto do Hot Club de França, que formou juntamente com o violinista Stéphane Grappelli, gravou Nuages, um êxito retumbante que todos os cantores conhecidos disputavam o privilégio de interpretar. Curiosamente, os seus problemas com as forças de ocupação começaram no dia em que foi convidado a actuar perante Hitler. Decidido a não comparecer, Django procurou refúgio por duas vezes na neutral Suíça, pedido que foi negado em ambas ocasiões pelo mesmo motivo: nem ser negro nem judeu.
A 31 de Janeiro de 1946, en plena celebração do Armistício, Reinhardt e Grappelli gravaram a célebre versão de A Marselhesa com ritmo swing, nos estúdios de Abbey Road, em Londres. O fim das hostilidades marcou o início do fim da sua carreira. Incapaz de se adaptar às novas tendências musicais, Reinhardt passou a dedicar cada vez mais tempo à pintura. A sua tournée pelos Estados Unidos com a orquestra de Duke Ellington foi um fracasso, completado pelo segundo concerto em Carnegie Hall ao qual chegou atrasado, por ter ficado a jogar bilhar com estranhos. Os últimos dias da vida de Django foram passados em Samois-sur-Seine. Faleceu a 16 de Maio de 1953, vítima de ataque cardíaco.
Texto traduzido do artigo de C. García Martínez – El Pais – 23/01/2010
excelente romantismo 🙂