Arquivo de 13 de Novembro, 2004

Um dia… vou a Marte!

Angústia



Tortura de pensar! Triste lamento!

Quem nos dera calar a tua voz!

Quem nos dera cá dentro, muito a sós,

Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar!… e o pensamento

Sempre a morder-nos bem, dentro de nós…

Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –

O brilho duma estrela, com o vento!…

E não se apaga, não… nada se apaga!

Vem sempre rastejando com a vaga…

Vem sempre perguntando: “O que te resta?…”

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!

Ser pedaço de gelo, ser granito,

Ser rugido de tigre na floresta!



Florbela Espanca