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Termas de Vals – Peter Zumthor

A sua arquitectura é a da essência. Constrói lugares em vez de edifícios e celebra as qualidades únicas dos materiais. As suas obras, esculpidas ao milímetro, têm uma presença forte e intemporal. Prémio Pritzker de Arquitectura 2009.

“Trabalho um pouco como o escultor. Quando começo, a minha primeira ideia para um edifício é o material. Acredito que a arquitectura é sobre isto. Não é sobre o papel, não é sobre as formas. É sobre o espaço e o material.” Peter Zumthor

Montanha, pedra, uma nascente quente. Para Peter Zumthor estava lá tudo. Só tinha de dar-lhe uma forma. Termas de Vals (1996), cantão de Graubünden, Suíça.
Finas lages de uma rocha vulcânica local cobrem as sólidas paredes de betão do volume paralelepipédico, pautado por aberturas vítreas e vazios geométricos. A água que brota da montanha percorre múltiplos espaços semiexteriores e interiores. Enquanto as pessoas usufruem das termas, a luz atravessa as paredes, através de pequenas fendas, desenhando focos diáfanos nas áreas cerradas. O bronze, que matiza finos corrimões, pequenas portas e enormes torneiras, contrasta com os cinzentos dominantes.
Quando os Alpes se cobrem de neve, a neblina desce até às piscinas descobertas, envolvendo quem aí se banha num cenário de mistério. A natureza sai aqui reforçada pelo toque de um homem.

Peter Zumthor - Termas de Vals, 1996

Zumthor recorda a história daquela que viria a tornar-se a sua obra-prima. “Em 1983, as autoridades locais adquiriram um complexo hoteleiro falido, edificado na década de 1960, por muito pouco dinheiro, ainda que sem grande entusiasmo. Mas algo tinha de ser feito para salvar os empregos. Disseram que o novo edifício tinha de ser especial, único. Deveria enquadrar-se em Vals e atrair novos visitantes. Em 1991, o projecto foi apresentado e a construção começou três anos depois. Desde então, mais de 40 mil pessoas visitam anualmente as Termas de Vals.”

Peter Zumthor - Termas de Vals, 1996

Para os críticos, a obra criou um “efeito Vals”, semelhante ao “efeito Bilbau”, suscitado pelo Guggenheim basco do arquitecto Frank Gehry. Protegido pelo cantão de Graubünden, o edifício, que atesta “o raro talento de Zumthor para combinar um pensamento claro e rigoroso com uma dimensão verdadeiramente poética, num trabalho que nunca cessa de inspirar”, nas palavras de Thomas J. Pritzker, presidente da Hyatt Foundation, que atribui o galardão, é um dos maiores trunfos da arquitectura contemporânea suíça.

Peter Zumthor - Termas de Vals, 1996

Este excerto foi retirado do artigo sobre Peter Zumthor, pubicado na Revista arquitectura & construção nº 55 – Junho/Julho 2009 e as fotos surripiadas ao Fernando Guerra.

Peter Zumthor – Prémio Pritzker 2009

O arquitecto suíço, cujo trabalho tive oportunidade de conhecer na Exposição Peter Zumthor-Edifícios e Projectos 1986-2007 na LX Factory durante parte do último trimestre de 2008, recebeu o Prémio Pritzker 2009, que Álvaro Siza havia recebido em 1992! 🙂

O júri do prémio frisou alguns projectos-chave de Zumthor, em especial as termas na cidade suíça de Vals, «a sua obra-prima», mas também o Museu de Arte Kolumba, em Colónia (Alemanha), um projecto de linhas contemporâneas, que se relaciona com «camadas de história». Via.

‘A construção é a arte de formar um todo com sentido a partir de muitas partes. Os edifícios são testemunhos da capacidade humana de construir coisas concretas. O verdadeiro núcleo de qualquer tarefa arquitectónica encontra-se, no meu entender, no acto de construir. É aqui, onde os materiais concretos são reunidos e erigidos, que a arquitectura imaginada se torna parte do mundo real.’

Peter Zumthor