Não se pode alterar para Nove Semanas e Meia?



Código Penal – artigos relevantes

ARTIGO 142º

Interrupção da gravidez não punível

1. Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o consentimento da mulher grávida, quando, segundo o estado dos conhecimentos e da experiência da medicina:

a) Constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida;

b) Se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida, e for realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez;

Houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma incurável, de doença grave ou malformação congénita, e for realizada nas primeiras 24 semanas de gravidez, comprovadas ecograficamente ou por outro meio mais adequado de acordo com as legis artis excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo;

A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual (quem é que inventou este termo??!!) e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas.

c) Houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma incurável, de grave doença ou malformação, e for realizada nas primeiras 16 semanas de gravidez; ou

d) Houver sérios indícios de que a gravidez resultou de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual, e for realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez.

2. A verificação das circunstâncias que tornam não punível a interrupção da gravidez é certificada em atestado médico, escrito e assinado antes da intervenção por médico diferente daquele por quem, ou sob cuja direcção, a interrupção é realizada.

3. O consentimento é prestado:

a) Em documento assinado pela mulher grávida ou a seu rogo e, sempre que possível, com a antecedência mínima de 3 dias relativamente à data da intervenção; ou

b) No caso de a mulher grávida ser menor de 16 anos ou psiquicamente incapaz, respectiva e sucessivamente, conforme os casos, pelo representante legal, por ascendente ou descendente ou, na sua falta, por quaisquer parentes da linha colateral.

4. Se não for possível obter o consentimento nos termos do número anterior e a efectivação da interrupção da gravidez se revestir de urgência, o médico decide em consciência face à situação, socorrendo-se, sempre que possível, do parecer de outro ou outros médicos.

«Mensagem» de Fernando Pessoa

2º Parte – Mar Português
POSSESSIO MARIS

V – EPITÁFIO DE BARTOLOMEU DIAS
Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: Já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.

VI – OS COLOMBOS
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.

VII – OCIDENTE
Com duas mãos – o Acto e o Destino –
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.
Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia
DA mão que desvendou.
Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.

VIII – FERNÃO DE MAGALHÃES
No vale clareira uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.
De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto –
Cingi-lo, dos homens, o primeiro –,
Na praia ao longe por fim sepulto.
Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.
Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.

OPA – oferta pública de aquisição



Uma vez que parece ( não sou eu que digo) que se está a instalar uma psicose relativamente ao fenómeno terrorismo, e, mais concretamente em relação ao Euro 2004, proponho:

Operação – aquisição de bilhetes para os jogos da Selecção Nacional (meias-finais e final incluídas).

Base de licitação – 70% do valor facial.

Mínimo: dois bilhetes por jogo.

Para evitar os especuladores, aviso que o valor de oferta será sujeito a uma depreciação de 5% por mês

Linda!, aliás Jill Bioskop.

Cinema Immortal, de Henki Bilal



Início do século XXIII.

Algures num dos três níveis de acesso da Cidade de Nova Iorque, há uma mulher com cabelo azul que chora lágrimas azuis.

O nome dela é Jill Bioskop. Ela ainda não sabe, mas Horus, o deus cabeça de falcão do Antigo Egipto, viajou por metade do universo para a conhecer.

Horus foi condenado à morte pelos seus semelhantes . Tem somente sete dias para encontrar Jill no labirinto da cidade e tentar seduzi-la.

Mas, para isso, precisa assumir a forma humana. Será Alcide Nicopol, um prisioneiro político que foi criogenisado trinta anos antes porque sabia demasiado sobre o Apartheid em Nova Iorque.

Entretanto, a pirâmide dos deuses voa sobre Manhattan, aliens fazem planos secretos no topo de um arranha-céus e um assassino em série não-humano passeia nas ruas do Nível 1.

Acontecimento:

Henki Bilal imortalizado em cinema!

Projectado ontem no Festival Internacional do Cinema Fantástico de Bruxelas.

Conta com a presença da menina Linda Hardy, Miss França em 1992(!)

O mais certo é ter de aguardar pela edição em dvd, porque em cinema…!

Para uma Nova Maioria

Artigos interessantes de Ruy Teixeira:

Emerging Democrats aqui e What Is to Be Done (on Jobs)? aqui!

LA ORACION DE LAS ROSAS

¡Ave rosas, estrellas solemnes!
Rosas, rosas, joyas vivas de infinito;
bocas, senos y almas vagas perfumadas;
llantos, ¡besos!, granos, polen de la luna;
dulces lotos de las almas estancadas;
¡ave rosas, estrellas solemnes!

Amigas de poetas
y de mi corazón,
¡ave rosas, estrellas
de luminosa Sión!
Panidas, sí, Panidas;
el trágico Rubén
así llamó en sus versos
al lánguido Verlaine,
que era rosa sangrienta
y amarilla a la vez.

Dejad que así os llame,
Panidas, sí, Panidas,
esencias de un Edén,
de labios danzarines,
de senos de mujer.

Vosotras junto al mármol
la sangre sois de él,
pero si fueseis olores
del vergel
en que los faunos moran,
tenéis en vuestro ser
una esencia divina:
María de Nazaret,
que esconde en vuestros pechos
blancura de su miel;
flor única y divina,
flor de Dios y Luzbel.

Flor eterna. Conjuro al suspiro.
Flor grandiosa, divina, enervante,
flor de fauno y de virgen cristiana,
flor de Venus furiosa y tonante,
flor mariana celeste y sedante,
flor que es vida y azul fontana
del amor juvenil y arrogante
que en su cáliz sus ansias aclara.

¡Qué sería la vida sin rosas!
Una senda sin ritmo ni sangre,
un abismo sin noche ni día.
Ellas prestan al alma sus alas,
que sin ellas el alma moría,
sin estrellas, sin fe, sin las claras
ilusiones que el alma quería.

Ellas son refugio de muchos corazones
ellas son estrellas que sienten el amor,
ellas son silencios que lentos escaparon
del eterno poeta nocturno y soñador,
y con aire y con cielo y con luz se formaron,
por eso todas ellas al nacer imitaron
el color y la forma de nuestro corazón.

Ellas son las mujeres entre todas las flores,
tibios sancta sanctorum de la eterna poesía,
neáporis grandiosas de todo pensamiento,
copones de perfume que azul se bebe el viento,
cromáticos enjambres, perlas del sentimiento,
adornos de las liras, poetas sin acento.
Amantes olorosas de dulces ruiseñores.

Madres de todo lo bello,
sois eternas, magníficas, tristes
como tardes calladas de octubre,
que al morir, melancólicas, vagas,
una noche de otoño las cubre,
porque al ser como sois la poesía
estáis llenas de otoño, de tardes,
de pesares, de melancolía,
de tristezas, de amores fatales,
de crepúsculo gris de agonía,
que sois tristes, al ser la poesía
que es un agua de vuestros rosales.

Santas rosas divinas y varias,
esperanzas, anhelos, pasión,
deposito en vosotras, amigas;
dadme un cáliz vacío, ya muerto,
que en su fondo, mustiado y desierto,
volcaré mi fatal corazón.

¡Ave rosas, estrellas solemnes!
Llenas rosas de gracia y amor,
todo el cielo y la tierra son vuestros
y benditos serán los maestros
que proclamen la voz de tu flor.

Y bendito será el bello fruto
de tu bello evangelio solemne,
y bendito tu aroma perenne,
y bendito tu pálido albor.

Solitarias, divinas y graves,
sollozad, pues sois flores de amor,
sollozad por los niños que os cortan,
sollozad por ser alma y ser flor,
sollozad por los malos poetas
que no os pueden cantar con dolor,
sollozad por la luna que os ama,
sollozad por tanto corazón
como en sombra os escucha callado,
y también sollozad por mi amor.

¡Ay!, incensarios carnales del alma,
chopinescas romanzas de olor,
sollozad por mis besos ocultos
que mi boca a vosotras os dio.

Sollozad por la niebla de tumba
donde sangra mi gran corazón,
y en mi hora de estrella apagada,
que mis ojos se cierren al sol,
sed mi blanco y severo sudario,
chopinescas romanzas de olor.

Ocultadme en un valle tranquilo,
y esperando mi resurrección,
id sorbiendo con vuestras raíces
la amargura de mi corazón.

Rosas, rosas divinas y bellas,
sollozad, pues sois flores de amor.

Federico García Lorca

Ventos estelares

As nebulosas planetárias nascem no final da vida de estrelas com massas similares à do Sol.

O que faz com que estas estrelas se transformem em nebulosas planetárias?



Esquema da vida de uma estrela do tipo solar

(in “Cosmic Butterflies – The Colorful Misteries of Planetary Nebulae” de S. Kwok).

Este diagrama representa a vida das estrelas do tipo solar (proposto por B. Paczynski em 1970).

No princípio (canto inferior direito do diagrama) a luminosidade destas estrelas resulta da queima de hidrogénio no núcleo – o que origina o hélio que também entrará em combustão.

Estas estrelas passam a maior parte de suas vidas nesta fase de queima nuclear de hidrogénio – quase 10.000 milhões de anos.

Quando se acaba o hidrogénio do núcleo, a estrela expande-se, transformando-se numa gigante vermelha, ao mesmo tempo que o seu núcleo se contrai.

Nesta fase a energia da estrela vem da queima do hidrogénio, não no núcleo, mas numa camada mais externa.

Como consequência do facto de que o núcleo se contrai ainda mais, o hélio volta a ser queimado no núcleo e a estrela experimenta mais uma fase de expansão nas camadas externas.

Quando a estrela entra no ramo assimptótico das gigantes (AGB) o seu núcleo já não queima hidrogénio nem hélio, e compõe-se do que sobrou das combustões anteriores, ou seja, de carbono e oxigénio.

Nesta fase, e por um período de aproximadamente 1 milhão de anos, a estrela continuará seu processo de expansão, ao mesmo tempo que a sua luminosidade crescerá, atingindo valores de 1.000 vezes a luminosidade do Sol.

Os ventos estrelares presentes nesta e nas fases imediatamente posteriores das estrelas do tipo solar (ou seja os ventos que ocorrem numa AGB -culminando na expulsão da nebulosa- e numa pós-AGB, englobando as fases AGB, proto planetária e nebulosa planetária, ver esquema) gradualmente expulsam o gás de hidrogénio das camadas mais externas, deixando exposto o núcleo quente.

O que sobra dos ventos estelares é a própria nebulosa planetária. Assim, aquela que denominamos a estrela central de uma nebulosa planetária é justamente a estrela da qual estivemos “acompanhando” a evolução.

Quando cessa a combustão do hidrogénio nas camadas externas, a estrela perde o seu brilho e transforma-se numa anã branca.

Em síntese, as estrelas do tipo solar, quando chegam às fases finais das suas vidas, expelem grande parte do gás da sua atmosfera, pelo menos em dois episódios distintos de perda de massa.

Primeiro, devido ao vento lento de uma estrela no ramo assimptótico das gigantes (ou estrela AGB), cuja velocidade típica é da ordem de 10 km/s, com uma taxa de perda de massa de 10-5 Msol/ano.

E depois, através do vento rápido, expelido durante a fase imediatamente posterior da estrela central (ou seja, no vento de uma pós-AGB), caracterizado por 10-7 Msol/ano e que alcança uma velocidade de até 2.000 km/s.

De salientar que a mais importante das características destes ventos é que eles ocorrem durante o último milhão de anos, de estrelas que vivem, tipicamente, 10.000 milhões de anos.

Idade das Trevas (III)

Nestes momentos de terror em que ficamos sem saber muito bem o que pensar e dizer, ocorrem-me duas coisas:

Em que mundo estão os nossos filhos a crescer, com que esperanças encaram o futuro?

Algures noutros cantos do planeta estão a crescer crianças que amanhã vão-se fazer explodir juntamente com os nossos.

Há menos de uma década afirmava-se que o século XXI seria o da afirmação do turismo, da qualidade de vida. Quereriam dizer do terrorismo?

O segundo pensamento nestas ocasiões vai para aquele rapaz de uma pequena aldeia algures em Itália, onde em 1983, num curto espaço de tempo, assistiu ao horror de ver pedaços de corpos após dois atentados em comboios num túnel perto da sua aldeia. A violência, inimaginável, daquelas visões, fez com que deixasse um bilhete onde escreveu que não conseguia viver com a ideia de voltar a assistir aquelas monstruosidades, e matou-se.

Atentado terrorista em Madrid

Confesso que quando começámos a ouvir as notícias esta manhã, o primeiro pensamento não foi para atribuir este massacre à ETA, antes a alguma organização árabe (reminiscências…)!

DUZENTOS MORTOS?!

aos euskaldun: aos bascos… vocês sabem quem…

Zer da hau? O que é isto?

Zuek Europakoak zarete? São vocês da Europa?

Puta que os pariu!