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Martinho da Arcada – Quem é amigo?

“A notícia da minha morte foi um manifesto exagero”. Mark Twain

O Martinho da Arcada não é um café qualquer. Tal como A Brasileira do Chiado e o Café Nicola em Lisboa, o Café Majestic, o Velasquez e o Guarany, no Porto. Todos pertencem ao nosso património histórico e cultural.
O Café mais antigo do país tem uma profunda ligação histórica e cultural com a cidade de Lisboa, desde que abriu as portas, cerca de duas décadas após o Terramoto de 1755.
É parte integrante do Terreiro do Paço e por essa circunstância monumento nacional.
Tem mesas “reservadas” para Fernando Pessoa, José Saramago e Manoel de Oliveira.

Café Martinho da Arcada, Julho de 2008

Ruído? Sempre houve. A origem do problema presente está directamente ligada ao Projecto de requalificação do Terreiro do Paço, que – tal como está apresentado, transfere a esmagadora maioria do trânsito da Avenida Ribeira das Naus para a Rua da Alfândega e Rua do Arsenal – se se mantiver, além de duplicar o número de transportes públicos que já ali circulava anteriormente, tornará permanente o caos de trânsito que se vive hoje naquelas artérias. Quem vai ter vontade de ir ao Martinho?

Sempre que existem obras, a vida das pessoas é afectada mas, quando terminam, a vida volta ao normal.
Em 5 de Outubro de 2010, a Monarquia Republicana vai comemorar o Centenário e o Terreiro do Paço vai estar num brinco mas, no dia seguinte, o inferno voltará.
Talvez o Martinho da Arcada já não esteja aberto, nessa altura.

Café Martinho da Arcada, Julho de 2008

Se o senhor António não conseguir manter o negócio, fecha a porta e vai à vida dele. Lisboa fica sem o Martinho da Arcada e uma parte da sua história ficará por contar. É assim…
O proprietário, o Ministério das Finanças, segundo julgo saber, não terá dificuldade em encontrar utilidade para o espaço; Pode transformá-lo num Museu, ligando o Martinho ao piso de cima, ou numa galeria, ou até, em conjunto com a Câmara, torná-lo num espaço de cultura e lazer.
O Martinho da Arcada pode vir a ser um Museu mas, como diz o senhor António, gostava que fosse um Museu vivo e não um Museu morto.

Luis Machado, um amigo da casa que dinamizou as Conversas à Quinta Feira durante algum tempo no início da década de noventa e em 2005 promoveu As Noites do Martinho, vai fazer regressar as tertúlias em Setembro, num conjunto de sete sessões. É um contributo, entre outros possíveis, para que o Martinho da Arcada continue vivo.

Café Martinho da Arcada, Julho de 2008

O capricho

O Presidente da Câmara decretou o encerramento do Terreiro do Paço aos domingos.
Diz ele que a iniciativa custou 5.600 euros.

Vindo do lado de Sta Apolónia e até ao largo do Corpo-Santo, contei 1 dezena de polícias, entre agentes da PM e PSP.
Quem vier da 24 de Julho contará outros tantos.

Fazendo uma conta de mercearia, contando com 2 turnos, teremos ao longo de cada domingo 30 a 40 polícias a impedir o acesso automóvel à Sala de Visitas da Capital.
Devem estar ali pro bono, certamente!

Estou seriamente inclinado a experimentar a bicicleta, para poder andar às voltas à Praça do Comércio e ver os tapumes das obras com mais detalhe…
Agora a sério, onde se devia passar qualquer coisa não era ali, mas nas ruas de trás, onde estão os comerciantes, que não alinham, vá-se lá saber porquê…

O Terreiro do Paço é das pessoas

Quais pessoas?! Os turistas andam a pé ( já foi ver a nódoa que é o Welcome Center?) e os lisboetas vão lá para ver a Árvore de Natal (onde é que vai meter os milhares de carros nos domingos de Dezembro, com filas até à Rotunda do Marquês?). Esqueça lá os protocolos com a Carris e com o Metro, pois ninguém está interessado em levar as criancinhas às cavalitas desde o Rossio (esse sim, deveria ser o Terreiro dos lisboetas e não da fauna que por lá circula).

“Plantar actividades culturais” é uma forma artificial de lidar com o histórico desinteresse dos lisboetas por um local puramente majestático, desde sempre associado ao poder, ao Império, e com o qual as pessoas não têm afinidades.
Se medidas destas têm como objectivo estudar soluções para a cidade, devem ser articuladas e não de carácter avulso. Ou por mero capricho.

A largueza de vistas do Terreiro do Paço, que devia ser fotografada com grande angular, continua a sê-lo com teleobjectiva…