Le Corbusier/ Arte da Arquitectura (actualizado)

Le Corbusier – The Art of Architecture

19 February 2009 – 24 May 2009, Barbican Art Gallery

Le Corbusier (1887-1965), widely acclaimed as the most influential architect of the 20th century, was also a celebrated thinker, writer and artist – a multi-faceted ‘renaissance man’. His architecture and radical ideas for reinventing modern living, from private villas to large scale social housing to utopian urban plans, still resonate today.
Le Corbusier — The Art of Architecture is the first major survey in London of the internationally renowned architect in more than 20 years. This timely reassessment presents a wealth of original architectural models, interior reconstructions, drawings, furniture, vintage photographs, films, tapestries, paintings, sculpture and books by Le Corbusier himself. It also features important works by his collaborators and artistic contemporaries such as Charlotte Perriand, Jean Prouvé, Fernand Léger and Amédée Ozenfant.
   

The exhibition charts how Le Corbusier’s work changed dramatically over the years; from his early houses inspired by the regional vernacular of his native Switzerland, the iconic Purist architecture and interiors for which he is best known, his master plan for Paris in the 1920s, the shift to organic forms in the 1930s, and the dynamic synthesis achieved between his art and architecture as exemplified by his chapel at Ronchamp (1950-55), and his civic buildings in Chandigarh, India (1952-64).

Highlights include a monumental mural painting, Femme et coquillage IV (1948) from his own office at Rues de Sèvres, Paris; a reconstruction of his Plan Voisin for Paris (1925); a complete original kitchen by Le Corbusier and Charlotte Perriand from his famous Unité d’habitation, Marseille (1947-50); original models of Ronchamp (1950-55), Unité d’habitation (1945-52), Parliament Building Chandigarh (1951-64) amongst others; and the film version of Le Corbusier and Edgard Varèse’s Poème Electronique (1958).

As Europe’s leading arts centre, Barbican’s celebration of Le Corbusier highlights this connection between the arts with a full programme of concerts, films and talks to accompany the exhibition, including a day presented by the BBC Symphony Orchestra dedicated to the composer Iannis Xenakis who worked as an architect in Le Corbusier’s studio. The exhibition also offers a unique opportunity to see the influence of Le Corbusier’s architecture and ideas on the Barbican complex, designed by Chamberlin, Powell and Bonn in the late 1950s.

a black and white photo of modernist architecturea colour photograph of an abstract murala black and white photo of an office or apartment complex

Highlights include a monumental mural painting, Femme et coquillage IV (1948) from his own office at Rues de Sèvres, Paris; a reconstruction of his Plan Voisin for Paris (1925); a complete original kitchen by Le Corbusier and Charlotte Perriand from his famous Unité d’habitation, Marseille (1947-50); original models of Ronchamp (1950-55), Unité d’habitation (1945-52), Parliament Building Chandigarh (1951-64) amongst others; and the film version of Le Corbusier and Edgard Varèse’s Poème Electronique (1958).

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The Barbican hosts this major survey of internationally renowned architect Le Corbusier.

60 Years of Le Corbusier at The Barbican

The Art of Architecture spans a period of 60 years, starting with Le Corbusier’s early works such as the iconic white cubic buildings of the 1920s, inspired by his native Switzerland.

The exhibition culminates in Le Corbusier’s late works of the 1950s and 60s, including the Chapel of Ronchamp (1950-55) and the buildings for the Indian city of Chandigarh (1952-64).

Highlights include a monumental mural painting by Le Corbusier from his office in Paris Femme et coquillage IV (1948); a complete original kitchen by Le Corbusier and Charlotte Perriand from his famous Unité d’habitation, Marseille (1947-50); and a reconstruction of his utopian masterplan for Paris (1925).

Paintings, Models and More from Le Corbusier

Focusing on Le Corbusier’s unique multi-disciplinary approach, the exhibition brings together a wealth of material, including:

  • Original architectural models and interior settings
  • Paintings
  • Films
  • Sculpture and books
  • Vintage photographs

It also features important works by Le Corbusier’s collaborators and artistic contemporaries such as furniture designers Charlotte Perriand and Jean Prouvé, and artist Fernand Léger.

Le Corbusier – a Renaissance Man

Le Corbusier is the pseudonym of Charles-Édouard Jeanneret-Gris (1887-1965).

He is widely acclaimed as the most influential architect of the 20th century, but he was also a celebrated thinker, writer and artist – a true renaissance man.

His architecture and radical ideas for reinventing modern living, from interiors and private villas to large scale social housing and utopian urban visions, are still pertinent today.

Le Corbusier’s Influence on The Barbican

It’s fitting that the Barbican should host this major show, since it is arguably the UK’s pre-eminent expression of Corbusian ideas.

The work of Le Corbusier had a significant influence on the Barbican’s architects, and this is reflected in the complex’s high-walkways, rough concrete and vertical gardens.

The Barbican is running a season of events in conjunction with the exhibition, featuring concerts, a film season, talks, sound workshops by electronic artists; tours of Barbican flats, artists’ films and a debate in the Barbican Hall.

 


por Ana Marques Gastão, DN

Sempre recusou todo o sentimentalismo individual e, no contexto do pós-guerra, o envolvimento nacionalista. A arquitectura de Le Corbusier (Charles-Edouard Jeanneret, 1887-1965) buscou uma linguagem purista e universal, usando um registo limitado de formas e rejeitando a noção de estilo que fixasse a identidade de uma época , de uma cultura ou de um dado espaço geográfico.

Le Corbusier/ Arte da Arquitectura é a primeira exposição do arquitecto em Portugal e inaugura-se dia 19, às 19.30, no Museu Berardo. A mostra prolonga-se até 17 de Agosto e traz a Lisboa (antes de partir para Liverpool, capital europeia da cultura) a obra daquele que é considerado o arquitecto mais relevante do século XX.

Espécie de introdução à obra, a exposição – iniciativa do Vitra Design Museum em colaboração com o Royal Institute of British Arquitects e o Netherlands Architecture Institute – divide-se em três categorias autónomas: Contextos, Privacidade e Publicidade e Arte Construída que destacam os temas-chave desta obra: fascínio pela metrópole moderna, entusiasmo pelo Mediterrâneo e pelo Oriente, inclinação para a organicidade (anos 30), e interesse pelas novas tecnologias e pelos media.

Mantenha-se o espírito de viajante do arquitecto ao visitar a exposição. O comissário Stanislaus Von Moos sublinha que aquele está na base da sua obra e cultura artística. Observe-se, pois, a sua criação na perspectiva da interacção intensa entre arquitectura, urbanismo, pintura, design, cinema e escultura.

As obras arquitectónicas mais importantes de Le Corbusier (Capela de Ronchamp, Villas Jeanneret-Perret e Schwob…) estão representadas por meio de maquetas originais e outras novas, efectuadas de raiz para a exposição. Destaque-se a monumental pintura mural do escritório de Le Corbusier, na Rue de Sévres em Paris (1948) e uma reprodução de grandes dimensões do Philips Pavilion (1958). Ambas são espelho da antecipação da arquitectura gerada por computador. A mostra será complementada pelo testemunho do encontro entre o fotógrafo Lucien Hervé e Le Corbusier – que trabalharam quinze anos juntos – na exposição Construção-Composição. Hervé realizou mais de 20 mil imagens para Le Corbusier, tendo feito num único dia mais de 600 fotografias da obra. Segundo Michel Richard, director da Fundação, este contribuiu muitíssimo para a divulgação da sua obra plástica e arquitectónica.

De tudo um pouco poder-se- á ver nesta exposição centrada em objectos pertencentes à Fundação Le Corbusier, em Paris. Encontram-se, entre eles, 20 pinturas, oito esculturas, peças de mobiliário, 80 desenhos, primeiras edições de livros do arquitecto, bem como 70 objectos de menores dimensões da colecção privada do criador que lhe serviram de inspiração ou que utilizou como modelos ou objectos de análise.

Estarão ainda expostas peças de mobiliário de Charlotte Perriand e Jean Prouvé, bem como pinturas de Delaunay, Léger (um mural da Colecção do Museu Berardo fará o contraponto com outro de Le Corbusier), Bracque e André Bauchant.

Arquitectura: Grande retrospectiva sobre Le Corbusier abre a 19 de Maio no Museu Berardo

Dividida em três módulos, a exposição contém maquetas, pinturas, esculturas, desenhos e edições originais do arquitecto, urbanista, pintor, designer e coleccionador francês de origem suíça conhecido pelo pseudónimo Le Corbusier.

“Le Corbusier, Arte da Arquitectura” – criada pelo Vitra Design Museum (Alemanha) em colaboração com o Royal Institute of British Architects (RIBA) e o Netherlands Architecture Institute (Holanda) – estará no Museu Colecção Berardo, no Centro Cultural de Belém, até 17 de Agosto.

A exposição, que conta com o apoio da Fundação Le Corbusier, sediada em Paris, partirá depois para Liverpool, Capital Europeia da Cultura, encerrando, posteriormente, em Londres.

O objectivo da exposição é apresentar uma visão contemporânea da obra de Le Corbusier, oferecendo uma introdução acessível do autor às gerações mais novas.

Dividida em três módulos independentes – “Contextos”, “Privacidade e Publicidade” e “Arte Construída” -, a mostra foca igualmente os grandes temas do trabalho do arquitecto, nomeadamente, o seu interesse pelo Mediterrâneo e pelo Oriente, as formas orgânicas, na década de 30, bem como a utilização e exploração de novas tecnologias e dos media.

O núcleo mais expressivo da mostra é composto por um grande número de artefactos cedidos pela Fundação Le Corbusier, e inclui vinte pinturas originais, oito esculturas, várias peças de mobiliário, cerca de 80 desenhos originais, meia centena de primeiras edições da Livraria Le Corbusier, e mais de 70 objectos da colecção particular do arquitecto.

As obras arquitectónicas mais importantes de Le Corbusier estarão representadas na exposição, simultaneamente, através das maquetes originais e de outras efectuadas de raíz.

A vasta obra de Le Corbusier abrange um período de 60 anos, desde os seus primeiros trabalhos na sua cidade natal suíça, La Chaux-de-Fonds, passando pelos edifícios cúbicos da década de 20, nomeadamente a icónica Villa Savoye (1928-31), culminando com as suas últimas obras, das décadas de 50 e 60, das quais a Capela de Ronchamp (1950-55) e os edifícios da cidade indiana de Chandigarh (1952-1964) são exemplos.

Entre os objectos expostos, destacam-se a pintura mural proveniente do escritório de Le Corbusier na Rue de Sèvres, Paris (1948), e uma reprodução de grandes dimensões do Philips Pavilion (1958), ambas emblemáticas do trabalho criativo de Le Corbusier.

O diálogo criativo entre o arquitecto e outros artistas seus contemporâneos estará representado através de peças de mobiliário de Charlotte Perriand e Jean Prouvé, bem como de pinturas de Fernand Léger e André Bouchant.

No âmbito da exposição decorrerá entre 27 e 28 de Maio, no Museu da Electricidade, o Seminário Internacional Rethinking Le Corbusier, organizado pela Ordem dos Arquitectos, que irá reunir figuras de referência e estudiosos portugueses e estrangeiros da obra do arquitecto.

João Rodeia, Ana Tostões, Beatriz Colomina, Stanislaus von Moos, Arthur Rüegg e William Curtis serão alguns dos conferencistas portugueses e estrangeiros presentes neste seminário.

AG -Lusa
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Le Corbusier – Arte da Arquitectura
Anuncia-se como a mais completa retrospectiva do trabalho de Le Corbusier. Para muitos o mais importante arquitecto do século XX. Até 17 de Agosto no Museu Colecção Berardo, em Lisboa.
Extensa mostra sobre Charles-Edouard Jeanneret (1887-1965), ou seja, Le Corbusier, que pretende mostrar as várias facetas do conhecido arquitecto suíço. Organizada cronologicamente, Le Corbusier – Arte da Arquitectura divide-se em três módulos distintos: “Contextos”, “Privacidade e Publicidade” e “Arte Construída”. No conjunto a exposição tenta mostrar os vários cruzamentos do trabalho do arquitecto, entre arquitectura, urbanismo, pintura, design, cinema, entre outras disciplinas. Um dos mais importantes núcleos da mostra inclui obras pertencentes à Fundação Le Corbusier, 20 pinturas, oito esculturas, várias peças de mobiliário, cerca de 80 desenhos, 50 primeiras edições da biblioteca do arquitecto e mais de 70 objectos da sua colecção particular. Maquetes originais e algumas novas, feitas propositadamente para esta exposição, mostram as suas mais importantes obras de arquitectura.

Algumas peças presentes a salientar: uma enorme pintura mural que se encontrava no seu escritório em Paris, na Rue de Sèvres; uma reprodução de grande escala do Philips Pavilion (1958); um filme original feito pelo próprio em Arcachon e no Rio de Janeiro e, finalmente, a reconstrução da maquete utópica de Le Corbusier para a cidade de Paris, o Plano Voisin (1925).

Esta exposição irá viajar em seguida para Liverpool, Capital Europeia da Cultura, e Londres.

PÚBLICO
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Villa Savoye

 

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BIOGRAFIA

Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido pelo pseudónimo de Le Corbusier, (La Chaux-de-Fonds, 6 de Outubro de 1887 — Roquebrune-Cap-Martin, 27 de Agosto de 1965) foi um arquitecto, urbanista e pintor francês de origem suíça. É considerado juntamente com Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, Mies van der Rohe e Oscar Niemeyer, um dos mais importantes arquitectos do século XX.

Aos 29 anos mudou-se para Paris, onde adoptou o seu pseudónimo, que foi buscar ao nome do seu avô materno. A sua figura era marcada pelos seus óculos redondos de aros escuros. Morreu por afogamento em 27 de agosto de 1965.

A Formação de Le Corbusier
A importância de Le Corbusier advém, em grande parte, do seu enorme poder de síntese.

Nas viagens que fez a várias partes do mundo, Le Corbusier contactou com estilos diversos, de épocas diversas. De todas estas influências, captou aquilo que considerava essencial e intemporal, reconhecendo em especial os valores da arquitetura clássica grega, como da Acrópole de Atenas.

Le Corbusier projectou a sua primeira casa com dezoito anos, em 1905, na sua cidade natal, La Chaux-de-Fonds, conhecida pela produção de relógios. Nasceu numa família calvinista, onde recebeu uma formação moral que acentuava os contrastes entre o Bem e o Mal. Kenneth Frampton defende que esta atitude mental tê-lo-ia influenciado no sentido da “dialéctica” presente na sua obra (o diálogo entre o sólido e o vazio, a luz e a sombra).

Viagem a Itália

Em 1907, ano em que também conheceu Tony Garnier, Le Corbusier faz uma viagem de dois meses e meio em Itália: Milão, Florença (em setembro), Siena, Bolonha, Pádua e Veneza (de outubro a inícios de novembro). Parte, de seguida, para Viena (onde fica 4 meses), via Budapeste.

Da visita a Itália, a influência mais marcante será, sem dúvida, a que realizou na Cartuxa de Ema. Aqui, fica impressionado pela forma como a organização do espaço expressa as suas preocupações sócio-políticas (socialismo utópico): o local onde o silêncio e a solidão se conjugam com o contacto diário entre os indivíduos.

Em La Chaux-de-Fonds fará a aplicação prática das sua reflexões em relação a esta viagem, através de um projecto para uma escola de artes, onde, usando betão (concreto, no Brasil) armado, se dispunham três alas de ateliers (como as células do convento) em volta de um espaço comunitário coberto por uma pirâmide de vidro. Nota-se neste projecto (não construído) a razão por que Corbusier ficou tão impressionado com a Cartuxa de Ema, em Galluzo. As ideias socialistas já tinham, efectivamente, sido concretizadas arquitectonicamente por Jean-Baptiste André Godin, no seu Familistério. Esta foi a primeira vez que Le Corbusier sintetizava um modelo “clássico” de arquitectura segundo as suas ideias de funcionalidade. Mais tarde, a experiência da cartuxa de Ema estará presente, de forma disseminada e reformulada, em outros dos seus projectos, como as “cidades” que imaginou ou, de forma mais directa, no seu Immeuble-Villa de 1922.

Viagem a Alemanha e “voyage d’Orient”

Em 1910, a escola de artes de La Chaux-de-Fonds envia Corbu (diminutivo muito usado) para a Alemanha, onde deveria estudar os novos movimentos de artes aplicadas. Le Corbusier escreverá, em consequência, um livro, “Estudo sobre o movimento de arte decorativa na Alemanha”, que será publicado na sua terra natal a 1912. É em Berlim que entrará em contacto com Peter Behrens (com quem trabalha durante cinco anos), Walter Gropius e Mies Van der Rohe (algumas das figuras principais do Deutsche Werkbund).

Em 1911, ainda na Alemanha, encontra-se com Heinrich Tessenow, autor da cidade jardim de Hellerau. Duas das obras de Le Corbusier na sua terra natal, a Villa Jeanneret Perret (1912) e o Cinema Scala (1916) manifestarão uma grande influência deste arquitecto e de Behrens.

Em Maio desse ano dirige-se para Dresden, de onde parte para a sua famosa “voyage d’Orient”: Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste, Veliko Tarnovo, Gabrovo, Kasanlik, Istambul, Monte Athos, Atenas e sul de Itália. Foi acompanhado pelo seu amigo Auguste Klipstein. Ao longo desta viagem, documentada por diversos artigos, esboços, fotografias, irá desenvolver a sua perspectiva pessoal sobre a arte arquitectónica. A viagem resultará num livro, intitulado Voyage d’Orient (Viagem ao Oriente). A arquitectura turca terá, também, a sua influência nas teorias que defenderá. A Villa Schwob, em La Chaux-de-Fonds, chamada popularmente de “Villa Turca” é o exemplo mais flagrante (chega a insinuar a existência de um harém).

Os seus célebres “cinco pontos para uma nova arquitectura” estão claramente influenciados pelas referência orientais. Mais tarde, em 1931, ao visitar Espanha e, posteriormente, a Argélia e Marrocos, a sua tendência oriental reafirma-se, tanto nos projectos como nos textos que legou.

O uso da fachada livre e da planta livre (resultado directo da aplicação das estruturas por ele defendidas), presentes nos “cinco pontos” advém também da arquitectura oriental que propõe um átrio central que marca e determina a circulação e a disposição dos espaços e fachadas. Os próprios terraços, como na Villa Savoye são reminiscências da arquitectura do norte de África.

As suas noções de clareza das superfícies e precisão na disposição dos volumes, que estarão presentes no purismo, são também já pressentidos por Corbusier neste género de arquitectura tradicional. As paredes brancas de Argel parecem-lhe uma manifestação da própria natureza. Os seus estudos sobre a posição estratégica dos monumentos islâmicos em relação à topografia são determinantes, também, para as suas concepções sobre a forma como a arquitectura se relaciona e encoraja essa relação com a natureza.

Viagem à América do Sul

Em 1929 e 1936 fará outras duas viagens – que o influenciarão, ao mesmo tempo que denotam a influência que ele próprio já tem – à América do Sul. Inserida na altura em que desenvolvia o projecto da sua Ville Radieuse, a primeira destas viagens proporcionou-lhe a experiência de ver o Rio de Janeiro a partir do ar, guiado pelos aviadores Antoine de Saint-Exupéry e Mermoz. A disposição da cidade, entalada entre o mar e o relevo escarpado de origem vulcânica sugeriu-lhe a ideia de uma cidade-viaduto (cidade linear). Pensou, mesmo, para o Rio de Janeiro, uma estrada a acompanhar a costa, a cerca de 100 metros de altura, abrigando, debaixo dela, quinze andares com possibilidade para criar habitações. Algo semelhante foi pensado para Argel (o projecto Obus – por formar uma curva que se assemelhava à trajectória de uma granada). Este género de cidade foi, depois, adoptado por arquitectos vanguardistas, defensores da anarquia, como Yona Friedman e Nicolaas Habraken.

Le Corbusier lançou, em seu livro Vers une architecture (Por uma arquitetura, na tradução em português), as bases do movimento moderno de características funcionalistas. A pesquisa que realizou envolvendo uma nova forma de enxergar a forma arquitetônica baseado nas necessidades humanas revolucionou (juntamente com a atuação da Bauhaus na Alemanha) a cultura arquitetônica do mundo inteiro.

Sua obra, ao negar características histórico-nacionalistas, abriu caminho para o que mais tarde seria chamado de international style ou estilo internacional, que teria representantes como Ludwig Mies van der Rohe, Walter Gropius, e Marcel Breuer. Foi um dos criadores dos CIAM (Congrès Internationaux d’Architecture Moderne).

A sua influência estendeu-se principalmente ao urbanismo. Foi um dos primeiros a compreender as transformações que o automóvel exigiria no planejamento urbano. A cidade do futuro, na sua perspectiva, deveria consistir em grandes blocos de apartamentos assentes em pilotis, deixando o terreno fluir debaixo da construção, o que formaria algo semelhante a parques de estacionamento. Grande parte das teorias arquitectónicas de Le Corbusier foram adoptadas pelos construtores de apartamentos nos Estados Unidos da América.

Le Corbusier defendia, jocosamente, que, “por lei, todos os edifícios deviam ser brancos”, criticando qualquer esforço artificial de ornamentação. As estruturas por ele idealizadas, de uma simplicidade e austeridade espartanas, nas cidades, foram largamente criticadas por serem monótonas e desagradáveis para os peões. A cidade de Brasília foi concebida segundo as suas teorias.

Depois da sua morte, os seus detractores têm aumentado o tom das críticas, apelidando-o de inimigo das cidades. É, no entanto, absolutamente, um nome de referência na história da arquitectura contemporânea.

    • hugo baptista
    • 9 de Julho, 2008

    boas tardes, parabens pelo blog, parabens pela exposição, a qual está bastante completa e nos mostra as diferentes facetas deste fabuloso arquitecto. Não sou arquitecto, apenas apercio a sua obra e a influencia que este legou nas gerações posteriores. Gostaria saber se tem conhecimento de edificios projectados por Le Corbusier em Portugal. Bem-haja.

  1. Em Lisboa encontro de facto uma nuance da teoria de arquitectura de Le Corbusier nos edificios que se encontram na av. dos estados unidos da america e na av. infante santo, dentro da perspectiva “deixar fluir por debaixo das colunas da estructura arquitectonica”. Mas Le Corbusier esta presente em toda a arquitectura Mundial ante- e post-Corbusier…
    Ainda não vi a exposição, vou lá hoje e “je suis Ravis de le faire”.
    Obrigado pela Universalidade da arte traduzida por esta exposição.

    • Miguel
    • 8 de Janeiro, 2012

    Parabéns!

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