Arquivo de 15 de Maio, 2005

Dialética de um assexuado

Miguel Sousa Tavares manifestou indignação pelo facto de o Tribunal de Ponta Delgada que julgou o caso de pedofilia discriminar o acto sexual praticado com adolescente, consoante o abusador seja homem ou mulher, ou seja, dependendo de se tratar de um acto homossexual ou heterossexual.
Argumenta com o erro de a orientação sexual do abusador prevalecer sobre a da vítima, e eu obviamente concordo com ele.

Aquilo que realmente importa é olhar/julgar pelo ponto de vista da vítima – não no plano dos danos morais (deriva daqui a instabilidade emocional de Daniel Chaparro Oliveira?!), mas simplesmente pelos danos corporais sofridos, que qualquer pessoa emocionalmente estável ( para não utilizar a expressão de MST, intelectualmente honesta ) entende serem diferentes, consoante o abusador seja homem ou mulher, quer o abusador seja homossexual, quer seja heterossexual!

Daniel Chaparro Oliveira diz que MST faz confusão entre crianças e adolescentes(!)..
Pergunto-lhe então se entre os 14 e 16 anos lhe parece bem, ou.. será aceitável descermos mais um bocadinho?!

A prática sexual, seja com crianças ou adolescentes constitui crime de abuso sexual, sim senhor!
Isto não é preconceito!
Se é necessário explicar a alguém como Daniel Oliveira o significado de senso comum nesta matéria, então estamos – de facto, perante uma crise de valores!

A inteligência não é imune ao erro. É natural e humano que assim seja. As leis do homens estão, em primeira instância, submetidas às leis da natureza.
Por isso me incomoda a ligeireza com que estes modernos fazem graçola sobre questões que colocam em causa valores civilizacionais de que não somos herdeiros, mas simplesmente seus depositários. Valores que devemos transmitir às gerações futuras!

Não coloco link para o blog, pela simples razão de não me parecer correcto colar todas as pessoas que lá escrevem, àquilo que DO defende nesta matéria.

Glória aos Vencidos, ou Da Natureza das Coisas..

Gloria Victis, de Marius-Jean-Antonin Mercié

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa