A Escola de Atenas, de Rafael
Entre 1509 e 1512, Rafael representou nas paredes de uma das salas privativas do Papa Júlio II as quatro faculdades clássicas, dando mostras de um elevado grau de liberdade intelectual.
Perante esta composição expansiva, o espectador quase se alheia do facto de o espaço ser mal iluminado.
A personificação da antiga Filosofia situa-se na parede directamente oposta à Disputà ( Teologia ), ilustrando a veneração do Santo Sacramento, que será abordada no próximo post.
A Escola de Atenas representa a verdade adquirida através da razão.
Em lugar de a ilustração recorrer às figuras alegóricas, como era hábito nos séculos XIV e XV, convocando o olhar para o infinito, Rafael submete o espaço pictórico às leis do plano, revelando conhecimento da arquitetura dos banhos romanos, fazendo a síntese entre o pagão e o profano.
As figuras solenes de pensadores e filósofos – juntas em cada tema – representam um verdadeiro debate filosófico: astronomia, geometria, aritmética e geometria dos sólidos, são descritas de forma concreta, num imponente plano arquitectonicamente enquadrado no centro de um vasto espaço abobadado.
As figuras estão dispostas da esquerda para a direita, enquanto a arquitetura do eixo central é contrabalançada pelas paredes que avançam de ambos os lados.
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No primeiro plano à esquerda, um rapaz segura a tábua da harmonia musical diante de Pitágoras.
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A figura de Sócrates, de perfil.
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Platão e Aristóteles, considerados os principais representantes da filosofia grega durante toda a Idade Média, caminham em diálogo no topo das escadas.
Em baixo e ao centro – em atitude filosófica – Diógenes? reclina-se nos degraus, numa expressão de despojamento em relação às necessidades materiais e a um estilo de vida.
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A figura de Heráclito? – reclinado sobre o bloco de mármore – terá sido associada mais tarde.
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Euclides desenha uma figura geométrica perante um grupo de jovens.
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A figura com o globo – vista de trás – é provavelmente Ptolomeu, tendo à sua frente Zaratrusta com a esfera.
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Rafael – de chapéu escuro – e o seu amigo Sodoma
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Minerva
As figuras desta composição não se atropelam nem são sufocadas pelo aglomerado; sugerem movimento, numa celebração do pensamento clássico liberal, onde tudo é discutido e exercitado.