Arquivo de 22 de Novembro, 2005

A Escola de Atenas, de Rafael

Entre 1509 e 1512, Rafael representou nas paredes de uma das salas privativas do Papa Júlio II as quatro faculdades clássicas, dando mostras de um elevado grau de liberdade intelectual.
Perante esta composição expansiva, o espectador quase se alheia do facto de o espaço ser mal iluminado.
A personificação da antiga Filosofia situa-se na parede directamente oposta à Disputà ( Teologia ), ilustrando a veneração do Santo Sacramento, que será abordada no próximo post.

A Escola de Atenas representa a verdade adquirida através da razão.
Em lugar de a ilustração recorrer às figuras alegóricas, como era hábito nos séculos XIV e XV, convocando o olhar para o infinito, Rafael submete o espaço pictórico às leis do plano, revelando conhecimento da arquitetura dos banhos romanos, fazendo a síntese entre o pagão e o profano.

Escola de Atenas

As figuras solenes de pensadores e filósofos – juntas em cada tema – representam um verdadeiro debate filosófico: astronomia, geometria, aritmética e geometria dos sólidos, são descritas de forma concreta, num imponente plano arquitectonicamente enquadrado no centro de um vasto espaço abobadado.
As figuras estão dispostas da esquerda para a direita, enquanto a arquitetura do eixo central é contrabalançada pelas paredes que avançam de ambos os lados.

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No primeiro plano à esquerda, um rapaz segura a tábua da harmonia musical diante de Pitágoras.

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A figura de Sócrates, de perfil.

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Platão e Aristóteles, considerados os principais representantes da filosofia grega durante toda a Idade Média, caminham em diálogo no topo das escadas.
Em baixo e ao centro – em atitude filosófica – Diógenes? reclina-se nos degraus, numa expressão de despojamento em relação às necessidades materiais e a um estilo de vida.

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A figura de Heráclito? – reclinado sobre o bloco de mármore – terá sido associada mais tarde.

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Euclides desenha uma figura geométrica perante um grupo de jovens.

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A figura com o globo – vista de trás – é provavelmente Ptolomeu, tendo à sua frente Zaratrusta com a esfera.

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Rafael – de chapéu escuro – e o seu amigo Sodoma

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Minerva

As figuras desta composição não se atropelam nem são sufocadas pelo aglomerado; sugerem movimento, numa celebração do pensamento clássico liberal, onde tudo é discutido e exercitado.

¡Carne, Celeste Carne de la Mujer!

¡Carne, celeste carne de la mujer! Arcilla
– dijo Hugo -, ambrosía más bien, ¡oh maravilla!,
la vida se soporta,
tan doliente y tan corta,
solamente por eso:
¡roce, mordisco o beso
en ese pan divino
para el cual nuestra sangre es nuestro vino!
En ella está la lira,
en ella está la rosa,
en ella está la ciencia armoniosa,
en ella se respira
el perfume vital de toda cosa.

Eva y Cipris concentran el misterio
del corazón del mundo.
Cuando el áureo Pegaso
en la victoria matinal se lanza
con el mágico ritmo de su paso
hacia la vida y hacia la esperanza,
si alza la crin y las narices hincha
y sobre las montañas pone el casco sonoro
y hacia la mar relincha,
y el espacio se llena
de un gran temblor de oro,
es que ha visto desnuda a Anadiomena.
Gloria, ¡oh Potente a quien las sombras temen!
¡Que las más blancas tórtolas te inmolen!
¡Pues por ti la floresta está en el polen
y el pensamiento en el sagrado semen!
Gloria, ¡oh Sublime que eres la existencia
por quien siempre hay futuros en el útero eterno!
¡Tu boca sabe al fruto del árbol de la Ciencia
y al torcer tus cabellos apagaste el infierno!

Inútil es el grito de la legión cobarde
del interés, inútil el progreso
yankee, si te desdeña.
Si el progreso es de fuego, por ti arde.
¡Toda lucha del hombre va a tu beso,
por ti se combate o se sueña!

Pues en ti existe Primavera para el triste,
labor gozosa para el fuerte,
néctar, Ánfora, dulzura amable.
¡Porque en ti existe
el placer de vivir hasta la muerte
ante la eternidad de lo probable!..

Poema de Rubén Darío
Gravura de Caesar van EverdingenFour Muses and Pegasus on Parnassus, c. 1650